Reino Unido/Starmer: Putin terá que se sentar à mesa para iniciar negociações sérias de paz

Internacional
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O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, afirmou na manhã deste sábado que o presidente da Rússia, Valdimir Putin, terá, "mais cedo ou mais tarde" que se sentar à mesa para iniciar "negociações sérias" de paz.

Segundo o premiê britânico, Putin está tentando adiar um acordo de cessar-fogo de 30 dias, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky "mostrou mais uma vez e sem qualquer dúvida que a Ucrânia é a parte interessada na paz".

As declarações foram feitas em coletiva de imprensa neste sábado, quando 26 líderes internacionais se reúnem no Reino Unido a fim de apoiar uma eventual trégua entre a Ucrânia e a Rússia.

"O grupo que eu convoquei hoje é mais importante do que nunca. Ele reúne parceiros de toda a Europa, bem como da Austrália e da Nova Zelândia e continua apertando as restrições sobre a economia da Rússia para enfraquecer a máquina de guerra de Putin e trazê-lo à mesa de negociações. E concordamos em acelerar nosso trabalho prático para apoiar um potencial acordou", afirmou o premiê.

Starmer disse ainda que o grupo entrará "em uma fase operacional" e que militares dos respectivos países se reunirão na próxima quinta-feira, 20, no Reino Unido "para colocar em prática planos fortes e robustos, para apoiar um acordo policial e garantir a segurança futura da Ucrânia".

Segundo o premiê, "o apetite da Rússia pelo conflito e pelo caos mina a segurança do Reino Unido", o que encarece o custo de vida, inclusive os custos de energia. "Então isso importa muito para o Reino Unido. É por isso que agora é a hora de se engajar em discussões sobre um mecanismo para gerenciar e monitorar falsas bandeiras", afirmou.

Na quinta-feira, Putin havia dito que concorda com a proposta de cessar-fogo, mas pontuou que o acordo deve levar a uma paz duradoura e eliminar as "causas raízes do conflito".

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O governador afastado do Tocantins, Wanderley Barbosa (Republicanos), e a primeira-dama, Karynne Sotero, fizeram uma 'limpa', segundo a Polícia Federal, na casa da sogra do mandatário após terem sido alvo de busca e apreensão no dia 3 de setembro, no âmbito da segunda fase da Operação Fames-19 - investigação sobre supostos desvios de recursos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia da Covid-19.

Por essa conduta, o casal foi alvo de uma nova ofensiva da Polícia Federal nesta quarta, 12, no âmbito da Operação Nêmesis, que investiga tentativa de obstrução de justiça e destruição de provas durante as diligências realizadas em setembro, na segunda fase da Operação Fames-19.

Na ocasião, Barbosa e Karynne foram intimados a depor na Superintendência Regional da Polícia Federal no Tocantins às 14h, mas não compareceram à sabatina. Segundo as investigações, o casal preferiu se deslocar até a casa da sogra do governador, Joana Darc Sotero Campos, quando uma denúncia anônima relatou 'intensa' movimentação de veículos e retirada relâmpago de mochilas e caixas do imóvel.

"Por estas razões, a autoridade policial apresentou novo pedido de busca e apreensão, desta vez contra novos alvos, identificados a partir da diligência in loco, instruindo seu requerimento com os elementos de convicção supervenientemente identificados", justificou a PF em relatório ao Superior Tribunal de Justiça no qual pediu autorização para a Operação Nêmesis (deusa da vingança, segundo a mitologia grega), deflagrada nesta quarta.

A defesa de Wanderley Barbosa afirma que "recebeu com estranheza mais uma operação da Polícia Federal no momento em que aumenta a expectativa pelo julgamento do habeas corpus que pode devolvê-lo ao cargo".

Os mandados de busca e apreensão da Nêmesis foram assinados pelo ministro Mauro Campbell, do STJ. Os endereços inspecionados pela PF ficam em Palmas e Santa Tereza do Tocantins.

Depressa, governador

Os federais veem fortes indícios de que na residência de Joana Darc - também alvo de novas diligências nesta quarta - o governador Wanderley estava "orientando e coordenando" a remoção de caixas, malas e mochilas do interior da casa.

Após recebimento da queixa anônima, indicando a correria na casa da sogra, a equipe policial que fazia as buscas se deslocou para confirmar a veracidade da denúncia.

"Em vista do relato foi determinada pela Coordenação da Operação Policial que cumpria os mandados de busca e apreensão a realização de diligência confirmatória, tendo sido deslocado para o local, inicialmente, duas equipes policiais compostas por três agentes de polícia federal que reportaram a presença de diversos veículos oficiais e de pessoas que, momentos antes, foram alvos de busca e apreensão. Outrossim, foi observada intensa movimentação de caixas, malas e mochilas sendo removidas da referida residência, bem como do interior dos variados veículos que se encontravam estacionados na frente e nas proximidades do imóvel", detalha a PF no documento, ao qual o Estadão teve acesso.

A equipe de federais, incumbida de frear a suposta movimentação atípica no entorno de Wanderley Barbosa, preferiu não agir por "questões de segurança", segundo o relatório.

Na avaliação dos investigadores, o numeroso aparato de policiais militares à paisana, possivelmente integrantes da Casa Militar, da segurança pessoal do governador Wanderley Barbosa, e até da Inteligência da Polícia Militar do Tocantins, não permitiria uma abordagem segura na ocasião.

"Os policiais federais que se encontravam em campo decidiram não realizar a abordagem, optando por realizar o acompanhamento dos veículos após o embarque, visando localizar o destino de tais objetos", diz o documento.

No entanto, os federais não conseguiram seguir os carros carregados de caixas e mochilas, "em razão da adoção de manobras evasivas e da dispersão realizada pelos veículos", relatou a PF ao ministro Mauro Campbell.

Bengala

"Ao consultar em sistema a propriedade das placas dos veículos identificados, foi possível constatar que se tratava de veículos alugados pelo Estado do Tocantins. Com o escopo de identificar a localização e a destinação de cada um deles, após ser oficiada, a empresa salientou que os veículos não possuem rastreador, visto que não houve a liberação para instalação dos equipamentos por parte da contratante. Com relação aos veículos de placa RMC-9A56 e RMC-9B65, os sistemas apresentaram falha na transmissão, encontrando-se inoperantes no momento", explicam os investigadores.

Para a PF, é certo que Wanderley Barbosa estava na casa da sogra para liderar a remoção das malas por três aspectos principais. "As imagens registradas indicam o transporte de uma bengala ou muleta idêntica à usada pelo governador naquele período; testemunhas e câmeras mostraram pessoas se dirigindo repetidas vezes ao banco traseiro de uma Toyota SW4, para cumprimentar e conversar com quem estava no interior do veículo; e o próprio Barbosa publicou, nas redes sociais, vídeos dentro de um carro com as mesmas características, no mesmo dia e na mesma posição observada pelos agentes federais", aponta a investigação.

Programa em família

"De maneira curiosa, outros proprietários formais de diversos veículos e imóveis concretamente utilizados pela família do governador foram observados no momento do esvaziamento do imóvel, supostamente pertencente à sogra do governador", segue o relatório.Um dos identificados foi Mauro Henrique da Silva Xavier, proprietário formal do veículo RAM/Rampage, que estava no local. Segundo a PF, o carro é utilizado por Rerison Antônio Castro Leite, filho do governador.

Ao analisar as imagens e o trajeto dos investigados, os federais constataram que, no dia do cumprimento dos mandados de busca e apreensão, Rerison saiu de casa às 0h43 e retornou às 2h02. Na manhã de 3 de setembro, voltou a sair às 7h03, em direção ao condomínio onde mora o irmão, Yhgor Leonardo. De lá, os dois seguiram até a casa do pai e, em seguida, foram para o imóvel da sogra do governador, onde a família se ocupava de esvaziar a residência.

Segundo a PF, o fato de Mauro Henrique ser o proprietário da caminhonete usada por Rerison indica "possível lavagem de capitais por dissimulação".

Mauro também aparece como dono da chácara de Wanderley Barbosa em Campo Alegre, distrito de Paranã, que foi alvo de busca e apreensão no mesmo dia.

O imóvel, conforme o relatório, estava decorado com objetos pessoais do casal.

Durante a operação, os investigadores observaram que Mauro Henrique acompanhava e auxiliava no transporte de caixas, bolsas, malas e mochilas, além de manter contato direto com o governador, o que, para a PF, demonstra "relação de confiança" entre os dois.

Outro nome que chamou atenção foi o de Antoniel Pereira do Nascimento, proprietário de um veículo estacionado nas proximidades da casa da sogra do governador. Embora não tenha sido visto no local, ele é servidor público de Palmas, cedido à Secretaria Executiva do Governador, e possui vários veículos importados "em situação incompatível com seus rendimentos declarados", aponta a PF.

Os federais também investigam a possível presença de Marcos Martins Camilo, ex-chefe de Gabinete de Wanderley Barbosa. As imagens não foram conclusivas, mas um Toyota Corolla preto, veículo que ele costuma usar, foi identificado na região.

Os investigadores lembram que, em fases anteriores da Operação Fames-19, Marcos foi flagrado movimentando dinheiro em espécie, pagando boletos de interesse do governador e administrando contas pessoais de Wanderley.

A presença de um veículo Honda Civic também chamou atenção dos federais. O carro pertence a Yasmin Sotero Lustosa, filha da primeira-dama Karynne Sotero com o empresário Paulo César Lustosa Limeira, apontado como lobista do esquema de compras superfaturadas de cestas básicas para o governo do Tocantins (gestão Wanderley). Karynne e Lustosa são investigados em outros inquéritos.

Para a PF, Yasmin teria ciência das ações e pode ter ajudado no transporte e na ocultação de materiais relevantes à investigação.

COM A PALAVRA, A DEFESA DO GOVERNADOR

"O governador Wanderlei Barbosa recebeu com estranheza mais uma operação da Polícia Federal no momento em que aumenta a expectativa pelo julgamento do Habeas Corpus que pode devolvê-lo ao cargo.

Ao mesmo tempo, reitera a sua disponibilidade para colaborar com as investigações e mantém a sua confiança na justiça e nas instituições."

COM A PALAVRA, OUTROS CITADOS

A reportagem do Estadão busca contato com as defesas de todos os citados na investigação. O espaço está aberto para manifestação.

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 13, nova fase da operação sobre desvios de aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para cumprir a prisão contra dez alvos investigados. Um dos presos é o ex-presidente da entidade, Alessandro Stefanutto, investigado por suspeita de ter permitido os desvios sob sua gestão. Ele assumiu o INSS em julho de 2023, no governo atual do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em nota, a defesa dele classificou a prisão como "ilegal": "Trata-se de uma prisão completamente ilegal, uma vez que Stefanutto não tem causado nenhum tipo de embaraço à apuração, colaborando desde o início com o trabalho de investigação".

A PF também cumpriu a imposição de tornozeleira eletrônica ao ex-ministro do Trabalho e Previdência e ex-presidente do INSS no governo de Jair Bolsonaro José Carlos Oliveira.

A operação mirou outros ex-dirigentes do INSS. Foi preso André Fidelis, ex-diretor de Benefícios, ao mesmo tempo em que seu filho, o advogado Eric Fidelis, prestava depoimento à CPI. O ex-procurador-geral do INSS, Virgílio Antônio, e a esposa dele, a médica Thaísa Hoffmann, também foram detidos - ela recebeu pagamentos de mais de R$ 5 milhões de empresas do lobista Antônio Camilo, o "Careca do INSS". À CPI, ela alegou ter prestado serviços de pareceres médicos.

A lista de presos inclui ainda três pessoas ligadas à Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer): Cícero Marcelino, Tiago Abraão Ferreira Lopes e Samuel Chrisostomo do Bomfim Júnior. Vinícius Ramos da Cruz, presidente do Instituto Terra e Trabalho, também foi alvo de prisão.

A PF ainda cumpriu um novo mandado de prisão contra o "Careca do INSS", que já está preso desde setembro. As defesas deles ainda não se manifestaram.

No total, nove pessoas foram presas. O presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes, não foi localizado.

Essa fase da Operação Sem Desconto também cumpre 63 mandados de busca e apreensão, incluindo contra parlamentares. Os alvos são o deputado federal Euclydes Pettersen Neto (Republicanos-MG), que vendeu um avião a uma entidade ligada aos desvios, e o deputado estadual do Maranhão Edson Cunha de Araújo, que presidiu entidade de pescadores responsável por descontos associativos.

Em nota, Euclydes Pettersen negou "qualquer vínculo com o INSS, seus dirigentes ou decisões administrativas" e também a relação ilícita com a Conafer. Edson Araújo não se manifestou até o momento. A CPI do INSS aprovou a convocação dele nesta quinta.

Os mandados são cumpridos no Espírito Santo, em Goiás, no Maranhão, em Minas Gerais, na Paraíba, no Paraná, em Pernambuco, no Piauí, no Rio Grande do Norte, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, em São Paulo, em Sergipe, no Tocantins e no Distrito Federal.

"Estão sendo investigados os crimes de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa, estelionato previdenciário, corrupção ativa e passiva, além de atos de ocultação e dilapidação patrimonial", diz a PF em nota.

A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, relator do caso.

Leia a íntegra da nota da defesa do ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto

A defesa do ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto vem a público esclarecer que:

- Não teve acesso ao teor da decisão que decretou a prisão dele;

- Trata-se de uma prisão completamente ilegal, uma vez que Stefanutto não tem causado nenhum tipo de embaraço à apuração, colaborando desde o início com o trabalho de investigação;

- Irá buscar as informações que fundamentaram o decreto para tomar as providências necessárias;

- Segue confiante, diante dos fatos, de que comprovará a inocência dele ao final dos procedimentos relacionados ao caso.

Leia a íntegra da nota do deputado Euclydes Pettersen

Recebo a ação com serenidade e respeito às instituições.

Reitero que nunca tive qualquer vínculo com o INSS, seus dirigentes ou decisões administrativas.

Sobre a CONAFER, reafirmo o que já disse em plenário: não tenho relação ilícita com a entidade e nunca participei de sua gestão.

Defendo investigações rigorosas e confio plenamente na Polícia Federal, no MPF e no STF.

Estou à disposição para todos os esclarecimentos e certo de que a verdade prevalecerá.

Dep. Euclydes Pettersen

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, tornar réu o perito computacional Eduardo Tagliaferro por violação do sigilo funcional, coação no curso do processo e obstrução de Justiça.

A decisão foi tomada no plenário virtual do STF com os votos de Alexandre de Moraes (relator), Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Flávio Dino.

Com a decisão, o perito vai responder a um processo criminal e pode ser condenado a até 14 anos de pena.

O perito foi assessor de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação. Ele é acusado de vazar mensagens com outros auxiliares do ministro.

A Polícia Federal concluiu que foi Tagliaferro quem vazou os diálogos. Em seu relatório final, a PF crava que "as informações divulgadas vão além da violação de sigilo funcional, eis que têm o condão de desacreditar a mais alta corte do Poder Judiciário". Ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em agosto.

A divulgação das mensagens irritou Alexandre de Moraes. Foi o próprio ministro quem determinou a abertura de uma investigação para apurar a origem do vazamento.

Moraes já pediu ao Ministério da Justiça a extradição do ex-assessor, que está na Itália, de onde vem fazendo uma campanha contra o STF e o ministro. A extradição pode ser solicitada tanto para assegurar o cumprimento de pena, em caso de condenação, quanto para garantir a instrução de um processo.

Tagliaferro foi detido na Itália no início de outubro para a aplicação de medidas cautelares de proibição de deixar a região onde está vivendo, na comuna de Cosenza, na Calábria.

Celular apreendido

Em maio de 2023, Eduardo Tagliaferro foi preso em flagrante, sob acusação de violência doméstica, o que levou à sua exoneração do cargo no TSE. Na ocasião, o celular dele foi apreendido pela Polícia Civil de São Paulo. Consta no boletim de ocorrência que o aparelho foi lacrado, ou seja, teria ficado indevassável. O celular passou seis dias na Delegacia Seccional de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, e foi destruído e descartado pelo perito após recebê-lo de volta.

Tagliaferro sempre negou veementemente ter divulgado as mensagens. Em entrevista ao Estadão, afirmou que não tem "relação alguma" com o vazamento. Ele atribuiu o compartilhamento das conversas à Polícia Civil de São Paulo. Em seu relatório final, a Polícia Federal afirma que o perito "tentou baralhar a investigação, ao projetar a responsabilidade dos atos ilícitos por ele praticados, sobre servidores do órgão de segurança pública do estado de São Paulo".