Atlantic Council: 40% dos especialistas esperam guerra mundial com armas nucleares até 2035

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Cerca de 40% dos especialistas consultados pelo Atlantic Council para a pesquisa Global Foresight 2025 esperam uma guerra mundial, envolvendo um conflito multifrontal entre grandes potências, até 2035, que pode envolver armas nucleares e se estender até o espaço sideral.

Segundo o documento, um conflito dessa magnitude na próxima década pode ser devastador para a economia global, e 28% dos entrevistados identificaram a guerra entre as principais potências como a maior ameaça à prosperidade global nos próximos dez anos.

A pesquisa revela ainda que as tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e a China, em particular, podem se tornar algo mais perigoso e que um conflito direto entre Rússia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é esperado.

Em outra categoria

Plataformas de internet e entidades do setor digital apresentaram embargos de declaração ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão tomada em junho que aumentou a responsabilidade das empresas pelas publicações de usuários. As chamadas big techs querem que a Corte fixe o prazo que começa a vigorar a decisão e não pediram esclarecimentos sobre pontos polêmicos.

Esse tipo de recurso não tem potencial para reverter a decisão tomada em plenário - mas, ao detalhar cada ponto da tese aprovada, o tribunal pode ampliar ainda mais os deveres das plataformas. Para evitar esse efeito, o Google, o Facebook e X limitaram-se a falar sobre o prazo, sem questionar aspectos mais sensíveis da decisão para as empresas.

Antes do julgamento do STF, as plataformas não precisavam responder por danos causados pelas postagens. No plenário, ficou decidido que essa regra só permanece em caso de crimes contra a honra - injúria, calúnia e difamação. Nesses casos, as empresas só teriam a obrigação de remover o conteúdo em caso de decisão judicial com essa determinação específica.

Para outras práticas criminosas, a retirada do conteúdo deve ser feita mediante simples notificação. Antes do julgamento, essa regra já vigorava para casos de violação a direitos autorais e imagens de nudez não autorizada.

Nos embargos de declaração, o Google pediu para o Supremo definir o início da vigência da decisão, "de forma a evitar conclusões díspares nas instâncias inferiores e a multiplicação de recursos".

A empresa também quer a fixação de requisitos mínimos para os usuários notificarem a remoção de conteúdo criminoso - como a descrição do ilícito e a legitimidade do requerente. Segundo os advogados, a medida é "essencial para que se evite uma indústria de notificações e a sobrecarga do próprio Judiciário".

Ainda no recurso, o Google pediu a correção do termo "chatbot" no texto do acórdão. Segundo a empresa, o termo não se refere a um mecanismo de publicação automatizado ou indiscriminado.

O recurso do Facebook pede para o STF fixar o início dos efeitos da decisão no mínimo seis meses após o trânsito em julgado - ou seja, depois do julgamento dos embargos de declaração e da publicação de um novo acórdão. Portanto, para a empresa, fatos ocorridos antes desse prazo devem ser regidos pela interpretação original do Marco Civil da Internet.

O Facebook também pede que os conteúdos que devem ser retirados do ar pelas plataformas sem decisão judicial sejam descritos como "manifestamente" criminosos ou ilícitos, para que não haja responsabilização das empresas em casos difíceis de terem a ilegalidade comprovada sem o aval do Judiciário.

O Facebook pede, ainda, que o tribunal substitua, na tese, a expressão "presunção de responsabilidade" dos provedores para "presunção relativa de culpa", como forma de esclarecer que as empresas não têm a intenção de cometer crimes nos conteúdos ilegais postados por terceiros.

O X argumenta que as medidas necessárias para se adequar à decisão são "não apenas custosas, mas especialmente complexas, em termos jurídicos, técnicos e operacionais", e que exigem tempo "minimamente razoável" para serem aplicadas.

O processo, alega a empresa do bilionário Elon Musk, demanda alinhamento entre equipes internas, preparação de pessoal especializado (moderadores e equipe jurídica) e desenvolvimento de infraestrutura tecnológica.

"Não é razoável que não seja fixado prazo para a implementação das mudanças impostas. É impossível a implementação imediata de todas as novas obrigações previstas. A complexidade da questão é tamanha que o próprio STF levou mais de 4 meses desde a finalização do julgamento para publicar o acórdão", escreve.

O X dá exemplos de outras leis que garantiram maior tempo para as empresas se adaptarem: a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) previu 24 meses; o recente ECA Digital, seis meses; a europeia Digital Services Act (Lei de Serviços Digitais), 15; e a britânica Online Safety Act (Lei de Segurança Online) passou a vigorar 17 meses depois da aprovação.

Ainda assim, as empresas correm o risco de verem suas responsabilidades ampliadas a partir do julgamento dos recursos. Isso porque entidades do setor digital também apresentaram embargos de declaração à decisão do Supremo, com a abordagem de tópicos que as big techs preferiam ver silenciados agora.

A Wikimedia Foundation (WMF), organização sem fins lucrativos por trás da Wikipédia, pede que o STF crie categorias de diferenciação para "provedores de aplicação de internet". O grupo quer a definição de um regime legal específico para os provedores "neutros" ou "de baixa interferência" - "aqueles que não admitem postagens de conteúdo opinativos, não criam ou impulsionam conteúdo e tampouco monetizam em cima deles", explica.

A WMF argumenta que se trata de uma fundação sem fins lucrativos voltada ao livre acesso da informação, que não vende espaço para propagandas, não impulsiona artigos de forma customizada, não monetiza os conteúdos que são criados e publicados na Wikipedia, e que iniciou o uso de algoritmos em sua operação, "mas jamais para criar engajamento com usuários para viralizar conteúdo ou para monetizar".

Outras entidades, como o InternetLab, somaram-se ao apelo da WMF. O InternetLab, por exemplo, além de outros pontos colocados, pediu que a ampliação da responsabilização decidida pelo STF seja direcionada apenas à atividade de plataformas de redes sociais e de alguns serviços de mensageria, quando sua atuação se aproxima à das redes sociais.

A Sleeping Giants, um movimento global de ativismo digital, tocou em uma ferida aberta para as plataformas: a presunção de responsabilidade dos provedores em caso de conteúdos ilícitos sobre anúncios e impulsionamentos pagos. Nesses casos, pode haver responsabilização mesmo sem notificação, mas os provedores ficarão isentos se comprovarem que atuaram em tempo razoável para remover o conteúdo indevido.

A entidade alerta para a falta de definição de conceitos como "atuação diligente", "tempo hábil" e "rede artificial de distribuição", Segundo o texto, "por se tratar de parâmetro para a aferição de responsabilidade, é necessário que os critérios possam ser objetivamente aferíveis, de modo a afastar qualquer julgamento subjetivo e que possa gerar decisões conflitantes no território nacional".

A Sleeping Giants também pediu para o STF apontar a responsabilidade do Executivo nas regras de funcionamento da internet brasileira. "Ainda que seja imperioso que o Brasil, através do Congresso Nacional, avance na seara regulatória, o Supremo foi silente em relação à participação do Poder Executivo no contexto abordado", anotaram os advogados.

Ao todo, onze entidades entraram com recursos após a publicação do acórdão de 1,3 mil páginas. Como mostrou o Estadão, o governo Lula avalia que a decisão do STF faz parte do leque de opções para regulamentar o setor - e acabou por engavetar, por enquanto, o projeto que o próprio Palácio do Planalto elaborou para o tema.

A decisão do STF resultou em uma tese com 14 tópicos. Algumas lacunas foram deixadas em branco, na expectativa que o Executivo e o Legislativo detalhassem as normas de funcionamento da internet no Brasil. Algumas dessas lacunas podem ser sanadas no julgamento dos embargos de declaração, que não tem data prevista para acontecer.

O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) afirmou considerar "natural" a margem apertada dada pelo Senado à recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e que o resultado não influenciará na indicação da vaga aberta ao Supremo Tribunal Federal (STF). Pacheco é tido como o nome favorito do Senado para a Corte, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tende a indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias.

"São coisas independentes, são indicações independentes. Uma indicação não depende da outra", declarou Pacheco a jornalistas.

Gonet obteve 45 dos 81 votos na votação feita ontem, 12, para sua recondução. Foram 20 a menos do que conseguiu em 2023, quando obteve 65 votos na aprovação de seu primeiro mandato de PGR. "Nessa questão de margem de votos, é sempre natural que na recondução você tenha menos votos do que na condução original. É algo natural", disse o senador.

Segundo Pacheco, o resultado de Gonet não pode ser visto como um recado ao Palácio do Planalto para a indicação do STF, porque o governo tem tido dificuldades em outros temas, não só indicações. "Essas dificuldades do governo já existem há algum tempo".

Em relação a diversos temas, não só a indicações propriamente. Tivemos sempre margens muito apertadas."

Pacheco ainda aguarda uma conversa com Lula sobre STF. Segundo ele, porém, não há data para a reunião.

Como mostrou a Coluna do Estadão, senadores mandaram um recado a Lula com a votação de Gonet, o de que Messias não seria avalizado. O Planalto, porém, minimizou o placar e insiste no nome do Advogado-Geral da União.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro alfinetou a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) nesta quinta-feira, 13, após a parlamentar comentar sobre os presos do dia 8 de janeiro.

Michelle usou as redes sociais para compartilhar um conteúdo criticando o caso. "Soraya Thronicke, senadora surfista da onda Bolsonaro e atual defensora dos advogados dos investigados na CPMI do INSS, do roubo de aposentados... Agora, na sabatina do Gonet, pede investigação contra os advogados das vítimas do 8 de janeiro. Surreal!!! Sério, não tô acreditando!!!", escreveu Michelle.

Na quarta-feira, 12, durante a sabatina que reconduziu o procurador-geral da República, Paulo Gonet, ao cargo, a senadora sugeriu que os advogados que defendem as pessoas investigadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de participar de uma tentativa de golpe também deveriam ser investigados.

"Todo mundo que pegou o primeiro ônibus, estava tendo uma excursão de graça, pegou o primeiro ônibus sozinho, não conhecia ninguém. A narrativa se repete com réus de Norte a Sul do país, assistidos por advogados de todos os lugares do Brasil. Parece-me que há alguém ou um conluio por trás deste tipo de comportamento", disse Soraya durante a sabatina.

A parlamentar ainda lamentou o envolvimento de pessoas próximas no caso: "Mas, do jeito que defendo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na CPMI, aqui preciso destacar os profissionais que, na minha observação técnica, impõem um ponto de interrogação enorme".

Na comissão, Paulo Gonet foi aprovado com 45 votos a favor e 26 contra para permanecer à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR) por mais dois anos. Gonet é o responsável por assinar a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.