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Se você circulou pela Linha 4-Amarela do metrô de São Paulo no último ano, é possível que tenha esbarrado em uma exposição sobre algum desses grandes artistas: Clementina de Jesus (1901-1987), Luiz Gonzaga (1912-1989), Clarice Lispector (1920-1977), Candido Portinari (1903-1962), Tomie Ohtake (1913-2015) e Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Se passar por lá a partir desta terça, 9, vai ver a novidade: a mostra dedicada a Grande Otelo (1915-1993) na Estação Paulista.
Da música à literatura, os artistas foram e serão celebrados em diferentes estações da linha que vai da Luz à Vila Sônia a partir de instalações interativas, pinturas e ilustrações, imagens que decoraram as estações e os vagões, objetos originais dos homenageados e textos explicativos sobre suas histórias.
As mostras nasceram como parte do Projeto Centenários, do Instituto Motiva, braço de impacto social da empresa que administra a linha amarela. "Já apoiamos muitas instituições culturais e sempre trabalhamos a questão da gratuitidade. Mas além de levar as pessoas aos museus, falamos: por que não levar os museus às pessoas?", explica Renata Ruggiero, presidente do instituto.
A ideia veio com a noção de que administrar uma linha de metrô também era uma oportunidade de transformar aquele espaço em um local de potencial transformação social. "Especialmente para uma boa parcela da população que não é uma parcela que naturalmente frequenta museus e que já tem um lugar de pertencimento dentro da cultura. Acreditamos que ela tem que ser para todos", completa Renata.
Foi decidido, então, que o projeto homenagearia grandes artistas brasileiros que já tivessem completado 100 desde seu nascimento. A partir daí, um comitê de seleção avalia possíveis nomes e, tendo um próximo centenário escolhido, vai em busca de um curador especialista que forma parceria com Isa Ferraz e Marco Ferraz, curadores do projeto.
Grande Otelo e Jorge Amado
Nesta terça-feira, 9, o Instituto Motiva inaugura uma mostra em homenagem a Grande Otelo na Estação Paulista. O multiartista mineiro, que teve grande contribuição para cinema, teatro, música e literatura brasileiros, completaria 110 anos em 2025.
A exposição vai ocupar todos os andares da estação, com cada um deles destacando um aspecto da carreira do artista: no primeiro, marcos de Grande Otelo no cinema; no segundo, seus principais trabalhos na TV, entre novelas, programas de humor e teleteatro; por fim, o terceiro trará destaque ao teatro e aos palcos do Brasil.
A história do ator estará nas escadas, nas paredes, pilastras e até em vagões temáticos. A estação também contará com um painel da cartunista Marília Marz que explica a biografia do artista em quadrinhos, além de um mural que retrata um Grande Otelo contemporâneo, assinado pelo artista plástico paulistano No Martins. O curador especialista é Lucas H. Rossi, grande conhecer obra de Grande Otelo.
Já para 2026, o primeiro homenageado será Jorge Amado (1912-2001). Renata ainda não pode revelar muito sobre a mostra, mas afirma que ela terá grande envolvimento da Fundação Casa de Jorge Amado, já parceira do Instituto Motiva e organizadora da Flipelô (Festa Literária Internacional do Pelourinho).
"Eles vão trabalhar conosco como curadores especialistas para a concepção da exposição. É um trabalho de muitas mãos e buscamos fazer isso com um nível de excelência profundo", afirma.
O grande desafio, segundo ela, é traduzir diferentes linguagens, como música e literatura, em uma exposição que quer atrair a atenção de quem está apenas de passagem. O diferencial disso tudo é também oferecer um respiro nesse dia a dia corrido.
"Essas dinâmicas, uma vez sendo repensadas e recriadas, transformam a dinâmica da cidade. Uma coisa que é tão rotineira, tão usual e por vezes tão chata, podemos transformar em algo diferente", diz Renata.
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