Ballet Stagium retorna com 'Fluorescência'

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O mineiro Décio Otero, de 88 anos, e a húngara Marika Gidali, de 84, dedicaram suas vidas a um balé que falasse "brasileiro", que contasse a história de um país marcado por desigualdades sociais, crises políticas, econômicas, mas também por reinvenções, resistências e manifestações culturais. Fundado em 1971, o Ballet Stagium completa 50 anos de uma existência que confunde suas memórias com a de um certo Brasil. É preciso avisar que, inspirado pela poesia de João Apolinário, o Stagium volta aos palcos com a estreia de Fluorescência, no Teatro Sérgio Cardoso, de hoje, 13, domingo, 15.

A escolha da poesia de João Apolinário, que divide a trilha marcada por Lukas Foss, Maria Bethânia, Chico Buarque, Beethoven, John Cage, entre outros, nasce a partir da ideia de um balé que homenageia os brasileiros mortos pela covid. "O balé é o recorte de um momento, uma homenagem a todas essas perdas, a todos os brasileiros que foram embora e continuam indo", comenta Marika Gidali em entrevista ao Estadão por telefone.

A ideia de Fluorescência vem de um conceito da física que identifica a propriedade dos corpos em emitir luz como reação à radiação, e a radiação funciona como uma metáfora forte desses tempos em que o fluxo de informação é intenso e as incertezas habitam um cotidiano em que um vírus tão rapidamente muda a história. "A fluorescência ilumina o mundo. É uma peça que permite que cada um viva esse momento intenso de um jeito diferente e, ao mesmo tempo, reconhecendo que algo nos une. O balé é cheio de esperança, mas tem muitas doses de medo. Estamos juntos, mas também separados. É sobre uma resistência que, agora, não é somente financeira ou das pedras que estão no caminho normalmente, é uma resistência mais profunda", diz Marika.

Diferente de outras obras da companhia, a proposta da nova coreografia de Décio Otero abre caminho para improvisação por parte dos bailarinos, um diálogo sobre as diferentes experiências, como flutuações, sem começo, meio ou fim.

A estreia chega em um dos momentos mais difíceis da história do Ballet Stagium. "Nossas memórias estão empacotadas em dois contêineres", diz Marika, depois de receber uma ordem de despejo por não pagamento de aluguel, e precisar contratar contêineres para armazenar todo o acervo das mais de 80 coreografias da companhia. Dos 50 anos do Ballet Stagium, 47 foram de atuação no emblemático espaço da Rua Augusta, na cidade de São Paulo, onde, além dos ensaios, também era onde funcionava a escola do grupo. Aos muitos que cruzaram as paredes do pequeno prédio, é quase impossível imaginá-lo sem os cartazes de estreias históricas, a presença de Marika Gidali e Décio Otero ensaiando, ministrando aulas, dando entrevistas, conversando com alunos e bailarinos, as memórias espalhadas por todos os cantos.

"Foi uma coisa muito dolorosa, porque estávamos há 47 anos naquele lugar. Fomos despejados porque, a partir de março de 2019, as coisas começaram a piorar, diminuíram os trabalhos. Com a pandemia, então, quase tudo parou. As aulas continuaram, mas eram online e, por isso, perdemos muitos alunos. A gente perdeu aquele espaço. Emocionalmente, foi terrível", conta Marika.

Depois da saída da Rua Augusta, o Stagium passou a ocupar uma sala na Oficina Cultural Oswald de Andrade. "A Oswald de Andrade nos recebeu com muito carinho e estamos conseguindo continuar a trabalhar. Mas foi um choque, porque a sala que temos disponível é muito menor. Agora, para a estreia, a Inês Bogéa (diretora da São Paulo Companhia de Dança) emprestou a sala grande para os momentos que Cia. não está usando a sala", explica Marika.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Renato Aragão relembrou o dia em que subiu em um dos braços e beijou a mão da estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, em entrevista ao Jornal Nacional em ocasião dos 60 anos da TV Globo.

O humorista, conhecido por seu trabalho com o grupo Os Trapalhões, se emocionou ao rever as imagens e explicou o porquê de ter feito o que fez: "Consegui chegar no Rio de Janeiro, fazer sucesso na vida. Daí eu agradecia, mas eu queria simbolicamente estar lá agradecendo a imagem de Deus."

Questionado sobre como resumiria o momento em uma frase, disse: "Obrigado, meu bom Deus. Essa fé não vai acabar nunca. Nem depois que eu for."

Por que Renato Aragão subiu no Cristo Redentor

O eterno 'Didi Mocó' chamou atenção ao 'escalar' um dos braços do Cristo Redentor em 28 de julho de 1991, em ocasião dos 25 anos do grupo Os Trapalhões, no Criança.

Em depoimento ao projeto Memória Globo, há alguns anos, Renato Aragão já havia abordado o tema, negando que o tivesse feito por exibicionismo. "Eu queria ir lá à noite, escondido, com uma lanterna. Mas disse: 'Isso é infantilidade, idiotice'. Tenho que prestar contas ao Ibama, à Cúria, à Igreja. Não pode ir assim."

O comediante também destacou que chegou a beijar os pés do Cristo Redentor durante as gravações do filme Os Trapalhões e o Mágico de Oróz, mas fazia questão de fazer o mesmo nas mãos da estátua.

"Foi difícil conseguir. A nossa chantagem foi que era um programa em benefício das crianças [Criança Esperança]", relembrou, sobre as autorizações.

César Tralli, apresentador e repórter da TV Globo, publicou um texto de despedida do Vaticano após participar da cobertura sobre a morte e o funeral do papa Francisco. Neste domingo, 27, ele fez uma postagem em seu Instagram antes de embarcar em sua viagem na Itália: "Partiu, Brasil!".

"Com as lembranças de tantos abraços, apertos de mão, sorrisos, olhares de afeto e compaixão. A energia boa que vai, volta... Fazer do respeito ao próximo um caminho de paz e tolerância", escreveu.

Em seguida, Tralli concluiu: "Ouvi de uma jovem voluntária de 15 anos, que estava ajudando idosos no funeral do Papa, uma frase que me marcou: 'Não é sobre religião. É sobre ter amor no coração'. Bom domingo, boa semana e muito obrigado pela companhia".

Gutto Xibatada, cantor paraense de forró, morreu aos 39 anos de idade, no último dia 22 de abril, após ter sido diagnosticado com vírus Monkeypox (Mpox) no mês de março.

Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde de Belém, no Pará, o diagnóstico foi feito no mês de março, quando o cantor foi mantido em isolamento e, posteriormente, recebeu alta hospitalar e encaminhamento para ser tratado em uma unidade de referência.

No dia 22 de abril teria voltado a um pronto socorro por conta de uma piora em seu estado de saúde relacionada à evolução de comorbidades pré-existentes e infeccções oportunistas". Gutto Xibatada teria morrido cerca de oito horas de chegar ao hospital.

A secretaria informa que monitorou pessoas que tiveram contato direto com o paciente, mas que todos foram liberados após não terem apresentado sintomas. "As causas da morte seguem sob investigação da Vigilância Epidemiológica de Belém", conclui a nota.

A irmã de Gutto Xibatada usou as redes sociais do cantor para falar sobre o caso: "Estamos passando por um momento muito difícil e delicado. Em meio a tanta dor estamos tendo que enfrentar postagens querendo se beneficiar de likes, visualizações, coisas que não têm nada a ver. Não estão tendo respeito com o nosso luto, nossa perda."

"Por pedidos do meu irmão, ele não queria que se expusesse. Por isso, muitos não sabiam. Se não tivesse vindo a óbito, ninguém saberia. Vim esclarecer a causa [da morte]. Estou cansada de tanta mentira que estão postando por aí. Inclusive da página oficial, que postou uma foto do ser humano no hospital. Que falta de empatia. Meu irmão contraiu um vírus chamado Mpox", continuou.

"A primeira vez que ele foi pro pronto socorro, a médica deu encaminhamento em casa. Devido a ele ter esse histórico de, há muito tempo, ser asmático, esse vírus foi se manifestando em diversos lugares. Atacou os pulmões. Meu irmão ficou sem fala, sem visão, sem toque [tato]. No último dia ele passou a madrugada inteira ruim, obstruiu o nariz inteiro, a boca. Meu irmão sofreu muito."

Em seguida, a irmã relatou que a piora de Gutto Xibatada aconteceu entre os dias 21 e 22: "Ele teve um agravamento muito forte. Eu liguei para o Samu que o levou de ambulância para o pronto-socorro."

"Ele não chegou a ter nenhuma parada cardíaca e nem sepultamento às pressas. Deu entrada no hospital às 9h30 da manhã. No horário das visita, às 16h, minha mãe foi fazer a visita. Ele fez a tomografia e deu entrada no CTI. Ele estava convulsionando."

"Depois que parou, veio o coma, por falta de assistência médica, porque eles não entravam na sala. Devia ficar alguém assistindo direto e não ficava. Foi um sofrimento muito grande. No mesmo dia que deu entrada no hospital, às 17h, veio a óbito. Foi muito rápido, uma situação muito delicada. E meu irmão não queria em nenhum momento se expor", concluiu. Confira mais abaixo a íntegra do posicionamento da Secretaria de Saúde de Belém e da irmã de Gutto Xibatada.

Haverá a realização de uma missa neste domingo, 27, em memória do cantor - a data marca o que seria seu aniversário de 40 anos. Outra cerimônia será feita na segunda-feira, 28. Ambas na Basílica de Nazaré, em Belém.

Posicionamento da Secretaria de Saúde de Belém

"A Secretaria Municipal de Saúde de Belém informa que um paciente com diagnóstico confirmado de Mpox (monkeypox) foi atendido, no mês de março, no Hospital Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti, onde recebeu assistência médica especializada e foi mantido em isolamento. Após melhora clínica, o paciente recebeu alta hospitalar com orientações e encaminhamento para o seguimento do tratamento em unidade de referência.

Posteriormente, em 22 de abril, o paciente foi readmitido no Pronto-Socorro Municipal com agravamento do estado de saúde, relacionado à evolução de comorbidades pré-existentes e infecções oportunistas. A médica infectologista, responsável pelo atendimento determinou o imediato encaminhamento do paciente para um leito de isolamento no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do HPSM da 14 de Março. Novamente foram adotadas todas as medidas clínicas e de isolamento recomendadas, porém, apesar da assistência prestada, o paciente morreu 8 horas após dar entrada no HPSM da 14 de março. As causas da morte seguem sob investigação da Vigilância Epidemiológica de Belém.

A Sesma informa, ainda, que acompanhou todas as pessoas indicadas pelo paciente como tendo tido contato com ele. Esses contatos foram monitorados durante o período estabelecido pelos protocolos de saúde e, ao final do prazo, foram liberados, uma vez que não apresentaram sintomas.

A Sesma reforça que todas as condutas adotadas seguiram os protocolos técnicos do Ministério da Saúde, com o compromisso de garantir o cuidado integral, a ética e a dignidade no atendimento."