Após subir pela manhã e se aproximar do nível técnico de R$ 5,65, alinhado ao sinal predominante de alta da moeda americana no exterior, o dólar à vista perdeu força ao longo da tarde e fechou em leve queda, abaixo de R$ 5,60. Operadores atribuíram a recuperação do real ao impacto de ajustes de posições, em pregão de baixa liquidez, e a um panorama melhor para commodities, com valorização do petróleo na segunda etapa de negócios.A perspectiva cada vez maior de alta da taxa Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês também tem contribuído para dar sustentação à moeda brasileira, ao aumentar a atratividade das operações de carry trade. O Boletim Focus trouxe hoje aumento da mediana da Selic esperada no fim de 2024 de 10,50% para 11,25%, o que significa uma elevação total de 0,75 ponto porcentual neste ano. Amanhã, sai o IPCA de agosto.
No EUA, embora o relatório mensal de emprego (payroll), divulgado na sexta-feira, não tenha sido suficiente para definir a magnitude do primeiro passo do Federal Reserve, é dado como certo que o BC americano vai cortar sua taxa básica neste mês. Investidores aguardam a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de agosto na quarta-feira, 11, para calibrar suas apostas.
"Parte do mercado aproveitou a alta mais forte do dólar pela manhã para realizar lucros à tarde. O clima é de espera pelo CPI nos EUA na quarta-feira", afirma o diretor de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, para quem o Fed deve optar por uma postura mais conservadora e cortar os juros em 25 pontos-base. "Com corte lá fora e alta da Selic, o normal seria o real se apreciar. Mas temos questões políticas e fiscais que inibem o apetite dos estrangeiros."
Com máxima a R$ 5,6407 pela manhã e mínima a R$ 5,5756 à tarde, o dólar à vista fechou a sessão em queda de 0,15%, cotado a R$ 5,5817. Nos seis primeiros pregões de setembro, a moeda apresenta recuo de 0,95%. No ano, o dólar acumula valorização de 15,01% em relação ao real, que tem perdas menores que às do peso mexicano no grupo das divisas mais relevantes.
A liquidez foi bem reduzida, o que deixou a formação da taxa de câmbio mais sujeita a operações pontuais. Principal referência do apetite por negócios, o dólar futuro para outubro movimentou menos de US$ 10 bilhões.
"O mercado está bem parado. Como não tem um fato novo, a liquidez foi bem enxuta. Está todo mundo na expectativa dos indicadores nos próximos dias para ajustar as apostas para o Fed e o Copom", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, que vê alguns investidores já de olho na perspectiva de ampliação do diferencial de juros interno e externo. "Por enquanto, vejo o dólar no intervalo entre R$ 5,50 e R$ 5,80. Ainda temos a questão fiscal pendente, com o governo buscando mais fontes de arrecadação".
À tarde, a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou que a balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 2,108 bilhões na primeira semana de setembro. Em agosto, o saldo foi positivo em US$ 4,828 bilhões, abaixo do esperado. No ano, o superávit acumulado é de US$ 56,187 bilhões.
Dólar cai 0,15% e fecha abaixo de R$ 5,60 em dia de liquidez reduzida
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