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O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, disse nesta sexta-feira, 12, que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), está cometendo erros muito graves na condução da Casa. Para Boulos, Motta age com "dois pesos e duas medidas".
"É inaceitável a maneira como têm sido conduzidas questões na Câmara dos Deputados. Ter pautado o projeto da anistia envergonhada e ter trabalhado por sua aprovação é um erro grave, que coloca a Câmara de costas para o povo brasileiro", afirmou Boulos, numa referência à aprovação do projeto de lei que reduz penas para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros condenados pelos atos do 8 de Janeiro.
Questionado se concordava com afirmações do líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), segundo as quais Motta deveria renunciar ao cargo, Boulos evitou uma resposta direta. "Lindbergh é líder do PT. Eu hoje sou deputado licenciado (do PSOL) e respondo pelo governo', disse o ministro.
Boulos observou, porém, que Motta agiu com "dois pesos e duas medidas" ao mandar a Polícia Legislativa da Câmara retirar à força de sua cadeira o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), na quarta-feira. Parlamentares e jornalistas foram agredidos no tumulto.
"A anistia envergonhada foi aprovada no mesmo dia em que tivemos aquela cena lamentável, com jornalistas e parlamentares agredidos, sendo que há pouco tempo deputados bolsonaristas ficaram naquela Mesa por dois dias e foram tratados a pão de ló", criticou o chefe da Secretaria-Geral da Presidência.
Naquela noite, Glauber Braga não foi cassado pela Câmara, mas teve o mandato suspenso por seis meses. Condenada pelo STF a dez anos de prisão por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com ajuda do hacker Walter Delgatti Neto, a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) também não foi cassada. O ministro do Supremo Tribunal Federal (ST) Alexandre de Moraes determinou, no entanto, que ela perca o mandato imediatamente.
O PT, movimentos sociais e artistas convocaram manifestações em todo o País para o próximo domingo, 14, sob o slogan "Democracia não se negocia". Os atos têm como mote as críticas ao Congresso, principalmente à Câmara, que aprovou a redução de pena para Bolsonaro e outros condenados pelo STF.
Na avaliação de Boulos, está em curso uma "força-tarefa da extrema direita" para chantagear o Supremo. "Querem ganhar o Senado (nas eleições de 2026) para fazer chantagem com o Judiciário. Não é por um projeto de País", destacou o ministro.
Em 2026, 54 das 81 cadeiras do Senado estarão em disputa. Aliados de Bolsonaro avaliam que, se conquistarem maioria na Casa, conseguirão aprovar o impeachment de ministros do STF.
"Querem botar a faca no pescoço do Judiciário para anistiar o bando de golpistas", afirmou Boulos. O ministro disse que a esquerda fará uma ampla aliança para tentar derrotar os bolsonaristas.
Deputado federal mais votado pelo PSOL, Boulos não concorrerá à reeleição porque, se o fizesse, teria de deixar o governo no início de abril do ano que vem.
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