EUA pressionam Turquia para conter radicalismo islâmico na Síria após queda de Assad

Internacional
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O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse nesta sexta-feira , 13, durante uma visita à Turquia que continua sendo imperativo combater o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) na Síria após a queda de Bashar Assad. A Turquia é a principal apoiadora dos rebeldes do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que liderou a derrubada do ditador sírio, e tem raízes na Al-Qaeda, assim como o Estado Islâmico. Analistas têm apontado o presidente turco, Recep Erdogan, como o principal ganhador regional com a mudança de regime na Síria.

Blinken chegou à capital turca na noite de quinta-feira, como parte de uma viagem regional com foco na crise na Síria, e se reuniu com Erdogan em um lounge no aeroporto de Ancara. "Os Estados Unidos trabalharam arduamente durante vários anos para eliminar o califado territorial do Estado Islâmico e garantir que essa ameaça não reapareça", disse Blinken, ao lado do chanceler turco Hakan Fidan. "E é imperativo que mantenhamos esses esforços"

Fidan disse que a Turquia está comprometida em alcançar a estabilidade na vizinha Síria e impedir o que os jihadistas se fortaleçam. "Nossas prioridades incluem garantir a estabilidade na Síria o mais rápido possível, impedir que o terrorismo ganhe terreno e impedir que o Estado Islâmico e o PKK prevaleçam lá", disse Fidan, referindo-se ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão, que a Turquia considera uma organização terrorista.

Mais tarde, em Bagdá, Blinken reiterou sua mensagem em uma reunião com o primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani. "Acho que também é hora de o Iraque fortalecer sua própria soberania, bem como sua estabilidade, segurança e sucesso no futuro", declarou. "Ninguém mais do que o Iraque sabe a importância da estabilidade na Síria para evitar o ressurgimento do grupo jihadista."

O primeiro-ministro iraquiano, por sua vez, afirmou que seu país espera ações tangíveis e não apenas palavras do novo governo interino sírio.

Turquia ganha importância

Analistas dizem que a Turquia é a maior vencedora da guerra civil síria, com mais influência do que nunca sobre os rebeldes que agora controlam a maior parte do país. Erdogan há muito tempo trabalhava e apoiava os rebeldes sírios que marcharam sobre Damasco, e agora a tendência é que colha os frutos desse apoio.

"Esse relacionamento abre um domínio incrivelmente grande para a influência econômica e política", disse Asli Aydintasbas, pesquisador visitante da Brookings Institution em Washington, com foco especial na Turquia. "A Síria pode não ter uma transição tranquila, e pode haver novos combates entre as facções", acrescentou. "Mas o que é incontestável é que a influência da Turquia só crescerá, econômica e politicamente."

A Turquia também se tornou o principal interlocutor do HTS. O grupo é considerado uma organização terrorista pela Turquia, pelos Estados Unidos e pelas nações europeias devido ao seu histórico de extremismo islâmico, mas os turcos encontraram uma maneira de trabalhar com eles e agora têm uma enorme influência por meio dessa conexão.

"De todos os principais atores da região, Ancara tem os canais de comunicação mais fortes e o histórico de trabalho com o grupo islâmico que agora está no comando em Damasco, posicionando-o para colher os benefícios do fim do regime de Assad", escreveu Gonul Tol, diretora do programa turco do Instituto do Oriente Médio, na revista Foreign Affairs na quinta-feira.

A Turquia forneceu assistência indireta ao grupo, escreveu Tol, protegendo-o dos ataques do governo sírio por meio da presença de tropas turcas na província de Idlib. Ela também canalizou ajuda humanitária e comércio para a região, o que ajudou o HTS a ganhar legitimidade entre a população da região. "Tudo isso deu à Turquia influência sobre o HTS", escreveu ela.

Aydintasbas também creditou à Turquia, juntamente com as organizações internacionais de ajuda que trabalham no noroeste da Síria, o fato de ter pressionado o HTS, uma antiga afiliada da Qaeda, a moderar seu extremismo.

A orientação da Turquia sobre o grupo pode ser vista nas primeiras declarações do líder do H.T.S., Ahmed al-Shara, que usava o nome de guerra Abu Mohammad al-Golani, ao assegurar às minorias da Síria que não haveria repressão e ordenar a contenção de seus soldados. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu nesta terça-feira, 28, o trânsito em julgado do processo da trama golpista em relação do tenente-coronel Mauro Cid.

Como a defesa não recorreu da condenação, o STF certificou a conclusão do processo, tornando a sentença definitiva.

Mauro Cid fechou acordo de delação premiada e, por isso, conseguiu uma pena bem menor que a dos demais réus no processo, de 2 anos em regime aberto.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por exemplo, pegou 27 anos e 3 meses em inicial regime fechado.

Com o transito em julgado, o processo em relação a Mauro Cid entra na fase de execução da pena. Agora, o STF vai analisar se o período que o tenente-coronel passou preso preventivamente será contado para abater a sentença. Nesse caso, ele não terá mais tempo de condenação a cumprir.

O ex-ajudante de ordens já cumpriu dois anos e quatro meses de prisão e medidas cautelares, alternados entre a preventiva em regime fechado e a liberdade provisória no regime aberto com tornozeleira eletrônica e recolhimento domiciliar à noite e nos finais de semana.

A defesa afirma que o período de prisão processual e restrições cautelares deve ser considerado para abater a pena.

Ao assinar o acordo, o ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro pediu o perdão judicial dos crimes que confessou, o que o pouparia da condenação, ou uma pena privativa de liberdade de no máximo dois anos. A Primeira Turma do STF entendeu que não é possível perdoar crimes contra a democracia e impôs então a pena mínima pactuada na delação.

A federação entre o União Brasil e o Progressistas (PP) perdeu dois deputados federais do Paraná logo após a formalização da união. O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion, está deixando o PP para se filiar ao Republicanos, enquanto o deputado Felipe Francischini sai do União Brasil e se junta ao Podemos.

Com as mudanças, os dois parlamentares assumem papéis de destaque nas novas legendas. Lupion será presidente estadual do Republicanos no Paraná.

A filiação de Lupion contou com cerimônia que teve a presença do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Já Francischini também deve ocupar posição de liderança dentro do Podemos.

"Estamos fortalecendo o Podemos no Paraná, com foco em ampliar alianças e preparar uma estrutura sólida para as próximas eleições", afirmou Francischini em nota à imprensa.

Antes de anunciar a nova filiação, o deputado disse deixar o União Brasil com "sensação de missão cumprida".

Oficializada há dois meses, a federação entre União Brasil e PP, batizada de União Progressista, já enfrenta divergências internas.

Por causa das regras eleitorais que só permitem mudanças de partido em períodos específicos (a chamada janela partidária), a mãe de Francischini, Luciane Bonatto, será oficialmente registrada como presidente do partido no Estado, enquanto o deputado cuidará das negociações políticas.

No caso dele, a filiação ao novo partido só vai ser formalizada em março, quando a janela partidária estiver aberta.

Pouco antes da oficialização da federação entre os partidos, alguns parlamentares trocaram de sigla. O União Brasil, por exemplo, perdeu 20 deputados e agora conta com 59 integrantes.

Como mostrou o Estadão, um dos fatores que contribuiu para as saídas foi a pré-candidatura do senador Sérgio Moro (União Brasil) ao governo do Paraná, que provocou uma debandada de prefeitos do PP no estado.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez no início da noite uma reunião de emergência para discutir os impactos da operação policial no Rio de Janeiro nesta terça-feira, 28, que resultou na morte de 64 pessoas e na prisão de 81 suspeitos de envolvimento com o Comando Vermelho (CV). Essa foi a operação mais letal da história da polícia fluminense.

O Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) apurou que participam da reunião o presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, além de técnicos dos ministérios da Justiça e da Defesa.

A reunião é realizada no Palácio do Planalto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está a caminho do Brasil após uma semana no Sudeste Asiático. A previsão é de que o presidente chegue a Brasília por volta das 20h30 desta terça.

O principal objetivo do governo é discutir a resposta que virá do Palácio do Planalto após a operação e também diante das críticas feitas pela oposição, em especial do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL).

Também está no cálculo feito pelo Planalto como a resposta do governo vai abordar a proposta de emenda à Constituição (PEC) com regras federais para a segurança pública. O governo também discute um projeto de lei que endurece penas para as organizações criminosas. Chamado de projeto antifacções, a proposta foi encaminhada pelo Ministério da Justiça à Casa Civil.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, mencionou a proposta em entrevista coletiva nesta terça. Ele está cumprindo agendas no Ceará e não participa da reunião de emergência agora no Planalto.