Netanyahu envia diretor de inteligência ao Catar para negociar cessar-fogo em Gaza

Internacional
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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, autorizou a ida do diretor da agência de inteligência e operações especiais Mossad, David Barnea, ao Catar para negociações de cessar-fogo, no mais recente sinal de avanço nas discussões sobre a guerra em Gaza. O gabinete de Netanyahu anunciou a decisão neste sábado, 11, mas não foi informado quando Barnea viajaria para Doha, onde ocorrerá a última rodada de negociações entre Israel e o grupo Hamas. A presença do diretor da Mossad indica que autoridades israelenses do alto escalão, que precisam aprovar qualquer acordo, agora estão diretamente envolvidas.

Apenas um breve cessar-fogo foi alcançado em 15 meses de guerra, ainda nas primeiras semanas de combate. Desde então, as conversas mediadas pelos Estados Unidos, Egito e Catar enfrentaram vários impasses. Netanyahu tem insistido na destruição da capacidade militar do Hamas em Gaza, enquanto o Hamas exige a retirada completa das tropas israelenses do território devastado. Na quinta-feira, o Ministério da Saúde de Gaza informou que mais de 46 mil palestinos foram mortos durante a guerra.

Além do diretor do Mossad, serão enviados ao Catar o chefe da agência de segurança interna de Israel, o Shin Bet, e conselheiros militares e políticos. Segundo o gabinete de Netanyahu, a decisão foi tomada após uma reunião com o ministro da Defesa, chefes de segurança e negociadores "em nome das administrações dos EUA, tanto a atual quanto a futura".

O gabinete também divulgou uma foto de Netanyahu ao lado de Steve Witkoff, enviado do presidente eleito Donald Trump para o Oriente Médio, que esteve no Catar nesta semana.

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A Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 9, a convocação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a prestar esclarecimentos sobre a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a ex-presidente argentina Cristina Kirchner em julho. Duas moções de repúdio também foram acatadas pelo colegiado.

"Ao priorizar o contato com uma figura condenada por corrupção e ignorar deliberadamente o governo em exercício da Argentina, o presidente da República optou por um gesto ideológico e revanchista", disse o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS), autor do requerimento, ao pontuar que Lula e Mauro Vieira não se encontraram com Javier Milei, o atual presidente.

O parlamentar ainda afirmou que a visita caracteriza um "desrespeito ao sistema judiciário argentino" e "um gesto político e ideológico que não apenas enfraquece o combate à corrupção em âmbito regional, como compromete a credibilidade institucional do Brasil".

Kirchner foi condenada a seis anos de prisão por corrupção em junho deste ano e perdeu os direitos políticos. Lula visitou Kirchner quando foi à Cúpula do Mercosul, em 3 de julho na Argentina. O encontro durou cerca de 50 minutos e precisou de aval do judiciário local.

O presidente defendeu Cristina Kirchner, afirmando "saber o que é ser vítima de perseguição judicial". Para Van Hattem, "tal declaração, além de ignorar a legitimidade do processo judicial conduzido pelas instituições argentinas, relativiza a gravidade dos crimes pelos quais Kirchner foi condenada e contribui para desinformar a opinião pública sobre os fatos".

Ao pedir explicações de Mauro Vieira, o deputado afirmou que o gesto demonstra que a diplomacia brasileira foi usada para propaganda partidária, "defendendo uma narrativa revisionista da esquerda latino-americana".

De acordo com ele, o objetivo do Itamaraty deveria ser o de "representar os interesses permanentes do Estado, e não de governos, partidos ou lideranças circunstanciais. O Itamaraty deve pautar-se pela sobriedade, neutralidade, legalidade e foco no interesse nacional, jamais por solidariedades seletivas motivadas por afinidades ideológicas".

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, culpabilizou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em coletiva de imprensa com jornalistas nesta quinta-feira, 10, Alckmin voltou a falar que o Brasil não é um problema para os americanos, pois tem superávit comercial em bens e serviços.

"O clã Bolsonaro trabalhou contra o interesse do País e do povo brasileiro. Agora a gente vê que esse clã, mesmo fora do governo, continua trabalhando contra o interesse brasileiro. Antes, era um atentado contra a democracia, mas agora é um atentado contra a economia", disse Alckmin, que ainda acusou Bolsonaro de negacionismo durante a pandemia de covid-19 e de acumular déficits primários.

Segundo Alckmin, a atitude de Trump foi um "equívoco" e deve ser "corrigida" e a tarifa americana prejudica a geração de empregos. O vice-presidente declarou que Lula está criando um grupo de trabalho emergencial para cuidar das reações contra a tarifa anunciada por Trump.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se encontrou nesta quinta-feira, 10, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para um almoço num restaurante em Brasília. O republicano publicou um vídeo ao lado do capitão reformado na rede social X. "Sempre bom estar ao seu lado, presidente", afirmou.

A reunião ocorreu após Tarcísio culpar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros prometida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O chefe do Executivo paulista e o ex-presidente fizeram fotos e vídeos com apoiadores no restaurante.

"Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado. Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram a negociação", disse Tarcísio no X na noite desta quarta, 9.

"Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A responsabilidade é de quem governa. Narrativas não resolverão o problema", completou.

Nesta quinta, em agenda pela manhã, após receber críticas, Tarcísio ponderou que o Brasil precisa "deixar de lado as questões ideológicas, o revanchismo e as narrativas" para negociar com os Estados Unidos.