Aplaudido em Cannes, 'Vórtex' fala sobre a velhice e as dicotomias da memória

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Assistir a Gravidade (2013), de Alfonso Cuarón, com morfina nas veias e em recuperação de uma hemorragia cerebral foi uma das experiências que mais alteraram a percepção estética do diretor franco-argentino Gaspar Noé. Alteração essa vivida nos meses que antecederam as filmagens de Vórtex, drama bem-recebido no Festival de Cannes e que repete a dose no Festival de Locarno, cuja 74ª edição termina neste sábado, 14.

A experiência de quase morte sofrida pelo diretor, dias antes de a pandemia começar, seguida de um processo convalescente em que ele via dois clássicos por dia, produziu a necessidade de ele falar sobre a finitude. E falar de maneira afetuosa - algo que seus filmes nunca foram -, mas sem perder a inquietude estética.

Por isso, seu novo longa, uma cartografia do envelhecimento, tanto de pessoas quanto do cinema, é narrado com uma tela dividida, com ações distintas acontecendo em dois hemisférios paralelos, construídos a partir de improvisos com o elenco. E é em sua trupe que Noé tem seu principal chamariz: ao lado da veterana Françoise Lebrun e do jovem Alex Lutz está em cena um mestre do terror, o diretor Dario Argento. E a atuação do diretor comoveu Locarno, no retrato de um artista acossado pelo tempo e pela gradual destruição da lucidez de sua mulher.

"Falava sempre ao Dario: 'Você é o diretor aqui, pois eu sou seu aprendiz'. E, ele, de uma doçura notável, embarcou nas minhas ideias e improvisou. Eu trouxe fotos dele jovem para a narrativa, que usa muitos elementos do passado. Era um homem lindo aos 20 anos... e ainda é, hoje, aos 80. Mas eu queria aquela imagem de ontem, de outrora, num painel vivo sobre o envelhecimento, filmado basicamente numa locação", explicou Noé ao Estadão, em Locarno, onde exibiu Vórtex fora da competição.

O filme é um tristíssimo conto existencial (e psicanalítico) sobre a velhice e as dicotomias da memória, em analogia à própria arte cinematográfica e seus suportes, os físicos e os digitais. De um lado da tela dividida, vemos, quase todo o tempo, Françoise Lebrun a atuar, no papel de uma mulher às voltas com o Alzheimer e, ora ou outra, com seu filho dependente químico, vivido por Alex Lutz. Do outro lado vem a apoteose desse "filme-saudade": Argento, hoje octogenário, interpreta um crítico de cinema devotado a escrever um livro, chamado Psiquê, sobre sonhos e o audiovisual.

"Quando soube que havia um antigo apartamento vazio, em Paris, fui lá com meu diretor de fotografia, Benôit Debie, e decidimos transformar aquela locação em um mundo paralelo, no qual o casal guarda quinquilharias que nos apontam aquilo que há de perene", diz Noé. "A gente se enfurnou lá, para proteger a equipe do contágio da covid, e rodamos em 25 dias."

Na trama, o personagem de Dario não usa computadores, preferindo datilografar suas ideias. E, paralelamente à criação de seu livro, a rotina é ocupada pelo esforço hercúleo de proteger sua companheira, sempre roubada de sua lucidez por apagões em suas recordações. O que Noé faz é desfiar o novelo de duas vidas ameaçadas pelo esquecimento. "Assim que escrevi as primeiras dez páginas de Vórtex, fui à Argentina visitar meu pai (o pintor e escritor Luis Felipe Noé), que está com 88 anos. Minha mãe (Nora) teve Alzheimer. Lembro que, quando contei para ele o que estava pretendendo filmar, tomei uma bronca: 'Veja lá o que vai falar da gente'. Foi quando percebi que não poderia tornar Vórtex um desabafo pessoal, mas uma reflexão mais universal."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

Um ônibus que transportava o cantor Ferrugem e sua equipe se envolveu em um acidente de trânsito na manhã deste domingo, 20, na região de Porto Alegre. Ninguém ficou ferido.

Na noite anterior, o artista havia se apresentado no festival Festimar, na cidade de Rio Grande, no litoral gaúcho.

Segundo comunicado divulgado pela empresa responsável pelo veículo, o acidente ocorreu por volta das 6h45 da manhã na BR-290, próximo à Ponte do Guaíba, que liga a capital ao interior do Estado.

Ferrugem falou sobre o ocorrido em suas redes sociais, compartilhando uma foto da frente do ônibus com os vidros estilhaçados. "Livramento! Um senhor acidente, mas graças a Deus todos estão bem", escreveu.

Mais tarde, gravou um vídeo explicando o acidente: "Destruiu tudo ali, a frente do ônibus, a porta foi arrancada, mas, graças a Deus, ninguém se machucou. Todo mundo bem, todo mundo inteiro."

O cantor também esclareceu que o acidente não atrapalharia o show que fará na noite deste domingo, 20, em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro.

Durante a tarde, ele mostrou que estava almoçando com a família antes de se encaminhar para a apresentação.

Em nota, a Mônica Turismo, responsável pelo ônibus, disse que os danos do acidente foram apenas materiais.

"A empresa imediatamente solicitou a substituição do veículo, mas não houve necessidade, a equipe preferiu ir até o aeroporto com o mesmo veículo para evitar atrasos", diz o comunicado.

Xuxa Meneghel fez um desabafo sobre a pressão estética que sofria da TV Globo na época em que apresentava o Xou da Xuxa, entre 1980 e 1990. Segundo a apresentadora, ela era pressionada para não chegar perto dos 60 quilos.

A revelação foi feita durante entrevista ao podcast WOW. Hoje com 62 anos, Xuxa comentou que lembrou da situação durante os bastidores do documentário Pra Sempre Paquitas, lançada em 2024 na Globoplay, mas que isso acabou não aparecendo no filme.

"Revisitando meu passado no documentário das paquitas, eles não colocaram uma coisa que me mandaram para eu ver em que me coloco para baixo, em que vejo uma foto minha nas cartinhas, em que eu falo 'olha como estou gorda, feia'", explicou Xuxa.

A apresentadora continuou: "Uma coisa que era me colocada na época [era] que se eu passasse dos 60 kg [estaria gorda]. Na época, 54 kg foi o normal que eu ficava. Na Globo, meu normal era 54 kg, 55 kg. Se eu fosse para 58 kg, já apertavam as minhas roupas."

Ela explicou que hoje tem boa relação com o próprio corpo, mas que, na época, a ideia de estar gorda caso seu peso aumentasse "era o que ouvia o tempo todo".

"Era uma cobrança muito grande, um negócio cruel. Você não se gostar e querer ficar mais forte ou menos forte, seja o que for, para você se sentir melhor, é uma coisa. Agora fazer isso por um padrão que lhe foi colocado...", completou.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, divulgou nota de pesar pelo falecimento da cantora Cristina Buarque, que morreu neste domingo, 20, aos 74 anos. Segundo Lula, a compositora teve "papel extraordinário" na música brasileira.

"Quero expressar meus profundos sentimentos pelo falecimento de Cristina Buarque. Cantora e compositora talentosa, teve um papel extraordinário na música brasileira ao interpretar as canções de alguns dos mais importantes compositores do samba carioca, ajudando a poesia e o ritmo dos morros do Rio a conquistarem os corações dos brasileiros", escreveu o chefe do Executivo no período da tarde. "Aos seus familiares e ao meu amigo Chico Buarque, deixo minha solidariedade e um forte abraço."

Filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e de Maria Amélia Alvim, Cristina era irmã dos cantores Chico Buarque e Miúcha, e da ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda.

A causa da morte de Cristina não foi divulgada.