Defensoria pede que Shopping Higienópolis pague R$ 759 mil a adolescente vítima de racismo

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A Defensoria Pública de São Paulo pediu uma indenização por danos morais no valor de R$ 759 mil em favor de um adolescente vítima de racismo no Shopping Pátio Higienópolis, localizado na região central da capital paulista. O Estadão tenta contato com o Shopping Higienópolis.

O caso aconteceu em abril de 2025, quando o jovem, estudante bolsista de uma escola particular, estava na praça de alimentação do shopping com colegas e foi abordado de forma discriminatória por uma funcionária terceirizada do estabelecimento. À época, o estabelecimento lamentou o ocorrido.

Segundo relatos, a funcionária questionou se ele e outro colega negro estavam incomodando ou pedindo dinheiro à amiga branca que os acompanhava. O episódio, presenciado por professores e colegas, causou grande constrangimento, abalo psicológico e afetou profundamente a autoestima do adolescente e seu rendimento escolar.

Na ação, a Defensoria destaca que o caso não é isolado, apontando que o mesmo shopping já foi palco de outros episódios de racismo, que ensejaram recomendações, por parte da Defensoria, de ações visando coibir práticas racistas. Tais recomendações, no entanto, foram negadas.

"Os reflexos do racismo na vida e saúde da população preta são profundos e, muitas das vezes, insuperáveis. Estar exposto sistematicamente a situações de segregação e degradação, a exemplo de ser acusado de estar importunando uma colega, somente pela sua cor de pele, pode ocasionar severos danos psicológicos e emocionais, em especial quando a vítima é criança ou adolescente", apontaram as Defensoras Públicas Gabriele Estábile Bezerra e Ligia Mafei Guidi e os Defensores Vinicius Conceição Silva Silva e Gustavo Samuel da Silva Santos, que atuam no caso.

Além da indenização, a Defensoria também pede que o Shopping Pátio Higienópolis e a empresa terceirizada envolvida no caso ofereçam ao adolescente acompanhamento médico e psicológico gratuito, por profissional com formação antirracista, pelo tempo necessário para sua recuperação, e bolsa permanente para garantir a continuidade dos estudos, incluindo alimentação, transporte, reforço escolar e apoio para atividades esportivas.

Pede, ainda, que lhe sejam formal e publicamente prestadas desculpas, a ser publicada no Diário Oficial do Estado e em jornal de grande circulação.

Segundo os defensores, o objetivo da ação é "não apenas reparar o dano sofrido, mas também chamar a atenção para a necessidade de combater o racismo em todos os espaços, garantindo respeito, dignidade e igualdade de oportunidades para todas as crianças e adolescentes."

Shopping tem histórico de denúncias de racismo

Em 2021, o centro comercial chegou a firmar Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público de São Paulo para treinar suas equipes quanto à abordagem de menores de idade em situação de vulnerabilidade social e desacompanhados.

Um caso em 2017 também gerou repercussão após ser denunciado pelo artista plástico Enio Squeff. Ele relatou que foi abordado por um segurança enquanto jantava com o filho, na época com 7 anos. "Viu uma criança negra e imediatamente assumiu que se tratava de um pedinte", contou o pai ao Estadão.

No ano seguinte, o auxiliar administrativo Anderson Nascimento relatou que seu filho, então com 14 anos, teria sido discriminado por um segurança. O homem teria mandado o garoto tirar as mãos dos bolsos.

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Foram divulgados na última quarta-feira, 22, os vencedores do Edital Natura Musical. Com quase três mil inscritos, 20 projetos serão contemplados com o patrocínio da marca para o próximo ano. Entre os destaques estão nomes como Hermeto Pascoal (1936-2025), Alaíde Costa, Luedji Luna e Teresa Cristina.

Hermeto ganhará um álbum em sua homenagem. Ele será celebrado com a gravação da peça Sinfonia em Quadrinhos, que completa 40 anos em 2026, realizada em parceria da Big Band, que o acompanhava, com a Orquestra Jovem Tom Jobim.

Alaíde Costa, prestes a completar 90 anos, encerrará a trilogia de discos iniciada com O Que Meus Calos Dizem Sobre Mim (2022) e E o Tempo Agora Quer Voar (2024), ambos produzidos por Emicida, Marcus Preto e Pupillo.

Já Luedji Luna ganhará um projeto que prevê a turnê nacional dos álbuns Um Mar Pra Cada Um e Antes Que a Terra Acabe. Teresa Cristina, por sua vez, fará a gravação de seu primeiro álbum de inéditas com canções assinadas por ela ou em parceria com grandes nomes da música brasileira.

A curadoria do Edital Natura Musical é assinada pelos cantores Fernanda Takai, Rincon Sapiência e Patrícia Bastos; os jornalistas Adriana Couto e Ariel Fagundes; os produtores Barro, Gustavo Ruiz e Rafa Dias; e a diretora da Altafonte Brasil Mônica Brandão.

Paula Proença Castela Ribeiro, prima de Ana Castela, morreu aos 36 anos nesta quinta-feira, 23, em Cuiabá. A notícia foi divulgada pela igreja que Paula frequentava. Ela era advogada e estava grávida. A causa da morte não foi revelada e ainda não se sabe o estado de saúde do bebê.

Na quarta-feira, 22, a cantora sertaneja usou as redes sociais para pedir doações de sangue para ela. "Ela tá gravidinha, então, obrigada a cada um de vocês", disse.

A Organização dos Advogados do Brasil, em Mato Grosso, divulgou uma nota sobre a morte dizendo que Paula deixa "deixa esposo, filhos e familiares profundamente tristes com esta perda irreparável".

Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, livro de Carolina Maria de Jesus considerado entre os mais importantes da literatura brasileira, vai ganhar um filme. A obra será dirigida por Jeferson De (M8 - Quando a Morte socorre a Vida), com roteiro de Maíra Oliveira (Papai é Pop) e produção de Clélia Bessa.

O elenco e a equipe de produção do longa, que recebeu o título provisório de Carolina - Quarto de Despejo, se reuniram nesta semana para a leitura do roteiro, e as filmagens já começam no dia 1º de novembro, no Rio de Janeiro. A atriz Maria Gal (Câncer com Ascendente em Virgem) será a protagonista, interpretando Carolina, mulher negra que relatou seu cotidiano como catadora de lixo da favela do Canindé, na periferia de São Paulo, entre os anos de 1955 e 1960. Raphael Logam, Fábio Assunção, Thawan Lucas e Clayton Nascimento também integram o elenco.

O livro Quarto de Despejo reproduz o diário de Carolina Maria de Jesus, em que ela narra com força poética a vida na periferia e o sofrimento e a angústia mediante as dificuldades e a rotina de fome. Na época, final dos anos 50, ela vivia no Canindé com seus três filhos quando foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas. Trabalhava como catadora e escrevia todos os dias em seu diário, intercalando com criações que iam de contos a poemas.

Assim que lançado, o livro obteve sucesso astronômico. Com apenas dois anos de educação formal, Carolina conquistou o País, vendeu mais de um milhão de exemplares e teve sua obra traduzida para 14 idiomas. Ela morreu em 1977, aos 64 anos, vítima de bronquite asmática.

De acordo com comunicado enviado à imprensa, a produção pretende revelar não apenas as dificuldades enfrentadas por Carolina e seus filhos, mas também sua genialidade, coragem e paixão pela escrita, que transformaram sua experiência em um poderoso testemunho de resistência. Por enquanto ainda não há previsão de lançamento.