Trump expande poderes de deportações rápidas em todo o país

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Nesta terça-feira, 21, o governo de Donald Trump expandiu os poderes que os agentes de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês) têm para deportar rapidamente alguns imigrantes indocumentados dos EUA, uma medida que pode ajudar o novo presidente a executar a campanha de deportação em massa que ele prometeu.

 

A nova política, detalhada em um aviso publicado online, permite que o Departamento de Segurança Interna deporte mais rapidamente certos imigrantes indocumentados que, ao serem detidos, não conseguem provar que estão no país há mais de dois anos. Esses amplos poderes - um processo conhecido como remoção expedita, que permite a deportação de imigrantes não autorizados sem procedimentos judiciais - têm sido tradicionalmente reservados principalmente para áreas próximas à fronteira sul.

 

Mas a política emitida pelo secretário interino de segurança interna, Benjamine C. Huffman, permite que os agentes do ICE utilizem essa medida em todo o território dos Estados Unidos. "O efeito dessa mudança será aumentar a segurança nacional e a segurança pública - enquanto reduz os custos do governo - facilitando decisões rápidas de imigração", afirmou o aviso.

 

A primeira administração de Trump tentou implementar um processo de deportação igualmente acelerado a nível nacional, mas esses esforços foram contestados em tribunais federais. A batalha legal resultante impediu que a regra entrasse em vigor até o final de 2020, quando um tribunal de apelações federal permitiu que o Departamento de Segurança Interna avançasse com as remoções expeditas ampliadas enquanto o processo judicial continuava. A administração Biden revogou a política.

 

Como algumas das outras ações iniciais de Trump em relação à imigração, a regra pode enfrentar outra contestação legal.

 

Geralmente, imigrantes não autorizados detidos nos EUA recebem uma notificação para comparecer ao tribunal de imigração, onde podem apresentar seu caso para permanecer no país. Os tribunais estão sobrecarregados com um acúmulo de mais de três milhões de casos, levando alguns a serem agendados para anos no futuro. Os procedimentos de deportação geralmente não podem começar até que um juiz emita uma decisão.

 

Ao eliminar os procedimentos judiciais para imigrantes que se enquadram nos parâmetros da política, o processo acelerado pode oferecer ao governo Trump outra ferramenta para cumprir a promessa de campanha de realizar deportações em massa no início de seu mandato, disseram especialistas e ex-oficiais do ICE.

 

"A remoção expedita ampliada pode acelerar muito as deportações e aumentar o número de migrantes removidos. Diferente dos longos processos nos tribunais de imigração que podem levar anos, a remoção expedita pode ser realizada em questão de horas", disse Kathleen Bush-Joseph, analista de políticas do Instituto de Políticas de Migração, em um e-mail.

 

Bush-Joseph afirmou que o ônus recairá sobre os migrantes para fornecer documentação mostrando que "estão no país há mais de dois anos, têm status legal ou uma reivindicação de proteção, como o asilo".

 

Corey Price, ex-oficial sênior do ICE que supervisionou deportações na agência, disse que a política pode fazer uma grande diferença para os agentes do ICE encarregados de remover mais pessoas.

 

"Eu esperaria que eles se apoiassem fortemente nisso", disse ele.

 

Grupos de defesa dos direitos dos imigrantes rapidamente condenaram a medida como uma forma de assustar imigrantes em todo o país.

 

"A remoção expedita é uma prática profundamente falha que frequentemente nega aos imigrantes uma oportunidade justa de acessar alívio, separa famílias desnecessariamente e ridiculariza o direito de acesso a um advogado", disse Lindsay Toczylowski, presidente do Immigrant Defenders Law Center, que ajuda a representar imigrantes.

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O líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), respondeu às declarações do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sobre o rompimento do parlamentar com o PT, e afirmou que o presidente tem agido de forma reservada e equivocada na tramitação de projetos legislativos.

"Considero imatura a posição do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta. Política não se faz como clube de amigos. Minhas posições políticas são transparentes e previsíveis", iniciou Lindbergh.

Ele continuou: "Sempre atuei de forma clara e com posições coerentes, nunca de maneira reservada ou equivocada, como agiu o presidente da Câmara na derrubada do IOF, na PEC da Blindagem e na escolha do deputado Guilherme Derrite como relator de um projeto de lei de autoria do Poder Executivo".

"Se há uma crise de confiança na relação entre o governo e o presidente da Câmara, isso tem mais a ver com as escolhas que o próprio Hugo Motta tem feito. Ele que assuma as responsabilidades por suas ações e não venha debitar isso na minha atuação como líder da Bancada do PT", concluiu Lindbergh.

O desentendimento surgiu quando Motta afirmou que havia rompido relações com o PT. "Não tenho mais interesse em ter nenhum tipo de relação com o deputado Lindbergh Farias", declarou Motta à Folha de S.Paulo. A decisão foi confirmada pelo grupo de Motta ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

A crise já vinha se manifestando nas últimas semanas, com episódios de tensão durante a tramitação do "PL Antifacção". Segundo relatos, Lindbergh teria criado "mal-estar desnecessário", e Motta chegou a reagir com firmeza em uma reunião de líderes por considerar que o petista estava "atacando a Câmara".

Auxiliares da bancada do PT minimizam as consequências do rompimento entre Motta e Lindbergh, lembrando que a permanência do petista no cargo durará pouco tempo. O partido terá um novo líder a partir do início do próximo ano, o deputado Pedro Uczai (PT-SC).

A defesa de Anderson Torres apresentou nesta segunda-feira, 24, uma solicitação ao Supremo Tribunal Federal para que, caso o ministro Alexandre de Moraes determine a execução antecipada da pena, o ex-ministro não seja enviado ao sistema prisional comum.

Os advogados pedem que Torres cumpra eventual prisão em local especial, como a Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal ou outra unidade equivalente, alegando risco pessoal em razão de ele ter sido delegado da PF e integrante do governo Jair Bolsonaro. A defesa também cita ameaças recentes e o uso contínuo de medicamentos.

Segundo os advogados, Torres está em acompanhamento psiquiátrico e utiliza antidepressivos, conforme prescrição médica anexada ao processo. Eles afirmam que o sistema prisional comum não oferece condições adequadas para o acompanhamento terapêutico necessário ao ex-ministro.

No mesmo documento, a defesa informou que pretende apresentar embargos infringentes até 3 de dezembro. Torres foi condenado na ação penal da trama golpista, e esta segunda-feira marca o último dia para apresentação de recursos após a publicação do acórdão que rejeitou os primeiros embargos de declaração.

O primeiro vice-presidente do Senado, Eduardo Gomes (PL-TO), afirmou nesta segunda-feira, 24, que tem de duas a três semanas para votar o Orçamento e outros projetos já votados pela Câmara, como é o caso do projeto Antifacção.

"O ano não foi, do ponto de vista Legislativo, de muita produtividade e sintonia. Acho que vai votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias e o Orçamento tudo junto. Ficou muito, muito apertado o calendário", disse, às margens de evento do Lide, em Roma.

Gomes acrescenta que em 2026 o cenário deve continuar desafiador, por ser ano eleitoral. "Dificilmente você verá pautas muito complicadas sendo votadas de maneira tranquila. Tudo o que for feito a partir de agora tem efeito no ano que vem, justamente o ano eleitoral", acrescentou.

Ao ser questionado sobre o estremecimento na relação entre o presidente da Câmara, Hugo Motta, e o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, o vice-presidente do Senado afirma que "nesse momento a coisa ficou tensa" e o momento pré-eleições costuma ser difícil, porque tem pouco tempo disponível para muita matéria fundamental.

"É só olhar, que quando as coisas andaram é porque havia uma clima mínimo de harmonia e respeito entre os presidentes da Câmara, Senado e Executivo", acrescentou.

Prisão de Bolsonaro

Em relação à prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, Gomes diz que a oposição está abalada e que não havia cenário de fuga. "Mas temos esperança de que isso se resolva", afirmou, pontuando que aguarda próximas reuniões de líderes para avaliar "o que dá para fazer nesse curto período de tempo".

Messias

Gomes considera que não é possível avaliar se Jorge Messias, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), será aprovado pelo Senado, ou não."Só vamos poder dar uma opinião mais clara depois que sentirmos esse ambiente", disse.

*A repórter viajou a convite do Lide