Ao STF, Tarcísio diz que Bolsonaro nunca falou sobre tentativa de golpe

Política
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Ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro (PL), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), negou nesta sexta-feira, 30, durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente o tenha procurado depois da eleição de 2022 para tratar de qualquer tema relacionado a uma trama golpista.

 

Tarcísio foi ouvido como testemunha de defesa de Bolsonaro na ação penal a que o ex-presidente responde por tentativa de golpe. Em depoimento que durou menos de dez minutos, o governador de São Paulo só foi questionado pela defesa de Bolsonaro. O ministro Alexandre de Moraes, relator, e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, abriram mão de fazer perguntas.

 

Tarcísio relatou ter conversado com Bolsonaro entre novembro e dezembro de 2022, em Brasília. O período é o mesmo em que, segundo a denúncia da Procuradoria, o ex-chefe do Executivo liderou um plano de ruptura institucional. "Jamais, nunca (tivemos conversas sobre uma tentativa de golpe de Estado), assim como nunca tinha acontecido durante o meu período no ministério", disse Tarcísio, que comandou a pasta da Infraestrutura na gestão passada.

 

Questionado pelo advogado Celso Vilardi, responsável pela defesa de Bolsonaro, se teve conhecimento de algum fato que relacionasse o ex-presidente aos atos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023, Tarcísio também negou. "Não, nenhum. O presidente nem sequer estava no Brasil", disse. Vilardi seguiu perguntando sobre o teor das conversas mantidas com Bolsonaro. O governador declarou que eles falavam sobre "muitas coisas" e trocavam experiências.

 

De acordo com Tarcísio, Bolsonaro temia que as coisas perdessem rumo no governo Lula. "Ele lamentava e temia que a coisa desandasse", afirmou. O governador disse também que a gestão Bolsonaro teve de lidar com "grandes crises", como a tragédia em Brumadinho (MG), a pandemia de covid-19, a crise hídrica de 2021 e a guerra na Ucrânia.

 

Aceno

 

Tarcísio é cotado como o principal nome para substituir Bolsonaro na eleição presidencial de 2026. No entanto, o ex-presidente, mesmo inelegível até 2030, tem insistido em sua própria candidatura e já declarou que não está atrapalhando a direita ao não indicar um nome para concorrer.

 

Desde que Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal no inquérito do golpe, o governador tem demonstrado lealdade ao padrinho político. "Há uma narrativa disseminada contra o presidente e que carece de provas. O presidente respeitou o resultado da eleição e a posse aconteceu em plena normalidade e respeito à democracia", disse na ocasião.

 

Em fevereiro, quando o ex-chefe do Executivo foi denunciado pela PGR como líder de um plano golpista, Tarcísio disse que ele "jamais compactuou" com qualquer tentativa de ruptura. "Jair Bolsonaro é a principal liderança política do Brasil. Este é um fato. Jair Bolsonaro jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do estado democrático de direito. Este é outro fato. Estamos juntos, presidente", afirmou.

 

O discurso se repetiu em março, quando Bolsonaro virou réu no STF. "Sabemos que esse não é o primeiro e não será o último desafio a ser enfrentado, mas sabemos também que a verdade prevalecerá e sua inocência será comprovada. Estou certo de que Bolsonaro conduzirá esse processo com a coragem que sempre motivou todos ao seu redor. Siga contando comigo e com os milhões de brasileiros que estão ao seu lado", postou no X.

 

Desistência

 

A sessão de audiências na manhã de ontem no STF foi mais breve em razão de desistências por parte das defesas de Bolsonaro e do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, também réu na ação penal do golpe. Na noite de quinta, 29, o ex-presidente dispensou os depoimentos dos ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Gilson Machado (Turismo), do advogado Amauri Feres Saad e do médico Ricardo Camarinha.

 

Na tarde de ontem, Bolsonaro desistiu de ouvir Giuseppe Dutra Janino, ex-secretário de Tecnologia da Informação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e o coronel Wagner de Oliveira, que fez parte da comissão de militares que fiscalizou as urnas eletrônicas. Já os advogados de Torres abriram mão dos depoimentos do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e do deputado federal Sanderson (PL-RS).

 

Caminhoneiros

 

Também testemunha de defesa de Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) disse ontem no STF que a transição para o governo Lula foi iniciada para conter a mobilização de caminhoneiros pelo Brasil, que fecharam as rodovias em protesto contra o resultado da eleição.

 

"O presidente nos determinou a transição, naquele período que havia a greve de caminhoneiros", afirmou o senador, que era ministro-chefe da Casa Civil e comandou o processo de transição, em novembro de 2022. "Precisava de uma fala do presidente, de se iniciar uma transição para que os caminhoneiros parassem de obstruir as rodovias. Pedi para que fizéssemos uma declaração em conjunto para fazermos essa transição e ele determinou dessa forma."

 

Na audiência, o senador também negou ter mantido conversas de teor golpista com o ex-presidente e afirmou que Bolsonaro não tentou atrapalhar a transição. "Foi tudo dentro da normalidade, o presidente em momento nenhum quis obstaculizar qualquer tipo de situação para que a gente fizesse a transição da melhor forma possível", afirmou.

 

Parlamentares

 

Prestaram ainda depoimento pela manhã o senador Esperidião Amin (PP-SC), o deputado distrital João Hermeto (MDB) e a secretária de Desenvolvimento Social do Distrito Federal, Ana Paula Marra. Todos foram testemunhas de defesa de Torres.

 

Ana Paula Marra afirmou que o ex-ministro da Justiça debateu um plano de desmobilização dos acampamentos golpistas dois dias antes do 8 de Janeiro e, ao lado do então comandante militar do Planalto, general Gustavo Dutra, discutiu emitir um mandado de prisão contra os líderes dos acampamentos. No 8 de Janeiro, Torres comandava a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.

 

Em depoimento dado à tarde, o general Dutra também relatou que planejou, ao lado do então secretário de Segurança, uma desmobilização antes dos ataques na Praça dos Três Poderes, quando radicais invadiram e depredaram as dependências das sedes do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Uma juíza de Utah rejeitou na segunda-feira, 10, um novo mapa eleitoral elaborado por parlamentares republicanos e adotou uma proposta alternativa que cria um distrito favorável aos democratas antes das eleições legislativas de meio de mandato de 2026.

Os republicanos ocupam todas as quatro cadeiras de Utah na Câmara dos Representantes dos EUA e haviam proposto um mapa desenhado para proteger essas posições. No entanto, a juíza Dianna Gibson decidiu, pouco antes do prazo final da meia-noite, que o mapa elaborado "favorece indevidamente os republicanos e desfavorece os democratas".

Ela havia determinado que os legisladores apresentassem um mapa que seguisse os padrões aprovados pelos eleitores para evitar o favorecimento deliberado de um partido - prática conhecida como gerrymandering. Caso os legisladores falhassem, Gibson advertiu que poderia considerar outros mapas apresentados pelos autores do processo que a levou a anular o documento.

Gibson acabou selecionando um mapa elaborado pelos autores da ação, a Liga das Mulheres Eleitoras de Utah e o grupo Mulheres Mórmons por um Governo Ético. O novo desenho mantém o condado de Salt Lake quase inteiramente dentro de um único distrito, em vez de dividir o centro populacional fortemente democrata entre os quatro distritos, como ocorria anteriormente.

A vice-governadora Deidre Henderson, republicana, afirmou na rede social X que é provável que o estado apresente um recurso de emergência, mas disse que, mesmo assim, as novas fronteiras devem começar a ser implementadas para que tudo esteja pronto para o registro de candidaturas em janeiro.

"O povo de Utah merece uma eleição ordeira e justa, e faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir isso", afirmou Henderson na terça-feira.

Henderson havia dito que segunda-feira era o último dia possível para aprovar um novo mapa, a fim de dar tempo aos cartórios eleitorais de preparar o processo de inscrição de candidatos.

A decisão representa um revés inesperado para os republicanos em um estado onde esperavam vitória total, enquanto o partido busca ganhar em outros estados. No cenário nacional, os democratas precisam conquistar três cadeiras adicionais na Câmara dos Representantes em 2026 para retomar o controle da Casa, atualmente dominada pelo Partido Republicano - que tenta evitar a tendência histórica de perda de assentos nas eleições de meio de mandato.

O novo mapa aprovado aumenta significativamente as chances dos democratas de conquistar uma cadeira. A última vez que o estado teve um democrata no Congresso foi no início de 2021.

Os republicanos argumentam que Gibson não tem autoridade legal para impor um mapa que não foi aprovado pelos parlamentares. O deputado Matt MacPherson classificou a decisão como um "grave abuso de poder" e disse que apresentou um projeto de lei para iniciar um processo de impeachment contra a juíza.

Em agosto, Gibson havia anulado o mapa eleitoral aprovado após o censo de 2020, alegando que o Legislativo havia ignorado os padrões anti-gerrymandering aprovados pelos eleitores.

A decisão coloca Utah no centro da batalha nacional pela redistribuição distrital, em meio ao incentivo do ex-presidente Donald Trump para que estados controlados por republicanos redesenhem seus mapas a fim de ajudar o partido a manter o controle da Câmara em 2026. Texas, Missouri e Carolina do Norte já adotaram novos mapas em resposta ao apelo de Trump. Em conformidade com a Constituição estadual, um painel bipartidário de Ohio também aprovou recentemente um novo mapa que pode melhorar as chances republicanas em dois distritos.

Mas os democratas também estão reagindo. Eleitores da Califórnia aprovaram na semana passada novos distritos eleitorais que podem abrir caminho para cinco cadeiras adicionais ao partido, compensando ganhos republicanos no Texas.

*Com informações da Associated Press.

Os iraquianos votaram nesta terça-feira, 11, em uma eleição parlamentar marcada por segurança rigorosa e boicote de um grande bloco político.

O único relato imediato de violência grave foi um confronto durante a noite entre apoiadores de partidos na cidade de Kirkuk, no norte, que deixou dois policiais mortos.

A presença foi escassa em muitas seções eleitorais visitadas por jornalistas da Associated Press. Após o fechamento das urnas, autoridades eleitorais anunciaram uma participação de 55% entre os eleitores registrados.

No entanto, muitos dos 32 milhões de eleitores elegíveis não se registraram. Apenas 21,4 milhões atualizaram suas informações e obtiveram cartões de eleitor, uma diminuição em relação aos 24 milhões na última eleição parlamentar em 2021.

Enquanto isso, a pressão dos EUA se intensifica sobre o governo iraquiano para conter a influência de facções armadas alinhadas ao Irã, algumas das quais tinham candidatos na votação desta terça-feira.

A eleição afirma "o compromisso do povo com esta prática democrática", disse o primeiro-ministro Mohammad Shia al-Sudani, concorrendo a um segundo mandato. Apenas um primeiro-ministro serviu por mais de um mandato desde 2003.

*Com informações da Associated Press.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação da Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O grupo de ataque liderado pelo USS Gerald R. Ford, o maior porta-aviões do mundo, entrou nesta terça-feira na área de responsabilidade do Comando Sul dos Estados Unidos (Southcom), que abrange a América Latina e o Caribe, segundo comunicado da Marinha americana. A movimentação ocorre após ordem do secretário de Guerra, Pete Hegseth, para apoiar a "diretriz presidencial de desmantelar organizações criminosas transnacionais e combater o narcoterrorismo em defesa da pátria".

A chegada do porta-aviões ocorre em meio à escalada de tensões entre Washington e o governo de Nicolás Maduro, acusado por autoridades dos EUA de envolvimento com redes de narcotráfico, acusação negada por Caracas.

De acordo com o texto, "a presença reforçada das forças dos EUA no Comando Sul aumentará a capacidade de detectar, monitorar e interromper atores e atividades ilícitas que comprometem a segurança e a prosperidade do território norte-americano e da região hemisférica", afirmou o porta-voz do Pentágono Sean Parnell.

Ele acrescentou que as forças "ampliarão as capacidades existentes para interromper o tráfico de entorpecentes e degradar e desmantelar organizações criminosas transnacionais".

Com mais de 4 mil marinheiros e dezenas de aeronaves táticas a bordo, o grupo reforçará as tropas já posicionadas na região, incluindo o grupo anfíbio do navio Iwo Jima e unidades expedicionárias de fuzileiros navais.

O comandante do Southcom, almirante Alvin Holsey, declarou que "por meio de um compromisso inabalável e do uso preciso de nossas forças, estamos prontos para combater as ameaças transnacionais que buscam desestabilizar nossa região".

Segundo ele, o envio do Gerald R. Ford representa "um passo crítico para proteger a segurança do Hemisfério Ocidental e a segurança da pátria americana".