A estudante Camila Ceruti, de 24 anos, chamou atenção nas redes sociais ao compartilhar um vídeo mostrando seu último dia de trabalho como balconista em uma loja de um shopping em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. Somente no TikTok são mais de 2 milhões de visualizações. A jovem deixou para trás a touca higiênica para vestir o capelo na formatura de Medicina, que será realizada na sexta-feira, 11.
Foram seis anos de faculdade em que Camila precisou conciliar os estudos com o trabalho, mas ela começou a lutar para realizar o sonho de ser médica muito antes. A jovem, que estudou a vida toda em escola pública, começou a vender doces ainda no ensino médio, enquanto ia para escola e ainda estudava de noite em um cursinho pré-vestibular.
Em julho de 2019, recebeu a notícia que definiria sua vida nos próximos anos: havia sido aprovada na faculdade de Medicina da Universidade Regional de Blumenau (Furb). Na época, a mensalidade do curso era de R$ 7 mil, mas Camila conseguiu ganhar uma bolsa de 100%.
Mesmo com a isenção da mensalidade, o sonho parecia distante, já que as aulas eram em regime integral e a jovem precisava trabalhar para se manter durante o curso.
"Eu escutei muitas pessoas me dizendo que era um curso difícil, que talvez eu não conseguiria, que eu não poderia trabalhar, que era muito caro, que não era para qualquer um, que não era para pobre. Muita gente me disse isso, inclusive até algumas pessoas da minha família", afirmou Camila.
Sabendo que não conseguiria se manter em um emprego CLT devido à carga horária da faculdade, a estudante começou a fazer doces nos horários que tinha tempo livre, inclusive aos fins de semana e de madrugada. Quando já estava no terceiro ano do curso, surgiu a oportunidade de trabalhar como freelancer em um restaurante de um shopping.
"Eu trabalhava à noite, aos finais de semana, nos feriados. Nas férias eu trabalhava praticamente todos os dias e foi assim até essa semana, quando eu finalizei tudo. Amanhã, eu me formo e estou muito, muito feliz" destacou.
Apesar da rotina agitada, o trabalho árduo nunca a afastou de seu sonho. A jovem destaca que priorizava os estudos durante a semana de provas e sempre reservava uma parte do dia para estudar e não deixar o conteúdo acumular. No ano passado, foi até representante do Brasil em um congresso da ONU no Paquistão, viagem que também foi paga com a venda dos doces.
"Muitos estão me perguntando como isso é possível e digo que nada tem mais força que um sonho", enfatizou.
Camila pretende pegar o registro profissional do CRM (Conselho Federal de Medicina) ainda este mês e começar a atuar em clínica médica, além de começar uma especialização. "Quero trabalhar bastante na saúde pública mesmo, juntar um dinheirinho para poder pagar minhas continhas e ajudar minha família."