Personalidades lamentam morte de Eva Wilma, vítima de câncer, aos 87 anos

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A atriz Eva Wilma morreu no sábado, 15, aos 87 anos, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, vítima de um câncer no ovário que, disseminado, levou a uma insuficiência respiratória. A artista estava internada desde o dia 15 de abril, inicialmente para tratar problemas cardíacos e renais.

O câncer foi descoberto no último dia 7 de maio. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da artista.

"Vivinha, é assim (sorridentes) que vamos lembrar de você. Obrigado pelos momentos maravilhosos que vivemos juntos e estarão eternamente em nossos corações", escreveram os agentes da atriz no Instagram perto do fim da noite do sábado, logo após a confirmação do óbito.

Repercussão

A morte de Eva Wilma comoveu amigos e colegas de trabalho, que se manifestaram em homenagem à artista em suas redes sociais.

A atriz Lilia Cabral, que contracenou com a "Vivinha" na novela Fina Estampa, em reprise atualmente, relembrou as dicas de atuação que recebia da veterana. "Ela me pegava pelo braço e me direcionava orientando como me posicionar na luz certa. Não me deixava sozinha em nenhuma situação, me contava histórias e sempre queria", escreveu.

O atores Thiago Fragoso e Regiane Alves também celebraram os trabalhos que fizeram ao lado de Eva Wilma. "Tive o prazer de fazer uma novela com Eva. Lembro nitidamente de ouvi-la conversando no camarim e ficar embevecido diante de tamanha vivência e conhecimento da teledramaturgia brasileira. Agradeci naquele momento, por ter o privilégio de ser testemunha", relatou Thiago.

Regiane Alves, em post no Twitter, escreveu: "Que ano mais triste. Hoje perdemos Eva Wilma, uma grande atriz e que muito me inspirava. Sorte a minha ter conseguido trabalhar ao lado dela. Meus sentimentos aos familiares, amigos e fãs."

O autor Walcyr Carrasco lamentou a partida da atriz. "Perde-se uma estrela da maior grandeza. Sem dúvida, uma das artistas mais talentosas do país, que dedicou sua vida à arte", escreveu. "Querida Eva Wilma que a sua luz ilumine nossos palcos pra sempre!", disse Boninho, diretor de gênero de variedades na Rede Globo.

A atriz Beth Goulart, filha de Nicette Bruno, amiga de longa data de Eva Wilma e que faleceu em dezembro de 2020, escreveu: "Uma mulher forte, que construiu uma história de conquistas, lutas e vitórias, uma mulher de opinião, que sempre se posicionou pela justiça e liberdade. O Brasil fica menor sem sua presença e seu brilho."

A bela mistura que produziu a atriz

Foi uma bela mistura que produziu Eva Wilma Riefle, atriz que entrou para o imaginário do espectador brasileiro de cinema, teatro e televisão simplesmente como Eva Wilma. Seu pai (Otto Riefe Jr.) era um metalúrgico alemão da região da Floresta Negra que veio para o Brasil, mais exatamente para o Rio de Janeiro, em 1929, aos 19 anos, para trabalhar numa firma de metalurgia. A mãe, Luísa Carp, nasceu em Buenos Aires, filha de judeus ucranianos de Kiev que imigraram para a Argentina.

Estava escrito que os dois se conheceriam em São Paulo, e foi onde Eva Wilma nasceu, em 14 de dezembro de 1933.

Apesar das dificuldades familiares - o pai quase foi preso durante a 2ª Grande Guerra e, na sequência, foi diagnosticado com mal de Parkinson -, recebeu educação esmerada, em escolas tradicionais. Teve aulas de canto, piano e violão com a mestra Inezita Barroso.

A carreira

Aos 14 anos, Eva Wilma iniciou-se na carreira artística como bailarina clássica. No Corpo de Balé do Teatro Municipal chamou a atenção do diretor José Renato, que a chamou para integrar a primeira turma dso Teatro de Arena. Participou de espetáculos quer fizeram história - Judas em Sábado de Aleluia, Uma Mulher e Três Palhaços.

Diversificou-se, como mulher e atriz, e fez Boeing-Boeing, O Santo Inquérito, A Megera Domada, Black-Out. Os desafios foram ficando maiores - Um Bonde Chamado Desejo, Pulzt, Esperando Godot, dirigiu Os Rapazes da Banda, depois participou de Quando o Coração Floresce, Queridinha Mamãe, pela qual recebeu o primeiro Molière de Melhor Atriz, e O Manifesto.

No cinema, começou como figurante em Uma Pulga na Balança, na Vera Cruz. Logo estava protagonizando filmes ao lado de Procópio Ferreira - O Homem dos Papagaios e A Sogra. Em 1955, ganhou o primeiro prêmio de cinema por O Craque, de José Carlos Burle. No ano seguinte, a cinebiografia de Francisco Alves, Chico Viola não Morreu, valeu-lhe o prêmio Saci, do Estado. E logo vieram os grandes filmes que pertencem à história - Cidade Ameaçada, de Roberto Farias, e São Paulo S.A., de Luiz Sergio Person.

Em 1953, a TV engatinhava quando Cassiano Gabus Mendes convidou-a para atuar no seriado Namorados de São Paulo, da Tupi, formando dupla com Mário Sérgio. Mudaram o ator e o nome do programa - virou Alô Doçura e Eva Wilma passou a contracenar com John Herbert. Casaram-se, tiveram dois filhos e o programa ficou dez anos no ar, entrando para o Guinness como a série mais longeva da televisão brasileira. Alô Doçura foi um marco.

Naqueles tempos, anos 1950 e 60, não se falava em sitcom, mas todo mundo seguia o casal da ficção, que virou casal da vida real. Com o fim da Tupi, Eva Wilma foi para a Globo. Mais prêmios, muitos prêmios. Eva Wilma ganhou todos. Se você fizer uma pesquisa no Google, é capaz de não acreditar na quantidade de prêmios que ela recebeu - Molière, Imprensa, APCA, Coruja de Ouro, Governador do Estado, Shell etc.

E não apenas no País. Recebeu uma homenagem em Cuba em 1966 pela atuação em O Amor Tem Cara de Mulher da TV Tupi; outra homenagem pela atuação no filme A Ilha, de Walter Hugo Khouri, no Festival de Berlim; e no Festival de Roma foi destaque pelo júri popular, no filme de Alberto Pieralisi, O Quinto Poder. Em 1969, ocorreu o episódio talvez mais bizarro da trajetória de Eva Wilma. Ela foi convidada para fazer um teste em Hollywood para o que seria o novo suspense do mestre Alfred Hitchcock. O filme era Topázio, uma história de espionagem, e Eva teve tratamento de estrela ao ser testada para o papel da espiã cubana, que, no final, foi interpretado por uma alemã, Karin Dor. A experiência foi importante porque, com outros trabalhos no teatro, mostrou que a doçura estava sendo substituída por uma dimensão mais madura e complexa.

Nem Eva nem Wilma - Simplesmente Vivinha, como no título de um programa em que interpretava a si mesma, em 1975. Vivinha nunca parou de fazer principalmente TV, e novelas, algumas séries. Roda de Fogo, O Direito de Nascer, Plumas e Paetês (explorando sua veia cômica), Ciranda de Pedra, Guerra dos Sexos, Sassaricando, Pedra Sobre Pedra, Anos Rebeldes, Pátria Minha, O Rei do Gado, A Indomada, Os Maias, Fina Estampa, A Grande Família, Verdades Secretas.

Casada por 21 anos (1955/76) com John Herbert, separou-se dele para viver mais 23 anos, de 1979 a 2002, até a morte do segundo marido, Carlos Zara. Socialite, trambiqueira, mulher comum. Eva Wilma, a Vivinha, tudo fez, e com o maior brilho.

Em 1973, interpretou as gêmeas Ruth e Raquel, de Mulheres de Areia, novela de Ivani Ribeiro que fez sucesso nacional e internacional. Finalista para o prêmio de melhor atriz do ano, perdeu para Regina Duarte, por Carinhoso. Quem viu não se esquece jamais. A premiação era ao vivo, apresentada por Sílvio Santos na Globo.

Perante o País inteiro, Regina, a namoradinha do Brasil, chamou Eva Wilma para receber o prêmio, que era dela por direito. O episódio resume a grandeza de uma artista que colegas, público e críticos aprenderam a amar e respeitar.

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Eliana participou do Dança dos Famosos como jurada da grande final no último domingo, 7. Essa foi a primeira vez da apresentadora no Domingão com Huck e foi surpreendida com um camarim cheio de flores e um tapete azul.

Dona Déa, comentarista fixa do programa, divertiu a produção do programa ao ver o camarim da nova contratada. "Dois anos trabalhando, dando meu suor, entendeu? A velha mais engraçada do programa. Aí abro a porta e o camarim de Eliana (com) tapete, flores... Ciúmes, não. Fiquei com revolta", começou.

"Fiz ele (Luciano Huck) pegar as flores e colocar tudo aqui para mim. Agora está lá no meu camarim", brincou a mãe de Paulo Gustavo.

O vídeo da "reclamação" foi postado nas redes sociais de Luciano Huck e mostra que ele realmente levou as flores para o camarim de Dona Déa. "Ano que vem não estou aqui mais, hein. Vou estar no SBT", disse a comentarista.

Rita Cadillac nega ser mãe de Roberta de Freitas, mulher de 50 anos que afirma ser filha da cantora e dançarina, de 70. Em maio, ela abriu uma ação na Justiça pedindo que a artista faça um teste de DNA para comprovar o parentesco.

Em comunicado enviado ao Estadão, Rita chamou a situação de "injusta" e "dolorosa". "Gostaria de afirmar categoricamente que não sou a mãe da autora da ação. Aliás, como mulher e mãe, jamais negaria uma filha", disse. "Este tipo de ação traz um profundo desconforto e tristeza, não apenas para mim, mas também para minha família e amigos. Como artista, sempre prezei pela transparência e pelo respeito ao meu público, e é com esse mesmo respeito que venho esclarecer esta situação", continuou.

Em seguida, a dançarina disse estar colaborando com a Justiça, afirmou que fará "todos os exames necessários para comprovar [sua] posição" e que confia que a situação, que ela chamou de "mal-entendido", será resolvida "o mais breve possível".

"Agradeço a compreensão e o apoio de todos neste momento difícil. A injustiça desta situação é dolorosa, mas tenho fé na Justiça e na verdade", concluiu ela.

Em uma entrevista ao Domingo Espetacular, Roberta de Freitas disse que nasceu no Rio de Janeiro e foi criada por uma mulher que assumia não ser sua mãe biológica. Quando Roberta era criança, a mulher dizia que Rita era sua madrinha de batismo, mas, anos mais tarde, afirmou que a artista era sua mãe.

Ela também revelou uma situação que, agora, acredita ter sido o dia em que conheceu Rita: "Uma mulher foi nos visitar, uma mulher loira, e chegou com umas caixas de boneca. Me lembro que ela foi muito carinhosa, e a minha mãe, a Mônica que me criou, dizia que era minha madrinha."

Roberta ainda alega que fez um teste de DNA com a mãe de criação, Mônica, que comprovou que ela realmente não é sua mãe biológica. Rita afirma não ser mãe e nem madrinha de Roberta. Ela tem um filho, Carlos César Coutinho, de 53 anos, fruto do relacionamento com o ex-marido César Coutinho.

A filha da escritora Alice Munro, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura, revelou que foi abusada sexualmente pelo padrasto Gerald Fremlin. Andrea Robin Skinner, de 58 anos, alegou que a mãe, uma das mais respeitadas escritoras, que morreu em maio, aos 92 anos, sabia das acusações e manteve o relacionamento com o marido mesmo assim. Fremlin morreu em 2013.

Em um artigo publicado pelo jornal Toronto Star, do Canadá, Andrea Skinner disse que Gerald Fremlin abusou sexualmente dela quando ela tinha nove anos, em 1976 - foi neste ano que Munro e ele se casaram. Andrea vivia com o pai, James Munro, e a madrasta e tinha ido visitar a mãe.

Ela conta, agora, que numa noite, Fremlin deitou-se com ela na cama onde ela estava dormindo na casa da mãe e abusou sexualmente dela. Na época, o marido de Munro tinha cerca de 50 anos. Ainda criança, Andrea Skinner contou à madrasta, que contou ao pai, mas nenhum dos dois confrontou o padrasto.

Nos anos seguintes, Fremlin teria exposto as partes íntimas a ela diversas vezes e falado sobre "as meninas da vizinhança de quem ele gostava". Ele parou os abusos quando ela já era adolescente, mas a filha de Munro alega que desenvolveu bulimia, insônia e enxaquecas por conta dos traumas do abuso. Ela decidiu contar o ocorrido à mãe em 1992, depois dela expressar simpatia por uma personagem ficcional que também havia sido abusada pelo padrasto.

"Querida mamãe, por favor, encontre um lugar sozinha antes de ler isto... Tenho guardado um segredo terrível há 16 anos: Gerry abusou sexualmente de mim quando eu tinha nove anos de idade. Durante toda a minha vida, tive medo de que a senhora me culpasse pelo que aconteceu", dizia uma carta entregue a Munro pela filha.

Skinner afirma que a reação da mãe não foi a mesma à demonstrada pela personagem. "Ela reagiu exatamente como eu temia que ela faria, como se tivesse descoberto uma infidelidade". Munro se separou do marido por um período, mas reatou o casamento pouco tempo depois.

Já o padrasto admitiu o abuso, mas culpou a menina. Segundo Skinner, ele disse, em cartas enviadas a ela, que ela havia "buscado uma aventura sexual" com ele, chegou a ameaçá-la e afirmou que divulgaria fotos dela tiradas durante um dos abusos caso ela fosse a público.

"Ela disse que havia sido 'informada tarde demais', (...) que o amava demais e que nossa cultura misógina era a culpada se eu esperava que ela negasse suas próprias necessidades, se sacrificasse pelos filhos e compensasse as falhas dos homens", escreveu Skinner sobre a mãe. De acordo com ela, Munro alegou que os acontecimento entre a filha e o marido eram entre os dois, e ela não se envolveria.

Skinner também diz que a mãe acreditava que o pai da filha havia guardado segredo sobre os abusos para "humilhá-la" e que chegou a dizer que Fremlin tinha "amizades" com outras crianças. "[Ela estava] enfatizando sua própria sensação de que ela, pessoalmente, havia sido traída. Será que ela percebeu que estava falando com uma vítima e que eu era sua filha? Se ela percebeu, eu não senti isso", escreveu.

Em 2004, já afastada da família, Skinner leu uma entrevista da mãe em que ela elogiava o marido e dizia ter uma boa relação com as filhas. No ano seguinte, então, decidiu denunciar o padrasto à polícia, levando as cartas em que ele a ameaçava como prova. Fremlin, que então tinha 80 anos, foi indiciado por abuso e se declarou culpado. Ele foi condenado a apenas dois anos de liberdade condicional.

Skinner diz que a fama da mãe permitiu que o silêncio sobre a situação continuasse, mesmo após a morte do padrasto, em 2013. "Eu também queria que essa história, minha história, se tornasse parte das histórias que as pessoas contam sobre minha mãe", escreveu ela.

"Eu nunca mais queria ver outra entrevista, biografia ou evento que não se debruçasse sobre a realidade do que aconteceu comigo e sobre o fato de que minha mãe, confrontada com a verdade do que aconteceu, escolheu ficar com meu agressor e protegê-lo", completou.

Munro recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 2013, aos 82 anos. Na ocasião, foi celebrada como uma "mestre do conto contemporâneo" com a habilidade de "acomodar a complexidade épica de um romance em apenas algumas páginas". Ela morreu em 13 de maio de 2024, após sofrer de demência em seus últimos anos de vida.