'Inepta' e 'desorganizada': os adjetivos da defesa de Bolsonaro contra a denúncia da PGR

Política
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A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiu à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) com uma série de adjetivos para desqualificá-la, classificando-a como "vaga", "inepta" e "desorganizada". A resposta prévia à acusação foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, 6, com o objetivo de refutar o mérito das investigações e pedir que a Justiça rejeite a denúncia.

Os advogados Paulo Amador da Cunha Bueno e Celso Vilardi, que representam Bolsonaro, afirmaram que a PGR "esmerou-se em contar uma boa 'estória', que alimenta boas manchetes e anima o imaginário popular, mas que não sustenta uma ação penal". Segundo eles, a denúncia "inepta" carece de elementos técnicos suficientes para embasar um processo contra o ex-presidente.

"As acusações feitas são seriíssimas e, considerando o processo penal como um constrangimento por si só, é ônus do Ministério Público indicar os indícios suficientes aptos a promover a ação penal, o que não foi feito no presente feito. A denúncia, absolutamente inepta, não pode prevalecer", escreveram os advogados.

Outro ponto criticado pela defesa foi a forma como as investigações foram apresentadas. De acordo com os advogados, a quantidade "gigantesca" e "repetitiva" de documentos foi disponibilizada de maneira "desorganizada" pela PGR, o que teria obrigado a defesa a realizar "verdadeiras caçadas". "Resta claro o intuito de confundir para impedir a compreensão da acusação e, via de consequência, o exercício da defesa", argumentaram

"A quantidade de documentos que hoje formam os autos é gigantesca, para dizer muito pouco. Já seria grave, mas esse conjunto imenso de folhas e processos é apresentado pela acusação de forma desorganizada, sem qualquer sistemática", criticou a defesa.

Os advogados insistiram ainda na tese de que o processo está sendo conduzido de forma "desigual", alegando que não tiveram acesso a todas as provas. O ministro do STF Alexandre de Moraes levantou o sigilo dos autos após receber a denúncia, que reúne 18 volumes de documentos com mais de 3 mil páginas

Outros adjetivos e expressões já haviam sido utilizados pela defesa de Bolsonaro, como também pelo próprio ex-presidente e seus aliados. Após o envio da denúncia ao STF, os advogados se pronunciaram classificando as acusações como "precária" e "incoerente".

Pouco antes de apresentar sua defesa à Justiça, Bolsonaro ironizou as acusações. "Eu tramei com o Pateta, com o Pato Donald, com o Mickey Mouse, só pode ser isso aí", disse a jornalistas, se referindo ao fato de ter estado nos Estados Unidos quando ocorreram os ataques aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, já deu declarações semelhantes no mês passado, quando falou em "um golpe de Estado da Disneylândia, sem armas, sem um plano, e enquanto ele estava em Orlando, provavelmente debatendo estratégias com o Pateta e recebendo conselhos de segurança nacional com o Mickey Mouse". Aliados de Bolsonaro também se manifestaram, classificando a denúncia como "roteiro patético" e "perseguição política".

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O relacionamento entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o criminoso sexual Jeffrey Epstein, voltou ao debate público após o governo Trump decidir ocultar partes dos arquivos da investigação de tráfico sexual envolvendo Epstein e sua ex-namorada, Ghislaine Maxwell.

Nesta quarta-feira, 12, democratas do Comitê de Fiscalização da Câmara dos Estados Unidos divulgaram uma série de e-mails do empresário em que ele afirma que o presidente norte-americano "sabia das meninas", muitas das quais eram menores de idade, e teria "passado horas" com uma das vítimas.

Epstein foi um financista norte-americano acusado de comandar uma rede internacional de exploração sexual de menores. Nascido e criado em Nova York, ele iniciou a carreira como professor de matemática na escola de elite Dalton School, em Manhattan, mas construiu sua fortuna no mercado financeiro.

Em 1976, ingressou no banco de investimentos Bear Stearns, onde começou a formar uma rede de contatos com empresários e figuras influentes. Poucos anos depois, fundou sua própria companhia, a J. Epstein & Co, em 1982.

O sucesso nos negócios o aproximou de nomes poderosos da política e do entretenimento. Epstein era conhecido por manter amizade com o príncipe Andrew, irmão do rei Charles III, o ex-presidente americano Bill Clinton, o fundador da Microsoft, Bill Gates, e Donald Trump. Em 2019, sua fortuna foi estimada em US$ 560 milhões (cerca de R$ 3,1 bilhões), segundo a rede CBS News.

Epstein foi acusado de liderar uma rede de exploração e tráfico sexual de menores de idade, ao lado da ex-namorada, Ghislaine Maxwell. O empresário teria recrutado adolescentes para atos sexuais em troca de dinheiro em propriedades localizadas em Nova York, Flórida, Novo México e em sua ilha particular no Caribe, entre 2002 e 2005.

As primeiras denúncias surgiram em 2005, quando os pais de uma menina de 14 anos o acusaram de abuso sexual em Palm Beach, na Flórida. O caso deu origem a outras investigações, e em 2008 o milionário foi condenado por exploração sexual e facilitação à prostituição de menores.

Na época, Epstein alegou que os encontros eram consensuais e que acreditava que as jovens tinham 18 anos. Mesmo assim, ele se declarou culpado e firmou um acordo judicial que previa 13 meses de prisão e a inclusão de seu nome na lista federal de criminosos sexuais. Mais de uma década depois, um juiz da Flórida considerou o acordo ilegal, e Epstein voltou a ser preso em julho de 2019 em Nova York.

Um mês após a prisão, ele foi encontrado morto em sua cela, e a autópsia concluiu que ele havia cometido suicídio. O Departamento de Justiça americano confirmou o resultado, depois de revisar gravações e relatórios.

As acusações contra o financista foram encerradas com sua morte, mas as investigações seguiram contra outros suspeitos, incluindo Ghislaine. Em 2022, ela foi condenada a 20 anos de prisão por envolvimento no esquema de tráfico sexual.

Qual a relação de Epstein com Trump?

Donald Trump e Jeffrey Epstein foram próximos por mais de uma década. Eles começaram a se relacionar nos anos 1980. Em 2002, Trump disse à New York Magazine: "Conheço o Jeff há 15 anos. Um cara incrível. É muito divertido estar com ele. Dizem até que ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são mais jovens. Sem dúvida - Jeffrey gosta da vida social dele".

Eles foram vistos juntos em festas, e registros mostram o nome de Trump em sete voos de Epstein entre Palm Beach, Nova York e Washington. Trump reconhece ter usado o avião, mas nega ter visitado a ilha particular do financista ou cometido irregularidades.

Em 2003, Trump teria enviado a Epstein uma carta com uma mensagem de aniversário, incluindo um esboço sexualmente sugestivo de uma mulher nua e uma referência aos segredos que os dois compartilhavam. A Casa Branca negou que Trump tenha desenhado ou assinado a mensagem.

O clube Mar-a-Lago, de Trump, também aparece nas acusações contra Epstein e Ghislaine Maxwell. Foi ali que Virginia Giuffre, vítima da rede de tráfico sexual de Epstein, afirma ter sido recrutada, ainda adolescente.

A relação entre Trump e Epstein esfriou em 2004, após uma disputa por uma mansão em Palm Beach. Em 2019, Trump afirmou que os dois tiveram uma "desavença" e não se falavam havia 15 anos. Ele também sugeriu que encerrou a amizade porque Epstein teria "contratado" atendentes do spa de Mar-a-Lago.

Questionado se uma das mulheres era Giuffre, Trump respondeu: "Não sei. Acho que ela trabalhava no spa. Acho que sim. Acho que era uma das pessoas. Ele a roubou. E, a propósito, ela não tinha nenhuma reclamação sobre nós, como você sabe, nenhuma."

Trump alternou posições públicas sobre o caso ao longo dos anos. Em 2019, pediu uma "investigação completa", mas também desejou "tudo de bom" a Maxwell em 2020.

Durante a campanha de 2024, mostrou ambiguidade sobre divulgar os arquivos de Epstein. Já no governo, indicou chefes do Departamento de Justiça e do FBI que prometeram aprofundar o caso, mas as agências concluíram que os documentos não sustentavam investigações adicionais.

Trump passou a criticar seus próprios apoiadores por insistirem no tema, chamando-os de "fracos" e dizendo que haviam caído em um "golpe" dos democratas.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia anunciou na terça-feira, 11, a adição de outros 30 nomes à lista de japoneses proibidos em território russo "por tempo indeterminado". Entre os nomes estão o assessor de imprensa do Ministério das Relações Exteriores do Japão, Toshihiro Kitamura, e Yu Koizumi, professor da Universidade de Tóquio especialista em políticas de segurança russa, além de diversos jornalistas e outros acadêmicos.

Já nesta quarta-feira, o Japão declarou ser "absolutamente inaceitável" a decisão do governo russo, segundo a mídia japonesa. Em conferência de imprensa, o secretário-geral do gabinete japonês Minoru Kihara disse ser "lamentável" a decisão russa, já que o diálogo entre pessoas das duas nações é importante para a manutenção das comunicações bilaterais, mesmo em momentos difíceis.

A lista de proibidos em território russo foi anunciada pela primeira vez em 2022, e já incluía Sanae Takaichi, atual primeira-ministra do Japão, junto de outros jornalistas e oficiais do governo japonês.

A decisão é uma resposta frente às sanções do Japão contra a Rússia, motivadas pelo conflito com a Ucrânia. Conforme a Reuters, Kihara acusou Moscou de inverter a responsabilidade pela invasão ao território ucraniano.

Mesmo com a lista de japoneses proibidos pela Rússia e sanções por parte do governo asiático, o Japão ainda exporta energia para a ilha russa de Sakhalin. Segundo a Reuters, Kihara não respondeu sobre se a recente decisão do governo britânico em suspender seguros sobre exportação de gás para a Rússia afetaria futuras negociações de venda ou aumentaria as sanções sobre os russos.

Os democratas do Comitê de Fiscalização da Câmara dos Estados Unidos divulgaram nesta quarta-feira, 12, uma série de e-mails do empresário Jeffrey Epstein em que ele afirma que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "sabia das meninas", muitas das quais eram menores de idade, e teria "passado horas" com uma das vítimas dos crimes cometidos por Epstein.

As mensagens foram trocadas após o acordo de confissão firmado por Epstein em 2008, na Flórida, quando o magnata admitiu comandar rede de tráfico sexual. Segundo o governo americano, o bilionário explorou sexualmente mais de 250 meninas.

Onze anos depois, o caso voltou à tona, o acordo foi considerado inválido e a prisão do bilionário por tráfico sexual foi determinada. Segundo as autoridades, ele se matou poucos dias depois de ser preso.

Os documentos, de acordo com os congressistas, foram selecionados de milhares de páginas e levantam novas dúvidas sobre o relacionamento entre Trump e Epstein, que mantiveram contato por anos antes do escândalo de exploração sexual vir à tona.

Após a divulgação, a Casa Branca acusou os democratas de conduzirem uma campanha de difamação. "O fato é que o presidente Trump expulsou Jeffrey Epstein de seu clube décadas atrás por assediar suas funcionárias, incluindo Giuffre", afirmou a secretária de imprensa Karoline Leavitt, em nota.

Veja os e-mails divulgados na íntegra:

Em um e-mail endereçado a Ghislaine Maxwell, sócia e namorada de Epstein, em abril de 2011, o empresário menciona o presidente americano.

"Quero que você perceba que aquele cachorro que não latiu é Trump." Ele acrescentou que uma vítima não identificada "passou horas na minha casa com ele, ele nunca foi mencionado uma única vez." "Tenho pensado nisso," escreveu Maxwell, em resposta.

Em outro e-mail que Epstein enviou a Michael Wokff, o empresário afirmou: "Trump disse que me pediu para renunciar, nunca fui membro, é claro que ele sabia sobre as meninas, pois pediu a Ghislaine para parar", escreveu.

Um terceiro e-mail divulgado mostra Epstein questionando Wokff sobre como abordar o relacionamento deles, já que o republicano estava se tornando uma figura de relevância nacional.

"Ouvi dizer que a CNN planeja perguntar ao Trump esta noite sobre sua relação com você, seja ao vivo ou em entrevista coletiva após o evento", escreveu Wokff.

"Se pudéssemos elaborar uma resposta para ele, qual você acha que deveria ser?", questionou Epstein.

"Acho que você deveria deixá-lo se enforcar. Se ele disser que não participou do plano nem foi à casa, isso lhe dará um valioso capital político e de relações públicas.", respondeu Wokff.

"Você pode enforcá-lo de uma forma que potencialmente gere um benefício positivo para você ou, se realmente parecer que ele pode ganhar, você pode salvá-lo, gerando uma dívida. É claro que é possível que, quando questionado, ele diga que Jeffrey é um ótimo sujeito, que foi injustiçado e é vítima do politicamente correto, que será proibido no regime de Trump", concluiu.