No Centro das Atenções
Com forte avanço digital, setor financeiro lidera investimentos em mídia e reposiciona canais online como ativos estratégicos de aquisição
A transformação digital do setor financeiro na América Latina deu mais um salto nos últimos meses. Entre bancos, fintechs, corretoras e carteiras digitais, os investimentos em mídia digital somaram US$327 milhões no primeiro trimestre de 2025, com 16,9 bilhões de impressões, segundo dados da Admetricks. O volume expressivo reforça uma mudança de mentalidade no setor, que passou a tratar os canais online não apenas como suporte, mas como protagonistas das estratégias de crescimento.
Para Rafael Magdalena, diretor da US Media Performance, a mudança é mais profunda do que aparenta. “O aumento do investimento em mídia digital representa uma virada estratégica. Desde a pandemia, a digitalização dos serviços financeiros ganhou força, levando bancos e fintechs a priorizarem canais digitais para aquisição de clientes. As carteiras digitais, por exemplo, evoluíram para bancos completos, disputando espaço com instituições tradicionais — especialmente no segmento de crédito”, afirma.
Canais digitais deixam de ser coadjuvantes
O levantamento da Appsflyer reforça o novo cenário: o setor financeiro liderou os aportes em mídia na região em 2024, totalizando US$1 bilhão, quase três vezes mais que o segundo colocado, o setor de games. No México, a vertical financeira se destacou como líder nos investimentos em aquisição de usuários — um reflexo claro da centralidade do digital nas estratégias de crescimento.
Com a previsão de que o mobile banking ultrapasse 3,6 bilhões de usuários no mundo até o fim deste ano, o setor financeiro não apenas responde às mudanças no comportamento do consumidor — ele dita o ritmo da transformação. “Esse novo apetite dos investidores vem impulsionando o avanço das estratégias de marketing digital, consolidando a mídia como um dos principais vetores de escala e retorno. A presença online deixou de ser acessória e passou a ocupar o centro das ações de aquisição”, reforça Magdalena.
Dados, segmentação e performance: a nova tríade da aquisição
O movimento também traz impactos diretos na forma como as campanhas são estruturadas. Estratégias baseadas em dados primários, segmentações mais refinadas e tecnologias de performance têm permitido ações altamente direcionadas, elevando os resultados em toda a jornada. De acordo com dados da Adjust, o desempenho digital do setor financeiro cresceu 27% globalmente em 2024. Na América Latina, o número de sessões em apps aumentou 50% e as instalações, 29%.
“Estar online não é mais suficiente”, pontua Magdalena. “O setor começa a entender que é preciso saber onde, quando e como aparecer. Isso exige bom posicionamento, uso eficiente de métricas e leitura apurada do público. A diversificação de formatos e canais não é só tendência; é essencial. O futuro da publicidade econômica está em conectar pontos de contato com fluidez, ativar ações com objetivos claros e medir impacto com precisão.”
Muito além da construção de marca
Com essa nova lógica, o foco da comunicação também evolui. Conversão, retenção e reengajamento passaram a guiar as decisões, colocando as instituições financeiras diante de um cenário mais complexo — e mais estratégico. Plataformas mobile, CTV, redes sociais, influenciadores e Retail Media já atuam de forma integrada, exigindo consistência em toda a jornada.
Com os dados certos e uma arquitetura bem planejada, o setor se mostra pronto para transformar o investimento em mídia em diferencial competitivo.
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O presidente americano, Donald Trump, disse que finalizou um acordo com a Indonésia, após conversar com o presidente do país, Prabowo Subianto. Em publicação na Truth Social nesta terça, 15, ele citou um "acordo histórico" que abrirá todo o mercado do país asiático para o Estados Unidos "pela primeira vez na história".
"Como parte do acordo, a Indonésia se comprometeu a comprar US$ 15 bilhões em energia dos EUA, US$ 4,5 bilhões em produtos agrícolas americanos e 50 jatos Boeing, muitos deles 777", escreveu, ao ressaltar que os pecuaristas, agricultores e pescadores americanos terão "acesso completo e total" ao mercado indonésio.
Na postagem, Trump reafirmou a tarifa de 19% sobre produtos indonésios, enquanto as exportações dos EUA para a Indonésia "serão livres de tarifas e barreiras não tarifárias".
"Se houver qualquer transbordo de um país com tarifa mais alta, essa tarifa será adicionada à tarifa que a Indonésia está pagando. Agradecemos ao povo da Indonésia pela amizade e pelo compromisso com o equilíbrio do nosso déficit comercial", disse na mensagem.
Os fluxos de portfólio para os mercados emergentes (ME) atingiram US$ 42,8 bilhões em junho, dando continuidade ao sólido impulso observado nos últimos meses e destacando o que se tornou um "cenário ideal" para os ativos de ME, diz o Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) em relatório publicado nesta terça, 15.
O alto fluxo reflete a rara combinação de taxas globais mais suaves, dólar mais fraco e fundamentos macroeconômicos dos ME relativamente resilientes, criando um ambiente considerado "nem muito quente nem muito frio para os fluxos de capital", pontua o instituto.
Enquanto isso, os fluxos de dívida dos emergentes totalizaram US$ 32,9 bilhões em junho, um grande salto em relação aos US$ 8,7 bilhões registrados em maio.
A China continuou sendo o principal impulsionador, atraindo US$ 23,8 bilhões, e os mercados emergentes fora de Pequim registraram US$ 9,1 bilhões - uma recuperação significativa em relação aos fluxos negativos anteriores, ressalta o IIF.
"A dívida em moeda local permaneceu particularmente atraente, apoiada pelo dólar mais fraco, alto carry e estruturas de políticas domésticas confiáveis. Os retornos do ano até o momento foram impulsionados pelos ganhos cambiais e pela duração, com moedas como o peso, o real e o won liderando o grupo", acrescenta o relatório.
Enquanto isso, os mercados de dívida em moeda forte registraram uma emissão primária robusta, ressaltando o apetite resiliente dos investidores, mesmo nos segmentos de crédito mais arriscados.
O bitcoin operou em queda nesta terça-feira, 15, à medida que os traders realizam lucros depois que a criptomoeda atingiu recordes de alta desta segunda, 14. Investidores também digerem o índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA, que veio em linha com as expectativas, e o avanços da regulamentação do setor pelo governo americano.
Por volta das 16h00 (de Brasília), o bitcoin caía 2,03%, a US$ 117.374,97. O ethereum avançava 2,77%, a US$ 3.070,62, segundo cotações da Binance.
O recente rali do bitcoin foi impulsionado pelo otimismo em torno de possíveis avanços na regulamentação de ativos digitais dos EUA, os quais podem apoiar as políticas favoráveis à criptomoedas de Trump, diz o Tickmill Group.
O presidente americano pressionou hoje os republicanos da Câmara dos Representantes a aprovarem um projeto de lei sobre ativos digitais que, segundo ele, colocaria os EUA à frente do resto do mundo no setor. Em postagem na Truth Social, Trump afirmou que "TODOS OS REPUBLICANOS DEVEM VOTAR SIM!" no projeto batizado de Genius Act.
A votação ocorre nesta tarde, de acordo o próprio republicano. "A Câmara votará em breve um projeto tremendo para tornar os Estados Unidos o LÍDER NÚMERO UM, INDISCUTÍVEL, em ativos digitais - ninguém faz melhor!", escreveu.
Apesar da realização de lucros hoje, a recente recuperação do bitcoin pode ainda ter um longo caminho a percorrer, diz Hina Joshi, diretora de ativos digitais da TP ICAP. As instituições financeiras esperam que o Federal Reserve (Fed) retome os cortes nas taxas de juros ainda este ano, o que beneficiará ativos de risco, ressalta ela.
O mercado está precificando um corte acumulado de 50 pontos-base até dezembro pelo Fed, segundo ferramenta do CME Group.
*Com informações da Dow Jones Newswires