Ruth Rocha passeia por suas lembranças e revela que escreveu um livro na pandemia

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Ruth Rocha chega aos 90 anos olhando para a frente. Nascida em 2 de março de 1931, no Vila Mariana, em São Paulo, a escritora revela que vai comemorar sim a data, mas que terá de ser de forma virtual por causa da pandemia. "Eu vou mandar umas comidas pros mais próximos, aí a gente vai sentar e comer junto - pela internet", avisa a alegre e divertida senhora. Em conversa por telefone com o Estadão, fez uma viagem por suas memórias e revelou o que vem novidade por aí.

Autora de inúmeros livros dedicados ao público infantojuvenil, Ruth Rocha volta no tempo e passeia pelas lembranças, falando da família, do início de sua trajetória na literatura e de momentos atuais. "Fui muito feliz na infância, tive pais muito bons, dedicados a nós, muito interessantes, irmãos divertidos, que são bons até hoje", conta a escritora, que tem quatro irmãos e se orgulha em afirmar que ainda se dão muito bem. "Nos nos gostamos muito." Diz que é muito amiga de seus dez sobrinhos.

Voltando no tempo, Ruth se lembra com muito carinho de quando era ainda criança e conta que cresceu em uma família muito alegre, preocupada com os filhos. Orgulha-se ao lembrar dos momentos carinhosos com o pai, que costumava conversar muito com os filhos e isso dava consciência do mundo para eles. "Meu pai, quando começou a guerra de 1939, eu tinha 8 anos nesse tempo, comprou um mapa grande da Europa e ficava contando para nós como era a guerra", relata toda envaidecida ao revelar que até hoje sabe lances da Segunda Guerra.

Escritora, como outras crianças dessa época, gostava de brincar na rua, pois não tinha os perigos enfrentados hoje em dia nas cidades. "Minha mãe era muito acolhedora, então as crianças iam pra minha casa brincar e depois a gente ia para a casa dos outros também. Foi uma infância muito feliz e gostosa e acho que fez muito bem pra mim. Esse é um tesouro que a gente carrega, uma infância boa", descreve Ruth, que conta ainda ter aprendido a andar de bicicleta no Parque do Ibirapuera, que não era como o conhecemos hoje. "A gente era muito livre."

O que Ruth viveu na infância e a relação com a família e o mundo foram transpostos para sua trajetória profissional. "A infância forma a gente, é uma coisa que nos modela", garante a escritora. Ainda no passado, ela lembra de um avô que era contador de histórias e ela e seus irmãos aproveitavam muito a presença dele. "Ele vinha do Rio de Janeiro, chegava cansado, mas a gente ficava em cima dele para contar suas histórias." E seu pai também não ficava atrás, tinha seus momentos de contador de história. Tinha ainda uma avó que a ensinava a cantar modinhas. Foi com todas essas influências que a menina Ruth adquiriu o hábito da leitura.

Essa bagagem reunida na infância serviu de base para sua vida adulta. Formada em Ciências Políticas e Sociais pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, entre 1957 e 1972 exerceu a função de orientadora educacional, o que a ajudou a ter mais interação com crianças. Sua base educacional possibilitou que fosse trabalhar em revistas, criando textos para o público infantil. Mas foi ao entrar na revista Recreio que começou a voar alto em seu estilo de escrita e na criação das histórias. "A revista Recreio foi quem me pôs no mundo" (risos).

Essa fase na publicação e sua carreira na escrita começam com uma passagem que Ruth gosta de contar e se diverte quando o faz. Ela lembra que editava a publicação com sua também amiga Sonia Robatto, que a intimou a escrever uma história para a revista. Conta Ruth que a editora não teve dúvida, trancou a escritora em uma sala e disse que ela só sairia de lá quando tivesse uma história pronta. E foi assim que surgiu o texto Romeu e Julieta, que viria a ser o primeiro de tantos outros criados para a Recreio. "Minha primeira história é sobre preconceito e mostrava duas borboletas, uma amarela e outra azul, que não podiam brincar juntas por ser cada uma de uma cor", afirma.

De lá para cá, Ruth Rocha não parou mais de escrever suas histórias e transformá-las em livros. Inclusive, revela que até aproveitou este momento de isolamento pela pandemia para criar uma nova obra, que é O Grande Livro dos Macacos, ainda em fase de finalização, sem data para lançamento. "Mas é sobre o que, Ruth Rocha?". "Macacos!" (risos), respondeu a escritora. "O livro mostra como os macacos são e como são inteligentes", diz. Outro ponto que a obra vai abordar, segundo a autora, é o fato de ter gente que não gosta muito da ideia de que descendemos de macaco. "Mas eu não queria parecer com girafa, jacaré, hipopótamo. Eu acho muito bom parecer com macaco."

Outra boa novidade que vem por aí é a transformação do livro clássico da autora, Marcelo Marmelo Martelo, em série de TV. A própria Ruth se encarrega de anunciar que o contrato para a produção foi assinado e agora é aguardar para conferir mais essa conquista do seu personagem. Trata-se de uma realização da ViacomCBS, que comprou os diretos da obra e a levará para o audiovisual.

Publicado pela primeira vez em 1976, o best-seller Marcelo Marmelo Martelo teve mais de 70 edições e vendeu aproximadamente 20 milhões de exemplares. No ano passado, Ruth Rocha, em coautoria com sua filha, Mariana Rocha, brindou seus leitores com o Almanaque do Marcelo e da Turma da Nossa Rua (Editora Salamandra).

Em seus 90 anos, mais de 50 foram dedicados à literatura, em uma jornada incansável pelo universo lúdico da infância. Mas Ruth, com sua escrita elaborada e sem limites para a imaginação, coloca em seus textos mais do que simples histórias, pois elas carregam temas mais profundos, que fazem parte da vida das pessoas e da sociedade. No livro O Reizinho Mandão, outro grande sucesso de sua produção, a autora colocou em cena um rei que decidiu que não queria que as pessoas falassem, que calassem a boca e, assim, o povo acabou esquecendo como falar. Lançada no período da ditadura militar, Ruth conta que a história foi feita dessa forma de propósito. "A censura comia solta", conta, enfatizando ter horror a essa fase. O que ela observa hoje é que a história "está quase se repetindo, é muito ameaçador".

A autora premiada dentro e fora do País, com mais de 200 livros lançados, é leitora determinada. Diz que acabou de ler Michel Laub e gosta de Marçal Aquino. Mas, em tom de reclamação, afirma não ter recebido nada de autores infantis. "Ninguém me manda nada, é raro, não recebo nada." Após tantos anos encantando leitores das mais variadas idades, Ruth Rocha se diz avessa a pensar em uma biografia sua. "Fui muito feliz minha vida inteira, casei com um cara formidável (Eduardo), eu gostava dele e ele de mim, tenho uma filha maravilhosa, dois netos. Não estou desiludida da vida. Não penso nisso, não quero não."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, divulgou nota de pesar pelo falecimento da cantora Cristina Buarque, que morreu neste domingo, 20, aos 74 anos. Segundo Lula, a compositora teve "papel extraordinário" na música brasileira.

"Quero expressar meus profundos sentimentos pelo falecimento de Cristina Buarque. Cantora e compositora talentosa, teve um papel extraordinário na música brasileira ao interpretar as canções de alguns dos mais importantes compositores do samba carioca, ajudando a poesia e o ritmo dos morros do Rio a conquistarem os corações dos brasileiros", escreveu o chefe do Executivo no período da tarde. "Aos seus familiares e ao meu amigo Chico Buarque, deixo minha solidariedade e um forte abraço."

Filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e de Maria Amélia Alvim, Cristina era irmã dos cantores Chico Buarque e Miúcha, e da ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda.

A causa da morte de Cristina não foi divulgada.

A cantora Cristina Buarque morreu neste domingo, 20, aos 74 anos. A informação foi divulgada por Zeca Ferreira, filho da artista, em uma publicação em sua página no Instagram.

Compositora e sambista, Cristina movimentava a Ilha de Paquetá, onde morava, com uma roda de samba. Filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e de Maria Amélia Alvim, Cristina era irmã dos cantores Chico Buarque e Miúcha, e da ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda.

A causa da morte de Cristina não foi divulgada. Nas redes sociais, seu filho prestou uma homenagem à mãe e comentou sobre sua personalidade "avessa aos holofotes".

"Uma vida inteira de amor pelo ofício e pela boa sombra. 'Bom mesmo é o coro', ela dizia, e viveria mesmo feliz a vida escondidinha no meio das vozes não fosse esse faro tão apurado, o amor por revirar as sombras da música brasileira em busca de pequenas pérolas não tocadas pelo sucesso, porque o sucesso, naqueles e nesses tempos, tem um alcance curto", escreveu Zeca, acrescentando que a mãe foi o "ser humano mais íntegro" que já conheceu.

Cristina também foi homenageada pela sobrinha Silvia Buarque. "Minha tia Christina, meu amor. Para sempre comigo", escreveu a atriz em suas redes. A artista deixa cinco filhos.

O bar Bip Bip, tradicional reduto do samba em Copacabana, fez uma publicação lamentando a morte da artista e destacando seu legado: "Formou gerações com suas gravações e repertório, sempre generosa com o material e o conhecimento que acumulou durante anos de rodas de samba."

Carreira

Referência na pesquisa de samba, Cristina gravou seu primeiro álbum, que levou seu nome, em 1974. Na época, a artista ganhou projeção com a interpretação de "Quantas lágrimas", composição do sambista Manacéa.

Segundo o Instituto Memória Musical Brasileira (Immub), a cantora gravou 14 discos ao longo da carreira, sendo o mais recente "Terreiro Grande e Cristina Buarque cantam Candeia", de 2010. Além disso, a artista fez pelo menos 68 participações em discos.

Ao longo da carreira, Cristina foi respeitada não só por sua voz, mas também pela curadoria que fazia de sambas, valorizando artistas como Wilson Batista e Dona Ivone Lara. Portelense e conhecida por sua personalidade peculiar, a compositora recebeu o apelido de "chefia" nas rodas de samba cariocas.

Maike deixou o BBB 25 poucos dias após iniciar o romance com Renata. Mesmo com a distância, a bailarina não descarta um futuro relacionamento ao fim do programa. Neste sábado, 19, ela refletiu sobre a possibilidade em conversa com Guilherme.

"Acho que lá fora a vida é diferente, então têm outras coisas para conhecer, minhas e dele. Então acho que vai ter que existir esse momento de, lá fora, a gente se permitir outras coisas, ter uma nova conversa", pontuou Renata.

A bailarina disse que precisa conhecer o "currículo" do pretendente fora da casa. Contudo, acredita que a convivência ao longo do confinamento pode ajudar em alguns quesitos, já que eles se viram em diversas situações.

"Mas eu não deixei de viver nada aqui dentro. E não tem mais muito o que eu mostrar, ele já me viu com geleca na cabeça, com pipoca, pó na cara, caindo no molho de tomate, ele já me viu de todos os jeitos", refletiu aos risos.

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