Flexibilização em SP pode prolongar risco da pandemia, diz especialista

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A decisão do governo de São Paulo de flexibilizar as regras para o funcionamento do comércio e de escolas pode ser considerada "mais política do que técnica" e "mais econômica do que epidemiológica". A análise é do médico do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP Márcio Sommer Bittencourt.

Segundo ele, mesmo que os novos casos de covid-19 e óbitos pela doença não voltem a subir, a flexibilização pode fazer com que os números da pandemia demorem ainda mais a cair, o que se mostra como uma perspectiva negativa. "A gente continua com números que nos dão liderança nessas tristes marcas no mundo", explica o médico.

Por outro lado, Bittencourt aponta que outras medidas anunciadas nesta quarta-feira, 7, como a compra de 4 milhões de doses adicionais da Coronavac e a antecipação da vacinação no Estado, são positivas. "Neste momento, só consigo ver com bons olhos qualquer instituição pública, qualquer ente da Federação comprando o quanto de vacina puder", diz, reforçando a necessidade de acelerar o processo de vacinação. Confira abaixo a entrevista com o médico:

A situação epidemiológica atual permite a flexibilização das regras de abertura anunciadas pelo governador João Doria?

As medidas de flexibilização têm de levar em conta as outras medidas de intervenção que estamos fazendo. Além de distanciamento, existem as medidas de isolamento de casos, quarentena de contatos, vacinação, busca ativa de casos, uso de barreiras e utilização de algumas medidas de distanciamento residuais. Me parece que estamos com melhora gradativa, mas muito lenta e com números muito altos. Então, acho que é uma decisão um pouco mais política do que técnica, ou mais econômica do que epidemiológica. Se a gente flexibilizar agora, a perspectiva é que isso vá se prolongar por mais tempo. Mesmo que não volte a piorar, vai demorar mais para cair, o que é uma perspectiva negativa. Depende de quanto a gente quer expor a população ao risco. E parece que preferem expor a um risco um tanto maior do que restringir mais.

Pelos dados atuais, qual é o prognóstico da pandemia em SP? A variante Delta preocupa?

Não faço prognóstico de para onde a pandemia vai em nenhuma das minhas avaliações. Não acho que dá para fazer um prognóstico consistente pela quantidade de variáveis que temos. A tendência atual é de uma queda lenta, gradual e com persistência com números altos ainda por bastante tempo. A gente continua com números que nos dão liderança nessas tristes marcas no mundo. Está ruim, mas está menos ruim do que já esteve. A perspectiva para a frente é mais ou menos de uma continuidade disso por algum tempo, mas não temos como saber várias informações com relação a vacinas e variantes, que podem eventualmente piorar essa perspectiva.

Como o sr. enxerga a compra de 4 milhões de doses adicionais pelo governo de SP?

Acho que quanto mais comprar, melhor. De todas as vacinas, para todos os lugares. Quanto mais vacinar mais gente o mais rápido possível, melhor. Assim que tiver análise de segurança, quanto mais rápido puder vacinar criança, adolescente... Quanto mais gente vacinada, menor o risco. É sempre um bom negócio comprar mais vacinas. Se uma hora vacinar todo mundo e acabar a população suscetível (a ser vacinada), a gente doa para alguém, a gente vende. Neste momento, só consigo ver com bons olhos qualquer instituição pública, qualquer ente da Federação comprando o quanto de vacina puder.

Com a variante da Delta no Estado, o governo de SP avalia reduzir a espera pela 2ª dose. O que o sr. acha disso?

Acho que não dá para mexer no intervalo da Coronavac. Para a Pfizer, a recomendação é um intervalo mais curto. O governo que inventou de querer dar a primeira dose para todo mundo e estendeu. O intervalo ideal da Pfizer é por volta de um mês, mesmo. Com relação à AstraZeneca, tanto faz. Dá para adiantar, não tem problema. Se tiver vacina para todo mundo, o ideal é fazer com um intervalo um pouco mais curto. O problema é que a gente não tem vacina para todo mundo, tem gente ficando sem. Eles acham que é melhor dar a primeira dose para mais gente, o que eu até acho que é razoável. Se você tem vacina para não atrasar as primeiras doses, com certeza pode encurtar o intervalo. Mas não acho que é algo que vai mudar demais o que a gente está vendo.

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O rapper Emicida acusa o irmão, Evandro Fióti, de desviar R$ 6 milhões da conta bancária da Lab Fantasma, empresa que fundaram juntos em 2009, no Jardim Cachoeira, Zona Norte de São Paulo. A acusação foi feita em resposta ao processo judicial movido por Fióti, no qual tenta impedir que o irmão tome decisões sozinho sobre a empresa. Eles anunciaram o fim da parceria empresarial na última sexta-feira, 28.

Na ação, ele alega ter tido seus acessos administrativos bloqueados no início de 2025, além de ter perdido os poderes igualitários de gestão após a revogação de uma procuração. Também afirma que houve um acordo para sua saída do quadro societário, cujos termos não teriam sido cumpridos.

Na tarde desta segunda-feira, 1, Fióti publicou um comunicado oficial em suas redes sociais rebatendo publicamente a acusação.

"Nunca desvio qualquer valor da LAB Fantasma ou de empresas do grupo. Todas as movimentações feitas durante sua gestão foram transparentes, registradas e seguindo os procedimentos financeiros adotados pelos gestores, assim como as retiradas de lucros ao sócio e artista Emicida", diz o comunicado.

O texto afirma que a administração da empresa sempre foi conjunta, com divisão igualitária de ativos e decisões. Também declara que o próprio processo judicial contém documentos que comprovariam que Emicida recebeu valores superiores, incluindo lucros combinados entre as partes. Fióti ainda chama a acusação de "falsa" e a divulgação de informações parciais de um processo judicial de "gravíssima".

Emicida e Evandro Fióti anunciaram o rompimento artístico na última sexta-feira, 28, por meio das redes sociais. A separação dos irmãos foi levada à Justiça e envolve disputas societárias da Laboratório Fantasma, criada em 2009, e alegações de descumprimento contratual.

O processo, ao qual o Estadão teve acesso, corre em segredo de Justiça. O fim da parceria dos irmãos se deu, na verdade, em novembro de 2024, quando Emicida pediu que Fióti fosse desligado do quadro societário da empresa dos dois.

O rapper revogou a procuração do irmão, bloqueou o acesso dele a contas bancárias, inclusive daquelas em que Fióti aparecia como único sócio, e alertou aos funcionários que ele não tinha mais poderes na empresa.

Emicida também acusa o irmão de desviar R$ 6 milhões da conta da empresa que administravam juntos. A acusação sobre o desvio foi uma resposta da defesa de Emicida a um processo movido por Fióti, em que ele tenta impedir que o irmão, Emicida, tome decisões individuais sobre a Lab Fantasma, empresa que pertencia aos dois.

Segundo o processo, até 2024, cada um dos sócios tinha 50% da empresa, mas uma mudança alterou a porcentagem de 90% para Emicida e 10% para Fióti, por motivos de "questões estratégicas e necessidades.

Em nota, Fióti disse que "nunca desviou qualquer valor da LAB Fantasma ou de empresas do grupo. Todas as movimentações feitas durante sua gestão foram transparentes, registradas e seguindo os procedimentos financeiros adotados pelos gestores, assim como as retiradas de lucros ao sócio e artista Emicida".

Ainda de acordo com Fióti, Emicida teria pedido sua saída do quadro societário. Os dois teriam assinado um acordo, mas os termos não teriam sido respeitados pelo irmão.

João Silva falou sobre como foi começar uma carreira na televisão brasileira sendo filho de Faustão, e admitiu que esse fator o privilegiou.

A declaração foi dada no podcast Cérebro Pod nesta segunda-feira, 31.

"Entendo que o sarrafo é alto, que existem dificuldades que eu acabo vivendo por isso, mas são irrisórias perto das oportunidades que tive a vida inteira", disse. "Por exemplo, as facilidades que tive por conta do meio de onde fui criado, das oportunidades de até mesmo trabalhar com meu pai. Isso abriu muitas portas para mim. Se eu falar que a comparação é dura, gera desconforto. Ele existe, mas é irrisório perto do privilégio e da vantagem."

Jaque Ciocci, uma das apresentadora do programa, apontou que o comunicador leva o "fardo" com muita leveza.

"Talvez seria mais pesado eu chegar no fim do mês e não saber o que fazer, o que comer, como pagar as contas. As pessoas que falam isso é que não imaginam o que é viver uma vida dura de verdade, sem saber o que vai poder comprar de proteína. Então é melhor viver esses problemas [da comparação com o pai]", respondeu.

Ele finalizou o discurso explicando que, enquanto trabalhou com o pai na Band, o apresentador o preparou para a carreira.

"Tudo que ele podia fazer para me prejudicar no bom sentido, ele fazia. Ele falou: 'Cara, você vai aprender assim'. Jogava umas bombas. Ele queria que eu passasse isso com ele. Foi um ano e meio maravilhoso."