Após a forte abertura observada na segunda-feira, 17, na esteira da piora nos mercados externos de renda fixa, os juros futuros negociados na B3 operaram de lado, rondando os ajustes anteriores em boa parte do pregão desta terça-feira, 18. Sem gatilhos locais para conduzir os negócios, as oscilações das taxas foram contidas, e passaram de viés de queda para de alta na etapa final da sessão.
Segundo agentes, em um dia de liquidez reduzida com a proximidade do Feriado da Consciência Negra, nesta quinta-feira, a dinâmica comportada dos DIs seguiu o movimento do dólar, que caiu na sessão, assim como o alívio na curva dos Treasuries. No ambiente doméstico, mesmo sem novas informações, a leitura é que o quadro de descompressão da inflação e da atividade é propício ao aguardado ciclo de afrouxamento monetário.
Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 oscilou de 13,646% no ajuste de segunda para 13,650%. O DI para janeiro de 2029 passou de 12,909% no ajuste anterior para 12,925%. O DI para janeiro de 2031 marcou 13,270%, de 13,247% no ajuste antecedente.
"Desde a semana anterior, que combinou a divulgação da ata do Copom e do IPCA de outubro, os DIs têm se movimentado pouco, e nesta terça foi mais um pregão com essa característica", disse André Muller, economista-chefe da AZ Quest Investimentos. "Tanto aqui quanto lá fora, não há muitos elementos que justifiquem uma grande movimentação", completou.
Para Muller, a dinâmica benigna dos dados inflacionários mais recentes, assim como o enfraquecimento mais visível da atividade, tem gerado convicção de que o ciclo de redução da Selic está próximo. No cenário da gestora, o Comitê de Política Monetária (Copom) vai dar início aos cortes em janeiro, com um ajuste de 50 pontos-base. "O mercado já tem mais segurança sobre a ocorrência disso do que há duas semanas".
Em revisão divulgada nesta terça, o banco Daycoval reduziu sua estimativa para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025, de 4,8% para 4,5%. O número está alinhado ao teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central, que permite flutuação de 1,5 ponto porcentual em relação ao centro, de 3%.
De acordo com economistas do banco, as maiores surpresas favoráveis com a dinâmica dos preços em outubro vieram da parte de serviços e, também, da redução das cotações da gasolina pela Petrobras. "Soma-se a isto a continuidade do comportamento benigno dos preços dos alimentos e dos bens industriais", diz a instituição em relatório.
A AZ Quest também ajustou recentemente sua projeção para o indicador oficial de inflação este ano, de 4,6% para 4,5%. "É uma mudança marginal, mas tem um caráter simbólico, de que há maior chance de que a inflação termine o ano dentro do intervalo do regime de metas", disse o economista-chefe da gestora.
Segundo Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, a estabilidade dos juros futuros nesta terça refletiu uma revisão mais consistente, para baixo, das expectativas de mercado do IPCA para o fim do ano, agora em 4,46% no boletim Focus. Em conjunto com dados de atividade que sinalizam perda de fôlego da economia, é reforçada a percepção de que o BC pode antecipar o ciclo de cortes, avalia Shahini, ou ao menos ajustar o 'guidance' para indicar maior flexibilização à frente.
Lá fora, os dados semanais do ADP mostraram que o mercado de trabalho americano pode estar mais fraco do que os números sugerem, acrescenta o especialista, contribuindo para a queda dos retornos dos Treasuries na sessão. "A combinação desse alívio nos juros americanos com o fortalecimento do real adicionou pressão baixista adicional à curva de DIs", apontou. Publicado nesta terça, o relatório de empregos mostrou que os EUA eliminaram, em média, 14.250 postos no setor privado no mês terminado em 1º de novembro.
Taxas de juros futuras andam de lado em pregão sem catalisadores e de baixa liquidez
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