Trump pode falar o que quiser como presidente e Brasil analisará declarações, diz Itamaraty

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A secretária-geral do Ministério das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, que comanda a pasta temporariamente enquanto o ministro Mauro Vieira está fora, disse nesta terça-feira, 21, que o Brasil vai analisar as declarações do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele tomou posse na segunda-feira, 20, e disse que os EUA não precisam do Brasil e da América Latina.

"O presidente Trump pode falar o que ele quiser, ele é presidente eleito nos Estados Unidos e nós vamos analisar cada passo das decisões que forem sendo tomadas pelo novo governo. Mas acredito que, como somos um povo que acredita, que tem fé na vida, que tudo vai dar certo sempre. Nós vamos procurar trabalhar não as nossas divergências, mas as nossas convergências, que são muitas", declarou ela.

A diplomata deu as declarações em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto promovida para anunciar que André Corrêa do Lago será o presidente da Conferência do Clima (COP30) de Belém (PA).

Também participaram o próprio presidente do evento e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

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A Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 9, a convocação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a prestar esclarecimentos sobre a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a ex-presidente argentina Cristina Kirchner em julho. Duas moções de repúdio também foram acatadas pelo colegiado.

"Ao priorizar o contato com uma figura condenada por corrupção e ignorar deliberadamente o governo em exercício da Argentina, o presidente da República optou por um gesto ideológico e revanchista", disse o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS), autor do requerimento, ao pontuar que Lula e Mauro Vieira não se encontraram com Javier Milei, o atual presidente.

O parlamentar ainda afirmou que a visita caracteriza um "desrespeito ao sistema judiciário argentino" e "um gesto político e ideológico que não apenas enfraquece o combate à corrupção em âmbito regional, como compromete a credibilidade institucional do Brasil".

Kirchner foi condenada a seis anos de prisão por corrupção em junho deste ano e perdeu os direitos políticos. Lula visitou Kirchner quando foi à Cúpula do Mercosul, em 3 de julho na Argentina. O encontro durou cerca de 50 minutos e precisou de aval do judiciário local.

O presidente defendeu Cristina Kirchner, afirmando "saber o que é ser vítima de perseguição judicial". Para Van Hattem, "tal declaração, além de ignorar a legitimidade do processo judicial conduzido pelas instituições argentinas, relativiza a gravidade dos crimes pelos quais Kirchner foi condenada e contribui para desinformar a opinião pública sobre os fatos".

Ao pedir explicações de Mauro Vieira, o deputado afirmou que o gesto demonstra que a diplomacia brasileira foi usada para propaganda partidária, "defendendo uma narrativa revisionista da esquerda latino-americana".

De acordo com ele, o objetivo do Itamaraty deveria ser o de "representar os interesses permanentes do Estado, e não de governos, partidos ou lideranças circunstanciais. O Itamaraty deve pautar-se pela sobriedade, neutralidade, legalidade e foco no interesse nacional, jamais por solidariedades seletivas motivadas por afinidades ideológicas".

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, culpabilizou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em coletiva de imprensa com jornalistas nesta quinta-feira, 10, Alckmin voltou a falar que o Brasil não é um problema para os americanos, pois tem superávit comercial em bens e serviços.

"O clã Bolsonaro trabalhou contra o interesse do País e do povo brasileiro. Agora a gente vê que esse clã, mesmo fora do governo, continua trabalhando contra o interesse brasileiro. Antes, era um atentado contra a democracia, mas agora é um atentado contra a economia", disse Alckmin, que ainda acusou Bolsonaro de negacionismo durante a pandemia de covid-19 e de acumular déficits primários.

Segundo Alckmin, a atitude de Trump foi um "equívoco" e deve ser "corrigida" e a tarifa americana prejudica a geração de empregos. O vice-presidente declarou que Lula está criando um grupo de trabalho emergencial para cuidar das reações contra a tarifa anunciada por Trump.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se encontrou nesta quinta-feira, 10, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para um almoço num restaurante em Brasília. O republicano publicou um vídeo ao lado do capitão reformado na rede social X. "Sempre bom estar ao seu lado, presidente", afirmou.

A reunião ocorreu após Tarcísio culpar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros prometida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O chefe do Executivo paulista e o ex-presidente fizeram fotos e vídeos com apoiadores no restaurante.

"Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado. Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram a negociação", disse Tarcísio no X na noite desta quarta, 9.

"Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A responsabilidade é de quem governa. Narrativas não resolverão o problema", completou.

Nesta quinta, em agenda pela manhã, após receber críticas, Tarcísio ponderou que o Brasil precisa "deixar de lado as questões ideológicas, o revanchismo e as narrativas" para negociar com os Estados Unidos.