Morre cineasta francês Bertrand Tavernier aos 79 anos

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Morreu nesta quinta-feira, 25, aos 79 anos, o cineasta francês Bertrand Tavernier, autor de filmes como Round Midnight (Por Volta de Meia-Noite), A Isca e Lei 627. O anúncio da morte foi feito pelo Instituto Lumière, de Lyon, que foi dirigido por ele.

Como alguns de seus colegas, Tavernier entrou no mundo do cinema pela via da crítica. Escreveu em publicações como Cahiers du Cinéma, Positif, Combat, Lettres Françaises, entre outros. É autor de livros, alguns de referência, como Trinta Anos de Cinema Americano (em parceria com Jean-Pierre Coursodon), um tijolo de mais de 1200 páginas, considerado na França a bíblia sobre o assunto. Admirador do cinema B norte-americano, foi assistente de direção de Jean-Pierre Melville. Estreou como diretor com o episódio Les Baisers (Os Beijos), em 1964. A partir de então, deu início a uma filmografia bastante consistente, com ênfase num cinema narrativo sólido e bem trabalhado.

Amante do jazz, tornou-se mundialmente conhecido por Round Midnight (Por Volta da Meia-Noite, 1986). Apesar de adotar o título de uma composição clássica de Thelonious Monk, a história é uma homenagem indireta a Charlie Parker, o gênio do bebop. Um saxofonista de verdade, Dexter Gordon, interpreta o personagem fictício Dale Turner que, na década de 1950, muda-se para Paris em busca de um pouco de paz e um público fiel. Um fã (François Cluzet) tenta fazer seu ídolo sobreviver ao alcoolismo e outros aditivos. O filme é maravilhoso pela intensidade, história comovente e, também, claro, pela música. A trilha (premiada com o Oscar) é de Herbie Hancock. Dexter Gordon nunca havia trabalhado antes como ator, o que parece inacreditável, tamanha a credibilidade que imprime ao papel.

Apesar do interesse por temas americanos (ele rodou, antes de Round Midnight, o documentário Mississipi Blues), o foco maior de Tavernier foi a França e sua história. Eclético, filmou de Simenon (L'Horloger de Saint-Paul, 1972, seu primeiro longa) ao diálogo com Dumas de A Filha de D'Artagnan (1994), alusivo ao famoso mosqueteiro gascão. Homenageou o grande Jean Renoir de Une Partie de Campagne com seu Um Sonho de Domingo (1984). Debruçou-se sobre um crime célebre em Le Juge et L'assassin (1976). Em Lei 627 (1992), que esteve aqui em cartaz na Mostra de São Paulo, desce aos porões do tráfico de drogas sob o olhar de um policial tão obstinado e fanático quanto o Javert de Os Miseráveis. Tentou também a ficção científica com A Morte ao Vivo (1980).

Em 1995, a carreira de Tavernier encontrou talvez o seu ápice com o Urso de Ouro concedido pelo Festival de Berlim ao seu A Isca. O filme concorreu também no Festival de Gramado, com prêmio de melhor atriz para Marie Gillain. Ela faz uma garota que, junto com dois amigos, vive de golpes aplicados em incautos. Tensa, bem trabalhada e fluida, a obra foi considerada um comentário cáustico sobre o materialismo e a amoralidade dos tempos contemporâneos.

Bastante diversa nos assuntos tratados, a obra de Tavernier parece convergir na crítica aos desajustes da civilização contemporânea, violenta, excludente, racista. É um cinema que, em seus melhores momentos, alcança aquele tipo de crueza que não exclui o olhar terno voltado aos personagens.

Fiel à sua dupla persona de realizador e historiador, Tavernier finaliza sua carreira com o documentário Viagem Através do Cinema Francês (Voyage à travers le cinéma français), de 2016. Trata-se da panorâmica sobre uma cinematografia, a exemplo do que fizeram Martin Scorsese (sobre o cinema norte-americano e italiano) e Marc Cousins (uma série sobre o cinema mundial, outra sobre o cinema de mulheres).

Mas há uma diferença, sutil, inscrita nas entrelinhas do filme de Tavernier. Necessariamente abrangente, Viagem Através do Cinema Francês, mostra empenho em resgatar uma parte da cinematografia francesa demonizada à época da nouvelle vague. Resgata do limbo aqueles velhos autores detonados pelos "jovens turcos" do Cahiers du Cinéma e mostra como as obras de Jean Delannoy, Claude Autant-Lara e Henri-George Clouzot encontram seu lugar numa história mais completa e generosa do cinema francês. Um belo epílogo de trajetória e também um legado à cinematografia que o consagrou.

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Um ônibus que transportava o cantor Ferrugem e sua equipe se envolveu em um acidente de trânsito na manhã deste domingo, 20, na região de Porto Alegre. Ninguém ficou ferido.

Na noite anterior, o artista havia se apresentado no festival Festimar, na cidade de Rio Grande, no litoral gaúcho.

Segundo comunicado divulgado pela empresa responsável pelo veículo, o acidente ocorreu por volta das 6h45 da manhã na BR-290, próximo à Ponte do Guaíba, que liga a capital ao interior do Estado.

Ferrugem falou sobre o ocorrido em suas redes sociais, compartilhando uma foto da frente do ônibus com os vidros estilhaçados. "Livramento! Um senhor acidente, mas graças a Deus todos estão bem", escreveu.

Mais tarde, gravou um vídeo explicando o acidente: "Destruiu tudo ali, a frente do ônibus, a porta foi arrancada, mas, graças a Deus, ninguém se machucou. Todo mundo bem, todo mundo inteiro."

O cantor também esclareceu que o acidente não atrapalharia o show que fará na noite deste domingo, 20, em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro.

Durante a tarde, ele mostrou que estava almoçando com a família antes de se encaminhar para a apresentação.

Em nota, a Mônica Turismo, responsável pelo ônibus, disse que os danos do acidente foram apenas materiais.

"A empresa imediatamente solicitou a substituição do veículo, mas não houve necessidade, a equipe preferiu ir até o aeroporto com o mesmo veículo para evitar atrasos", diz o comunicado.

Xuxa Meneghel fez um desabafo sobre a pressão estética que sofria da TV Globo na época em que apresentava o Xou da Xuxa, entre 1980 e 1990. Segundo a apresentadora, ela era pressionada para não chegar perto dos 60 quilos.

A revelação foi feita durante entrevista ao podcast WOW. Hoje com 62 anos, Xuxa comentou que lembrou da situação durante os bastidores do documentário Pra Sempre Paquitas, lançada em 2024 na Globoplay, mas que isso acabou não aparecendo no filme.

"Revisitando meu passado no documentário das paquitas, eles não colocaram uma coisa que me mandaram para eu ver em que me coloco para baixo, em que vejo uma foto minha nas cartinhas, em que eu falo 'olha como estou gorda, feia'", explicou Xuxa.

A apresentadora continuou: "Uma coisa que era me colocada na época [era] que se eu passasse dos 60 kg [estaria gorda]. Na época, 54 kg foi o normal que eu ficava. Na Globo, meu normal era 54 kg, 55 kg. Se eu fosse para 58 kg, já apertavam as minhas roupas."

Ela explicou que hoje tem boa relação com o próprio corpo, mas que, na época, a ideia de estar gorda caso seu peso aumentasse "era o que ouvia o tempo todo".

"Era uma cobrança muito grande, um negócio cruel. Você não se gostar e querer ficar mais forte ou menos forte, seja o que for, para você se sentir melhor, é uma coisa. Agora fazer isso por um padrão que lhe foi colocado...", completou.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, divulgou nota de pesar pelo falecimento da cantora Cristina Buarque, que morreu neste domingo, 20, aos 74 anos. Segundo Lula, a compositora teve "papel extraordinário" na música brasileira.

"Quero expressar meus profundos sentimentos pelo falecimento de Cristina Buarque. Cantora e compositora talentosa, teve um papel extraordinário na música brasileira ao interpretar as canções de alguns dos mais importantes compositores do samba carioca, ajudando a poesia e o ritmo dos morros do Rio a conquistarem os corações dos brasileiros", escreveu o chefe do Executivo no período da tarde. "Aos seus familiares e ao meu amigo Chico Buarque, deixo minha solidariedade e um forte abraço."

Filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e de Maria Amélia Alvim, Cristina era irmã dos cantores Chico Buarque e Miúcha, e da ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda.

A causa da morte de Cristina não foi divulgada.