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Em recuperação parcial, Ibovespa inicia semana em alta de 0,52%, aos 158,1 mil

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O rápido recuo sinalizado pelo senador Flávio Bolsonaro em relação à candidatura presidencial em 2026 deu fôlego à abertura de semana do Ibovespa. Porém, não o suficiente para reaproximar o índice do recorde intradia de 165 mil pontos, visto na última sexta-feira pouco antes do anúncio da candidatura de Flávio, com o apoio do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre pena em Brasília. A volatilidade nos sinais da família Bolsonaro quase replica a do mercado no fechamento da semana passada, quando o Ibovespa oscilou 8 mil pontos entre a mínima do dia e a máxima histórica renovada na mesma sessão, e colheu sua maior perda em quase 5 anos, de 4,31% - pior desempenho diário desde fevereiro de 2021.

O índice da B3 oscilou em faixa bem mais estreita, dos 157.369,36 - mínima correspondente ao nível de abertura - até os 159.235,36 pontos, no melhor momento da sessão. E fechou em alta moderada a 0,52%, aos 158.187,43 pontos, com giro ainda reforçado, a R$ 27,2 bilhões - embora muito distante dos R$ 44,3 bilhões da última sexta-feira, em nível pouco visto fora dos dias de vencimento de opções sobre o Ibovespa. Em dezembro, o índice da B3 ainda recua 0,56%, com ganho no ano a 31,51%, por enquanto lutando pelo melhor desempenho desde 2016, quando avançou quase 39% - e volta a emparelhar com o de 2019, quando a alta foi de 31,58%.

Perto do fechamento, veio uma nova reviravolta política pela boca do senador, conforme publicado pela "Folha de S. Paulo": sua candidatura seria para valer e irreversível, e que o sobrenome Bolsonaro seria uma vantagem sobre a alternativa Tarcísio de Freitas, não um ônus, na avaliação do parlamentar. As novas declarações contribuíram para o Ibovespa, marginal e pontualmente, chegar a perder um pouco de ímpeto em direção ao ajuste final desta segunda-feira, 08.

Entre idas e vindas, após o próprio senador Flávio Bolsonaro ter colocado, no fim de semana, um "preço" para retirar sua candidatura à Presidência em 2026, o que analistas políticos já especulavam na sexta-feira parece ganhar os contornos, mesmo, de um "balão de ensaio". E não para verificar a viabilidade da candidatura - em que pouco se acredita -, mas sim para manter a relevância do ex-presidente como fiador político, e condicionar o apoio, de quem vier a ser abraçado, a pautas importantes para a família Bolsonaro.

Tal recuo político trouxe um certo ânimo ao mercado neste início de semana, mas a falta de fôlego da recuperação decorre, também, da cautela que costuma prevalecer antes das decisões de política monetária, nos EUA e no Brasil, que voltam a ocorrer junto em dezembro, nesta mesma quarta-feira. Em Nova York nesta segunda, Dow Jones -0,45%, S&P 500 -0,35% e Nasdaq -0,14%. "Minha expectativa é de que o Copom reforce a necessidade de estabilidade e previsibilidade, evitando alimentar volatilidade num momento em que o investidor está sensível a riscos fiscais e políticos", observa Bruno Corano, CEO da Corano Capital.

Alguns partidos de centro-direita evitam embarcar de 'bate-pronto' em uma nova candidatura da família Bolsonaro à Presidência da República e veem espaço para a construção de um nome alternativo para 2026. De acordo com lideranças ouvidas pelo Broadcast Político, ainda há desconfiança de que a pré-candidatura de Flávio não vai se sustentar até o fim, e que se trata de uma estratégia momentânea de comunicação para manter o nome Bolsonaro na liderança da oposição.

Para Felipe Sant'Anna, especialista em ações da Axia Investing, os sinais contraditórios emitidos pela família Bolsonaro com poucos dias de diferença, entre ir ou não para a disputa presidencial direta, dá a entender que pode haver desistência. E mantém, potencialmente, sobre a mesa a eventual candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas: o preferido do mercado na medida em que se identifica o seu nome a aguardado ajuste fiscal a partir de 2027, que estabilize a trajetória da relação dívida/PIB - algo visto como essencial.

Na B3, à exceção de Vale (ON -0,68%), a recuperação desta segunda-feira foi liderada por carros-chefes como Petrobras (ON +1,34%, PN +0,92%) e pelas ações de bancos, como Itaú (PN +0,48%) e BB (ON +2,08%), assim como Bradesco (ON +0,51%, PN +0,72%). Na ponta ganhadora, IRB (+10,20%), Raízen (+4,82%) e Cyrela (+4,17%). No lado oposto, Hapvida (-6,01%), Assaí (-4,43%) e Natura (-2,85%).

"Tivemos uma alta apenas moderada após a forte ressaca da sexta-feira", resume Nicolas Merola, analista da EQI Research, mencionando não apenas a queda acentuada do Ibovespa no fechamento da semana passada, como a "disparada" do dólar frente ao real e também dos juros futuros domésticos, refletindo a escalada da percepção de risco político.

"Quadro na sexta-feira era de esquerda unificada em torno do presidente Lula e de direita fragmentada com a candidatura Flávio Bolsonaro. A eleição ainda está distante, tem muita coisa para acontecer ainda, mas o processo político-eleitoral vai ser acompanhado com lupa, cada vez mais, trazendo volatilidade", diz Merola.

"O mercado sentiu, e sentiu muito a candidatura Flávio Bolsonaro, não porque esse movimento muda fundamentos econômicos, mas porque foi o pretexto perfeito para uma correção que já era esperada, depois da sequência intensa de queda do dólar e alta da Bolsa. Quando Flávio dá sinais de que pode desistir, o humor melhora", diz Alison Correia, analista e cofundador da Dom Investimentos.

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