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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva despachará, nesta quinta-feira, 23, da Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência. Às 15h, o chefe do Executivo receberá os ministros da Casa Civil, Rui Costa, da Fazenda, Fernando Haddad, e da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, além do secretário especial de Análise Governamental da Casa Civil, Bruno Moretti. De acordo com agenda da presidência, o outro compromisso oficial de Lula será às 10h, quando se encontrará com o chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República, Marco Aurélio Marcola, e o chefe do Gabinete Adjunto de Agenda do GPPR, Oswaldo Malatesta.

O ex-candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) admitiu que o vídeo divulgado por ele ao lado de Donald Trump foi gravado anteriormente à posse do presidente dos Estados Unidos, realizada na última segunda-feira, 20. Segundo o próprio Marçal, em entrevista ao O Globo, a cena foi capturada no dia 4 de janeiro, durante uma estadia de dois dias no resort Mar-a-Lago, propriedade de Trump localizada na Flórida.

O local, com 5,8 mil metros quadrados, serviu de palco para três supostos encontros com o republicano. A gravação mostrava Marçal pedindo ao então presidente eleito dos EUA para "salvar o Brasil".

"Sim, foi em Mar-a-Lago. Eu segurei o vídeo [até a posse] para valorizar. Eu sou um investidor", disse Marçal ao jornal, por telefone dos Estados Unidos.

A estratégia de divulgação do vídeo foi deliberada, conforme explicou o ex-coach. "Deixei para soltar os vídeos depois da posse porque os bolsonaristas ficam malucos. Eles querem me por como inimigo da direita", afirmou.

Na ocasião, a assessoria de imprensa de Marçal não informou quando e onde o rápido encontro ocorreu. O ex-coach, segundo a equipe dele, pretendia encontrar Trump para "discutir iniciativas voltadas ao empreendedorismo, valores cristãos e o fortalecimento das economias de ambas as nações."

A posse de Trump foi vista por lideranças da direita brasileira como oportunidade para capitalizar politicamente de olho nas eleições de 2026. No entanto, nenhum dos parlamentares que fizeram parte da comitiva da oposição nos eventos de posse de Donald Trump conseguiu se aproximar do presidente.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e um dos filhos do ex-presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), não conseguiram entrar no Capitólio para a posse, e assistiram ao evento em um estádio utilizado para jogos de basquete e hóquei.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também afirmou ter tentado encontros com Trump e Elon Musk, dono do X, sem sucesso.

Segundo Marçal, sua passagem pelo resort incluiu momentos com Trump em eventos pagos, onde o americano fazia presença VIP entre os hóspedes. Marçal mencionou ainda ter participado do lançamento de um filme do advogado John Eastman, figura conhecida pela tentativa de reverter a vitória de Joe Biden em 2020.

"Eu vou soltar novos vídeos. Eu tenho vídeo do Trump falando que sou um cara de sorte", afirmou, prometendo revelar gradualmente os registros em suas redes sociais.

Deputados do partido Novo querem convocar o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, para dar explicações sobre a ONG "Pacto Social & Carcerário de S.P". A entidade é acusada pela Polícia Civil de São Paulo (PCSP) e pelo Ministério Público do Estado de ligação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Como mostrou o Estadão, dirigentes da entidade participaram de reuniões com os ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos no governo Lula, além do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Os ministérios confirmaram as reuniões. A ONG Pacto Social & Carcerário foi chamada para tratar de um plano para mitigar as más condições das prisões brasileiras, e também para apresentar reclamações sobre as más condições de alimentação na prisão federal da Papuda, em Brasília. Já o CNJ disse que o evento do qual a ONG participou foi aberto a "qualquer cidadão". O ministro Ricardo Lewandowski não participou de reuniões com a ONG.

O requerimento de convocação de Ricardo Lewandowski foi encabeçado pela deputada Adriana Ventura (Novo-SP) e assinado também pelo deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS). Para que o ministro seja efetivamente convocado, o requerimento precisa ser votado e aprovado em plenário por maioria simples - metade dos votos mais um dos presentes. Geralmente, o governo trabalha para que essas convocações sejam transformadas em convites.

"Requeremos (...) a convocação do Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública Enrique Ricardo Lewandowski, para comparecer ao Plenário desta Casa em data a ser definida, a fim de prestar esclarecimentos sobre a participação de Organização não Governamental - ONG vinculada ao Primeiro Comando da Capital - PCC em reuniões com dirigentes do Ministério da Justiça", diz o texto do requerimento.

"Causa perplexidade e merece esclarecimentos o fato de que autoridades do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que tem por responsabilidade a coordenação do Sistema Único de Segurança Pública e atua no combate ao narcotráfico, no combate à corrupção, à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo, reúnam-se com pessoas com inquérito policial em andamento, especialmente quando os indícios levam a estabelecer relação direita com o Crime Organizado", dizem os deputados no requerimento.

Na semana passada, a ONG sediada em São Bernardo do Campo (SP) foi alvo da operação Fake Scream ("Falso grito"), deflagrada pela Polícia Civil de São Paulo e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado de São Paulo. As investigações sobre a relação da ONG com a facção criminosa começaram ainda em setembro de 2021, quando a polícia prendeu uma mulher de 26 anos que tentava entrar com drogas e quatro cartões de memória num presídio em Presidente Venceslau (SP). Num destes cartões havia um relato das atividades da ONG destinada à facção.

A presidente da ONG, Luciene Neves; o marido dela, Geraldo Salles, e mais 10 pessoas foram alvo de mandados de prisão na operação Fake Scream. Para a polícia, os dois passaram a integrar a facção criminosa.

"Vale ressaltar que se trata de uma prática reincidente no Ministério da Justiça que, em 2023, recebeu uma Advogada e a esposa de um dos líderes do Comando Vermelho no Amazonas, que também chefiava ONG responsável pela defesa de interesses da facção criminosa, cena que agora se repete com o tapete vermelho estendido a pessoas ligadas ao PCC", diz um trecho do requerimento de convocação apresentado pela oposição.

A última atividade de Luciene com o MJ foi em 16 de dezembro passado. Ela participou da audiência pública "DICAP em Rede: Participação Social e Enfrentamento ao Estado de Coisas Inconstitucional nas Prisões Brasileiras". No evento, a Secretaria Nacional de Políticas Penitenciárias (Senappen) do MJ apresentou a várias ONGs o Plano Pena Justa. Trata-se de uma diretriz elaborada por determinação do Supremo Tribunal Federal para enfrentar a "grave violação de direitos fundamentais" nas prisões brasileiras. O MJ pagou R$ 1.827,93 pelas passagens de ida e volta de Luciene de São Paulo (SP) para Brasília.

No dia 30 de abril passado, Luciene participou de uma outra audiência pública para tratar do Pena Justa - dessa vez, promovida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão de supervisão do Poder Judiciário, com o MJ. Ela estava acompanhada da advogada criminalista Janira Rocha, que foi responsável por abrir as portas do Ministério da Justiça para a ex-ongueira Luciane Barbosa Farias. Como mostrou o Estadão, Janira recebeu R$ 23.654,00 do Comando Vermelho dias antes das reuniões com Luciane no MJ.