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Dólar cai 1,17% e volta a R$ 5,40 com exterior e tom duro do Copom

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O dólar encerrou a sessão desta quinta-feira, 11, em queda firme, mas ainda acima dos R$ 5,40. O dia foi marcado por uma onda de desvalorização da moeda americana no exterior, na esteira de dados fracos da economia dos EUA e da decisão de ontem do Federal Reserve. O real apresentou o melhor desempenho entre as divisas mais relevantes, recuperando parte das perdas recentes, quando foi abalado pelo anúncio da pré-candidatura presidencial do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

A avaliação entre analistas é a de que a moeda brasileira é a principal beneficiada pelo desenlace da Super Quarta, dada a ampliação entre o diferencial de juros interno e externo - o que aumenta o apelo das operações de carry trade. Como esperado, o Fed cortou a taxa básica americana em 25 pontos-base, ao passo que o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 15%. Mais relevante por aqui foi a ausência no comunicado de sinais claros de início de alívio monetário a partir de janeiro.

Com mínima de R$ 5,3960, no início da tarde, o dólar à vista terminou o dia em queda de 1,17%%, a R$ 5,4044, após ter encerrado o pregão de quarta no maior nível desde 14 de outubro. Apesar do recuo de 0,50% na semana, a moeda americana acumula valorização de 1,30% em relação ao real em dezembro, após baixa de 0,85% em novembro. No ano, as perdas são de 12,55%.

O diretor da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, observa que o ambiente global é de enfraquecimento do dólar, com busca de investidores por outras moedas e pelo ouro, que subiu mais de 2%. Ele ressalta que, além de cortar os juros, o Fed anunciou que vai voltar a expandir seu balanço com aquisição de Treasuries, o que significa injeção de liquidez no mercado.

"Além do dólar mais fraco lá fora com essa nova postura do Fed, o real se beneficia do nosso Copom hawkish. O aumento do diferencial de juros está se sobrepondo à questão política, que fez preço nos últimos dias", afirma Weigt.

Operadores ponderam que a manutenção da taxa Selic em 15% pelo menos até março torna muito custoso o carregamento de posições em dólar e pode mitigar eventuais pressões sobre o câmbio vindas do aumento de remessas de lucros e dividendos até o fim de dezembro. Dados de quarta do Banco Central surpreenderam ao mostrar que o canal financeiro apresentou saldo positivo de US$ 2,373 bilhões na primeira semana de dezembro.

Em relatório assinado pelos analistas Pedro Oliveira e Iana Ferrão, o BTG Pactual alerta que o segmento financeiro deve apresentar uma deterioração nas próximas semanas, com eventual aumento da saída de divisas com antecipação de remessas em razão da mudança na tributação de dividendos a partir de 2026.

O banco pondera, contudo, que as remessas podem ser "significativamente menores do que as estimadas" se "legislação secundária confirmar que as corporações (S.A.S) poderão distribuir dividendos até 2028, como outras empresas, desde que sejam calculados e alocados para uma reserva de remuneração até 31 de dezembro".

O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, também vê o real apoiado pelo aumento do diferencial de juros interno e externo, após a Super Quarta, mas pondera que é cedo para apostar em uma tendência de apreciação do real nas próximas semanas em razão da antecipação do calendário eleitoral.

"A questão política interna voltou a fazer preço no câmbio. O mercado já está operando de olho em no que vai acontecer com a política fiscal em 2027, após a eleição presidencial, porque já sabe que em 2026 não vai haver mudança", afirma Velloni.

À tarde, Flávio Bolsonaro voltou a reiterar que vai concorrer ao Planalto por indicação de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e fez afagos ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que garantiria um "palanque forte" em São Paulo durante a corrida presidencial. Em relação à economia, Flávio disse que vai dar continuidade ao trabalho de Paulo Guedes, ministro da Economia do governo Bolsonaro.

O anúncio da pré-candidatura de Flávio na última sexta-feira, 5, deflagrou um movimento de depreciação do real, dada a avaliação de que o senador tem menos chances de barrar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já Tarcísio e visto como um nome capaz de aglutinar forças de centro e de direita para derrotar Lula e, em tese, promover uma política fiscal mais austera a partir de 2027, diminuindo os prêmios de risco.

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