Legado para novas gerações

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O dramaturgo paulista Antonio Bivar morreu há um ano, em 5 de julho, aos 81 anos, em decorrência da covid-19. Autor revelado no final da década de 1960, ele deixou peças marcantes como Cordélia Brasil, Abre a Janela e Deixa Entrar o Ar Puro e o Sol da Manhã e O Cão Siamês ou Alzira Power, além de livros biográficos cultuados por gerações seguintes. O mais recente deles é Perseverança, lançado em 2019. O diretor e professor de teatro Renato Andrade, de 43 anos, soube da notícia em um momento delicado, durante o velório do pai, o economista Afonso Andrade, vítima do mesmo vírus, na véspera. Não havia qualquer semelhança entre Antonio Bivar e Afonso Andrade, mas, daquele momento em diante, Renato Andrade, como artista e filho, estabeleceu conexões que se tornam públicas a partir dessa semana.

Sob sua direção, o espetáculo Entre Lá e Cá, Existe um Lugar estreia neste sábado, 10, às 20h, através da plataforma Zoom. "Eu pensava o tempo inteiro na questão do legado, no que a gente deixa para o mundo e para as pessoas próximas, uma reflexão usada pelo Bivar", comenta Andrade. Ana Pires, Fernanda Carvalho, Jean Cruz, Julia Maryam, Luciano Sewaybricker, Luiza Pavan, Madson Melo, Natália Oliveira, Pedro Leão e Thamires Araújo interpretam dez solos de seis minutos cada na pele de personagens com diferentes vivências de confinamento.

Na sequência, às 21h30, mas sem obrigação de ser complementar, também é dada a largada a Tudo que Ainda não Falamos. O mesmo elenco compartilha narrativas pessoais e criativas que, muitas vezes, transitam pela sensação enfrentada depois de uma morte. As montagens serão apresentadas até 14 de agosto, todos os sábados, com ingressos gratuitos, que devem ser reservados no site da Sympla.

Renato Andrade, às vésperas da estreia, ainda procura uma explicação para a conexão estabelecida entre Bivar e seu pai. "Eu acho que Bivar me ajudou, com seu humor, a segurar a onda, encontrei uma válvula para aquele sofrimento", conta. Em Entre Lá e Cá, Existe um Lugar, o diretor construiu a dramaturgia inspirado em obras do autor. De Cordélia Brasil (1967), aparecem citações da personagem-título, uma auxiliar de escritório que se prostitui para bancar o sonho do marido de ser quadrinista, e o próprio Leônidas, cafetão disfarçado de aspirante a artista, também inspira outro depoimento. Heloneida e Geni, as angustiadas presidiárias de Abre a Janela e Deixa Entrar o Ar Puro e o Sol da Manhã (1968), ganharam releituras pandêmicas, assim como a aposentada de Alzira Power (1969), que trancafia em seu apartamento um vendedor com o objetivo de mostrar a ele a necessidade da transgressão.

As estreias de Entre Lá e Cá, Existe um Lugar e Tudo que Ainda não Falamos selam ainda uma nova etapa na carreira de Andrade. Em dezembro, o fechamento do Indac Escola de Atores, onde ele lecionava desde 2005, pegou o professor de surpresa, mas impulsionou um empreendedor a voar. Ele abriu ainda em janeiro a própria escola, batizada de Jogo Cênico, e recebeu no semestre inaugural a adesão de 41 alunos em três modalidades de cursos diferentes, ministrados de forma remota. Entre Lá e Cá, Existe um Lugar e Tudo que Ainda não Falamos são resultado do módulo de montagem teatral, que levanta uma peça em um semestre, algo próximo ao que desenvolvia no Indac.

Para o semestre que se inicia em agosto, a Jogo Cênico seguirá no formato digital, mas, conforme o avanço da vacinação, poderá ter aulas presenciais até o fim do ano. O professor encontra justificativas para o resistente interesse em escolas de teatro - a maior parte dos alunos tem entre 18 e 30 anos, todos com alguma experiência. "Quando você se coloca no lugar de um personagem, é suprida uma necessidade de pertencimento, que talvez não seja mais oferecida em outras áreas, como o jornalismo, a publicidade ou a arquitetura", declara. Sobre o conhecimento precário dos jovens em relação à cultura brasileira, Andrade fala que isso logo é atenuado nas aulas, se for aberta uma efetiva troca. "Há uns dez anos, fiquei preocupado quando citei a atriz Tônia Carrero e ninguém na turma fazia ideia de quem se tratava, então pensei no quanto os alunos me ensinam sobre machismo, gênero e até política e, assim, vamos formando as bagagens uns dos outros."

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Um ônibus que transportava o cantor Ferrugem e sua equipe se envolveu em um acidente de trânsito na manhã deste domingo, 20, na região de Porto Alegre. Ninguém ficou ferido.

Na noite anterior, o artista havia se apresentado no festival Festimar, na cidade de Rio Grande, no litoral gaúcho.

Segundo comunicado divulgado pela empresa responsável pelo veículo, o acidente ocorreu por volta das 6h45 da manhã na BR-290, próximo à Ponte do Guaíba, que liga a capital ao interior do Estado.

Ferrugem falou sobre o ocorrido em suas redes sociais, compartilhando uma foto da frente do ônibus com os vidros estilhaçados. "Livramento! Um senhor acidente, mas graças a Deus todos estão bem", escreveu.

Mais tarde, gravou um vídeo explicando o acidente: "Destruiu tudo ali, a frente do ônibus, a porta foi arrancada, mas, graças a Deus, ninguém se machucou. Todo mundo bem, todo mundo inteiro."

O cantor também esclareceu que o acidente não atrapalharia o show que fará na noite deste domingo, 20, em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro.

Durante a tarde, ele mostrou que estava almoçando com a família antes de se encaminhar para a apresentação.

Em nota, a Mônica Turismo, responsável pelo ônibus, disse que os danos do acidente foram apenas materiais.

"A empresa imediatamente solicitou a substituição do veículo, mas não houve necessidade, a equipe preferiu ir até o aeroporto com o mesmo veículo para evitar atrasos", diz o comunicado.

Xuxa Meneghel fez um desabafo sobre a pressão estética que sofria da TV Globo na época em que apresentava o Xou da Xuxa, entre 1980 e 1990. Segundo a apresentadora, ela era pressionada para não chegar perto dos 60 quilos.

A revelação foi feita durante entrevista ao podcast WOW. Hoje com 62 anos, Xuxa comentou que lembrou da situação durante os bastidores do documentário Pra Sempre Paquitas, lançada em 2024 na Globoplay, mas que isso acabou não aparecendo no filme.

"Revisitando meu passado no documentário das paquitas, eles não colocaram uma coisa que me mandaram para eu ver em que me coloco para baixo, em que vejo uma foto minha nas cartinhas, em que eu falo 'olha como estou gorda, feia'", explicou Xuxa.

A apresentadora continuou: "Uma coisa que era me colocada na época [era] que se eu passasse dos 60 kg [estaria gorda]. Na época, 54 kg foi o normal que eu ficava. Na Globo, meu normal era 54 kg, 55 kg. Se eu fosse para 58 kg, já apertavam as minhas roupas."

Ela explicou que hoje tem boa relação com o próprio corpo, mas que, na época, a ideia de estar gorda caso seu peso aumentasse "era o que ouvia o tempo todo".

"Era uma cobrança muito grande, um negócio cruel. Você não se gostar e querer ficar mais forte ou menos forte, seja o que for, para você se sentir melhor, é uma coisa. Agora fazer isso por um padrão que lhe foi colocado...", completou.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, divulgou nota de pesar pelo falecimento da cantora Cristina Buarque, que morreu neste domingo, 20, aos 74 anos. Segundo Lula, a compositora teve "papel extraordinário" na música brasileira.

"Quero expressar meus profundos sentimentos pelo falecimento de Cristina Buarque. Cantora e compositora talentosa, teve um papel extraordinário na música brasileira ao interpretar as canções de alguns dos mais importantes compositores do samba carioca, ajudando a poesia e o ritmo dos morros do Rio a conquistarem os corações dos brasileiros", escreveu o chefe do Executivo no período da tarde. "Aos seus familiares e ao meu amigo Chico Buarque, deixo minha solidariedade e um forte abraço."

Filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e de Maria Amélia Alvim, Cristina era irmã dos cantores Chico Buarque e Miúcha, e da ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda.

A causa da morte de Cristina não foi divulgada.