MP-SP pede demissão de diretora da Cetesb que liberou mais de 4 mil licenças

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O Ministério Público de São Paulo entrou com uma ação civil por improbidade contra a engenheira agrônoma Zuleica Maria de Lisboa Perez, diretora de Controle e Licenciamento Ambiental da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cesteb), na esteira concessão de licenças ambientais na pandemia.

A Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social da capital paulista diz que mais de quatro mil autorizações foram liberadas sem vistoria técnica por determinação da diretora, que assumiu o cargo em 2019. A ordem foi justificada como medida para diminuir o número de funcionários presentes nas agências ambientais durante o surto de coronavírus.

"A demandada determinou por sua conta e risco, a todos os seus setores e departamentos subordinados, administrativamente distribuídos em dezenas de agências ambientais localizadas em todo o Estado de São Paulo, a concessão de licenças ambientais sem a realização de qualquer tipo de vistoria prévia. A ordem se referia não apenas para todas as hipóteses de renovação de licença de operação, mas também para os casos de emissão inicial de licença de operação em empreendimentos nunca antes vistoriados", diz um trecho da ação assinada pelo promotor Silvio Antonio Marques nesta segunda-feira, 22.

A ação é resultado de uma investigação aberta ainda no ano passado. No curso do inquérito civil, a Promotoria ouviu a Diretoria Colegiada da Cetesb. O órgão se disse surpreso e esclareceu que jamais aprovou a suspensão das vistorias técnicas, apenas a postergação em casos de renovação para empreendimentos que já tivessem autorização para operar. Informou ainda que Zuleica não tinha competência para, monocraticamente, adotar medida de 'tamanha envergadura'.

O caso foi levado ao Conselho de Administração da companhia que, em setembro, recomendou por unanimidade o afastamento da diretoria por ver indícios de descumprimento às lei de crimes ambientais e de improbidade administrativa bem como violação ao Estatuto dos Servidores do Estado de São Paulo e ao Código de Ética da Cetesb. Zuleica, no entanto, não foi destituída do cargo. Também foi instituída uma força-tarefa para trabalhar nas vistorias prévias indevidamente dispensadas.

Em depoimento, Zuleica disse aos investigadores que agiu pautada pelo cenário de calamidade pública aberto pela pandemia e pontuou que sua intenção foi preservar a vida e a saúde dos funcionários sob sua direção.

No entanto, na avaliação do Mistério Público de São Paulo, a diretora violou os deveres funcionais e éticos, os princípios da legalidade, da moralidade administrativa, da razoabilidade e da proporcionalidade, além de ter cometido ato improbidade administrativa.

"Zuleica Maria de Lisboa Perez, Diretora de controle e licenciamento ambiental da Cetesb, descumpriu de forma dolosa a deliberação da Diretoria colegiada aprovada em 23/3/2020 e, extrapolando por completo os limites de suas atribuições, emitiu ordem interna e geral no dia 24/3/2020 a todos os seus setores e departamentos subordinados autorizando a emissão de licenças ambientais sem a realização de vistoria técnica. A demandada, em suma, infringiu princípios administrativos e normas constantes na Constituição Federal e na Lei n. 8.429/1992, devendo ser condenada pelo mal causado à sociedade", sustenta o MP.

A Promotoria pede que, em um primeiro momento, ela seja afastada do cargo. Em última instância, requer a condenação ao ressarcimento integral de eventual dano ao erário apurado administrativamente, à perda da função pública, à suspensão dos direitos políticos por até cinco anos, ao pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração recebida e à proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios pelo prazo de três anos.

COM A PALAVRA, A CETESB

"A CETESB não foi notificada sobre o ajuizamento da ação. Em 2020, a Companhia encaminhou os esclarecimentos e a documentação solicitados pelo Ministério Público, também iniciou uma auditoria interna para avaliação dos fatos. Além disso, determinou a realização de vistorias técnicas de todas as licenças emitidas no período. Em novembro do mesmo ano, a Companhia respondeu ao ofício nº 2876/20, do MP, que das 5.156 fiscalizações realizadas até aquele momento, 427 resultaram em penalidades de advertência e multa. Esclarece ainda que os trabalhos de fiscalização e auditoria permanecem em andamento. A CETESB também não foi citada sobre uma eventual decisão judicial acerca do afastamento da diretora e segue colaborando com a justiça."

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Xuxa Meneghel fez um desabafo sobre a pressão estética que sofria da TV Globo na época em que apresentava o Xou da Xuxa, entre 1980 e 1990. Segundo a apresentadora, ela era pressionada para não chegar perto dos 60 quilos.

A revelação foi feita durante entrevista ao podcast WOW. Hoje com 62 anos, Xuxa comentou que lembrou da situação durante os bastidores do documentário Pra Sempre Paquitas, lançada em 2024 na Globoplay, mas que isso acabou não aparecendo no filme.

"Revisitando meu passado no documentário das paquitas, eles não colocaram uma coisa que me mandaram para eu ver em que me coloco para baixo, em que vejo uma foto minha nas cartinhas, em que eu falo 'olha como estou gorda, feia'", explicou Xuxa.

A apresentadora continuou: "Uma coisa que era me colocada na época [era] que se eu passasse dos 60 kg [estaria gorda]. Na época, 54 kg foi o normal que eu ficava. Na Globo, meu normal era 54 kg, 55 kg. Se eu fosse para 58 kg, já apertavam as minhas roupas."

Ela explicou que hoje tem boa relação com o próprio corpo, mas que, na época, a ideia de estar gorda caso seu peso aumentasse "era o que ouvia o tempo todo".

"Era uma cobrança muito grande, um negócio cruel. Você não se gostar e querer ficar mais forte ou menos forte, seja o que for, para você se sentir melhor, é uma coisa. Agora fazer isso por um padrão que lhe foi colocado...", completou.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, divulgou nota de pesar pelo falecimento da cantora Cristina Buarque, que morreu neste domingo, 20, aos 74 anos. Segundo Lula, a compositora teve "papel extraordinário" na música brasileira.

"Quero expressar meus profundos sentimentos pelo falecimento de Cristina Buarque. Cantora e compositora talentosa, teve um papel extraordinário na música brasileira ao interpretar as canções de alguns dos mais importantes compositores do samba carioca, ajudando a poesia e o ritmo dos morros do Rio a conquistarem os corações dos brasileiros", escreveu o chefe do Executivo no período da tarde. "Aos seus familiares e ao meu amigo Chico Buarque, deixo minha solidariedade e um forte abraço."

Filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e de Maria Amélia Alvim, Cristina era irmã dos cantores Chico Buarque e Miúcha, e da ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda.

A causa da morte de Cristina não foi divulgada.

A cantora Cristina Buarque morreu neste domingo, 20, aos 74 anos. A informação foi divulgada por Zeca Ferreira, filho da artista, em uma publicação em sua página no Instagram.

Compositora e sambista, Cristina movimentava a Ilha de Paquetá, onde morava, com uma roda de samba. Filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e de Maria Amélia Alvim, Cristina era irmã dos cantores Chico Buarque e Miúcha, e da ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda.

A causa da morte de Cristina não foi divulgada. Nas redes sociais, seu filho prestou uma homenagem à mãe e comentou sobre sua personalidade "avessa aos holofotes".

"Uma vida inteira de amor pelo ofício e pela boa sombra. 'Bom mesmo é o coro', ela dizia, e viveria mesmo feliz a vida escondidinha no meio das vozes não fosse esse faro tão apurado, o amor por revirar as sombras da música brasileira em busca de pequenas pérolas não tocadas pelo sucesso, porque o sucesso, naqueles e nesses tempos, tem um alcance curto", escreveu Zeca, acrescentando que a mãe foi o "ser humano mais íntegro" que já conheceu.

Cristina também foi homenageada pela sobrinha Silvia Buarque. "Minha tia Christina, meu amor. Para sempre comigo", escreveu a atriz em suas redes. A artista deixa cinco filhos.

O bar Bip Bip, tradicional reduto do samba em Copacabana, fez uma publicação lamentando a morte da artista e destacando seu legado: "Formou gerações com suas gravações e repertório, sempre generosa com o material e o conhecimento que acumulou durante anos de rodas de samba."

Carreira

Referência na pesquisa de samba, Cristina gravou seu primeiro álbum, que levou seu nome, em 1974. Na época, a artista ganhou projeção com a interpretação de "Quantas lágrimas", composição do sambista Manacéa.

Segundo o Instituto Memória Musical Brasileira (Immub), a cantora gravou 14 discos ao longo da carreira, sendo o mais recente "Terreiro Grande e Cristina Buarque cantam Candeia", de 2010. Além disso, a artista fez pelo menos 68 participações em discos.

Ao longo da carreira, Cristina foi respeitada não só por sua voz, mas também pela curadoria que fazia de sambas, valorizando artistas como Wilson Batista e Dona Ivone Lara. Portelense e conhecida por sua personalidade peculiar, a compositora recebeu o apelido de "chefia" nas rodas de samba cariocas.