UE terá de se envolver em negociações difíceis e 'concordar em discordar', afirma Von der Leyen

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, afirmou que a União Europeia (UE) precisará se engajar em "negociações difíceis, mesmo com parceiros de longa data", diante da ameaça de novas tarifas ao bloco europeu pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Ela ressaltou que, na busca por acordos com outras nações, a UE terá de, em certos momentos, "concordar em discordar".

Em discurso, Von der Leyen destacou que o bloco poderá "ter de trabalhar com países que não compartilham da nossa visão de mundo, mas que possuem alguns interesses em comum conosco". Segundo ela, "o princípio básico da diplomacia neste novo mundo é manter o foco no objetivo" e aceitar que, ocasionalmente, será preciso ceder em alguns pontos para avançar em outros.

A dirigente também alertou para o aumento no uso de ameaças e de ferramentas de coerção econômica, como sanções e tarifas. "Vimos como as coisas podem escalar rapidamente. A Europa protegerá sua segurança econômica e nacional, mas também é fundamental que encontremos o equilíbrio certo", afirmou.

Von der Leyen classificou os EUA como "o país com o qual temos os laços mais fortes" e ressaltou que a parceria tem sido "a base da prosperidade" ao longo da maior parte do século. "Compartilhamos muitas das mesmas preocupações - seja em relação à estabilidade regional ou à economia global. Queremos que essa parceria funcione. E não apenas por nossos laços históricos, mas porque é um bom negócio."

Para a presidente da Comissão, a ideia de um mundo pautado por crescente cooperação e hiper-globalização já está "ultrapassada". "Grandes temores estão de volta - das mudanças climáticas à IA, passando pela migração e pelo medo de ser deixado para trás. E isso também se reflete nas relações internacionais. Países estão transformando suas fontes de força em armas uns contra os outros. Já estamos em uma era de geopolítica hipercompetitiva e hipertransacional", concluiu.

Em outra categoria

Após a briga de rua envolvendo o deputado estadual Renato Freitas (PT-PR), na última quarta-feira, 19, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) recebeu uma série de representações contra o parlamentar.

As denúncias foram apresentadas por diferentes vereadores, deputados estaduais e representantes de organizações políticas. Ao todo, oito representações foram protocoladas entre os dias 19 e 24 deste mês.

Em comum, todas apontam possível violação do artigo 5º do Código de Ética, que lista condutas consideradas incompatíveis com o decoro parlamentar. Entre elas estão perturbar sessões ou reuniões, cometer ofensas físicas ou morais dentro da Casa, usar o cargo para constranger ou obter favorecimento, revelar deliberações sigilosas, divulgar documentos reservados, utilizar verbas de gabinete de forma indevida, favorecer financiadores de campanha e fraudar presença em sessões.

As representações foram apresentadas pelos vereadores de Curitiba Bruno Secco (PMB), Eder Borges (PL), Guilherme Kister (Novo) e Tathiana Guzella (União); pelos deputados estaduais Fábio de Oliveira (Podemos), Ricardo Arruda (PL) e Tito Barichello (PL); além de Willian Pedroso da Rocha, coordenador estadual do Movimento Brasil Livre (MBL) no Paraná.

O presidente do Conselho, Delegado Jacovós (PL), informou que todas as representações serão reunidas em um único processo. Após a designação da relatória, o deputado envolvido na briga terá dez dias para apresentar sua defesa.

O relator terá três dias para emitir parecer, que poderá recomendar cassação, arquivamento ou suspensão de direitos. O procedimento ainda prevê oitiva de testemunhas e possíveis perícias, e deve durar entre 60 e 90 dias úteis.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse nesta sexta-feira, 24, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava em uma situação "muito difícil emocionalmente" quando tentou romper a tornozeleira eletrônica na madrugada do último sábado.

Nunes afirmou ainda que soube pela imprensa a versão de Bolsonaro, que disse à Polícia que teve "alucinação" e "certa paranoia" na ocasião.

Questionado se a condição psicológica do ex-presidente colocava em xeque a capacidade de Bolsonaro liderar um grupo político, o prefeito respondeu que não é psicólogo.

"São momentos da vida que ele está passando, preso com uma tornozeleira, com a Polícia Federal na porta da casa dele. Acho que ninguém nunca viu uma situação dessa. Você vê bandidos, pessoas que estão sendo monitoradas pela Justiça com tornozeleira e andam, transitam. Imagino eu que seja muito difícil emocionalmente passar por uma situação dessa", respondeu Nunes na chegada a um evento do Grupo Voto no Palácio Tangará.

O compromisso também estava na agenda oficial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que não compareceu.

De acordo com o prefeito, seu foco em 2026 será ajudar Tarcísio a ser reeleito governador de São Paulo ou eleito presidente da República. "Ele é o melhor quadro que o Brasil tem", afirmou, acrescentando que poderia estar junto com Tarcísio a partir de 2029 se for convidado - sinalizando que poderia ser ministro durante eventual Presidência do aliado.

Ao contrário do que dizem seus próprios aliados, Nunes negou que tenha pretensão de se candidatar ao governo de São Paulo e apontou o vice-governador Felício Ramuth (PSD) como o nome natural para a sucessão de Tarcísio. O prefeito, no entanto, disse que outros partidos de direita e centro-direita, como PL e União Brasil, podem lançar seus próprios candidatos.

O emedebista já expressou a aliados desejo de disputar o governo paulista caso Tarcísio deixe o Bandeirantes para concorrer à Presidência. No entanto, o vice-prefeito Ricardo Mello Araújo é apontado como uma "trava" a Nunes.

Colocado no cargo por indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mello não é ligado a nenhum partido político e é visto como alguém que poderia desfazer acordos com as legendas que compõem a base de Nunes.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou nesta segunda-feira, 24, que o projeto de lei da Dosimetria é "melhor do que nada" ao comentar a proposta de Anistia que deve voltar a ser debatida na Câmara nos próximos dias.

"Eu gostaria que fosse aprovado uma anistia", disse Zema. "Se não for possível a anistia, a dosimetria é menos mal do que nada."

O chefe do Executivo mineiro também comentou a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após a violação da tornozeleira eletrônica. Para Zema, o uso de ferro quente pode ser atribuído à "alteração de estado de espírito" por conta do uso de medicamentos.

"Vejo que medicamentos alteram o estado de espírito, discernimento da pessoa e vejo aquilo como meio que um uma situação extrema ali pelo que ele está vivendo", continuou o governador. "Me parece que nesse caso foi muito mais rápido, então mais um sinal de que há uma perseguição política. Se um assassino rompe a sua tornozeleira, ele vai ficar meses até ter esse mandato."

De acordo com Zema, a prisão de Bolsonaro representa um "enfraquecimento da democracia" e que os governadores de direita do Sul e Sudeste continuarão com seu projeto político. "Percebo que o caminho mais provável é que venhamos a ter alguns candidatos pela direita, o que é bom", salientou.