Governo Lula discorda de 4 pontos do PL Antifacção; Derrite analisa pedidos de alteração

Política
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O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), apresentou ao deputado Guilherme Derrite (PP-SP), relator do projeto de lei de combate às facções criminosas, quatro pontos de alteração na proposta, entre eles a decretação da alienação de bens de faccionados e os recursos direcionados à Polícia Federal. Derrite afirmou que analisa as propostas e não garantiu a votação do texto nesta quarta-feira, 12.

Mais cedo, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defendeu o adiamento da votação do projeto de lei de combate às facções criminosas. Ela afirmou que, diante da "complexidade" do tema, seria melhor se o assunto fosse debatido por mais tempo.

"Avaliamos que, pela complexidade da matéria, seria importante a gente ter um pouco mais de tempo para discutir. Óbvio que a prerrogativa do presidente (da Câmara) Hugo Motta é de pautar. Se ele pautar hoje [nesta quarta], nós vamos estar preparados para fazer os destaques, os debates que precisamos fazer em plenário", disse a ministra em entrevista no Palácio do Planalto.

Gleisi se reuniu com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, no fim da manhã desta quarta. Também participaram técnicos da SRI, da Justiça e da Casa Civil. O objetivo foi fazer uma leitura técnica da última versão do relatório de Derrite, que se licenciou do cargo de secretário de Segurança de São Paulo para relatar a proposta.

A ministra disse que há quatro pontos principais em que o governo entende ser preciso fazer alterações.

Novo tipo penal: O primeiro deles é em relação ao tipo penal criado pelo relator. Pelo texto do governo, esse novo tipo penal é o de integrante de facção criminosa, diferenciando de organizações criminosas em geral. Derrite alterou para dizer que o crime se refere a quem "utilizar violência ou grave ameaça para intimidar, coagir ou constranger a população ou agentes públicos, com o propósito de impor ou exercer o controle, domínio ou influência, total ou parcial, sobre áreas geográficas, comunidades ou territórios".

Redação legislativa: A ministra também afirmou que o deputado, ao elaborar o relatório, não revogou artigos da lei das organizações criminosas, o que significa que duas legislações estariam vigentes sobre temas correlatos.

Perdimento extraordinário: O terceiro ponto é em relação ao que se chama "perdimento extraordinário", ou seja, a captura de bens ilícitos adquiridos pelos condenados por integrarem facções criminosas. Derrite primeiro deixou esse ponto de fora e depois estabeleceu que ele só possa acontecer se o processo tiver transitado em julgado (ou seja, sem possibilidade de recursos).

Polícia Federal: O último ponto é em relação aos recursos direcionados à Polícia Federal. Gleisi disse que o relatório de Derrite promove uma "descapitalização" da PF ao direcionar recursos de fundos federais e destiná-los aos Estados. "O relator voltou atrás em não retirar as atribuições da Polícia Federal, mas deixou a descapitalização da Polícia Federal. Ao esvaziar todos os fundos federais, ao repartir esses fundos, distribuí-los entre os estados e não deixar nada para o federal. Isso nos preocupa muito, porque a Polícia Federal precisa de recursos para as suas operações", afirmou.

Gleisi disse que o Ministério da Justiça divulgará uma nota técnica ainda nesta quarta sobre esses quatro pontos citados. Também disse que os técnicos do MJ se reunirão ao longo do dia para fazer uma leitura aprofundada sobre o texto de Derrite.

Questionada se o governo apoiaria o relatório do deputado caso esses quatro pontos sejam alterados, a ministra se esquivou. Reforçou que o Ministério da Justiça ainda analisará outros pontos, mas disse que seria "um grande avanço" e que o Congresso entregaria ao País "uma lei que vai, de fato, combater as facções criminosas".

Derrite conversa com líderes partidários na tarde desta quarta sobre a votação da proposta. Segundo ele, as sugestões de alterações do governo se referem principalmente ao tema do perdimento de bens do crime e sua equipe analisa "para ver se consegue atender a demanda".

Como mostrou o Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, mesmo após as alterações, o governo briga para retomar a versão original do PL antifacção no que tange à decretação da alienação de bens de faccionados.

O relatório de Derrite prevê que caberia ao governo do Estado onde o delito está sendo investigado, alienar bens, direitos e valores declarados perdidos. Já o projeto de autoria do governo estabelecia que era função do gestor de ativos do Ministério da Justiça a alienação de bens, direitos e valores declarados perdidos em favor da União; e do gestor de fundo beneficiário definir a destinação dos bens declarados perdidos em favor da União, dos Estados ou do Distrito Federal.

Derrite afirmou ainda que não há "descapitalização" da Polícia Federal, como alegado pelo governo Lula. "O que for de investigação da PF vai pra PF, o que for de investigação da outra polícia será da outra polícia", disse.

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O Ministério das Relações Exteriores da Rússia anunciou na terça-feira, 11, a adição de outros 30 nomes à lista de japoneses proibidos em território russo "por tempo indeterminado". Entre os nomes estão o assessor de imprensa do Ministério das Relações Exteriores do Japão, Toshihiro Kitamura, e Yu Koizumi, professor da Universidade de Tóquio especialista em políticas de segurança russa, além de diversos jornalistas e outros acadêmicos.

Já nesta quarta-feira, o Japão declarou ser "absolutamente inaceitável" a decisão do governo russo, segundo a mídia japonesa. Em conferência de imprensa, o secretário-geral do gabinete japonês Minoru Kihara disse ser "lamentável" a decisão russa, já que o diálogo entre pessoas das duas nações é importante para a manutenção das comunicações bilaterais, mesmo em momentos difíceis.

A lista de proibidos em território russo foi anunciada pela primeira vez em 2022, e já incluía Sanae Takaichi, atual primeira-ministra do Japão, junto de outros jornalistas e oficiais do governo japonês.

A decisão é uma resposta frente às sanções do Japão contra a Rússia, motivadas pelo conflito com a Ucrânia. Conforme a Reuters, Kihara acusou Moscou de inverter a responsabilidade pela invasão ao território ucraniano.

Mesmo com a lista de japoneses proibidos pela Rússia e sanções por parte do governo asiático, o Japão ainda exporta energia para a ilha russa de Sakhalin. Segundo a Reuters, Kihara não respondeu sobre se a recente decisão do governo britânico em suspender seguros sobre exportação de gás para a Rússia afetaria futuras negociações de venda ou aumentaria as sanções sobre os russos.

Os democratas do Comitê de Fiscalização da Câmara dos Estados Unidos divulgaram nesta quarta-feira, 12, uma série de e-mails do empresário Jeffrey Epstein em que ele afirma que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "sabia das meninas", muitas das quais eram menores de idade, e teria "passado horas" com uma das vítimas dos crimes cometidos por Epstein.

As mensagens foram trocadas após o acordo de confissão firmado por Epstein em 2008, na Flórida, quando o magnata admitiu comandar rede de tráfico sexual. Segundo o governo americano, o bilionário explorou sexualmente mais de 250 meninas.

Onze anos depois, o caso voltou à tona, o acordo foi considerado inválido e a prisão do bilionário por tráfico sexual foi determinada. Segundo as autoridades, ele se matou poucos dias depois de ser preso.

Os documentos, de acordo com os congressistas, foram selecionados de milhares de páginas e levantam novas dúvidas sobre o relacionamento entre Trump e Epstein, que mantiveram contato por anos antes do escândalo de exploração sexual vir à tona.

Após a divulgação, a Casa Branca acusou os democratas de conduzirem uma campanha de difamação. "O fato é que o presidente Trump expulsou Jeffrey Epstein de seu clube décadas atrás por assediar suas funcionárias, incluindo Giuffre", afirmou a secretária de imprensa Karoline Leavitt, em nota.

Veja os e-mails divulgados na íntegra:

Em um e-mail endereçado a Ghislaine Maxwell, sócia e namorada de Epstein, em abril de 2011, o empresário menciona o presidente americano.

"Quero que você perceba que aquele cachorro que não latiu é Trump." Ele acrescentou que uma vítima não identificada "passou horas na minha casa com ele, ele nunca foi mencionado uma única vez." "Tenho pensado nisso," escreveu Maxwell, em resposta.

Em outro e-mail que Epstein enviou a Michael Wokff, o empresário afirmou: "Trump disse que me pediu para renunciar, nunca fui membro, é claro que ele sabia sobre as meninas, pois pediu a Ghislaine para parar", escreveu.

Um terceiro e-mail divulgado mostra Epstein questionando Wokff sobre como abordar o relacionamento deles, já que o republicano estava se tornando uma figura de relevância nacional.

"Ouvi dizer que a CNN planeja perguntar ao Trump esta noite sobre sua relação com você, seja ao vivo ou em entrevista coletiva após o evento", escreveu Wokff.

"Se pudéssemos elaborar uma resposta para ele, qual você acha que deveria ser?", questionou Epstein.

"Acho que você deveria deixá-lo se enforcar. Se ele disser que não participou do plano nem foi à casa, isso lhe dará um valioso capital político e de relações públicas.", respondeu Wokff.

"Você pode enforcá-lo de uma forma que potencialmente gere um benefício positivo para você ou, se realmente parecer que ele pode ganhar, você pode salvá-lo, gerando uma dívida. É claro que é possível que, quando questionado, ele diga que Jeffrey é um ótimo sujeito, que foi injustiçado e é vítima do politicamente correto, que será proibido no regime de Trump", concluiu.

Um acidente com um ônibus deixou ao menos 37 pessoas mortas na madrugada desta quarta-feira, 12, em Arequipa, no Peru. O veículo saiu da pista após colidir com uma caminhonete na rodovia Panamericana Sul e cair em uma ribanceira. Outros 24 passageiros ficaram feridos, segundo as autoridades locais.

O gerente de saúde da região de Arequipa, Walther Oporto, disse à rádio local RPP que o ônibus bateu na caminhonete e saiu da estrada em uma curva, caindo mais de 200 metros até as margens do rio Ocoña. Segundo Oporto, o número de mortos pode aumentar porque há feridos graves.

A caminhonete ficou na saída da curva com a cabine totalmente destruída. O Ministério Público de Arequipa informou em um comunicado que o motorista da picape sobreviveu e "está detido". As autoridades não informaram se havia mais ocupantes na caminhonete.

O ônibus da empresa Llamosas, com 60 passageiros, havia partido da cidade de Chala, uma área mineradora também no sul do Peru, e seguia para a cidade de Arequipa.

Acidentes fatais com ônibus não são incomuns no Peru. A causa do acidente de quarta-feira não foi esclarecida, mas as autoridades afirmaram no passado que direção imprudente e velocidade excessiva estão por trás de muitos desses eventos.

Em agosto, um ônibus capotou em uma rodovia e 10 pessoas morreram. Em julho, outro ônibus que viajava de Lima para a região amazônica do Peru também capotou, deixando pelo menos 18 mortos e 48 feridos.

Em janeiro, pelo menos seis pessoas morreram e 32 ficaram feridas quando um ônibus caiu em um rio.

Em 2024, houve aproximadamente 3.173 mortes como resultado de acidentes de trânsito no país sul-americano, de acordo com dados oficiais do Sistema de Informações sobre Mortes.

*Com informações de agências internacionais.