Escola pública fechada fará geração de alunos perder R$ 700 bilhões em renda

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As escolas fechadas devem levar a uma perda de renda de R$ 700 bilhões - um décimo do PIB do País - para a geração de estudantes brasileiros que passou 2020 em ensino remoto. E, se não houver um retorno ao menos para o ensino híbrido no segundo semestre, essa previsão pode chegar a R$ 1,5 trilhão no fim de 2021. A queda na renda por toda a vida dessas crianças e jovens é decorrência do enorme déficit de aprendizagem no período, segundo estudo do Instituto Unibanco e do Insper, divulgado nesta segunda-feira, dia 1º.

De acordo com a pesquisa, liderada pelo economista Ricardo Paes de Barros, a covid-19 impediu uma trajetória esperada de desenvolvimento dos estudantes no ensino médio público. Eles aprenderam menos em 2020 e já entraram neste ano com perda de 9 pontos em Português e 10 pontos em Matemática na escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Isso quer dizer que só tinham absorvido cerca de 25% do esperado para o 2.º ano do médio, ao ingressar no 3.º ano.

O prejuízo pode ser ainda maior no fim de 2021, com perda de 20 pontos, o que significaria retroceder praticamente ao que sabiam no fim do ensino fundamental. "Se a gente não fizer nada no curto, médio e longo prazo, esses jovens serão menos produtivos e o Brasil vai produzir menos durante décadas. Afeta o estoque humano, a capacidade criativa do País", disse Paes de Barros. Ele calculou a perda de renda usando outra pesquisa que mostrou que o impacto de 1 ponto no Saeb é de 0,5% na remuneração de trabalho de toda a vida de um jovem, estimada em R$ 430 mil. Foram considerados 35 milhões de alunos de fundamental e médio.

O Saeb é uma prova feita a cada dois anos pelo Ministério da Educação para avaliar a qualidade do ensino. A sua escala indica o nível de proficiência desenvolvido em determinadas competências e habilidades. Um aluno aprende, em geral, ao longo de todo o ensino médio, o equivalente a 20 pontos em Língua Portuguesa e 15 em Matemática na escala do Saeb.

Paes de Barros considerou ainda estudos que mediram o engajamento dos alunos em ensino remoto e a perda educacional em períodos sem aulas. Ele explica que "a aprendizagem é algo sequencial" e muitos conhecimentos são esquecidos quando não são exercitados. A pesquisa não analisou dados específicos das escolas particulares, mas segundo o especialista, os resultados não devem ser muito diferentes.

Para o superintendente do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, a constatação da pesquisa Perda de Aprendizagem na Pandemia é "catastrófica e trágica". Mas ainda é resultado de um esforço para se tentar oferecer algum ensino nesse período. Sem nenhum apoio do MEC, Estados e municípios do País deram chips aos alunos, criaram plataformas online, distribuíram materiais impressos para tentar suprir a falta de escola. "Se nada tivesse sido feito, seria ainda pior."

No entanto, Henriques afirma que é preciso tomar todas as medidas para que as aulas presenciais voltem no segundo semestre. "Temos de pensar no que pode ser feito para esses alunos, alguns vão ter um semestre de aula apenas, precisamos de aceleração da aprendizagem, bolsas para que permaneçam na escola." Além da defasagem, a pandemia trouxe maior abandono escolar dos adolescentes, por causa da crise econômica ou pela perda de vínculo e interesse pelo ensino.

O Brasil é um dos países com maior tempo de escolas fechadas. A maioria dos Estados ainda não voltou com as redes presencialmente e está há 14 meses sem aulas presenciais. Organismos internacionais, como a Unesco e o Banco Mundial, já vem alertando para a perda de aprendizagem no Brasil e em outros países latinos durante a pandemia. Fala-se em "catástrofe geracional" e de 20 anos para se recuperar o prejuízo.

O estudo estima também como a situação ficaria se o País tomasse a partir de agora medidas como a volta rápida ao ensino presencial, maior engajamento dos alunos no ensino online e programas de recuperação da aprendizagem. Dessa forma, as perdas poderiam ser reduzidas em até 40%.

Segundo Henriques, no entanto, o Brasil ainda não tem expertise para programas de aceleração de aprendizagem no ensino médio e será necessário muita colaboração para aprender com projetos bem-sucedidos. "Vamos ter de fazer bem feito algo que nunca fizemos", diz o especialista. "Na saúde, a vacina pode dar conta, mas para educação a pandemia traz uma cauda longa e mais desafiadora."

Desafio

Alessandra Uchoas, de 17 anos, acredita que o desgaste emocional e físico foi uma das principais marcas do período em ensino remoto. "O que a gente está perdendo na escola, teremos de correr atrás sozinhos. Quem não conseguir vai perder a oportunidade de entrar na universidade, por exemplo. O aluno que quer passar na federal está angustiado. É o meu caso." A adolescente do 3.º ano do ensino médio acredita que captou apenas metade do conteúdo repassado pelos professores em 2020. Alessandra e os colegas de turma ainda não tiveram aulas de laboratório do curso técnico em Química, que faz em um colégio público de Lorena, no interior de São Paulo. Por isso, apesar da formatura do ensino médio prevista para este ano, o grau técnico só será concluído em 2022.

Ela conta que queria ir estudar em Belo Horizonte, mas só pode se mudar depois de concluir o curso. Muitos de seus colegas, diz, tiveram também de trabalhar e cuidar dos irmãos durante a pandemia.

Victor Viana, de 16 anos, compartilha do mesmo sentimento. Aluno da 3.ª série do curso técnico em Logística na Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Professor Francisco Aristóteles de Sousa, na região metropolitana de Fortaleza, o adolescente diz que a relação com a família, trabalhos domésticos e com os vizinhos dificultaram a concentração nos estudos. Ele não tem computador e estuda pelo celular. "O maior impacto é atrasar a entrada na universidade. Se não conseguir focar você fica para trás. Aconteceu ano passado, quando muitos dos meus colegas não conseguiram passar no vestibular. Quem não teve tanto prejuízo, principalmente nas particulares, conseguiu ter um melhor desempenho", diz.

A rotina da escola online, conta, também foi atrapalhada no início. "A aula poderia acontecer às 9 horas, às 15 horas, e isso complicou a nossa organização. Agora, na minha escola, eles ajustaram." Mesmo com tantas lacunas expostas, Victor, acha que muitos dos problemas enfrentados pelos estudantes sequer foram notados pelo governo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Um ônibus que transportava o cantor Ferrugem e sua equipe se envolveu em um acidente de trânsito na manhã deste domingo, 20, na região de Porto Alegre. Ninguém ficou ferido.

Na noite anterior, o artista havia se apresentado no festival Festimar, na cidade de Rio Grande, no litoral gaúcho.

Segundo comunicado divulgado pela empresa responsável pelo veículo, o acidente ocorreu por volta das 6h45 da manhã na BR-290, próximo à Ponte do Guaíba, que liga a capital ao interior do Estado.

Ferrugem falou sobre o ocorrido em suas redes sociais, compartilhando uma foto da frente do ônibus com os vidros estilhaçados. "Livramento! Um senhor acidente, mas graças a Deus todos estão bem", escreveu.

Mais tarde, gravou um vídeo explicando o acidente: "Destruiu tudo ali, a frente do ônibus, a porta foi arrancada, mas, graças a Deus, ninguém se machucou. Todo mundo bem, todo mundo inteiro."

O cantor também esclareceu que o acidente não atrapalharia o show que fará na noite deste domingo, 20, em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro.

Durante a tarde, ele mostrou que estava almoçando com a família antes de se encaminhar para a apresentação.

Em nota, a Mônica Turismo, responsável pelo ônibus, disse que os danos do acidente foram apenas materiais.

"A empresa imediatamente solicitou a substituição do veículo, mas não houve necessidade, a equipe preferiu ir até o aeroporto com o mesmo veículo para evitar atrasos", diz o comunicado.

Xuxa Meneghel fez um desabafo sobre a pressão estética que sofria da TV Globo na época em que apresentava o Xou da Xuxa, entre 1980 e 1990. Segundo a apresentadora, ela era pressionada para não chegar perto dos 60 quilos.

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"Revisitando meu passado no documentário das paquitas, eles não colocaram uma coisa que me mandaram para eu ver em que me coloco para baixo, em que vejo uma foto minha nas cartinhas, em que eu falo 'olha como estou gorda, feia'", explicou Xuxa.

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Ela explicou que hoje tem boa relação com o próprio corpo, mas que, na época, a ideia de estar gorda caso seu peso aumentasse "era o que ouvia o tempo todo".

"Era uma cobrança muito grande, um negócio cruel. Você não se gostar e querer ficar mais forte ou menos forte, seja o que for, para você se sentir melhor, é uma coisa. Agora fazer isso por um padrão que lhe foi colocado...", completou.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, divulgou nota de pesar pelo falecimento da cantora Cristina Buarque, que morreu neste domingo, 20, aos 74 anos. Segundo Lula, a compositora teve "papel extraordinário" na música brasileira.

"Quero expressar meus profundos sentimentos pelo falecimento de Cristina Buarque. Cantora e compositora talentosa, teve um papel extraordinário na música brasileira ao interpretar as canções de alguns dos mais importantes compositores do samba carioca, ajudando a poesia e o ritmo dos morros do Rio a conquistarem os corações dos brasileiros", escreveu o chefe do Executivo no período da tarde. "Aos seus familiares e ao meu amigo Chico Buarque, deixo minha solidariedade e um forte abraço."

Filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e de Maria Amélia Alvim, Cristina era irmã dos cantores Chico Buarque e Miúcha, e da ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda.

A causa da morte de Cristina não foi divulgada.