EUA pressionam Ucrânia a expandir recrutamento de soldados em meio ao avanço da Rússia

Internacional
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O governo do presidente dos EUA, Joe Biden, está pressionando a Ucrânia a aumentar rapidamente o tamanho das suas forças armadas, recrutando mais tropas e renovando as suas leis de mobilização para permitir o recrutamento de jovens com apenas 18 anos.

Uma alta autoridade do governo Biden, que falou sob condição de anonimato para discutir as consultas privadas, disse hoje que a Casa Branca deseja que a Ucrânia reduza a idade de mobilização para 18 anos, dos atuais 25 anos.

A autoridade disse que "a matemática pura" da situação atual da Ucrânia é de que ela precisa de mais tropas na luta. Atualmente, a Ucrânia não mobiliza ou treina soldados suficientes para substituir as perdas no campo de batalha e, ao mesmo tempo, acompanhar o avanço militar da Rússia, acrescentou a autoridade.

Segundo a autoridade, os ucranianos acreditam que precisam de cerca de 160 mil soldados adicionais, mas os EUA entendem que provavelmente precisarão de mais do que isso. Mais de 1 milhão de ucranianos estão mobilizados hoje, incluindo a Guarda Nacional e outras unidades.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também tem ouvido preocupações de aliados em outras capitais ocidentais de que a Ucrânia tem um problema ao nível das tropas e não um problema de armas, de acordo com autoridades europeias que pediram anonimato para discutir as delicadas conversações diplomáticas.

Os aliados europeus ressaltaram que o cenário pode tornar insustentável para a Ucrânia continuar a operar na região fronteiriça russa de Kursk. A situação em Kursk tornou-se ainda mais complicada com a chegada de milhares de soldados norte-coreanos, que vieram ajudar Moscou.

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O general da reserva Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso preventivamente neste sábado, 14, por obstrução de Justiça. Conhecido como "cumpridor de ordens", segundo a Polícia Federal, Braga Netto é tido como "figura central" da tentativa de golpe que envolvia o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin, além da prisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Durante o governo Bolsonaro, Braga Netto tem um histórico de atos antidemocráticos. Ele fez ameaças e condicionou as eleições de 2022 ao voto impresso e celebrou o golpe militar de 1964, que seria, segundo ele, um "marco histórico da evolução política brasileira".

Braga Netto foi ministro da Casa Civil em 2020, período em que foi responsável por coordenar a resposta do governo Bolsonaro à pandemia de covid-19. Em 2021, assumiu o Ministério da Defesa. Filiou-se ao partido de Bolsonaro, o PL, em um ato privado, fechado ao público, em março de 2022. Ele também comandou a intervenção federal no Rio de Janeiro em 2018.

Enquanto chefe do Ministério da Defesa, no 31 de março de 2022, Braga Netto publicou uma ordem do dia celebrando o golpe de Estado de 31 de março de 1964, que culminou na ditadura militar. Segundo ele, o golpe foi um "marco histórico da evolução política brasileira" e os militares teriam agido para "restabelecer a ordem e para impedir que um regime totalitário fosse implantado no Brasil", sem, no entanto, existirem evidências históricas que confirmem as afirmações.

Em julho de 2021, Braga Netto, então ministro da Defesa, condicionou a realização das eleições de 2022 ao voto impresso. O recado, repassado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi revelado pelo Estadão.

No mesmo dia, Bolsonaro repetiu publicamente a ameaça: "Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições", afirmou o presidente a apoiadores, na entrada do Palácio da Alvorada.

No dia 29 de setembro de 2021, o procurador-geral da República, Augusto Aras, abriu apuração preliminar contra Braga Netto pelas ameaças às eleições. A proposta pela adoção do voto impresso foi derrubada pelo Congresso.

Nascido em Belo Horizonte, Braga Netto, 65 anos, entrou no Exército em 1974. Recebeu os títulos de Mestre em Operações Militares da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, em 1988, e de Doutor em Aplicações, Planejamento e Estudos Militares do Curso de Altos Estudos da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, em 1994.

Durante sua carreira, foi chefe do Grupo de Observadores Militares das Nações Unidas no Timor Leste, e adido do Exército na Polônia, no Canadá e nos Estados Unidos. Também foi coordenador de defesa de área dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio-2016.

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Walter Braga Netto, preso preventivamente neste sábado, 14, é o primeiro general de quatro estrelas detido na era democrática do Brasil. Ele junta-se ao marechal (maior título das Forças Armadas) Hermes da Fonseca, encarcerado em 1922 por decreto do então presidente Epitácio Pessoa, durante o período conhecido como República Velha.

Pelos contextos muito diferentes, aponta o historiador Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é difícil estabelecer uma comparação entre os dois casos. "Hermes da Fonseca foi preso em 1922, em uma conjuntura completamente diferente. Foi uma prisão bastante irregular porque não passou por um inquérito e indiciamento, como é o caso de agora", afirma.

Ele acrescenta que, nesse cenário, Braga Netto é o primeiro general de tão alta patente a ser encarcerado "no contexto da democracia brasileira, porque não se pode falar em democracia na primeira república, apenas no contexto da democracia brasileira posterior a 1945, quando acabou a ditadura do Estado Novo."

Fonseca foi presidente do Brasil entre 1910 e 1914. Ele foi acusado de conspirar contra o governo de Epitácio Pessoa, após a oposição questionar o resultado eleitoral que consagrou a vitória de Artur Bernardes na disputa pela Presidência do País.

Houve movimentos de protesto contra o resultado em Pernambuco, e o governo federal reprimiu. Então presidente do Clube Militar, Hermes da Fonseca enviou um telegrama pedindo que as forças presentes em Recife não reprimissem o povo. Ele então foi inquirido por Pessoa e preso em seguida.

Braga Netto, por sua vez, foi detido em Copacabana, no Rio de Janeiro, em uma operação que contou com o apoio do Exército. O general ficará sob custódia do Comando Militar do Leste e será mantido na Vila Militar, localizada na zona oeste do Rio.

A prisão ocorreu no contexto de uma operação que investiga suspeitos de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin após as eleições de 2022.

Além do mandado de prisão, a operação cumpriu dois mandados de busca e apreensão, além de uma medida cautelar diversa da prisão contra indivíduos acusados de dificultar a produção de provas durante a instrução processual penal, informou a PF em nota. Os mandados foram cumpridos no Rio de Janeiro e em Brasília.

A defesa de Braga Netto afirmou, na semana passada, que ele "não tomou conhecimento de qualquer documento relacionado a um suposto golpe, nem do planejamento de assassinato de alguém". Em relação à prisão deste sábado, ainda não houve manifestação oficial.

Na manhã deste sábado, 14, a Polícia Federal prendeu o general da reserva Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL), sob a acusação de obstrução da Justiça. A prisão está relacionada às investigações sobre uma tentativa de golpe de Estado ocorrida após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República, em 2022.

Desde 2023, a PF conduz duas frentes de investigação sobre o caso. A primeira foca na participação de militantes extremistas, apoiadores e financiadores dos ataques aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023. A segunda linha de apuração mira políticos e aliados do ex-presidente Bolsonaro. Até o momento, os trabalhos resultaram na prisão de ex-assessores do ex-presidente, além de integrantes das Forças Armadas.

Antes da prisão de tenente-coronel Mauro Cid e de Braga Netto, outro general do Exército, três membros das Forças Especiais - conhecidos como "kids pretos" - e um policial federal foram detidos em novembro, sob a acusação de planejarem um golpe para impedir a posse de Lula e restringir o funcionamento do Poder Judiciário. A operação que levou a essas prisões recebeu o nome de Operação Contragolpe e revelou o plano Punhal Verde e Amarelo, que previa assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Confira abaixo as principais operações realizadas pela PF e as prisões efetuadas até o momento:

Presos na Operação Contragolpe

Tentene-coronel do Exército Hélio Ferreira Lima: Ex-comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus, Hélio Ferreira Lima foi destituído de sua posição em fevereiro de 2024, durante investigações sobre planos antidemocráticos relacionados a Bolsonaro. Quando convocado a depor à PF sobre sua suposta ligação com o golpe de Estado, optou por permanecer em silêncio. Com formação em Operações Especiais, é membro do grupo de elite do Exército conhecido como "kids pretos", especializado em missões sigilosas de alto risco.

Segundo a PF, Ferreira Lima é integrante de dois núcleos da organização criminosa: desinformação e ataques ao sistema eleitoral e núcleo operacional de apoio às ações golpistas.

General de brigada reformado do Exército Mário Fernandes: General reformado, Mário Fernandes foi assessor do deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ) e ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro. Após deixar o governo, assumiu, entre 2023 e o início de 2024, um cargo na liderança do PL na Câmara dos Deputados, lotado como assessor de Pazuello, com um salário de R$ 15,6 mil. Ele foi desligado da função em 4 de março deste ano, após o ministro Alexandre de Moraes determinar seu afastamento das funções públicas.

Quando foi chamado a depor pela PF em 22 de fevereiro de 2024, Mário Fernandes, contudo, optou por ficar em silêncio, alegando não ter tido acesso ao inteiro teor dos conteúdos a investigação e, em especial, à delação do tenente-coronel Mauro Cid. Segundo a PF, o general teria promovido ações de planejamento, coordenação e execução de atos antidemocráticos, "inclusive com registros de frequência ao acampamento montado nas adjacências do QG do Exército, em Brasília, e, até mesmo, de relação direta com manifestantes radicais que atuaram no período pós-eleições de 2022".

Major das Forças Especiais do Exército Rafael Martins de Oliveira: Major das Forças Especiais, Rafael Martins é acusado de negociar com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o financiamento de R$ 100 mil para levar manifestantes a Brasília, como parte de um plano golpista. Em mensagens de novembro de 2022, ele discutiu custos de logística com Cid, incluindo hospedagem e alimentação para grupos vindos do Rio de Janeiro.

Rafael Martins de Oliveira foi preso pela Polícia Federal em fevereiro de 2024 durante investigações sobre sua participação na organização de movimentos antidemocráticos. Ele havia sido solto e usava tornozeleira eletrônica. Segundo a apuração, ele teria atuado, com outros militares, no financiamento e direcionamento das manifestações golpistas em curso naquele momento. O militar ainda teria participado do monitoramento de Alexandre de Moraes, em Brasília, em novembro daquele ano.

Major de Infantaria do Exército Rodrigo Bezerra de Azevedo: Considerado um militar altamente qualificado, Rodrigo Bezerra de Azevedo é doutorando em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme) e possui especializações em operações de guerra não convencional. Formado pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 2003, já serviu como instrutor no Western Hemisphere Institute for Security Cooperation, nos EUA, e participou de missões no exterior, como na Costa do Marfim. Além disso, comandou a Companhia de Comando do Comando Militar da Amazônia e tem expertise acadêmica em terrorismo e relações internacionais. Ele também integra o grupo "kids pretos", treinado para operações estratégicas.

Major de Infantaria, Rodrigo Bezerra servia no Comando de Operações Especiais do Exército. Segundo a PF, o militar era um dos integrantes da organização criminosa mais próximo do major Rafael Martins de Oliveira.

Policial federal Wladimir Matos Soares: Agente da Polícia Federal, Wladimir Matos Soares atuou como auxiliar do núcleo vinculado à tentativa de golpe de Estado. O policial teria fornecido, segundo a PF, informações relativas à segurança do então candidato eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O Estadão busca contato com os investigados e seus advogados. O espaço está aberto para manifestações.

Presos na Operação Tempus Veritatis

Em fevereiro deste ano, a PF já havia deflagrado a Operação Tempus Veritatis, que cumpriu 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro na investigação da suspeita de um golpe de Estado após as eleições de 2022. Entre eles, o major das Forças Especiais do Exército Rafael Martins de Oliveira, já citado.

Coronel do Exército Bernardo Romão Correa Neto: O coronel Bernardo Romão Corrêa Neto foi acusado de integrar um núcleo que incitava outros militares a aderirem a um golpe de Estado. O grupo realizava ataques pessoais contra comandantes que se opunham às investidas contra o Estado Democrático de Direito, de acordo com as investigações.

Corrêa Neto também é apontado pela PF como membro do "núcleo de apoio operacional". Ele seria responsável pela manutenção de acampamentos golpistas em frente a quartéis-generais do Exército no País. Para manter os protestos, agia em interlocução direta com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, do qual era um "homem de confiança", segundo a investigação. O coronel é apontado como o responsável pela articulação dos "Kids Pretos" no planejamento da tentativa de golpe de Estado.

O militar foi preso em 11 de fevereiro deste ano e liberado no dia 8 de março em liberdade provisória, concedida pelo ministro Alexandre de Moraes. A defesa do coronel não se manifestou sobre o caso.

Ex-assessor especial de Assuntos Internacionais Filipe Garcia Martins: Filipe Garcia Martins foi um dos alvos da Operação Tempus Veritatis, que apura suposta tentativa de golpe de Estado gestada no governo Bolsonaro. O tenente-coronel Mauro Cid citou Martins em sua delação. Afirmou que o então assessor foi o responsável por entregar a Bolsonaro uma minuta golpista, que previa a prisão de autoridades como o ministro Alexandre de Moraes e a anulação do resultado da eleição. Martins nega.

Em agosto deste ano, Moraes acolheu parecer da Procuradoria-Geral da República e mandou soltar Filipe Martins. "Graças a Deus vencemos mais esse obstáculo", disse o advogado Ricardo Fernandes, que defende Martins, ao Estadão à época.