PM que baleou e matou campeão de jiu-jitsu Leandro Lo deixa presídio militar após ser absolvido

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O policial militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, acusado de matar o campeão mundial de jiu-jitsu Leandro Lo em agosto de 2022, foi solto neste sábado, 15. Ele estava no presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital.

Na noite desta sexta, 14, Velozo foi absolvido pelo tribunal do Júri. O julgamento, iniciado na quarta-feira, 12, no Fórum Criminal da Barra Funda, terminou com os jurados acolhendo a tese de legítima defesa apresentada pelos advogados do tenente.

Leandro Lo foi baleado na cabeça aos 33 anos, durante um show no Clube Sírio, na zona sul da capital, na madrugada de 7 de agosto de 2022, e morreu horas depois.

Em nota, a defesa de Velozo afirmou que durante o julgamento destacou provas que demonstravam que o policial se defendeu do lutador e apontou contradições nos depoimentos das testemunhas.

"Leandro Lo foi um grande campeão e isso precisa ser reconhecido. Mas também é necessário reconhecer que, infelizmente, ele foi o responsável por essa tragédia", afirmou Claudio Dalledone, advogado de Velozo. "Com a absolvição, o tenente Henrique Velozo deixa o plenário como integrante da Polícia Militar e inocente das acusações que pesavam contra ele", concluiu.

Velozo era acusado de matar Leandro Lo com um tiro na cabeça. O crime aconteceu após um desentendimento entre os dois, durante um show no Clube Sírio. Na reconstituição do crime, testemunhas contaram que o policial militar foi imobilizado pelo lutador durante uma discussão, mas atirou contra o atleta assim que foi solto e depois fugiu.

O PM chegou a ser excluído do quadro da PM após decisão do Tribunal de Justiça Militar (TJM). Na Justiça comum, o Ministério Público o denunciou por homicídio triplamente qualificado, com qualificadores motivo torpe, emprego de meio insidioso ou cruel e traição ou emboscada. A denúncia foi aceita e Velozo se tornou réu.

Em setembro deste ano, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) oficializou a sua demissão da corporação em publicação no Diário Oficial.

Em outubro, porém, a Justiça de São Paulo, por meio de uma decisão liminar assinada pelo desembargador Ricardo Dip, suspendeu o decreto de Tarcísio e reintegrou Velozo aos quadros da Polícia Militar, embora ele tenha continuado sob custódia.

Os advogados de Velozo sempre defenderam que o policial agiu em legítima defesa. Dalledone, disse ao Estadão que a denúncia não correspondia ao que havia sido produzido no inquérito policial e que tudo ficaria "provado no momento em que o processo" fosse "devidamente instaurado".

A mãe de Leandro Lo, Fátima Lo, compartilhou uma publicação em seu perfil no Instagram que afirma que o campeão "não teve sua justiça feita".

"Os jurados acolheram a tese de legítima defesa, e com isso o réu não responderá criminalmente pelo disparo que tirou a vida de um dos maiores campeões da história do esporte. Todos hoje carregam um silêncio pesado, difícil de explicar", diz o texto.

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O ator Tony Ramos falou sobre como faz para se comunicar com seu cachorro surdo, Zeca, durante entrevista ao É de Casa, da Globo, neste sábado, 15. Ele relembrou como surgiu o diagnóstico e revelou que busca fazer gestos para que o pet o compreenda. "Como falar com o Zeca? A gente percebeu que fazia [bate no próprio corpo gerando som para chamar atenção do animal]: 'Aí, não! Aí, não!' E ele, nem 'tchum'. Coisa esquisita."

A dica foi dada por um adestrador, que passou um fim de semana na casa e alertou-o de que o cão teria algum problema auditivo. Tony e sua mulher, Lidiane, levaram Zeca para fazer exames.

"Surdo de nascença. A Lidiane começou a buscar informações e comunicação com o cão. Ela foi conversando, tem esse dom. E eu fui aprendendo com ela. Quando eu volto do trabalho, por exemplo, ele chora na minha perna. Eu fico olhando aquilo, me comove. Aí falo com ele. Faço assim [Ramos gesticula como se levasse comida à boca]: 'Quer papar?'", prossegue.

Tony Ramos ainda afirmou ser "'cachorreiro' desde sempre", e lamentou também a perda de outra cadela, Mel, durante a pandemia, em 6 de setembro de 2020.

Segundo ele, o luto foi tamanho que não pretendia adotar novos cães, até que a enfermeira que cuidava de sua sogra lhe ofereceu dois filhos de uma ninhada, o já citado Zeca e a sua irmã, Eva.

A Associação de Músicos do Theatro Municipal (Amithem) acionou o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) contra a Fundação Theatro Municipal por causa do contrato com a Sustenidos, organização social que administra o local. A Prefeitura de São Paulo também já havia pedido a rescisão do contrato.

O pedido dos músicos, segundo nota pública, foi feito no início de outubro, e pede intervenção do órgão "diante do risco de dano irreparável ao patrimônio material e imaterial" do teatro.

A provocação feita pela associação ao MP-SP afirma que o contrato de gestão entre a Sustenidos e a Prefeitura de São Paulo é irregular.

Uma das bases de sustentação é o fato de que, em 2023, o Tribunal de Contas do Município (TCM) solicitou um novo edital para escolher uma organização social para fazer a gestão do teatro, mas ele não foi realizado.

Em nota, a Sustenidos afirma que a orientação do TCM sobre abrir uma nova concorrência na ocasião foi por "falhas no procedimento feito pelo Poder Público", e não sobre supostas irregularidades da OS.

Ainda segundo a organização, uma auditoria feita em 2024 constatou que todas as prestações de contas foram feitas corretamente para a fundação, e que a maioria das metas foi atingida.

O Estadão entrou em contato com a Fundação Theatro Municipal, o Ministério Público de São Paulo e a Sustenidos Organização Social de Cultura, e aguarda retorno, deixando o espaço aberto para manifestação.

O contexto da denúncia

O desentendimento ocorre em meio a uma espécie de crise ideológica entre a Prefeitura e a Sustenidos. Em setembro, na esteira do assassinato do ativista conservador americano Charlie Kirk, Ricardo Nunes (MDB) pediu o cancelamento do contrato.

Isso ocorreu após um funcionário da OS compartilhar em seu Instagram uma publicação em que Kirk é chamado de nazista.

Na última semana, a situação se agravou com a suspensão do contrabaixista Brian Fountain, integrante da Orquestra Sinfônica Municipal e presidente da Amithem, após publicar críticas em suas redes sociais à atual montagem de Macbeth. O afastamento culminou em um protesto feito pelos artistas da casa no último dia 7 de novembro.

"Difamação é justamente o que temos sofrido pelas gestões assediosas e por omissão da Fundação Theatro Municipal nos últimos anos. Estamos em oposição à gestão da Sustenidos e à atual diretoria da Fundação Theatro Municipal", diz um representante dos músicos, em vídeo publicado nas redes sociais. "Suas intenções para esta casa ficaram claras na minuta de edital de chamamento, colocada em consulta pública e atualmente criticada por nós."

A minuta de edital e contrato de gestão, colocada em consulta pública pela Fundação, diz respeito a um novo edital para escolher uma organização social de cultura para gerir o teatro. O atual contrato com a Sustenidos se encerra em 2026.

Os músicos, no entanto, criticam o edital. O Sindicato dos Músicos Profissionais no Estado de São Paulo declara, em nota, que os diretores ou integrantes de corpos artísticos não foram consultados para a elaboração da minuta, o que seria "coerente e necessário".

Além disso, a entidade considera o documento inconsistente e inadequado ao futuro do teatro "Temos sofrido com indefinições e redução drástica dos efetivos nos últimos anos, resultando em inevitável perda de qualidade, incompatível com a importância do Theatro no cenário artístico", diz a nota.

Duas das produções brasileiras mais elogiadas dos últimos anos, Ainda Estou Aqui e O Agente Secreto foram escolhidas pela redação da revista britânica The Economist para integrar sua lista de melhores filmes de 2025.

Lançado no final de 2024 e vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional, Ainda Estou Aqui foi elogiado pela publicação como "uma verdadeira história de sobrevivência na ditadura brasileira". A revista ainda elogia a atuação de Fernanda Torres, dizendo que a atriz, que chegou a concorrer ao Oscar de Melhor Atriz, "está magnífica como Eunice Paiva".

Ainda que apareça na lista, O Agente Secreto acabou não tendo sua escolha justificada com uma crítica como Ainda Estou Aqui - no Reino Unido, o filme foi exibido em festivais, mas ainda não entrou em cartaz nas salas de cinema. Ainda assim, sua aparição na lista, que conta com outros sucessos do ano, chama a atenção, principalmente com o longa e Wagner Moura sendo elogiados diversas vezes na mídia estrangeira.

Além das produções brasileiras, outros grandes títulos do ano integram a lista do The Economist. Vencedor de três Oscars, incluindo Melhor Ator para Adrien Brody, O Brutalista é um dos destaques da revista, assim como Flow, animação que levantou a estatueta de Melhor Longa de Animação da Academia no começo do ano.

Diretores renomados como Ryan Coogler, Rian Johnson e Paul Thomas Anderson também foram lembrados, com seus trabalhos mais recentes, Pecadores, Vivo ou Morto e Uma Batalha Após a Outra sendo mencionados.

Outros destaques da publicação foram os terrores A Hora do Mal e Extermínio: A Evolução, de Zach Cregger e Danny Boyle, respectivamente, e o suspense militar Casa de Dinamite, de Kathryn Bigelow.

Valor Sentimental, com Stellan Skarsgard, o franco-iraniano Foi Apenas um Acidente, Isso Ainda Está de Pé?, dirigido por Bradley Cooper, e Hamnet: A Vida Antes de Hamlet, de Chloé Zhao, completam a lista.

O Agente Secreto está atualmente em cartaz nos cinemas brasileiros. Ainda Estou Aqui está disponível para streaming no Globoplay.