Aclamado pela crítica francesa, 'Alice e o Prefeito' chega aos cinemas do Brasil

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Nicolas Pariser conversa com a reportagem do Estadão pelo telefone, de Paris. A primavera parisiense está convidativa. Os cinemas reabriram, os restaurantes - tudo com rígidos protocolos de segurança. A vida está voltando, mas todo cuidado é pouco. A chamada terceira onda da covid é uma sombra no horizonte. Pariser é o diretor e roteirista de Alice e o Prefeito, que estreou nesta semana, presencialmente, nos cinemas brasileiros.

O repórter começa fazendo um mea-culpa. Pela sinopse - garota vai trabalhar como assessora do prefeito de Lyon -, poderia ser uma comédia romântica. Hollywood com certeza faria uma. Só que o tempo passa, a história anda e o romance não vem. Alice e o Prefeito é sobre política e os políticos. "Mostramos o filme no Eliseu (residência do presidente) para o presidente Emmanuel Macron. A Associação de Prefeitos da França também usou o filme como ferramenta para um debate nacional. Fizemos mais de 750 mil espectadores nos cinemas, o que é muito bom, considerando-se que houve a pandemia."

Macron gostou? "Mais do que gostar, acho importante destacar que ele considerou o filme uma tentativa válida de debater uma questão que é visceral na política - o embate entre ideia e ação." Mas vamos com calma. Antes de mais nada é preciso falar sobre o ator que faz o prefeito. "O filme nasceu formatado para Fabrice Luchini. Não sei quanto ele é conhecido no Brasil, mas, na França, Patrice é reconhecido como grande ator." O repórter arrisca - Luchini é um pouco a versão masculina de Isabelle Huppert. "São talvez os nossos maiores atores vivos. Os dois interpretam seus personagens com um distanciamento crítico que faz da arte da representação um ato reflexivo."

E Anaïs Demoustier, a Alice? "Ela tem esse olhar, o sorriso de quem percebe o ridículo das situações." Na trama, Alice é uma intelectual contratada para assessorar o prefeito de Lyon (Luchini). Sua função não é específica, mas ela tem de fornecer ideias ao político. Sua interferência no funcionamento do palácio municipal provoca a ciumeira da equipe. O prefeito é um potencial candidato à presidência. É preciso afastar Alice, antes que o surto de autocrítica que ela estimula produza o desastre da candidatura.

Por que Lyon? "Sou parisiense, mas queria uma cidade do interior que não fosse pequena. Cheguei a pensar em Bordeaux, mas terminei optando por Lyon por uma série de fatores. Apoio à produção, a importância política de Lyon, o seu significado nos primórdios do cinema." Lyon vira personagem, com suas ruas e praças, o palácio, a Ópera. "Que bom que você percebeu. Fizemos uma extensa pesquisa para integrar a cidade à ficção." Como filme de ideias, Alice e o Prefeito termina por mostrar dois personagens que não interagem romanticamente, mas se influenciam mutuamente. Ambos mudam. No final, olha o spoiler, reencontram-se para uma espécie de (re)avaliação dos respectivos caminhos.

Alice virou mãe

Quem é o pai da criança? "Isso nunca foi uma preocupação. Você tem algumas opções no filme, mas deixar a questão em aberto é uma forma de dizer que não chega a ser uma questão no filme." A política e os políticos, esquerda e direita, a filosofia e as ciências sociais, as ideias. Todos esses temas e embates atravessam Alice e o Prefeito. O próprio nome, Alice, possui conotações. No País das Maravilhas? "Só se for o reverso", reflete Pariser. E que tal falar um pouco sobre a forma? Nesse quesito, é difícil, senão impossível, buscar uma conexão do filme de Pariser com o cinema de Eric Rohmer.

Luchini é, ou foi, ator de Rohmer. Pariser lembra - "Fui aluno dele (de Rohmer) na Sorbonne. Seus filmes abordam as ambiguidades nos relacionamentos de homens e mulheres". Coincidência ou não, o repórter cita o estudo sobre Rohmer na revista de língua inglesa Cineaste. Rohmer e os limites do desejo. "O filme se inspira no dinamismo dos diálogos e na funcionalidade da mise-en-scène de Rohmer. Era um minimalista. Elegante, econômico. Mas, sem o desejo, nosso filme propõe um Rohmer não rohmeriano."

Na França, Alice e o Prefeito não fez sucesso só de público, mas também de crítica. Jornais (Libération, Le Figaro) e revistas (Positif, Cahiers du Cinéma, Transfuge) tradicionalmente antagônicos uniram-se nos elogios. Unanimidade? "Creio que o importante foi que o filme surgiu num momento em que a sociedade está predisposta a debater a política, e os políticos." E mais - "O Brasil tem estado no centro de discussões em todo o mundo. Questões sobre a pandemia, a floresta. Não sou nenhum especialista sobre o Brasil, mas creio que o filme tem material de sobra para estimular a discussão por aí também."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O ator Robert de Niro, de 81 anos, fez uma declaração pública sobre sua relação com a filha Airyn, de 29, que recentemente se assumiu como uma mulher trans.

"Eu amava e apoiava Aaron como meu filho, e agora amo e apoio Airyn como minha filha. Não sei qual é o grande problema... Amo todos os meus filhos", disse ele em uma nota ao site Deadline na quarta, 30.

A declaração foi feita após a repercussão de uma entrevista de Airyn à revista Them, na qual ela falou sobre crescer sob os holofotes do vencedor do Oscar e o processo da transição de gênero.

Na ocasião, ela contou que decidiu iniciar o uso de hormônios em novembro de 2024 como parte do processo de transição. "Sempre fui muito feminina, mesmo antes de saber exatamente o que isso significava", disse.

Ela destacou que a transição também a aproximou de referências femininas negras que sempre admirou, como Laverne Cox, Marsha P. Johnson e Michaela Jaé Rodriguez. "A transição também me aproximou da minha negritude. Me sinto mais próxima dessas mulheres quando abraço essa nova identidade".

Airyn é filha de De Niro com a atriz e modelo Toukie Smith, de 72 anos. Embora nunca tenham se casado, eles mantiveram um relacionamento de quase dez anos entre as décadas de 1980 e 1990.

Funcionários da cantora Lady Gaga distribuíram cerca de 30 caixas de pizza para fãs que aguardavam uma aparição da artista na frente do hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, onde ela está hospedada.

A cantora se apresenta gratuitamente na praia de Copacabana neste sábado, 3. A apresentação está marcada para começar às 21h45 e terá transmissão ao vivo pela TV Globo, Globoplay e Multishow.

À espera pelo show, fãs se aglomeraram em frente ao Copacabana Palace na esperança de conseguirem ver Gaga de perto. Até o momento, contudo, ela não apareceu para cumprimentar os admiradores - seu noivo, Michael Polansky, porém, foi visto dando uma "espiadinha" em uma das janelas do hotel.

No início da noite de quarta, 30, funcionários da artista apareceram com caixas de pizza e distribuíram para a multidão. O momento foi registrado e compartilhado por fãs nas redes sociais. Algum tempo depois, a própria Gaga repostou no TikTok um vídeo que registrava a distribuição das pizzas.

Sabrina Sato leva a sério o ditado de que a melhor fase da vida começa depois dos 40. Foi quando ela viu tudo mudar. Aos 42 anos, separou-se de Duda Nagle, com quem viveu 7 anos e teve uma filha, Zoe, agora com 6 anos. Aos 43, assumiu um namoro com Nicolas Prattes. Prestes a completar seus 44, casou-se com o ator.

Mas Sabrina mal imaginava que poderia se apaixonar depois de uma relação longa e da responsabilidade de criar Zoe. O amor, é claro, vem acompanhado de estereótipos, mas a apresentadora quer provar que nenhum deles é real com Minha Mãe com Seu Pai, reality que acaba de estrear na Globoplay.

A proposta é inusitada: filhos inscreveram os pais de meia-idade para que eles tentem encontrar um novo amor. O que eles não sabiam é que teriam de atuar como "especialistas", decidindo o destino dos pais e acompanhando tudo o que acontece entre eles. Tudo mesmo.

Em entrevista ao Estadão, Sabrina garante ter sido a primeira vez que colocou tanto da sua experiência em um programa. Em Minha Mãe com Seu Pai, ela foi filha, mãe, amiga, confidente e conselheira. "Eu me intrometi até demais", brinca. Foi a atriz que, depois de ver a proposta do formato original, da rede britânica ITV Studios, pediu para assumir o programa. À época, ela estava noiva e grávida de Nicolas - e perdeu o bebê com 11 semanas de gestação.

Por ter sentido na pele o que é amar de novo, a apresentadora conta ter feito o máximo para que os participantes também "se jogassem" no romance. "Minha experiência de estar em um momento muito feliz da minha vida pessoal, de estar amando, de ter encontrado alguém especial e ter dado certo me ajudou a incentivá-los e a falar: 'Gente, vem, vem pular na piscina também, vem para esse lado'."

"Qualquer pessoa que encerra um relacionamento longo e com filhos pensa: 'Agora já era'. Você não consegue nem pensar que ainda pode voltar a amar e ser amada." O peso é ainda maior para as mulheres. No reality, ela decidiu avisar cada participante de que o objetivo é dar-lhes a oportunidade de escolher um parceiro - e não de serem escolhidas. "As pessoas precisam entender que a mulher com mais de 40, 50, 60 anos tem desejos. A mulher que quer encontrar um grande amor está mais viva do que nunca."

ROMANCE

Ao todo, seis homens e seis mulheres participam do programa. A maioria não vive um romance há muito tempo - e há algumas mulheres que chegaram a passar por relacionamentos tóxicos.

Do lado dos filhos, há ciúme. A atriz diz ter se divertido com as reações. "Os filhos viram pela primeira vez o pai ou a mãe beijar na boca. É uma loucura imaginar que a mãe queira fazer outras coisas além de maternar... É maravilhoso", comenta.

A Globo pretende que Minha Mãe com Seu Pai preencha a ausência do BBB 25 e pega carona no crescente gosto do público brasileiro por realities de namoro - como se viu com Casamento às Cegas, da Netflix.

Segundo Gustavo Baldoni, head de Conteúdo de Entretenimento Produtos Digitais da Globo, o Globoplay conseguiu um aumento de 51% de horas vistas de realities no ano passado. Túnel do Amor, reality de namoro apresentado por Ana Clara, é um dos maiores sucessos do serviço de streaming e soma 10 milhões de horas consumidas.

Para ele, o interesse do público pelo gênero envolve curiosidade e identificação. "Todo mundo se relaciona ou já se apaixonou. Há uma curiosidade em observar as questões e os conflitos. Os realities permitem explorar dinâmicas diferentes de relacionamentos, além de gerar muitas conversas", comenta.

EXEMPLOS

Para Sabrina, o gosto dos brasileiros está ligado a um "interesse em tudo que envolve o comportamento humano". "Nós temos tantos problemas e ainda achamos que conseguimos cuidar dos problemas dos outros. Nós também vamos nos baseando nos relacionamentos das outras pessoas para termos como exemplo", diz.

Sabrina não viveu apenas um pouco das experiências amorosas do elenco: ela também já esteve do outro lado da moeda e foi participante do Big Brother Brasil. Diferentemente do elenco do novo programa, ela diz ter enfrentado o receio da família para entrar na casa.

"Meus irmãos falavam: 'Pelo amor de Deus, você vai expor a família inteira. Se você quer trabalhar na televisão, ser apresentadora, nós te ajudamos a fazer algum teste. Mas não inventa de participar do Big Brother'.".

Por entender o quanto é difícil tomar a decisão de participar de um reality, ela resolveu ajudar ao máximo o elenco de Minha Mãe com Seu Pai. "Tem de ter coragem. Na minha vida, ainda mais agora, eu aprendi a valorizar o tempo que eu tenho, a viver os momentos e me preocupar menos com o que os outros vão pensar e mais com o que realmente importa: os meus sentimentos", diz.

O reality terá dez episódios. Quatro deles estão desde quarta-feira, 30, no Globoplay e outros quatro chegarão ao catálogo do streaming no dia 7. A revelação da dupla final vai ao ar no dia 14 de maio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.