Literatura negra no Ibirapuera ou festival de gastronomia afro no Mercadão? veja dicas em SP

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Nos últimos anos, o mês de novembro passou a concentrar atividades e eventos inspirados pela luta e resistência da população negra contra o racismo. É um período simbólico que resgata o passado de escravização dos negros e do tráfico das populações africanas para o Brasil. O Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro, relembra a morte de Zumbi dos Palmares, último líder do quilombo dos Palmares.

É uma luta que se reveste de celebração e de orgulho a partir de iniciativas nas áreas de literatura, gastronomia, moda e empreendedorismo. O Estadão sugere três eventos deste final de semana, em regiões distintas da cidade, para você escolher a forma de entrar no clima das comemorações do Mês da Consciência Negra:

Feira Literária no Ibirapuera

Dentro do Parque do Ibirapuera, você terá contato com grandes nomes da literatura negra brasileira por meio de oficinas, debates, contação de histórias, teatro infantil, sarau, lançamentos, venda de livros e discotecagem na I Feira Literária Afro-Brasileira Carolina Maria de Jesus no Museu Afro Brasil Emanoel Araujo (MAB). Tudo isso na marquise do museu. E o melhor: as atividades são gratuitas!

"O evento busca disseminar a literatura negra brasileira com espaço de venda para editoras e escritores independentes e principalmente celebrar as narrativas negras através da arte da palavra escrita, falada e interpretada", explica Zélia Peixoto, coordenadora de Produção e Programação do MAB.

Janaina Melo, bibliotecária do museu, explica que uma pesquisa detalhada convidou produtores literários das antigas e novas gerações para atrair público de todas as idades. Uma das mesas de discussão mais aguardadas foi intitulada "Quilombhoje e as Narrativas dos Cadernos Negros", com Esmeralda Ribeiro e Luiz Silva, o Cut, os fundadores dos Cadernos Negros, referência na história da literatura negra no País.

A primeira edição do evento não poderia deixar de homenagear Carolina Maria de Jesus, escritora, poetisa, cantora e compositora e que também batiza a biblioteca da instituição. Vera Eunice, filha de Carolina, vai participar de uma mesa de debates com a escritora Fernanda Miranda sobre a importância para a literatura brasileira e mundial. Outro destaque é a participação do coletivo de escritoras pretas Carolinianas, que lança um volume com o mesmo nome que tem como inspiração o legado de Carolina.

Para Janaina, a história da autora, assim como de tantas outras escritoras negras, sofre constantemente um grande apagamento histórico. "Muitas pessoas só conhecem a trajetória e produção literária de Carolina por terceiras pessoas, nunca é pelo ciclo de ensino", afirma.

Zélia observa a importância do evento como forma de combate ao racismo no mercado editorial. Nesse contexto, o mercado independente marca presença, com a participação de editoras importantes que vão apresentar seus catálogos e novidades, como a Livraria Africanidades, e também autores independentes que vão vender suas obras e interagir com o público. Entre eles está o Poeta CJ, que atua na cultura slam, declamação de versos em espaços públicos inspirada pelo rap.

"Comemorar a existência de uma escritora tão brilhante e toda a sua atuação em questões sociais do Brasil é também combater o racismo estrutural que está presente inclusive em grandes editoras, festivais e prêmios literários", completa Zélia.

"Esse primeiro festival de literatura é ainda mais importante porque trata da questão das narrativas negras do nosso País. O Museu Afro é um museu histórico da nossa secretaria, um museu importante, localizado estrategicamente no Parque do Ibirapuera, portanto, acessível a todas as pessoas", diz Marília Marton, secretária da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.

Gastronomia no Mercadão

A 9.ª edição do Festival de Gastronomia e Cultura do Mercado Municipal Paulistano de São Paulo, o popular Mercadão, vai homenagear o continente africano. São dois dias dedicados às comidas típicas, artesanatos e atrações turísticas de países como Congo, Angola, Somália, Nigéria, Quênia e África do Sul.

Na gastronomia, os destaques são os pratos veganos e vegetarianos do restaurante Congolinaria; a cozinha ancestral da chef Dani Pimenta, como o pudim de dendê e a moamba de galinha; o abará do Ojo bahiano além dos bolos pufpuf e da cocada da Marcia Doces. O Centro Cultural Casa de Angola vai demonstrar ainda o Calulu à moda da Angola (peixe, carne seca, mufete e feijão com óleo de dendê).

Para beber, os visitantes podem conhecer os sucos Sobolo (hibisco com abacaxi e gengibre), Tangawisi (gengribre, abacaxi e limão) e o Bissap (flor de hibisco com manga).

O festival é organizado pela concessionária Mercado SP, que administra o Mercadão, em parceria com a Prefeitura de São Paulo, com apoio da Instituição Afroturismo e o Centro Cultural Casa de Angola. "A influência dos países africanos sobre nós é mais presente do que muitos imaginam. Celebrar essa cultura, trazendo a sua essência é também uma forma de reconhecer pessoas, e as comidas, bebidas e sons que nos definem como brasileiros. O Mercado de São Paulo é um local de união e encontro dos povos, das mais variadas etnias e culturas", diz Aldo Bonametti, CEO da Mercado SP S.A.

Desfile de moda na Zona Leste

Para incentivar o afroempreendedorismo, a economia local e a cultura preta periférica, a 2.ª edição do evento "Cria na Vila Moda Estética Favela" pretende atrair duas mil pessoas para o Jardim Lapena, zona leste da cidade. Na primeira edição, realizada em 2022, 700 pessoas participaram das atividades.

Moradoras e artesãos vão expor produtos que valorizam a cultura afro-brasileira, como artesanato, roupas étnicas e antiguidades, em uma programação que reúne ainda sarau e espaço gastronômico. Um dos momentos mais esperados do evento é o desfile de moda com roupas feitas pelas artesãs do bairro apresentadas por modelos locais. Tudo inspirado na moda afro.

A articulação com as expositoras locais e parceiros e a mobilização do público foram lideradas pela artista Tayane Caroline, de 29 anos. Conhecida como Negra Thay, ela é ativista pelas causas sociais da região como integrante do Comitê de Artistas do Território do Jardim Lapena, responsável pela iniciativa ao lado do Coletivo Marginaliaria, com apoio da Fundação Tide Setubal.

Proprietária de um salão de beleza no Jardim Lapena, a ativista conta que o festival busca oferecer a oportunidade do cuidado à comunidade a partir da moda e da beleza. "É um evento realizado com as empreendedoras do território com o intuito de expor o seu trabalho, fomentar a economia local e criativa, além de potencializar a autoestima e o autocuidado dos moradores que vão à feira", explica.

"Nossa ideia é quebrar tabus, é revelar a diversidade da nossa população, da nossa cultura. É uma ruptura do padrão tradicional dos desfiles de modas", justifica Negra Thay.

* Este conteúdo foi produzido em parceria com o Museu Afro Brasil, a Instituição Afroturismo e o Coletivo de Artistas do Território do Jardim Lapena

Serviço

I Feira Literária Afro-Brasileira Carolina Maria de Jesus

Local: Museu Afro Brasil Av. Pedro Álvares Cabral | Parque Ibirapuera | Portão 10

Fone 55 11 3320 8900

Datas: Sábado, 11 de novembro: das 10h às 18h

Domingo, 12 de novembro: das 11h às 18h

Veja aqui a programação completa da Feira

Festival de Gastronomia e Cultura - Edição África

Mercado Municipal Paulistano - Mercadão

Rua da Cantareira, 306 - Centro Histórico de São Paulo

Data: 11 e 12 de novembro

Horário: das 10 às 16h - Entrada gratuita

2ª Edição do Cria na Vila Feira Estética

Endereço: Galpão ZL (R. Serra da Juruoca, 112 - Jardim Lapena, São Paulo)

Data: 12/11

Horário: 12h às 20h - Entrada franca

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Um ônibus com turistas foi assaltado nesta sexta-feira, 28, na região de Ramos, na zona norte do Rio de Janeiro. O veículo da viação Águia Branca tinha saído de São Paulo e, além de brasileiros, levava turistas estrangeiros. O assalto aconteceu no meio do trânsito, em plena Avenida Brasil. Os ladrões levaram pertences das vítimas e um dos criminosos teria feito um disparo no interior do veículo. Ninguém ficou ferido.

De acordo com a empresa, o ônibus de número 13.504 saiu de São Paulo pouco depois da meia-noite, em direção ao Rio. Por volta das 7h30, quando o coletivo seguia pela Avenida Brasil, uma das principais vias da capital fluminense, dois criminosos invadiram o veículo e roubaram alguns passageiros. Eles aproveitaram que o trânsito estava lento em razão do excesso de veículos.

No momento do assalto, a Polícia Militar foi acionada. Policiais do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) foram até o local, mas os criminosos já tinham fugido. O ônibus com os passageiros foi levado para a Delegacia de Bonsucesso e, posteriormente, para a Delegacia Especial de Apoio ao Turismo, no Leblon, na zona sul.

O número de pessoas roubadas não foi divulgado. Conforme a Polícia Civil, as vítimas estão sendo ouvidas e o ônibus passará por perícia. Agentes solicitaram imagens de segurança e realizam outras diligências para identificar os autores do crime, diz, em nota.

O Exército apreendeu uma tonelada de maconha tipo skunk na madrugada desta quinta-feira, 27, em uma embarcação no Rio Içá, no Amazonas, próximo à fronteira com a Colômbia. A carga é avaliada em R$ 20 milhões.

Uma cadela farejadora ajudou na varredura do 2º Pelotão Especial de Fronteira e identificou a droga escondida no casco da embarcação. O Comando Militar da Amazônia informou que o material apreendido foi encaminhado às autoridades.

A apreensão aconteceu no contexto da Operação Escudo, deflagrada para reforçar a segurança na região, sobretudo das comunidades indígenas, e combater crimes ambientais e outros ilícitos na faixa de fronteira, como o tráfico de drogas e armas.

O trabalho é desenvolvido em parceria com o Exército da Colômbia. Há um esforço conjunto para fazer frente aos narcotraficantes que operam na região e, com isso, impedir a circulação de drogas entre os países.

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima anunciou na quinta-feira, 27, medidas de prevenção e controle de incêndios florestais, definindo áreas de risco para o fogo e reforços na contratação de brigadistas e na destinação de recursos aos Bombeiros, Estados e municípios.

Uma portaria assinada pela ministra Marina Silva declarou emergência em áreas vulneráveis, delimitando estados, mesorregiões e épocas específicas para a atuação prioritária.

"Com essa informação, os agentes públicos terão de tomar as medidas necessárias para poder agir em conformidade com o risco", disse a ministra, mencionando uma "reestruturação do sistema" de enfrentamento ao problema.

Neste ano, o governo federal contará com 4.608 profissionais na prevenção e combate ao fogo, sendo 4.358 brigadistas e 250 servidores.

O efetivo é distribuído entre ICMBio (a quem compete a gestão de risco de fogo nas unidades de conservação federais) e Ibama (atua em terras indígenas, terras do Incra e outras áreas prioritárias federais).

Atos semelhantes já haviam sido editados em anos anteriores pelo ministério para justificar a ampliação do número de brigadistas federais.

No documento de 2025, a pasta incluiu a especificação de quais regiões devem entrar em estado de emergência ambiental para incêndios em que época, inaugurando um "planejamento estratégico faseado ao longo do ano", como definiu o secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco.

O anúncio das medidas ocorre após a pior temporada de fogo no País desde 2010, com 278 mil focos de incêndio registrados pelo INPE em 2024, concentrados principalmente na Amazônia.

Outros biomas também queimaram, e muito: no Pantanal, a extensão da área devastada superou o ano de 2020, expondo falhas na estratégia de prevenção do governo.

Além da portaria, o governo também destaca a aprovação da Resolução nº 2 de 2025 do Comitê de Manejo Integrado do Fogo, que trata de Planos de Manejo Integrado do Fogo (PMIFs) e ações preventivas, preparatórias e de combate aos incêndios florestais obrigatórias em imóveis rurais.

Com força de lei, a norma estabelece uma gestão integrada do risco de incêndios, estipulando que todos os Estados elaborem seus PMIFs em até dois anos.

Unidades de conservação e imóveis em região de alto risco de incêndios e que usam queima prescrita também ficam obrigados a elaborar e compartilhar planos, tendo como responsabilidade adotar ações de prevenção, ter brigada florestal própria treinada ou apoiar brigada local, entre outras.

'Garantir que ocorra desde já'

Para a coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama, Suely Araújo, o planejamento por região lançado pela portaria é 'relevante', considerando a urgência de que governos atuem de forma mais intensa e sistêmica na prevenção e controle dos incêndios florestais.

"No ano passado, a eficácia da atuação estatal ficou muito aquém do que deveria ficar", diz ao Estadão. "O Ministério do Meio Ambiente e outros órgãos têm que reconhecer, e estão reconhecendo, quando tentam organizar um planejamento mais sistêmico, mais conectado numa articulação coletiva".

Ela enfatiza, no entanto, ser necessário "garantir que tudo isso ocorra desde já", chamando atenção para a necessidade de que a contratação das equipes seja feita antes do período considerado de emergência, para que os brigadistas possam atuar em prevenção - por exemplo implantando aceiros e realizando um trabalho de educação das comunidades.

Araújo ainda considera que o incremento no número de brigadistas federais deveria ser maior, levando em conta que a atuação dos governos estaduais e municipais tem estado "aquém do necessário", com os estados realizando um controle do uso do fogo em atividades agrícolas visto por ela como insuficiente.

Além da responsabilidade pela prevenção e controle do fogo nas áreas federais, o MMA tem o papel de coordenar e apoiar outros entes federativos.

"As medidas do ministério parecem positivas, mas nós temos realmente que monitorar durante o ano para verificar a eficácia de tudo isso", conclui.