As alterações aprovadas no congresso para o Orçamento de 2021 agravaram a necessidade de corte de gastos do governo para o cumprimento do teto de gastos deste ano. A expectativa de uma necessidade de ajuste de R$ 17,6 bilhões aumentou agora para uma redução necessária de recursos entre R$ 32 bilhões e R$ 36 bilhões, calculou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)."Dada a magnitude do corte requerido nas despesas primárias da União, e tendo em vista que o nível das despesas discricionárias já se encontra muito baixo em termos históricos, é natural que surjam incertezas sobre a capacidade de se promoverem os ajustes necessários para satisfazer a regra do teto", ressaltou o Ipea na Carta de Conjuntura divulgada nesta terça-feira, 30.
O órgão defende a necessidade de uma solução negociada pelos atores políticos que envolva a revisão de parte da programação orçamentária aprovada no congresso. Segundo o Ipea, "o espaço para o ajuste requerido é estreito, havendo risco de interrupção parcial ou total de algumas atividades ou programas públicos", alerta a carta.
Por outro lado, o orçamento federal teria uma folga de R$ 40,7 bilhões em 2022 e de R$ 36,3 bilhões em 2023 das despesas em relação ao teto, graças ao arrefecimento esperado na inflação oficial do País - medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - ao fim de 2021.
"Isso decorre fundamentalmente da trajetória projetada para a inflação ao longo deste ano: enquanto se espera que a inflação (medida pelo IPCA) acumulada em doze meses em junho, que balizará o reajuste do teto de gastos para 2022, se situe próxima de 8%, a inflação no final do ano deverá estar em torno de 4,6%. Trajetória semelhante deverá ser observada para o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), cuja variação acumulada em 2021 está projetada em 4,3% e deverá balizar o reajuste de despesas importantes indexadas ao valor do salário mínimo, como os benefícios previdenciários, abono salarial, seguro-desemprego e BPC (Benefício de Prestação Continuada). Assim, supondo que a inflação de fato apresente trajetória declinante ao longo do ano, espera-se que o teto de gastos seja reajustado a uma taxa substancialmente mais alta do que alguns itens importantes da despesa primária da União", justificaram os pesquisadores do Ipea.
Orçamento alterado no Congresso eleva necessidade de corte de gastos, diz Ipea
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