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Tráfico de animais silvestres: um crime lucrativo e pouco punido no Brasil

Tráfico de animais silvestres: um crime lucrativo e pouco punido no Brasil

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O tráfico de animais silvestres é um dos crimes ambientais mais lucrativos do mundo, movimentando bilhões de reais todos os anos e ficando atrás apenas do tráfico de drogas e de armas no ranking global da ilegalidade. No Brasil, país que abriga uma das maiores biodiversidades do planeta, a prática segue intensa e, muitas vezes, invisível aos olhos da sociedade. A captura, o transporte e a comercialização ilegal afetam diretamente o equilíbrio dos ecossistemas e colocam inúmeras espécies em risco de extinção.


A cadeia do tráfico começa, em geral, em áreas rurais e regiões de floresta, onde animais são retirados da natureza de forma violenta. Muitos não resistem às condições precárias de transporte, marcadas por superlotação, falta de água e alimentação inadequada. Estima-se que a maioria dos animais capturados morra antes mesmo de chegar ao destino final. Os sobreviventes são vendidos como pets exóticos, usados em rituais, na medicina ilegal ou abastecem colecionadores e mercados internacionais.


Apesar da gravidade do crime, a punição ainda é considerada branda. A legislação brasileira prevê multas e penas de detenção, mas raramente há prisão efetiva, o que contribui para a reincidência. A fiscalização enfrenta obstáculos como a falta de recursos, de pessoal especializado e a extensão territorial do país. Além disso, o comércio ilegal migrou para as redes sociais e plataformas digitais, tornando a identificação e o combate ainda mais complexos.


Os impactos do tráfico vão além do sofrimento animal. Ao retirar espécies de seus habitats, o crime compromete cadeias alimentares, favorece o surgimento de pragas e aumenta o risco de zoonoses, doenças que podem ser transmitidas aos seres humanos. Especialistas alertam que combater o tráfico de animais silvestres exige mais do que operações pontuais: é necessário investimento em educação ambiental, fortalecimento dos órgãos de fiscalização e penas mais rigorosas. Enquanto o crime seguir lucrativo e pouco punido, a biodiversidade brasileira continuará pagando um preço alto pelo silêncio e pela impunidade.

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