Ministra da Cultura celebra ancestralidade e resistência negra, na Serra da Barriga, em Alagoas

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Em visita ao Quilombo dos Palmares, no Parque da Serra da Barriga, no município de União dos Palmares (AL), no último sábado (23), a ministra da Cultura, Margareth Menezes, celebrou a memória de quilombolas ancestrais e o primeiro feriado nacional da Consciência Negra.

O ato começou com o descerramento da placa Dia Nacional da Consciência Negra – 20 de novembro de 2024, alusiva ao novo feriado e que remete à resistência e aos desafios que a população negra ainda enfrenta, e da Placa das Memórias, que faz parte do projeto de sinalização e reconhecimento de lugares de memória dos africanos escravizados no Brasil. Um projeto interministerial com a parceria do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), da Igualdade Racial (MIR), da Educação (MEC) e da Cultura (MinC), por meio da Fundação Cultural Palmares (FCP).

“Para mim é uma grande honra nesse momento que estamos fazendo ações importantes para a afirmação desse país na direção de uma democracia no comando do presidente Lula. Como ministra da Cultura me sinto honrada de momentos como esse, em que a partir desse ano todo dia 20 de novembro é considerado feriado nacional”, afirmou Margareth Menezes. “Isso é uma conquista que vem de muito tempo, da luta de muitas pessoas que vieram antes de nós e sempre é preciso reconhecer essa luta porque nossas conquistas são sempre à base do sangue derramado, de muita memória e da coragem das pessoas de buscarem nossos direitos”, completou.

A cerimônia faz parte da programação da Fundação Cultural Palmares, entidade vinculada ao MinC, em homenagem as heroínas e herois afro-brasileiros que lutaram por liberdade e reparação, dando visibilidade à história e à memória.

Participaram do ato, o presidente da FCP, João Jorge Rodrigues; o secretário nacional de Territórios e Sistemas Produtivos Quilombolas e Tradicionais do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Edmilton Cerqueira; o superintendente do MDA no estado de Alagoas, Gilberto Coutinho; a coordenadora-geral da Memória e Verdade da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Pessoas Escravizadas do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, Fernanda Thomaz; o prefeito de União dos Palmares, Areski de Freitas.

Também estiveram presentes as autoridades religiosas Mãe Mirian e Mãe Neide, os integrantes dos grupos culturais Afoxé Povo de Exú, Maracatu Yá Dandara, Inaê, Afro OLÓÓMI ÁYYÉÉ e do grupo de capoeira Lua de São Jorge. A compositora e cantora Lia de Itamaracá encerrou a cerimônia com uma apresentação musical.

Celebrações

Durante o mês de novembro, a FCP realizou várias atividades como debates, rodas de capoeira e apresentações artístico-culturais no estado de Alagoas em parceria com o governo do estado, o munícipio de União dos Palmares, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e diversas instituições e organizações sociais.

“O presidente Lula reestruturou o Ministério da Cultura, reorganizou a da Fundação Cultural Palmares e o resultado é o nosso segundo ano aqui dizendo que Zumbi, Dandara, Acotirene e Aqualtune existiram. Mais do que isso, ganhamos uma histórica luta ao criar um feriado nacional para o povo afro-brasileiro e negro celebrar a nossa história”, disse o presidente João Jorge. “Nós temos agora um feriado que fala dos quilombos, do Quilombo dos Palmares, de Alagoas, de Zumbi, de todas as mulheres que construíram esse espaço”, completou.

O prefeito de União dos Palmares, Areski de Freitas, destacou o quanto é importante a população do munícipio se apropriar e defender a história local.

“Minha luta é para que a população cada vez mais consiga entender e fazer com que essa história seja de todos. E nossa proposta é mudar o nome da cidade para Zumbi dos Palmares, tornando a única cidade do Brasil com o nome do herói nacional, para que a gente perpetue essa homenagem”.

Na ocasião, os representantes do MDA fizeram a entrega do Selo Quilombos do Brasil às comunidades quilombolas. A iniciativa do Governo Federal é destinada a identificar e valorizar produtos originários de comunidades quilombolas, reconhecendo a origem étnica e territorial.

“Todo negro e toda negra deveria um dia vir até a Serra da Barriga. Esse espaço é o símbolo da resistência do povo negro em África e na Diáspora”, declarou Edmilton Cerqueira.

Gilberto Coutinho afirmou que a Serra tem um significado que vai pra além da consciência da negritude brasileira. “O Quilombo dos Palmares foi um local de acolhimento e libertação. Aqui se juntaram negros e indígenas para resistir a opressão daqueles que dominavam a maior parte do território”.

Certificações Quilombolas

A titular da Cultura subiu a Serra da Barriga, solo sagrado do Quilombo dos Palmares, para realizar a entrega das certificações quilombolas no primeiro e único parque memorial dedicado à cultura negra do país. Foram autodeclaradas comunidades pela FCP: Tereza do Matupiri (AM); Palheta (PI); Boqueirão do Salazar (MA); Povoado Forges (SE); Povoação do Rio Doce (ES); N' Gunga (MG); Terra de Micuim (SC).

“É uma emoção muito grande, porque quando a gente ia concorrer a projetos sociais, nós éramos excluídos porque não tínhamos certificado. Diziam que a gente não era quilombola e não conseguíamos o projeto. E hoje foi nossa felicidade e vitória, porque através do presidente Lula, da ministra Margareth Menezes, da FCP, a Comunidade de Forges recebeu um presente que é o certificado de comunidade quilombola”, disse emocionada a representante do quilombo, Claudia Ramos.

Os certificados emitidos pela Fundação Cultural Palmares são ferramentas importantes para que as comunidades quilombolas reafirmem a sua identidade, história, território e acessem seus direitos. Desde o início do processo de certificação, a FCP já emitiu 3.146 certidões, beneficiando um total de 3.903 comunidades quilombolas existentes nas cinco regiões do país.

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Em meio a um cenário de otimismo cauteloso, o turismo brasileiro vive um novo momento em 2025. Impulsionado pela valorização do turismo sustentável, pelas viagens de experiência e pela alta do dólar, que favorece o turismo doméstico, o setor registra uma recuperação robusta e cheia de oportunidades.

Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o faturamento do setor cresceu 8,5% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Entre os destaques estão o Nordeste e o Centro-Oeste, que têm atraído visitantes em busca de ecoturismo, cultura regional e gastronomia típica.

A força do turismo interno

Com o dólar oscilando acima dos R$ 5,50, muitos brasileiros estão optando por conhecer melhor o próprio país. Destinos como Jalapão (TO), Chapada Diamantina (BA) e Alter do Chão (PA) estão no topo das buscas, segundo dados recentes da plataforma de viagens Booking.com.

“Estamos percebendo um novo perfil de turista, mais consciente e interessado em experiências autênticas, longe das multidões e com maior contato com a natureza”, afirma Paula Rezende, diretora de marketing de uma agência de viagens especializada em roteiros personalizados.

Turismo sustentável em alta

Outro destaque de 2025 é o crescimento do turismo sustentável. Projetos de hospedagem ecológica, trilhas com guias locais capacitados e parcerias com comunidades tradicionais estão se tornando diferenciais importantes na hora de escolher um destino.

A cidade de Bonito (MS), por exemplo, implementou um sistema de controle de visitantes em suas principais atrações naturais, equilibrando preservação ambiental e geração de renda para a população local.

Tecnologia e inteligência artificial como aliadas

A tecnologia também tem papel de protagonista na retomada do setor. Aplicativos de roteiros personalizados, guias virtuais com inteligência artificial e o uso de realidade aumentada em museus e atrações têm melhorado a experiência dos turistas e ajudado a descentralizar o fluxo de visitantes.

“A integração de ferramentas tecnológicas permite que o turista tenha mais autonomia, segurança e acesso a informações atualizadas em tempo real”, destaca Rafael Oliveira, pesquisador em turismo digital da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Perspectivas para o futuro

O cenário para o turismo em 2025 é promissor, mas requer atenção à qualificação da mão de obra, infraestrutura de acesso e políticas públicas de incentivo ao turismo sustentável.

Com a chegada do segundo semestre, o setor se prepara para a alta temporada e aposta na diversificação de roteiros e no fortalecimento do turismo de base comunitária como pilares de um crescimento duradouro.

O ano de 2025 está sendo generoso para quem busca por uma brecha no calendário para viajar. Isso porque há quatro feriados prolongados e oito pontos facultativos nacionais, que é quando as empresas podem ou não liberar os funcionários. O primeiro prolongado aconteceu em abril, mas durante todo o ano há oportunidades para viajar, e os roteiros de turismo sustentável vem ganhando espaço na agenda do brasileiro. Além de serem opções responsáveis e que se preocupam com o meio ambiente, quem os realiza também ganha ao se conectar com a natureza.

O ecoturismo cresce cerca de 20% todos os anos no Brasil, de acordo com o Brasilturis. Um dos motivos pela escolha da modalidade são os benefícios, principalmente ao bem estar mental e na conexão com si mesmo. É comprovado que a exposição à natureza diminui o estresse, regulando os níveis de cortisol no corpo e baixando a pressão arterial. A rotina do dia a dia faz com que seja difícil parar para contemplar um fim de tarde, o cair da chuva, o cantar dos pássaros ou pisar na grama e, assim, esquecemos o quão bom esse contato pode fazer. 

“Viagens em meio a natureza são como uma terapia em meio a um mundo digital, cheio de telas e obrigações profissionais. O ecoturismo vem se tornando um estilo de vida para aqueles que priorizam qualidade de vida, na qual saúde física e mental são inegociáveis”, ressalta Cecília Fortunatti, cofundadora da VaiViver - Ecoturismo e Aventura. 

Para quem busca uma pausa da rotina agitada das cidades, a VaiViver — iniciativa voltada para viagens com propósito — criou roteiros com saídas exclusivas durante os feriados prolongados. Em maio, no Dia do Trabalho (01), acontecem as primeiras expedições para explorar mais de 150 cachoeiras escondidas no coração da Serra da Canastra, em Delfinópolis (MG). Já em junho, durante o feriado de Corpus Christi, o destino é Nobres (MT), no coração do cerrado mato-grossense. 

Foco na experiência

Buscando mais do que apenas um destino, e sim vivências transformadoras em meio à natureza, Sandra de Araujo Rodrigues, de 53 anos, decidiu romper barreiras pessoais e encontrou na VaiViver a segurança e o acolhimento necessários para viajar sozinha pela primeira vez. Após o divórcio e em busca de um novo ciclo de vida, ela escolheu a Chapada dos Guimarães como ponto de partida para essa jornada. Lá, além de se reconectar consigo mesma, fez amizades e viveu momentos que marcaram sua trajetória. Foi nessa viagem que surgiu o convite para comemorar seu aniversário, em 2022, na Chapada das Mesas — uma experiência que, segundo ela, mudou sua vida. “Você tem noção do que foi iniciar um novo ciclo na Chapada das Mesas? Foi simplesmente emocionante”, conta.

A experiência com a VaiViver foi um ponto central na jornada de transformação de Sandra. Desde o início, ela se sentiu segura e amparada para explorar atividades que jamais imaginou realizar — como tirolesa e passeios por cachoeiras, mesmo sem saber nadar. “Pode ter certeza que o meu ciclo, que se iniciou naquele período, foi um dos mais lindos que eu tive”, relembra. Segundo ela, o cuidado e o suporte da equipe fizeram toda a diferença: “É uma das empresas que dá mais segurança, principalmente para a mulher que viaja sozinha. Quando ela fala assim: ‘quero que você só se preocupe em fazer a mala’, é exatamente isso”, complementa.  

Opções para o Dia do Trabalho

A VaiViver oferece um roteiro de quatro dias para a cidade, que é ideal para quem busca uma imersão profunda no ecoturismo. Iniciando na quinta-feira (01), o grupo se reúne em São Paulo (SP), na estação Vergueiro com a equipe e segue direto para a pousada. A aventura começa na sexta-feira, após um típico café mineiro, com pão de queijo e café quentinho. 

Para os amantes de queijo, o roteiro contempla uma parada em diversas queijarias premiadas para provar o queijo canastra e conhecer um pouco mais da região. Os viajantes ainda adentram o Parque Nacional da Serra da Canastra, recebendo as boas energias da água sagrada e conhecendo a biodiversidade local. O destino é uma opção repleta de belezas naturais e trilhas, indicadas para iniciantes no esporte e com nível de preparação baixo. Ao total, são aproximadamente 12 km de trilhas divididos durante o roteiro, mas sem grandes desníveis. 

Quem escolhe Delfinópolis como destino conhece ainda o Condomínio de Pedra, Vale da Gurita, Complexo do Ouro e do Claro e lindas cachoeiras, como a Cachoeira do Tombo, da Gruta e Tenebroso. Está incluído no roteiro todos os passeios e tickets de entrada, transfer ida e volta da sua cidade de origem em ônibus semi leito, transfer em 4x4 para os passeios na Serra, ônibus rural, hospedagem em pousada em Delfinópolis - próxima ao centrinho e barzinhos -, e as principais refeições com típicos cafés e almoços mineiros. 

 

Com uma rica herança africana presente na cultura, na história e na gastronomia, o Rio de Janeiro foi eleito o Melhor Destino Nacional de Afroturismo durante a 3ª edição do Prêmio Afroturismo, realizada nesta segunda-feira (14.04), em São Paulo. O anúncio foi feito na World Travel Market Latin America (WTM-LA) - um dos mais relevantes eventos globais do setor turístico. A premiação é promovida pela plataforma Guia Negro, que tem a valorização das raízes afro-brasileiras como um de seus pilares estratégicos.

A escolha do Rio reforça o papel da cidade na valorização da cultura afro e no fortalecimento de experiências turísticas ligadas à ancestralidade. Entre os roteiros destacados pelo júri estão a Pequena África, na região portuária, e o bairro de Madureira – trajetos que resgatam e celebram a contribuição da população negra na formação da identidade carioca.

Outro reconhecimento importante foi para o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), localizado na Gamboa. Inaugurado em 2021, o espaço foi premiado como a Melhor Atração Turística do segmento, sendo descrito pelos jurados como um “local de resistência”, dedicado à preservação, promoção e celebração da cultura afro-brasileira, por meio de exposições, rodas de conversa e atividades culturais.

A premiação também reconheceu outros esforços que impulsionam o afroturismo no Brasil. São Luís (MA) foi destaque pelos investimentos no setor, recebendo o título de Destaque Guia Negro. A turismóloga Thaís Rosa Pinheiro, fundadora da agência Conectando Territórios e consultora do Ministério do Turismo, foi eleita a melhor profissional do segmento. 

ROTAS NEGRAS - O fortalecimento do Afroturismo também se reflete nas políticas públicas voltadas para a promoção internacional do Brasil. Como parte desse esforço, o Ministério do Turismo, em parceria com o Ministério da Igualdade Racial e outros órgãos do Governo Federal, lançou o Programa Rotas Negras.

A iniciativa tem como objetivo fomentar experiências turísticas que valorizem a ancestralidade africana em diferentes territórios – urbanos e rurais –, impulsionando oportunidades de inclusão e protagonismo para as populações negras. Com foco na economia criativa, circular e sustentável, o programa também visa fortalecer os destinos turísticos de matriz afro-brasileira presentes no Mapa do Turismo.

Além disso, o Rotas Negras prevê ações voltadas à educação e sensibilização dos turistas sobre a história e a cultura afro-brasileira, à capacitação de comunidades locais na gestão dos seus produtos turísticos e ao enfrentamento de estereótipos, contribuindo para a autoestima das populações envolvidas.