'Falas Femininas': especial da Globo debate a 'loucura' atribuída à mulher

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Estreia, neste Dia Internacional da Mulher, o programa Falas Femininas, na Rede Globo. O Estadão conversou com a atriz Taís Araújo, que apresenta o especial com Paolla Oliveira, além de Antonia Prado, diretora, e Veronica Debom, autora, para entender onde paira a tal "loucura feminina" - tema escolhido para a discussão - e o que ela significa em uma sociedade que não compreende a sobrecarga de tarefas que acomete as mulheres, ou que coloca em xeque suas convicções.

O formato escolhido para o programa é o experimento social - um exemplo desse gênero na TV aberta é o próprio Big Brother Brasil. Ao contar com a participação de pessoas comuns simulando situações cotidianas, que vão do trabalho doméstico às situações profissionais nas quais mulheres são estigmatizadas, o programa propõe a reflexão do espectador sobre o cuidado e a sobrecarga de tarefas atribuídas à mulher, e como isso gera o estereótipo de "loucura feminina".

Para Antonia, essa "loucura" gera um ciclo vicioso. "As mulheres estão exaustas! Acumulam muitas funções no trabalho formal, em casa, nos cuidados com filhos e pais. Os afazeres não são divididos igualmente entre os pares porque parte-se da premissa que todas as funções domésticas e toda economia do cuidado são responsabilidades femininas; enquanto o homem 'ajuda'. E quando precisam ser cuidadas, muitas e muitas vezes, as mulheres são abandonadas", define.

Maíra Marcondes Moreira, psicanalista, Doutora em Processos Sociais e autora do livro Freud e o casamento: o sexual no trabalho de cuidado, concorda que a sociedade atribui o cuidar à mulher, e as consequências disso se refletem até nos estudos da psicanálise. "Quando Freud inicia seus famosos estudos sobre histeria - relacionado ao feminino - ele não se atenta para o fato de que todas as pacientes histéricas estavam também cuidando de alguém, seja um companheiro, familiar ou crianças", reflete.

Em seu livro, a autora desmistifica a ideia de que exista um corpo que seja "mais capaz" para o cuidado, porque isso acaba colocando a mulher em posição de servidão. Ela propõe que o cuidado seja coletivo, atribuído não só ao Estado mas também ao próprio homem, para que eles se entendam como bons cuidadores. Caso contrário, a mulher continuará com a sobrecarga desigual de tarefas pois, além do cuidado familiar, ela hoje também é, boa parte do tempo, provedora: Dados do IBGE revelam que, atualmente, mais de 48% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres.

Dizem que sou louca, por eu ser assim

Muitas mulheres já foram chamadas de loucas, seja pelo parceiro, pelos familiares ou no ambiente de trabalho. É o chamado gaslighting - uma forma de abuso psicológico em que a vítima é manipulada para não acreditar na própria percepção da realidade, tema que também será debatido no programa. "Me sinto "louca", entre mil aspas, quando a minha palavra é descredibilizada", conta Taís Araújo. Já para Paolla Oliveira, os momentos em que a taxaram de "louca" foi quando ela assumiu várias responsabilidades ao mesmo tempo. "Como toda mulher, multifuncional que somos, temos demandas em todos os aspectos da vida", conta.

Para Taís, a espectadora pode se reconhecer em situações e compreender o que elas, de fato, significam, sem que precisem duvidar de si mesmas. "Tudo aquilo ali acontece de forma corriqueira e diariamente na vida de muitas mulheres, então, são ações normalizadas, que não podem mais ser normalizadas", explica.

Falas em debate

Taís e Paolla foram escolhidas para comandar o programa por terem um dialogo próximo com a mulher brasileira. Para Taís, estar a frente do Falas Femininas é uma oportunidade.

"A responsabilidade de representar mulheres pelo Brasil para mim, não é um peso, pelo contrário. É um estímulo para que eu evolua mais"

Tais Araujo

"Todas as vezes que tentei fazer alguma coisa fora do padrão, inovadora ou que almejei algo fora do esperado, fui taxada de louca. Seja porque parecia difícil ou porque tal vontade não deveria ser de uma mulher. Quebrar protocolos ou ter certas ambições, por exemplo, no mundo masculino são visto como 'força', pra nós, viram loucura."

Antonia, diretora

A autora do especial, Veronica Debom, explica: "Chamar uma mulher de louca pode ser uma forma de ignorar violências que ela esteja vivendo (físicas ou psicológicas), Além disso, é uma forma de desconsiderar suas opiniões ou de descartar a mulher profissionalmente, podendo servir também para a mãe perder a guarda de um filho."

Veronica afirma que todas as temáticas debatidas no programa são urgentes. Para ela, foi gratificante colocar em pauta, em rede nacional, tópicos que são comuns nas conversas entre amigas. "Como é bom levar a discussão que eu tenho exaustivamente na minha roda de amigas para o Brasil inteiro", diz. "Fico cheia de esperança imaginando que muitas espectadoras irão se identificar e aprofundar sua consciência de gênero. Para além dessa missão tão gratificante, está o prazer da execução. É uma honra estar cercada de mulheres fazendo televisão de qualidade e tratando um assunto tão importante", finaliza.

O especial Falas Femininas será transmitido pela Rede Globo nesta sexta, 8, depois do Big Brother Brasil.

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"Eu e Tarcísio vamos fazer um bem-bolado para acabarmos com a palafita", declarou Lula, em cerimônia ao lado do governador paulista.

Na ocasião, foi lançado o edital para contratação das empresas para a construção do túnel entre Santos e Guarujá.

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Um evento astronômico raro próximo de acontecer vai, certamente, despertar a curiosidade dos apaixonados pela observação do céu. Na próxima sexta-feira, 28, todos os planetas do Sistema Solar - Terra, Marte, Vênus, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Mercúrio - vão se alinhar e poderão, na ausência de nuvens e outros obstáculos, ser vistos a olho nu e sem a necessidade de instrumentos ópticos.

O processo de alinhamento já vem sendo formado desde janeiro, mas vai atingir o seu auge no dia 28, com a chegada de Mercúrio à mesma linha de visada dos demais planetas. O alinhamento está relacionado com a velocidade com que os astros giram em torno do Sol. A Terra, por exemplo, leva um ano (365 dias) para completar uma volta, enquanto Júpiter, leva 12.

O fenômeno significa que os planetas vão estar todos como se fossem alinhados, próximos um do outro e com a possibilidade de serem vistos todos juntos no horizonte e em um mesmo horário.

"Óbvio que eles só vão estar aparentemente próximos, já que eles estão a distâncias muito diferentes da Terra, mas vão estar na mesma linha de visada, então vai ser possível observá-los no céu, em uma mesma direção", diz Roberto Costa, professor do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP).

Por isso que esse fenômeno é considerado muito raro, diz Costa. Para acontecer, ele explica, é necessário que todos os planetas - que possuem velocidades diferentes - consigam se posicionar em sua respectiva órbita a ponto de estarem em uma mesma linha. "É difícil que ocorra essa coincidência", afirma o especialista.

Ele dá uma dimensão dessa raridade: "Para os planetas se alinharem da mesma forma, no mesmo arranjo que estão agora, isso só vai acontecer daqui a mais ou menos quatro séculos, lá para o final do século 25". O que não significa que outros alinhamentos, com os planetas em posições diferentes, não possam acontecer neste tempo. "Para repetir este arranjo de posições sim (vai levar quatro séculos), mas outros alinhamentos tão ou mais bonitos ocorrerão", diz.

O que fazer para conseguir observar?

Conforme Costa, não é necessário equipamentos, como lunetas ou binóculos - embora eles facilitem. Mas, basta procurar um lugar que o horizonte oeste esteja desimpedido, sem prédios e árvores, que não tenha morros e em uma noite limpa, sem nuvens. "Minha sugestão para um observador leigo é sempre começar por Vênus. Ele é o objeto mais brilhante do céu exceto o Sol e a Lua", orienta.

Ele explica que o dia 28 é considerado o auge do alinhamento por conta da presença de Mercúrio, que também poderá ser visto, embora não seja uma tarefa simples. "O que pode atrapalhar um pouco a observação desta região no dia 28 é a presença da Lua também na direção oeste. Seu brilho torna mais difícil observar os planetas. Mercúrio fica quase impossível", diz Costa.

O professor, contudo, não considera impossível visualizar o planeta que é o mais próximo do Sol entre todos os demais. "É possível ver Mercúrio a olho nu, mas eu recomendo usar um programa tipo planetário, que reproduzem o céu para qualquer horário e local. Existem vários gratuitos que podem ser instalados como aplicativo de celular, ou no computador, como o Stellarium e o Sky Chart", recomenda, Roberto Costa.

Ainda existe a possibilidade de observar o alinhamento na próxima quarta, 4 de março. Isso porque a Lua vai estar mais afastada e, portanto, seu brilho não ofuscará tanto a visualização do fenômeno.

Refutando alguns mitos, o professor afirma que o alinhamento não altera em nada o que acontece na Terra. A força das marés, diz, é exercida pela Lua e pelo Sol. "Os planetas estão a distâncias muito, muito grandes e é absolutamente impossível que ocorram influências gravitacionais dos planetas sobre a Terra", ressalta. "Não tem influência nenhuma, é apenas um belo espetáculo para se admirar".

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Apesar dos temporais que caíram Grande SP nesta quarta e nos últimos dias, a movimentação de terra não tem relação com as chuvas. De acordo com a Defesa Civil, o soterramento aconteceu em uma obra, onde há escavações.