Estreante em Grand Slam, João Fonseca tenta confirmar status de fenômeno mundial

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O Aberto da Austrália deste ano começa de forma diferente para o Brasil. Pela primeira vez desde Gustavo Kuerten, um tenista do País vem atraindo os holofotes da mídia nacional e internacional e até de tenistas consagrados, como Novak Djokovic. Apesar dos seus 18 anos, João Fonseca já concentra as expectativas dos fãs de tênis e terá em Melbourne, a partir deste fim de semana, um palco ideal para mostrar seu talento, podendo até mudar de status, de "promessa" a "fenômeno mundial".

A estreia do carioca já tem potencial para se transformar em manchetes de peso. Logo em sua primeira partida como tenista profissional numa chave principal de um Grand Slam, ele enfrentará um rival do Top 10. O russo Andrey Rublev já foi número cinco do mundo e é o atual nono colocado do ranking. Fonseca é o 113º. Apesar da grande distância entre as posições, a própria Associação dos Tenistas Profissionais (ATP) encara a partida como "blockbuster" em suas redes sociais.

Especialistas, como o ex-número 1 do mundo Andy Roddick, já apostam em vitória do brasileiro na partida que ainda não tem data e horário confirmados. "Fonseca é um cara que você espera ter um número 5 do lado do nome dele em um Grand Slam nos próximos dois ou três anos", disse o americano, já aposentado.

Editores do site Tennis.com, referência na modalidade, cravaram que o brasileiro deve ser a principal surpresa das duas primeiras rodadas do Aberto da Austrália. Tenistas, como Djokovic e o australiano Nick Kyrgios, já fizeram elogios públicos ao talento do jovem brasileiro.

No Brasil, os especialistas não destoam. "Hoje, com 18 anos, com o tênis que joga, com a cabeça e a estrutura que têm, ele é o melhor jogador que já tivemos com essa idade", afirmou o ex-tenista Fernando Meligeni ao Estadão, sem evitar uma comparação com Gustavo Kuerten, tricampeão de Roland Garros.

"Entre as gerações que surgiram nas últimas décadas, ele é o tenista mais bem preparado com essa idade que já tivemos, mais preparado até que o Guga", disse o ex-número 25 do mundo, antes de pedir cautela com as previsões para o futuro. "Isso quer dizer que ele vai ser melhor que o Guga? Obviamente que não. Não sabemos para onde o João vai", ponderou.

"Mas, quando observamos os fundamentos, a força que ele joga, o tênis que apresenta, o João está muito, muito acima da idade que tem. Tanto que ele não é um tenista que está deixando só os brasileiros 'malucos'. O mundo está falando dele, os jogadores, o Djokovic, o Kyrgios. Mas temos todo um futuro pela frente."

Os elogios se devem ao bom início de trajetória profissional de Fonseca. Após encerrar sua passagem pelo juvenil como campeão do US Open e número 1 do mundo da categoria, ele esbanjou talento no Rio Open do ano passado, quando foi até as quartas de final. No fim da temporada, foi campeão do Torneio Next Gen, que reúne os oito melhores do mundo de até 20 anos de idade. Com 18, era o mais novo. Embalado, começou 2025 com o título do Challenger de Camberra, na Austrália.

Ele manteve este ritmo elevado em Melbourne, onde venceu as três partidas do qualifying, a fase preliminar que concede as últimas vagas na chave principal do Aberto da Austrália. Soma agora 13 vitórias consecutivas.

"Assim que eu vi que ele iria enfrentar o Rublev, eu disse que iria ganhar. Eu acredito, sim, porque o Fonseca vem em um ritmo bom. E acho que é sempre bom enfrentar os melhores já na primeira rodada. Sempre disse isso ao Guga. O Fonseca está num momento muito bom e tem grandes chances", projetou Larri Passos, o lendário técnico de Gustavo Kuerten, em conversa com o Estadão.

"O primeiro jogo é sempre mais emocional, mas vejo o João bem maduro para a idade que tem e com potencial para ir adiante. Está jogando um tênis agressivo, sem dúvidas e hesitações. Se manter este ritmo, vai longe no torneio", afirmou Larri.

TIME REFORÇADO

Fonseca será o mais jovem entre os brasileiros que jogará em solo australiano a partir deste fim de semana. No total, serão quatro tenistas nas chaves de simples, masculina e feminina, a maior participação do Brasil desde 2003, quando Guga liderou um grupo de cinco tenistas, tendo como companhia o próprio Meligeni, André Sá, Flávio Saretta e Alexandre Simoni.

Fonseca terá a companhia de Thiago Monteiro, Thiago Wild e Beatriz Haddad Maia. Monteiro será o primeiro a jogar, na noite deste sábado, a partir das 22h30, pelo horário de Brasília. Wild está voltando de lesão após encerrar a temporada passada mais cedo para fazer uma cirurgia no abdômen. Bia, número 16 do mundo, será uma das cabeças de chave, em busca da primeira vitória na temporada após três derrotas em duas competições de preparação para o Aberto da Austrália.

Nas duplas, ela jogará com a alemã Laura Siegemund, com quem foi vice-campeã do Torneio de Adelaide na quinta-feira. Luisa Stefani, medalhista olímpica nos Jogos de Tóquio, em 2021, formará parceria com a americana Peyton Stearns. O veterano Marcelo Melo seguirá jogando com Rafael Matos. Ingrid Martins (com a romena Irina-Camelia Begu) e Orlando Luz (com o francês Gregoire Jacq) também vão representar o Brasil nas duplas.

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No Outubro Rosa, mês dedicado ao combate da doença, oncologista da Imuno Santos esclarece estratégicas de prevenção e tratamento

O que você faria se pudesse prever um tumor? Com o avanço da ciência e tecnologia, já é possível saber, antes mesmo da apresentação de sintomas, se uma pessoa tem ou não predisposição para a doença. Neste mês de conscientização do câncer de mama, que deve afetar mais de 73,6 mil mulheres no Brasil em 2025, segundo o Ministério da Saúde e o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o rastreamento genético é uma potente aliada da medicina. 

A oncologista da Imuno Santos, Suelli Monterroso, explica que o exame é um complemento importante aos métodos tradicionais, como a mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética. ”O teste genético pode ser feito para identificar mutações hereditárias no DNA que possam evoluir para doenças cancerígenas, neurológicas e cardíacas. Isso permite escolhas estratégicas, como antecipação e aumento da frequência de análises de rastreamento, o que amplia as chances de cura em casos de detecção de tumores em estágios iniciais”, destaca.

Outra medida para quem possui alta probabilidade de ter neoplasia mamária, são as cirurgias preventivas redutoras de risco. A mastectomia, por exemplo, remove uma ou ambas as mamas e reduz em até 90% as chances do diagnóstico de câncer de mama em quadros de mutações genéticas ou forte histórico familiar. 

Homens também são afetados

Embora o câncer de mama seja mais comum em mulheres, homens também podem desenvolver a doença. No Brasil, desconsiderando  os tumores de pele não melanoma, é o que mais acomete mulheres. Apesar de representar apenas 1% dos casos, o sexo masculino também faz parte do universo de suscetívis a doença. O diagnóstico raro, se comparado a incidência no público feminino (1 a cada 8 mulheres), alerta para a importância da atenção redobrada. 

“A presença de um nódulo, geralmente duro, irregular e indolor, é o sintoma mais encontrado nos consultórios. Entretanto, os mamilos podem apresentar indícios como edema cutâneo na pele, dor, descamação, ulceração, secreção papilar e hiperemia. Por isso, é fundamental que todos criem o hábito de fazer o autoexame em momentos como o do banho, em que a sensibilidade é maior”, enfatiza a oncologista. 

Redução de mortalidade

De acordo com o Governo Federal, o câncer de mama é a primeira causa de morte por tumor em mulheres no Brasil e em 2023 registrou mais de 20 mil óbitos pela doença. No entanto, graças a ampliação da faixa etária para a realização de mamografia pelo SUS (Sistema Único de Saúde), a tendência é que essa mortalidade seja reduzida. 

Agora, as mulheres de 40 a 49 anos têm direito a mamografia pelo SUS, mesmo que não apresentem anomalias. Outra novidade é que o rastreamento ativo será realizado a cada dois anos até os 74 anos de idade. Até então, o exame preventivo era obrigatório entre 50 e 69 anos. A ação de combate é fundamental, considerando que o envelhecimento é um fator de risco e cerca de 60% dos casos de câncer de mama são diagnosticados nesta fase da vida. 

Tratamento

O diagnóstico de câncer de mama só é confirmado mediante a biópsia. O tratamento adequado varia de acordo com o tipo e estágio do tumor, e pode consistir em procedimentos como cirurgia (cirurgia conservadora da mama ou mastectomia), quimioterapia, imunoterapia, radioterapia e hormonioterapia.

Dados apontam que 72% dos brasileiros sofrem de distúrbios do sono; médico alerta para os riscos à saúde e ensina hábitos simples que fazem diferença na hora de descansar



Muitas pessoas encaram o sono como um luxo ou uma perda de tempo. No ritmo acelerado da vida moderna, sacrificar algumas horas de descanso parece uma forma de ser mais produtivo. No entanto, segundo especialistas, essa visão é um equívoco. A ciência tem mostrado que o descanso noturno tem um impacto em diversos aspectos da nossa saúde, tanto física quanto mental.

De acordo com estudos realizados pela Fiocruz em 2023, 72% da população brasileira tem alguma doença relacionada ao sono. O sono de qualidade é um dos pilares mais importantes para uma boa saúde, tão imprescindível quanto a alimentação saudável e a prática regular de exercícios. 

“Durante o sono, o corpo não está parado, mas sim em um estado de reparo e regeneração. É nesse período que o sistema imunológico se fortalece, aumentando nossa capacidade de combater infecções. A privação crônica de sono está relacionada a um maior risco de desenvolver problemas de saúde graves, como obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares”, comenta o neurologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Edson Issamu Yokoo.

Além dos benefícios físicos, o sono desempenha um papel na saúde mental e cognitiva. Ele é fundamental para a consolidação da memória e para o processamento de informações que acumulamos ao longo do dia. 

“Uma boa noite de sono melhora a capacidade de aprendizado, a concentração e a resolução de problemas. A falta de sono, por sua vez, pode levar a problemas como irritabilidade, ansiedade e até mesmo quadros de depressão”, explica o médico.

Um estudo publicado no Psychological Bulletin, da American Psychological Association, apontou por meio da análise de diversos estudos sobre o tema que a privação do sono por uma ou mais noites resulta no aumento de sintomas de ansiedade e preocupação.

“O bem-estar emocional também é regulado pelo sono. Quando dormimos bem, nosso corpo consegue gerenciar melhor os hormônios do humor, permitindo que controlemos nossas emoções para reagir de forma mais equilibrada aos desafios diários. Uma noite mal dormida pode nos deixar mais sensíveis e propensos a mudanças de humor”, aponta o neurologista.

Para entender como o sono funciona, é preciso falar da melatonina. Este hormônio, produzido naturalmente pela glândula pineal no cérebro, é o responsável por regular nosso relógio biológico. 

“A produção desse hormônio aumenta com a escuridão, sinalizando ao corpo que é hora de se preparar para dormir. A luz, especialmente a luz azul de telas de celulares e computadores, suprime a produção de melatonina, o que explica por que usar o celular antes de dormir atrapalha o sono”, comenta Yokoo.

Quebrando alguns mitos sobre o sono

Apesar da importância do sono, muitas crenças populares ainda confundem as pessoas. Segundo o neurologista, é um mito, por exemplo, que se pode compensar a falta de sono no fim de semana. 

“Embora dormir mais ajude a se sentir melhor, a ´dívida de sono’ acumulada durante a semana não é totalmente resolvida e continua a afetar o corpo. Outro mito comum é que roncar é normal. O ronco é um sinal de que existe obstrução física/mecânica parcial  nas vias respiratórias durante o sono. O turbilhonamento do ar quando passa por esta obstrução é que dá o som de ronco”, explica o neurologista.

Segundo o especialista, a apneia é quando existe uma parada respiratória temporária durante o sono, que pode levar à dessaturação de oxigênio sanguíneo. “A presença de ronco aumenta muito a chance de se ter apneia, que leva à consequências variadas no cérebro, desde prejudicar os ciclos do sono até causando pequenas lesões isquêmicas cerebrais, podendo ocasionar à situação de Acidente Vascular Encefálico e crises epilépticas ou demências. Ou seja, o ronco não é um sinal da apneia, mas um potencial causador da condição”, comenta o médico.

Yokoo aponta ainda mais um mito, aquele que diz que o cochilo a tarde sempre é benéfico. Segundo ele, um cochilo curto e bem sincronizado (geralmente de 20 a 30 minutos) pode ser ótimo para melhorar o humor, a atenção e o desempenho. No entanto, cochilos longos ou tirados muito tarde no dia podem atrapalhar o sono noturno. Se você tem dificuldade para dormir à noite, pode ser melhor evitar cochilos.

“Tem também a ideia de que quanto mais tempo você dorme, melhor, que é mito. O ideal para a maioria dos adultos é [dormir] entre 7 e 9 horas por noite. Dormir em excesso consistentemente pode estar associado a problemas como diabetes e depressão”, explica.

O neurologista da Rede de Hospitais São Camilo aponta algumas dicas importantes para melhorar a qualidade do sono:

  • Crie uma rotina: Tente ir para a cama e acordar no mesmo horário todos os dias, até nos fins de semana.
  • Controle o ambiente: Mantenha o quarto escuro, silencioso e com uma temperatura agradável.
  • Desconecte-se: Evite o uso de telas pelo menos uma hora antes de dormir.
  • Relaxe: Realize atividades relaxantes antes de dormir, como ler um livro ou tomar um banho morno.

“Vale ressaltar que priorizar o sono não é um ato de preguiça, mas sim um investimento na sua saúde e bem-estar físico e mental a longo prazo, melhorando a qualidade de vida do paciente”, finaliza o neurologista.

Ministério da Saúde atualiza, nesta quarta (15), o número de notificações de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica. Até o momento, 148 notificações foram registradas, sendo 41 casos confirmados e 107 em investigação. Outras 469 notificações foram descartadas. 

O estado de São Paulo concentra 60,81% das notificações, com 33 casos confirmados e 57 ainda em investigação.  

Até a última atualização, apenas os estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul haviam registrado casos confirmados. Agora, o estado de Pernambuco também confirmou casos por esse tipo de intoxicação. Com isso, os números de casos confirmados são: 33 em SP, 4 no PR, 3 em PE e 1 no Rio Grande do Sul. 

Em relação aos casos em investigação, São Paulo investiga 57, Pernambuco (31), Rio de Janeiro (6), Mato Grosso do Sul (4), Piauí (3), Rio Grande do Sul (3), Alagoas (1), Goiás (1) e Paraná (1). 

Em relação aos óbitos, 6 foram confirmados no estado de São Paulo e 2 em Pernambuco. Outros 10 seguem em investigação, sendo 4 em SP, 3 em PE, 1 no MS, 1 na PB e 1 no PR.