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O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) divulgou nesta segunda-feira, 8, uma lista dos principais criminosos foragidos do Brasil, cuja captura é estratégica e importante para o combate às facções criminosas no País. A medida integra o "Programa Captura", do governo federal, e faz parte do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP).
A relação de nomes está dividida por Estados. Ao todo, 216 nomes integram a lista, incluindo oito homens do Rio de Janeiro - um número máximo que cada unidade federativa pode indicar à pasta como alvos. Do território fluminense, os foragidos mais procurados são:
- Adilson de Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho;
- Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão;
- Bernardo Bello Pimentel Barboza, o Bello;
- Edgar Alves de Andrade, o Doca;
- Luciano Martiniano da Silva, o Pezão;
- Paulo David Guimarães Ferraz Silva, o Naval;
- Walace Brito Trindade, o Lacoste;
- Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha.
Edgar Alves de Andrade, o Doca, é apontado com um dos líderes do Comando Vermelho (CV). Ele foi um dos alvos da megaoperação realizada nos Complexos da Penha e do Alemão no final de setembro. Ao todo, 121 pessoas morreram na ofensiva. Apesar do cerco, Doca conseguiu escapar e encontra-se foragido.
Nascido na cidade de Caiçara, na Paraíba, Edgard Alves de Andrade tem 55 anos e é apontado como uma liderança do CV fora das cadeias. De acordo com a polícia, ele tem um histórico de atuações em diferentes pontos no tráfico de drogas, incluindo o Morro do São Simão, em Queimados (Baixada Fluminense), e na Vila Cruzeiro, nos complexos da Penha e do Alemão.
Após a megaoperação, a polícia ofereceu R$ 100 mil como recompensa por informações que levassem ao paradeiro de Doca. É a maior recompensa da história do Disque Denúncia, ao lado dos mesmos R$ 100 mil, sem considerar a inflação, oferecidos por informações que levassem a Fernandinho Beira-Mar, em 2000.
Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha, de 54 anos, também é apontado como uma das lideranças do CV nas ruas - ele seria conselheiro da facção criminosa. Abelha estaria atuando junto com o Doca no tráfico de drogas na Penha pelo menos desde 2021, quando saiu do Complexo de Bangu, onde estava preso.
Abelha tem ao menos cinco passagens pela polícia, por homicídio simples e qualificado, e responde a pelo menos oito processos diferentes na Justiça - todos da Vara Criminal.
Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, também apontado como chefe do Comando Vermelho no tráfico de drogas do Complexo do Alemão, é outro criminoso foragido e tratado como um dos mais perigosos do País.
Segundo informações do Portal Procurados, Pezão teria assumido o controle da favela após receber ordens diretas de Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, e de Fernandinho Beira-Mar, para matar o traficante Antônio de Souza Ferreira, o Tota, em 2008. O motivo seria que Tota não estaria mais repassando o dinheiro arrecadado com a venda de drogas para os líderes do CV.
Pezão chegou a ser preso em 2005, pelo Departamento de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Civil do Rio de Janeiro, quando chefiava a venda de drogas na favela da Grota, comunidade que faz parte do Complexo do Alemão, mas foi solto pela Justiça em 2008.
Outro nome incluído na lista nacional é Álvaro Malaquias Santa Rosa, o "Peixão", tratado pela polícia como um dos "narcotraficantes mais perigosos do Estado". O grupo que seria liderado por ele, parte da facção Terceiro Comando Pura (TCP), atuaria nas comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau.
Segundo investigações, as ações de Peixão se notabilizam pela truculência, alto grau de violência contra a polícia e intolerância religiosa, sobretudo contra seguidores de religião de matriz africana. Como marca de seu poder, ele gosta de ostentar uma Estrela de Davi (símbolo usado pela religião judaica para proteção) do alto de uma caixa d'água.
"Sob o comando direto de Peixão, o TCP promove a intimidação sistemática de moradores, expulsão de rivais, ataques a agentes de segurança e ações coordenadas para impedir operações policiais", informou a polícia.
"Foi identificado um grupo responsável pelo monitoramento de viaturas, queima de ônibus e organização de protestos simulados com o objetivo de obstruir o trabalho policial. Foi apurada, ainda, a existência de um núcleo especializado na tentativa de abate de aeronaves policiais, composto por criminosos com armamento pesado e treinamento específico", acrescentou.
Em fevereiro, em uma operação policial contra o tráfico de drogas que mirou a captura de Pezão, o grupo do traficante conseguiu atingir um helicóptero da PM, que precisou fazer um pouso forçado.
Jogos de azar
Em dezembro do ano passado, a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) indiciou o contraventor Adilson Oliveira Coutinho Filho, o "Adilsinho". Ele foi apontado pelas investigações como um dos mandantes dos homicídios de Marco Antônio Figueiredo Martins, o "Marquinho Catiri", e de Alexsandro José da Silva, o "Sandrinho", por disputa na exploração de jogos de azar. Na época, o setor de inteligência da polícia apontou que Adilsinho estaria fora do País.
Os crimes aconteceram em novembro de 2022, na comunidade do Guarda, em Del Castilho, zona Norte do Rio. As vítimas estavam associadas ao contraventor Bernardo Bello, acusado de comandar um esquema de exploração de jogo do bicho e caça-níqueis no centro da cidade e em bairros da zona norte e sul do Rio.
Com as execuções, o grupo de Bello teria perdido os pontos para Adilsinho, que teria assumido a exploração dos jogos nas regiões citadas.
"As informações obtidas ao longo da investigação permitiram identificar uma sequência de homicídios praticados pela organização criminosa comandada por Adilsinho, sendo todos eles motivados por questões relacionadas à disputa pela exploração ilegal de cigarros ou de jogos de azar, em especial caça-níqueis e jogo do bicho", informou a polícia.
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