Astronautas chineses retornam à Terra após mais de seis meses no espaço

Internacional
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Três astronautas chineses retornaram à Terra nesta sexta-feira, 14, após mais de uma semana de atraso devido a danos na cápsula original de volta, provavelmente causados por detritos espaciais. A equipe deixou a espaçonave Shenzhou-20 em órbita e voltou à Terra utilizando a Shenzhou-21, recém-chegada, que transportou uma tripulação substituta de três pessoas para a Estação Espacial Tiangong, informou a Agência Espacial Tripulada da China.

 

Chen Dong, Chen Zhongrui e Wang Jie passaram seis meses no espaço e tinham retorno programado originalmente para 5 de novembro, quatro dias após a chegada da nova tripulação. O plano, no entanto, foi adiado por nove dias já que uma janela na cápsula da Shenzhou-20 apresentava pequenas rachaduras, provavelmente causadas pelo impacto de detritos espaciais. Ainda não há confirmação de que a mudança deve afetar as futuras missões à estação espacial. A agência afirmou que a Shenzhou-22 seria lançada, mas não especificou quando.

 

Os astronautas temporariamente retidos, que viajaram para a estação espacial em abril, realizaram experimentos com a nova tripulação e estavam "em boas condições, trabalhando e vivendo normalmente", informou a agência no início desta semana. O programa espacial da China tem feito progressos constantes desde 2003. Além de construir a própria estação espacial, o país explorou Marte com um veículo robótico e pretende pousar uma pessoa na Lua até 2030.

 

O país deu início à construção da estação espacial após ter sido excluído da Estação Espacial Internacional devido a preocupações de segurança nacional dos EUA. (Com informações de agências internacionais)

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quinta-feira, 13, que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, reconduzido para mais dois anos no cargo, é um "trabalhador incansável no fortalecimento da democracia".

O procurador-geral foi o responsável pela denúncia que resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão como artífice da trama golpista.

O Senado aprovou na quarta-feira, a indicação de Paulo Gonet para o segundo mandato à frente da Procuradoria-Geral da República. O placar foi de 45 votos a 26.

Os elogios ao procurador foram feitos na abertura da sessão plenária do STF, nessa tarde. Os julgamentos estão sendo conduzidos por Moraes, vice-presidente do tribunal, porque o ministro Edson Fachin, presidente da Corte, está em Belém para participar da COP 30.

Moraes afirmou que o procurador-geral "cumpriu o prometido" quando assumiu o cargo, em 2023, "com dedicação e humildade" e com "firmeza e serenidade".

"Ganha a Justiça, ganha o Ministério Público e ganha a sociedade brasileira", concluiu o ministro.

O procurador-geral retribuiu: "O Brasil tem motivo de orgulho, porque todos aqui são ministros empenhados, talentosos, inteligentes, vocacionados para o Direito, fiéis aos propósitos democráticos da Constituição."

Plataformas de internet e entidades do setor digital apresentaram embargos de declaração ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão tomada em junho que aumentou a responsabilidade das empresas pelas publicações de usuários. As chamadas big techs querem que a Corte fixe o prazo que começa a vigorar a decisão e não pediram esclarecimentos sobre pontos polêmicos.

Esse tipo de recurso não tem potencial para reverter a decisão tomada em plenário - mas, ao detalhar cada ponto da tese aprovada, o tribunal pode ampliar ainda mais os deveres das plataformas. Para evitar esse efeito, o Google, o Facebook e X limitaram-se a falar sobre o prazo, sem questionar aspectos mais sensíveis da decisão para as empresas.

Antes do julgamento do STF, as plataformas não precisavam responder por danos causados pelas postagens. No plenário, ficou decidido que essa regra só permanece em caso de crimes contra a honra - injúria, calúnia e difamação. Nesses casos, as empresas só teriam a obrigação de remover o conteúdo em caso de decisão judicial com essa determinação específica.

Para outras práticas criminosas, a retirada do conteúdo deve ser feita mediante simples notificação. Antes do julgamento, essa regra já vigorava para casos de violação a direitos autorais e imagens de nudez não autorizada.

Nos embargos de declaração, o Google pediu para o Supremo definir o início da vigência da decisão, "de forma a evitar conclusões díspares nas instâncias inferiores e a multiplicação de recursos".

A empresa também quer a fixação de requisitos mínimos para os usuários notificarem a remoção de conteúdo criminoso - como a descrição do ilícito e a legitimidade do requerente. Segundo os advogados, a medida é "essencial para que se evite uma indústria de notificações e a sobrecarga do próprio Judiciário".

Ainda no recurso, o Google pediu a correção do termo "chatbot" no texto do acórdão. Segundo a empresa, o termo não se refere a um mecanismo de publicação automatizado ou indiscriminado.

O recurso do Facebook pede para o STF fixar o início dos efeitos da decisão no mínimo seis meses após o trânsito em julgado - ou seja, depois do julgamento dos embargos de declaração e da publicação de um novo acórdão. Portanto, para a empresa, fatos ocorridos antes desse prazo devem ser regidos pela interpretação original do Marco Civil da Internet.

O Facebook também pede que os conteúdos que devem ser retirados do ar pelas plataformas sem decisão judicial sejam descritos como "manifestamente" criminosos ou ilícitos, para que não haja responsabilização das empresas em casos difíceis de terem a ilegalidade comprovada sem o aval do Judiciário.

O Facebook pede, ainda, que o tribunal substitua, na tese, a expressão "presunção de responsabilidade" dos provedores para "presunção relativa de culpa", como forma de esclarecer que as empresas não têm a intenção de cometer crimes nos conteúdos ilegais postados por terceiros.

O X argumenta que as medidas necessárias para se adequar à decisão são "não apenas custosas, mas especialmente complexas, em termos jurídicos, técnicos e operacionais", e que exigem tempo "minimamente razoável" para serem aplicadas.

O processo, alega a empresa do bilionário Elon Musk, demanda alinhamento entre equipes internas, preparação de pessoal especializado (moderadores e equipe jurídica) e desenvolvimento de infraestrutura tecnológica.

"Não é razoável que não seja fixado prazo para a implementação das mudanças impostas. É impossível a implementação imediata de todas as novas obrigações previstas. A complexidade da questão é tamanha que o próprio STF levou mais de 4 meses desde a finalização do julgamento para publicar o acórdão", escreve.

O X dá exemplos de outras leis que garantiram maior tempo para as empresas se adaptarem: a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) previu 24 meses; o recente ECA Digital, seis meses; a europeia Digital Services Act (Lei de Serviços Digitais), 15; e a britânica Online Safety Act (Lei de Segurança Online) passou a vigorar 17 meses depois da aprovação.

Ainda assim, as empresas correm o risco de verem suas responsabilidades ampliadas a partir do julgamento dos recursos. Isso porque entidades do setor digital também apresentaram embargos de declaração à decisão do Supremo, com a abordagem de tópicos que as big techs preferiam ver silenciados agora.

A Wikimedia Foundation (WMF), organização sem fins lucrativos por trás da Wikipédia, pede que o STF crie categorias de diferenciação para "provedores de aplicação de internet". O grupo quer a definição de um regime legal específico para os provedores "neutros" ou "de baixa interferência" - "aqueles que não admitem postagens de conteúdo opinativos, não criam ou impulsionam conteúdo e tampouco monetizam em cima deles", explica.

A WMF argumenta que se trata de uma fundação sem fins lucrativos voltada ao livre acesso da informação, que não vende espaço para propagandas, não impulsiona artigos de forma customizada, não monetiza os conteúdos que são criados e publicados na Wikipedia, e que iniciou o uso de algoritmos em sua operação, "mas jamais para criar engajamento com usuários para viralizar conteúdo ou para monetizar".

Outras entidades, como o InternetLab, somaram-se ao apelo da WMF. O InternetLab, por exemplo, além de outros pontos colocados, pediu que a ampliação da responsabilização decidida pelo STF seja direcionada apenas à atividade de plataformas de redes sociais e de alguns serviços de mensageria, quando sua atuação se aproxima à das redes sociais.

A Sleeping Giants, um movimento global de ativismo digital, tocou em uma ferida aberta para as plataformas: a presunção de responsabilidade dos provedores em caso de conteúdos ilícitos sobre anúncios e impulsionamentos pagos. Nesses casos, pode haver responsabilização mesmo sem notificação, mas os provedores ficarão isentos se comprovarem que atuaram em tempo razoável para remover o conteúdo indevido.

A entidade alerta para a falta de definição de conceitos como "atuação diligente", "tempo hábil" e "rede artificial de distribuição", Segundo o texto, "por se tratar de parâmetro para a aferição de responsabilidade, é necessário que os critérios possam ser objetivamente aferíveis, de modo a afastar qualquer julgamento subjetivo e que possa gerar decisões conflitantes no território nacional".

A Sleeping Giants também pediu para o STF apontar a responsabilidade do Executivo nas regras de funcionamento da internet brasileira. "Ainda que seja imperioso que o Brasil, através do Congresso Nacional, avance na seara regulatória, o Supremo foi silente em relação à participação do Poder Executivo no contexto abordado", anotaram os advogados.

Ao todo, onze entidades entraram com recursos após a publicação do acórdão de 1,3 mil páginas. Como mostrou o Estadão, o governo Lula avalia que a decisão do STF faz parte do leque de opções para regulamentar o setor - e acabou por engavetar, por enquanto, o projeto que o próprio Palácio do Planalto elaborou para o tema.

A decisão do STF resultou em uma tese com 14 tópicos. Algumas lacunas foram deixadas em branco, na expectativa que o Executivo e o Legislativo detalhassem as normas de funcionamento da internet no Brasil. Algumas dessas lacunas podem ser sanadas no julgamento dos embargos de declaração, que não tem data prevista para acontecer.

O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) afirmou considerar "natural" a margem apertada dada pelo Senado à recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e que o resultado não influenciará na indicação da vaga aberta ao Supremo Tribunal Federal (STF). Pacheco é tido como o nome favorito do Senado para a Corte, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tende a indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias.

"São coisas independentes, são indicações independentes. Uma indicação não depende da outra", declarou Pacheco a jornalistas.

Gonet obteve 45 dos 81 votos na votação feita ontem, 12, para sua recondução. Foram 20 a menos do que conseguiu em 2023, quando obteve 65 votos na aprovação de seu primeiro mandato de PGR. "Nessa questão de margem de votos, é sempre natural que na recondução você tenha menos votos do que na condução original. É algo natural", disse o senador.

Segundo Pacheco, o resultado de Gonet não pode ser visto como um recado ao Palácio do Planalto para a indicação do STF, porque o governo tem tido dificuldades em outros temas, não só indicações. "Essas dificuldades do governo já existem há algum tempo".

Em relação a diversos temas, não só a indicações propriamente. Tivemos sempre margens muito apertadas."

Pacheco ainda aguarda uma conversa com Lula sobre STF. Segundo ele, porém, não há data para a reunião.

Como mostrou a Coluna do Estadão, senadores mandaram um recado a Lula com a votação de Gonet, o de que Messias não seria avalizado. O Planalto, porém, minimizou o placar e insiste no nome do Advogado-Geral da União.