Comédia romena de Radu Jude ganha o Urso de Ouro no Festival de Berlim

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Pessoalmente, o diretor romeno Radu Jude diz que nunca fez um vídeo de sexo. "Sou feio, melhor poupar todo o mundo de ver isso", afirmou Jude, em entrevista com a participação do Estadão durante a etapa virtual do Festival de Berlim. Mas é com um vídeo desses, bem explícito, aliás, que ele começa sua comédia Bad Luck Banging or Loony Porn, ganhadora do Urso de Ouro do Festival de Berlim. O júri formado por Ildikó Enyedi (Hungria), Nadav Lapid (Israel), Adina Pintilie (Romênia), Mohammad Rasoulof (Irã), Gianfranco Rosi (Itália) e Jasmila Žbani (Bósnia e Herzegovina), todos cineastas vencedores do mesmo prêmio em edições anteriores, anunciou discretamente seus premiados na manhã de sexta, 5, encerrando a etapa virtual da Berlinale.

O vídeo pornô em questão envolve a professora Emi (Katia Pascariu) e seu marido e provoca um escândalo ao se tornar viral. "As pessoas acham que professores devem ser imaculados, ao contrário de todo o mundo, que pode fazer o que quiser. É pura hipocrisia", afirmou Jude. "Eu tenho dois filhos, então já fui a muitas reuniões de pais e alunos. E elas são um espelho da sociedade individualista e narcisista que criamos. Cada pai e cada mãe quer que seu filho seja bem-sucedido, e o resto não importa."

Para o diretor, esses pais só se preocupam se seus filhos estão aprendendo gramática e português, que são as coisas que precisam para serem admitidos no ensino médio e superior. "Aí acabamos com uma população de pessoas que até sabem matemática e um pouco de gramática, mas não estão preparadas para ser cidadãs, para entender arte ou cultura ou história. E caem em teorias da conspiração facilmente."

Foi para provocar o espectador que ele colocou a cena de sexo explícito logo no início do filme. "Eu quis botar o público na posição desses pais vendo o vídeo", disse o diretor. "Ao assistir à fita, você é obrigado a tomar posição. É vulgar? Não é vulgar? É normal ou não?"

Bad Luck Banging or Loony Porn mostra as fraturas da sociedade romena, provocadas pela ditadura comunista. "As pessoas ficaram muito relutantes e cheias de suspeitas em relação às outras - porque o vizinho podia ser um informante da polícia secreta", lembrou ele. "Mas a revolução veio, e com ela a sociedade democrática. E fomos de mal a pior. Todo o mundo abraçou a sociedade individualista, mercantilista, classista, e resolveu não se importar com ninguém mais. E essa mentalidade americana individualista e neoliberal está envenenando nossas vidas."

Jude, que já tinha ganhado o Urso de Prata de direção em 2015 por Aferim!, precisou rodar seu longa-metragem em plena pandemia. A equipe e o elenco usaram máscaras o tempo inteiro. "Elas viraram um símbolo. Temos esse monte de pessoas gritando umas com as outras, mas estão cobertas, escondidas", afirmou ele sobre os abusos sofridos por Emi no filme. A produção coletou todas as máscaras que pôde encontrar no mercado. "E virou uma coisa antropológica, porque algumas têm estampas, frases escritas. Então servem para definir os personagens de alguma maneira."

Outros vencedores

O júri deu o Grande Prêmio, uma espécie de segundo lugar, à obra Wheel of Fortune and Fantasy, do japonês Ryusuke Hamaguchi, que criou três histórias centradas em mulheres e marcadas por coincidências e cumplicidades inesperadas. O Prêmio do Júri foi para Mr Bachmann and His Class, da alemã Maria Speth, sobre o professor Dieter Bachmann, que dá aulas e apoio a alunos imigrantes numa cidade industrializada pelos nazistas.

Natural Light, do húngaro Dénes Nagy, ficou com o Urso de Prata de direção. No longa, um homem que acredita ser bom atua numa unidade do Exército húngaro encarregado de apreender membros da resistência nos territórios soviéticos ocupados pelos nazistas.

Berlim também começou sua nova diretriz de premiar a melhor atuação e a melhor interpretação de coadjuvante, sem dividir por sexo. E duas mulheres acabaram ganhando: a alemã Maren Eggert na categoria principal, por I'm Your Man, e a húngara Lilla Kizlinger como coadjuvante, por Forest - I See You Everywhere.

Vencedor do Urso de Prata de direção no ano passado, o sul-coreano Hong Sangsoo agora levou o Urso de Prata de roteiro por Introduction. O mexicano Yibrán Asuad ganhou o Urso de Prata de contribuição artística por A Cop Movie, de Alonso Ruizpalacios, um documentário sobre policiais mexicanos que também tem elementos ficcionais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

Durante participação no videocast Desculpa Alguma Coisa, a atriz Cláudia Ohana relembrou um episódio traumático vivido nos bastidores da novela A Próxima Vítima, exibida pela TV Globo em 1995. Em conversa com Tati Bernardi, ela contou que levou um tapa de verdade do ator Marcos Frota durante a gravação de uma cena, sem ter sido avisada previamente.

"Eu me lembro do dia em que fiz. Eu tive um ataque no dia porque ele [Marcos Frota] me deu um tapa de verdade e eu saí chorando, falando: 'Não vou gravar essa cena, não estou aqui para levar tapa de ninguém'. Isso era a Cláudia falando", relatou a atriz.

Segundo Cláudia, a situação causou uma crise nos bastidores, a ponto de ela não querer mais gravar a cena prevista para o dia. A atriz explicou que sua personagem, Isabela, era constantemente agredida na trama e que, em outra sequência, chegou a ser esfaqueada pelo personagem Marcelo, interpretado por José Wilker.

Ela ainda refletiu sobre como cenas de violência eram tratadas na época. "Eu acho que essa cena não se gravaria hoje de jeito nenhum. Não pode", afirmou. Cláudia também disse que sentia medo na hora de gravar as cenas e criticou a maneira como o público reagia: "As pessoas adoravam ver isso, adoravam ver a Isabela sendo espancada, sendo esfaqueada".

A exposição inédita Andy Warhol: Pop Art! estreia em São Paulo em 1º de maio, no Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Alvares Penteado (MAB-FAAP). Trata-se da maior mostra sobre o artista e diretor americano já realizada fora dos Estados Unidos, e ficará em cartaz até 30 de junho. Os ingressos, que custam entre R$ 25 (meia-entrada) e R$ 70, já podem ser adquiridos no site oficial.

As mais de 600 obras apresentadas virão diretamente do The Andy Warhol Museum, que fica em Pittsburgh, na Pensilvânia, cidade natal do artista.

A mostra pretende destacar a pluralidade artística de Warhol, e para isso contará com obras de diversas fases de sua carreira, com pinturas, serigrafias, esculturas raras, fotografias, instalações e filmes experimentais, dispostas em 2.000 metros quadrados no MAB. Estarão na lista pinturas icônicas como Campbell's Soup.

Expoente do movimento Pop Art, famoso por utilizar de elementos da cultura popular, Warhol pintou retratos de figuras célebres como Elvis, Mao, Marilyn, Michael Jackson e Pelé, que integram a mostra. A curadoria é de Amber Morgan e Priscyla Gomes.

Andy Warhol: Pop Art!

Quando: de 1º de maio a 30 de junho de 2025, de terça a domingo, das 9h às 20h (com última entrada às 19h)

Onde: Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Alvares Penteado (MAB FAAP) - Rua Alagoas, 903, Higienópolis, São Paulo

Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada) de terça à sexta-feira; R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia-entrada) aos sábados, domingos e feriados

Como comprar: Ingressos já disponíveis no site oficial ou na bilheteria do MAB, sem taxa de conveniência

Livre para todas as idades

Estacionamento no local

O ator Robert de Niro, lenda do cinema americano e duas vezes ganhador do Oscar, receberá uma Palma de Ouro honorária na abertura do 78º Festival de Cannes, em 13 de maio, informaram os organizadores da mostra nesta segunda-feira, 7.

"Há rostos que encarnam a sétima arte e diálogos que marcam para sempre os cinéfilos. Com sua interpretação interiorizada, que aflora na suavidade de um sorriso ou na dureza de um olhar, Robert De Niro se tornou um mito do cinema", destacou a organização em nota à imprensa.

O Festival não apenas premiará a carreira do protagonista de Taxi Driver e A Missão, mas também seu papel como produtor e fundador do Festival TriBeCa, em Nova York, acrescentou o texto.

"Meus sentimentos pelo Festival de Cannes são muito fortes", explicou de Niro, de 81 anos, citado no comunicado.

"Especialmente hoje, quanto tantas coisas no mundo nos separam, Cannes nos reúne: narradores, cineastas, admiradores e amigos. É como voltar para casa", prosseguiu.

De Niro receberá o prêmio na cerimônia de abertura, e no dia seguinte dará uma "masterclass" para o público em Cannes.

A 78ª edição do festival será realizada entre 13 e 24 de maio. A seleção de filmes será revelada na próxima quinta-feira a partir das 11h, horário de Paris (6h de Brasília).

De Niro participou de várias edições do Festival de Cannes e presidiu o júri da mostra francesa em 2011, mas nunca recebeu um prêmio de melhor ator.

Em Hollywood, ganhou o Oscar em duas ocasiões: em 1975, como melhor ator coadjuvante no papel do jovem mafioso Vito Corleone em O Poderoso Chefão II, de Francis Ford Coppola; e em 1981, como melhor ator pela interpretação de um lutador de boxe em Touro Indomável, de Martin Scorsese.

De Niro nasceu em agosto de 1943, em Little Italy, bairro de Nova York, filho de pais artistas e imigrantes europeus. Americano de nascimento, obteve a cidadania italiana em 2006.

Cresceu em um ambiente boêmio e começou a atuar aos 16 anos, inicialmente no teatro. Seu primeiro papel no cinema foi em Festa de Casamento (1969), de Brian de Palma, seguido de Os Cinco de Chicago (1970), de Roger Corman.

Embora tenha interpretado papéis muito variados, de dramas familiares a comédia, sua carreira permanece irremediavelmente ligada à de Martin Scorsese, que tem a propensão de escalá-lo para papéis de mafioso ou vilão, como em Os Bons Companheiros (1990), O Irlandês (2019) e Assassinos da Lua das Flores (2023).