'Urubus no Ar' cria trama sobre poder com ambiente de suspense e interatividade

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Quando se trata de contação de histórias, é muito difícil descobrir, de fato, a origem de uma lenda. E com o teatro de sombras, prática milenar que sempre serviu como entretenimento em vários países do planeta, não é diferente. Mas você já deve ter brincado com a sombra das mãos contra a parede quando era criança e estava entediado ou com os filhos em casa, na penumbra.

"Em um determinado período da minha infância, todas as noites, meu pai me colocava para dormir, me acompanhava até meu quarto e, quando deitava na cama, ele ia até a porta do quarto onde a luz do corredor vazava e de lá projetava sombras com as mãos. Eu tinha de adivinhar o que ele estava fazendo. Quando acabava a energia em casa, as lanternas e velas apareciam em nossas mãos e não tinha como não brincar com sombras e assombrações", recorda a dramaturga Silvia Godoy que, junto com Ronaldo Robles, dirige Urubus no Ar, que estreia nesta segunda, 29.

O espetáculo, online em tempos de pandemia de covid-19, com a participação de Rafael Soares e Charles Krai, que também dão vida aos personagens, traz uma dinâmica repleta de mistérios para o público em formato de teatro de sombras, criando um ambiente de suspense e interatividade.

"O espaço virtual abriu uma janela para o encontro neste período pandêmico. É enorme a falta que o público faz. Precisamos sentir o coração da plateia batendo e a respiração modificando junto com a cena. O público nos dá ritmo, emoção e completa o ritual desta arte do encontro. Nada substituirá as palmas. Ou olhar nos olhos do público. Encontramos uma forma de atenuar essa distância que a pandemia nos impôs através da janelinha virtual", ressalta Robles.

Inspirado no movimento cinematográfico filme noir, Urubus no Ar tem como cenário principal o tribunal de um júri, em que um réu aguarda sua sentença. O caso envolve assassinato, traição, corrupção e farsa, revelando a fraqueza do homem que, na ânsia pelo poder, consegue manipular toda e qualquer situação. "Trata de questões atuais como manipulação da população pelo poder econômico, político, mídia e a corrupção do judiciário. A trama, baseada no filme noir, apresenta um vírus mortal, compra de vacinas, assassinato daqueles que sabem demais, lobistas que influenciam as decisões do governo, mídia manipulando a opinião pública e o sistema judiciário. São elementos da narrativa do cinema noir que sempre estiveram presentes na história da nossa civilização", explica ainda Robles.

Coincidência ou não, o "arquétipo da sombra", teoria com base na Psicologia Analítica, do psiquiatra suíço Carl Jung, trata exatamente do "lado sombrio" da nossa personalidade. Seria o submundo conturbado da nossa psique, em que habitam os sentimentos mais primitivos, como a raiva, o egoísmo e os desejos que socialmente não são aceitos. Consequentemente, conteúdos altamente reprimidos. Porém, como quase tudo na vida de um ser humano, nem sempre é possível guardar esses "segredos" que, por vezes, surgem em comportamentos eticamente duvidosos. Urubus no Ar revela justamente a miséria do coração humano.

O cruzamento de duas histórias dos escritores contemporâneos Micheliny Verunschk, autora dos romances Aqui, no Coração do Inferno (Patuá, 2016) e Nossa Teresa - Vida e Morte de uma Santa Suicida (Patuá, 2014), e Luiz Roberto Guedes, redator publicitário, jornalista, tradutor e letrista de música popular, se dá no tribunal do júri, no qual elementos da atualidade alimentam a imaginação.

Os objetos cênicos ficam distribuídos no espaço, que também recebe música e artes visuais, criando um clima perfeito de filme noir dando ainda mais vida ao teatro de sombras. "Todos os atores estão à vista do público. Toda a operação, desde a sonoplastia, iluminação, manipulação dos bonecos e objetos, estão ali na cena, fazendo parte da narrativa do espetáculo. Assim, revelamos ao público a complexidade da obra e, ao mesmo tempo, permitimos que a plateia faça suas escolhas para onde quer direcionar o olhar e como quer completar sua própria narrativa", afirma Godoy.

Com classificação de 13 anos, Urubus no Ar terá seis apresentações online gratuitas a partir desta segunda até o dia 3 de abril, às 20h, pelo canal do YouTube da Cia Quase Cinema. O grupo já participou de festivais na Alemanha, Macedônia e fez apresentações em campos de refugiados na Grécia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Neste sábado, 3 de maio de 2025, a Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, será palco de um dos maiores shows da carreira de Lady Gaga. A cantora retorna ao Brasil após sete anos e traz ao país sua turnê mundial “Mayhem”, com um espetáculo gratuito que promete reunir até 2 milhões de pessoas.

O evento integra o projeto “Todo Mundo no Rio”, uma iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro em parceria com a produtora Bonus Track, que visa consolidar o mês de maio como um período de grandes celebrações culturais na cidade. Inspirado pelo sucesso do show de Madonna em 2024, que atraiu 1,6 milhão de pessoas, o projeto busca transformar a orla de Copacabana em um palco para grandes atrações musicais internacionais. 

Lady Gaga, que havia cancelado sua apresentação no Rock in Rio em 2017 devido a problemas de saúde, expressou entusiasmo por retornar ao país. A cantora, que lançou seu oitavo álbum de estúdio, “Mayhem”, em março deste ano, promete um espetáculo visualmente deslumbrante, com coreografias elaboradas e uma produção que dialoga com a energia única do Rio de Janeiro.

A expectativa é que o show movimente significativamente a economia local. Segundo dados da Booking.com e da Decolar, houve um aumento expressivo na procura por hospedagens e passagens aéreas para o Rio de Janeiro entre os dias 1º e 4 de maio, em comparação com o mesmo período do ano anterior. 

O espetáculo será transmitido ao vivo pela TV Globo, Globoplay e Multishow, permitindo que fãs de todo o mundo acompanhem esse evento histórico.

Para aqueles que desejam participar presencialmente, é recomendável chegar cedo, pois o evento será realizado por ordem de chegada. A organização do evento orienta os participantes a se prepararem para um dia de muita música, emoção e, claro, a energia contagiante de Lady Gaga.

Prepare-se para uma noite inesquecível na orla carioca. Lady Gaga está de volta ao Rio de Janeiro, e a festa promete ser épica!

Nana Caymmi foi casada com Gilberto Gil por dois anos, entre 1967 e 1969. Uma das mais importantes cantoras brasileiras, ela morreu nesta quinta-feira, 1º, aos 84 anos, em decorrência de problemas cardíacos.

O relacionamento com o cantor começou após o retorno de Nana da Venezuela, onde morou com o médico Gilberto José, com quem foi casada e teve duas filhas, Stella e Denise. Separada, ela retornou ao Brasil e começou o namoro com Gil.

Naquele período, Nana enfrentava o preconceito do pai, Dorival Caymmi, por ter se separado e tentava emplacar algum sucesso na música brasileira. Ela chegou a vencer o Festival Internacional da Canção (TV Globo), interpretando a canção Saveiros, composta pelo irmão, Dori, mas foi vaiada ao ser anunciada a vencedora da competição.

Gil e Nana se separaram quando o cantor foi passar um período em exílio em Londres, por conta da ditadura militar. Os dois escreveram juntos a canção Bom Dia, que Nana apresentou no III Festival de Música Popular Brasileira, na TV Record, em 1967.

O corpo da cantora Nana Caymmi será velado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro nesta sexta-feira, 2, a partir das 8h30. O enterro ocorrerá às 14h, no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo.

Uma das principais cantoras do Brasil, Nana morreu na noite desta quinta-feira, 1º, aos 84 anos, depois de ficar nove meses internada na Casa de Saúde São José, no Rio, para tratar uma arritmia cardíaca. De acordo com nota divulgada pelo hospital, a causa da morte de Nana foi a disfunção de múltiplos órgãos.

Ao Estadão, o irmão de Nana, o músico e compositor Danilo Caymmi, afirmou que, além da implantação de um marcapasso para corrigir a arritmia cardíaca, Nana apresentava desconforto respiratório e passava por hemodiálise diariamente. Nana também sofria de um quadro de osteomielite, uma infecção nos ossos, que lhe causava muitas dores. Segundo ele, Nana esteve lúcida por todo o tempo, mas, no dia 30 de abril, entrou em choque séptico.

Filha do compositor Dorival Caymmi, Nana começou a carreira no início dos anos 1960, ao lado do pai. Após se afastar da vida artística para se casar - ela teve três filhos, Stella, Denise e João Gilberto -, Nana retomou a carreira ainda na década de 1960, incentivada pelo irmão Dori Caymmi.

Nos anos 1970 e 1980, gravou os principais compositores da música brasileira, como Milton Nascimento, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Sueli Costa, Ivan Lins, João Donato e Dona Ivone Lara.

Em 1998, conheceu a consagração popular ao ter o bolero Resposta ao Tempo, de Aldir Blanc e Cristóvão Bastos, incluído como tema de abertura da minissérie Hilda Furacão, da TV Globo.

Nana gravou discos regularmente até 2020, quando lançou seu último trabalho, o álbum Nana, Tom, Vinicius, só com canções de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.