Uma nova forma de venda de arte na web pode mudar tudo

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São três letras que, segundo uma corrente cada vez mais forte do setor de produção artística alinhada à tecnologia, podem abrir as portas do novo mundo. Uma transformação no relacionamento entre fãs e artistas, ou consumidores e produtores de arte, que estabelece uma forma direta de remuneração a quem vende e um novo conceito de propriedade a quem compra. A sigla NFT significa "tokens não fungíveis". Token é o nome do registro de um ativo em formato digital, um investimento no impalpável universo da web. "Não fungíveis" seria não perecíveis, mas, aqui, é também incontestáveis e originais. Uma música, uma camiseta, uma foto, um texto - todos podem ser vendidos como NFTs. Mas não só, e assim a coisa ganha uma dimensão cósmica: a linha de baixo de uma música, uma selfie, um par de tênis, o cadarço deste tênis ou uma frase escrita em um tweet. Qualquer coisa pode passar a ter valor no mundo dos NFTs.

Os negócios, feitos sem intermediários entre vendedor e comprador, mostram que existe demanda disposta a pagar caro por NFTs, mesmo sendo esse um universo conhecido por bolhas fadadas à evaporação. O produtor de música eletrônica canadense Jacques Greene, de 31 anos, baseado em Toronto, vendeu os direitos de seu single Promise com uma animação bônus por US$ 20 mil. Seu colega de produções também eletrônicas, Justin David Blau, o 3Lau, 30 anos, um ex-estudante de finanças na Washington University em St. Louis, foi mais agressivo e ofereceu 33 NFTs. Apenas por uma faixa remixada, ele faturou a bíblica cifra de US$ 3.666.666. Ou seja, mais de três milhões e meio de dólares. E a banda de rock de Nashville Kings of Leon fez um bom cascalho extra ao aproveitar o lançamento do álbum When You See Yourself para colocar bônus oferecidos como NFTs. Vinte e cinco peças exclusivas, como um vinil de edição única e a chance de ganhar uma das seis experiências ao vivo para a próxima turnê, seja lá quando ela for realizada. Bons negócios se ninguém soubesse que o artista Beeple vendeu, no início do mês, uma coleção de arte em NFT por US$ 69,3 milhões. Quase R$ 405 milhões.

Ainda que algumas iniciativas incluam produtos físicos, o forte da lógica NFT não é o palpável. E é aí que está, para seus entusiastas, o prenúncio da revolução. Quem comprou a música Promise, de Greene, não necessariamente comprou seus direitos autorais (que, na versão mais simples do NFT, seguem sendo do artista ou de uma editora) nem o fonograma (ou seja, a gravação, que permanece sendo do artista ou de uma gravadora). Assim como também não adquiriu exclusividade da audição. A música Promise segue disponível no Spotify, livre aos clientes da plataforma e pagando suas parcas porcentagens aos autores. Então, quem compra um NFT compra exatamente o quê?

A resposta não é única porque tudo está em aberto e há vários acordos possíveis a quem coloca seus produtos nas plataformas de venda, os marketplaces. Uma canção, para ficarmos na música, pode ser comprada sem garantir ao cliente nenhuma participação em futuros lucros. Aqui, o comportamento do comprador pode ser definido, ainda que de forma superficial, como pura e simples ostentação. Isso porque os nomes dos proprietários e suas respectivas aquisições ficam listados no blockchain, uma espécie de livro-registro digital de natureza inviolável. Para alguns, e agora tente não pensar com a sua própria cabeça se você nasceu antes de 2000, aparecer como dono de uma produção do DJ Greene significa estar no topo do mundo. "É o mesmo pensamento que um dia foi dos colecionadores. O que essas pessoas compram é sentimento da escassez. No mundo em que tudo é reproduzido infinitamente, o escasso e o original voltaram a ganhar valor", diz Arthur Deucher Figueiredo, advogado com base em Los Angeles, mestre em Direito e Política da Mídia, Entretenimento e Tecnologia pela Universidade da Califórnia.

Mas a ostentação está apenas na superfície. Logo abaixo estão os investidores do meio digital, profissionais ou fãs mais atentos que compram algo aparentemente prosaico para que o tempo o torne uma relíquia. Ele faria assim a revenda de seu NFT, um giro que só será testado quando houver tempo histórico suficiente para isso. Um outro tipo de contrato mais aprimorado, e de valor mais alto, pode garantir a quem compra a participação no recebimento de royalties (direitos autorais) por execução nas plataformas de streaming. Assim, o valor de um NFT de Roberto Carlos, se é que um dia o negócio venha a ser seguro a ponto de atrair o perfil de artistas conservadores, pode romper a estratosfera no dia seguinte a um fato histórico, uma efeméride ou, como no velho capitalismo sem coração, à sua morte.

No Brasil

André Abujamra é o primeiro nome da música no Brasil a estudar e aplicar os conceitos do sistema NFT em sua produção. "Vou abrir uma gravadora para lançamentos em NFT." Sua definição do negócio: "É como começar uma vida nova em um planeta nunca visitado. Vai mudar o prumo do universo".

Abujamra fez suas primeiras vendas aliado ao artista plástico Uno de Oliveira. Uma de suas obras, a ilustração animada Coélhek, que mostra a dramática imagem de um jovem de uma comunidade do Rio com um coração pulsante, foi arrematada por uma colecionadora canadense por algo como US$ 3,2 mil na moeda corrente do meio das NFTs, a criptomoeda ethereum. "Já vendemos cinco criptoartes." Ele conta que teve a ideia, na noite anterior à entrevista com o Estadão, de criar uma música de 5 minutos para vender como NFT, mas que fará isso por partes. "Penso em vendê-la separada, de 3 em 3 segundos, a um preço equivalente a R$ 5 cada partícula." Ouviu então do repórter que poderia deixar que o comprador usasse as partículas para que ele mesmo desse os caminhos da composição, e levou a sério: "Cara, é lindo. Está vendo como funciona?".

As primeiras artistas brasileiras do mundo pop a testar os NFTs serão a cantora Urias, que anunciou uma colaboração artística também com Uno, já candidato a ser o primeiro criptopopstar do País, na tarde de terça, 30. Serão três obras com edições limitadas e uma edição única com a imagem e a música de Urias e a arte de Uno. A cantora Pabllo Vittar também anunciou na segunda-feira, 29, por meio de seu Twitter, que passaria a desbravar o novo mercado.

Cautelas

As coisas não parecem tão promissoras para Maurício Bussab, executivo da Tratore, considerada a maior distribuidora digital de música independente do País. "Não acredito que seja um modelo tão bom a ponto de substituir o streaming. Afinal, o que compra alguém que está comprando uma música ali? No momento da compra, nada. Você só ganha o direito de contar vantagem." Seus interesses no horizonte digital estão mais voltados não para os NFTs, mas para a lógica dos blockchains, os guardiões de registros dos proprietários e das obras originais. "Isso traz de volta o conceito de originalidade e fornece algo que pode ser usado sim pelo mercado da música: a remuneração dos artistas sem intermediários e de forma segura e inviolável, enviando os pagamentos imediatamente, no momento das vendas." O assunto quente será tratado em uma live em que estarão Bussab e Abujamra, com suas visões particulares, no dia 8 de abril, às 15h30, no Facebook da Tratore.

Ao meio jurídico relacionado aos direitos de autor, resta aguardar o tamanho que de fato pode se tornar a onda das NFTs enquanto as primeiras perguntas de ordem legal começam a incomodar. "Ainda não existe consenso jurídico claro com relação às NFTs. As autorizações legais vão depender das formas que ele assumir. Um audiovisual, por exemplo, exige licença sincronizada entre letra (editora), música (gravadora) e imagem", diz o especialista Deucher Figueiredo, de Los Angeles. Por ora, ele faz um alerta aos artistas: "Eles vão precisar lutar para manter seus controles autorais. As gravadoras certamente vão querer incluir cláusulas ao contrato para ganharem fatias dos negócios em NFTs. É preciso haver entendimento entre as partes".

Aos mais afoitos, a lógica dos NFTs, mesmo sem que se saiba ainda com clareza o que de fato um fã busca quando resolve comprar um bem assim, dá sinais de não estar disposta a perdoar possíveis aventuras aleatórias. Uma das frases ditas entre os compradores tem sido: "Não há segunda chance". Ou seja: um primeiro fracasso de vendas tem feito com que todas as tentativas seguintes de um artista sejam desvalorizadas. Nunca há clareza nas eras de transição.

GLOSSÁRIO

NFT

É a sigla em inglês para 'tolkien não fungível', o objeto da compra que pode ser uma música, uma roupa e, em suma, qualquer coisa

Blockchain

É o 'livro registro' virtual e inviolável, no qual as obras e seus donos ficam registrados

Criptomoedas

São as moedas correntes nos negócios virtuais. Uma das mais usadas nas vendas de NFTs não são as mais comuns, os bitcoins, mas as ethereums

Criptoarte

As artes visuais contemporâneas vendidas como NFTs

Marketplaces

São sites nos quais é possível comprar obras de arte NFTs. Um dos maiores é o OpenSea

Criptoartista

O recorde de venda é do criptoartista Beeple, que ganhou US$ 69,3 milhões no leilão de uma arte digital, em 10 de março

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A produtora 3LM Entretenimento anunciou nesta quinta-feira, 9, o cancelamento de quatro shows da turnê Acústico 20 Anos, da banda Ira!, nas cidades de Caxias do Sul, Jaraguá do Sul, Blumenau e Pelotas.

Segundo a empresa, a motivação foram os diversos pedidos de cancelamento de ingressos adquiridos e desistência de patrocinadores para as apresentações nestas cidades, após polêmica envolvendo o cantor Nasi ocorrida em show do grupo em Contagem, no dia 29 de março.

O Estadão solicitou um posicionamento por meio da assessoria do artista sobre os cancelamentos, mas não obteve retorno até o momento.

Na ocasião, segundo relato publicado no X, antigo Twitter, um grupo da plateia começou a vaiar em direção ao palco após Nasi gritar "sem anistia!", manifestando-se em relação aos ataques antidemocráticos ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023. Diante disso, o vocalista declarou que muitas pessoas vão aos shows sem que entendam o posicionamento do grupo, e pediu para que essas pessoas se retirassem.

"A vocês que estão vaiando, eu vou falar uma coisa para vocês. Tem gente que acompanha o Ira! mas que nunca entendeu o Ira!. Tem gente que acompanha a gente e é reacionário, tem gente que acompanha o Ira! e é bolsonarista. Isso não tem nada a ver, gente. Por favor, vão embora, vão embora da nossa vida! Vão embora e nunca mais voltem em show, não comprem nossos discos, não apareçam mais. É um pedido que eu faço", disse o artista de 63 anos.

Pouco mais de um ano depois de deixar a direção de Pânico 7, Christopher Landon explicou sua decisão de se demitir da produção. Em entrevista à Vanity Fair, o cineasta afirmou que recebeu uma série de ameaças à sua vida e à de sua família após a demissão de Melissa Barrera, desligada do filme por criticar as ações de Israel contra a Palestina.

"Eu não a demiti", reforçou Landon na entrevista. "Muita gente acha que teve dedo meu na decisão, mas não foi por minha causa. Não tinha nenhum controle sobre a situação. Acho que na falta de pessoas que entendam como Hollywood funciona, fãs pensaram 'foi esse cara' e vieram para cima de mim com facas nas mãos."

A situação se agravou ao longo de novembro de 2023, quando Landon começou a receber mensagens ameaçando ele e sua família - ele é casado com Cody Morris, com quem tem dois filhos de cinco e oito anos de idade. "O FBI se envolveu [no caso]. Recebia mensagens falando 'vou encontrar seus filhos e matá-los porque você apoia a morte de crianças. A segurança de vários estúdios e o FBI tiveram que analisar as ameaças. Foi muito agressivo e assustador."

Landon lembra que o estúdio tentou mantê-lo no projeto mesmo após as saídas de Barrero e Jenna Ortega, que deixou o projeto em apoio à colega. "A quantidade de abuso com a qual eu tive que lidar - decidi que não queria continuar assim. Para mim, não valia a pena."

"No meio de todo aquele caos, eu fiquei de luto pela perda de um dos meus trabalhos dos sonhos", seguiu o cineasta. "Passei por todas as fases [do luto] - fiquei chocado, triste e então fiquei bravo. [Queria] fazer parte deste legado. Foi muito difícil desistir", concluiu, dizendo que só agora sente que consegue falar sobre o assunto.

Barrera foi demitida de Pânico 7 pela Spyglass em novembro de 2023, após acusar Israel de "genocídio e limpeza étnica" pelos ataques do país ao povo palestino em retaliação ao atentado do Hamas em 7 de outubro. Um dia depois, o estúdio anunciou a saída de Ortega do filme, afirmando "problemas de agenda".

Recentemente, Ortega negou que conflitos de calendário tenham feito ela deixar Pânico 7, reiterando que largou a produção por causa da demissão de Barrera. "Não teve nada a ver com agenda ou salário", disse a atriz ao The Cut. "As coisas com a Melissa estavam acontecendo e tudo estava desmoronando. Se Pânico 7 não fosse com os diretores [Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett] e com as pessoas por quem eu me apaixonei, parecia não ser a melhor coisa para a minha carreira naquele momento."

Pânico 7 tem estreia marcada para fevereiro de 2026, agora sob direção de Kevin Williamson, roteirista do filme original de Wes Craven. O elenco conta com o retorno de Neve Campbell, intérprete da protagonista Sidney Prescott, que ficou de fora do sexto longa.

Gracyanne Barbosa, ex-participante do BBB 25, contou na tarde desta quarta-feira, 9, que está tendo dificuldade em retomar os treinos pesados após o confinamento. No reality, a musa fazia exercícios todos os dias, mas não na mesma intensidade na qual está acostumada. Em sua rede social, a musa escreveu que está sendo muito desafiador voltar a treinar e não lembrava como era sentir essa dor.

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Ela continuou o relato: "É o meu primeiro treino de glúteo de verdade, que consegui colocar um pouco mais de carga e com menos descanso, mas está insuportável".

A musa também lembrou os apertos para tomar banho no confinamento. "Além da dificuldade de tomar banho de biquíni, que parecia que não limpava direito, também não podia tomar vários banhos. Só pode tomar um banho por dia e tem dia que não dá para lavar a cabeça, como quando tá no Tá Com Nada", lembrou.

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