Inclusão eleva ganhos de alunos, mas MEC quer separar turmas

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Em contraste com o que o Ministério da Educação (MEC) tem defendido, a presença de alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento, altas habilidades e superdotação em turmas inclusivas tem aumentado nas escolas brasileiras e se tornou maioria até na rede privada. O total de alunos nesses perfis cresceu 86% em uma década, chegando a 1,3 milhão, segundo dados do governo. A adoção de turmas mistas, apontam estudos, beneficia crianças com deficiência e também os outros colegas.

"A escola traça objetivos próprios para ele. As outras crianças participam, até brigam para decidir quem vai fazer com ele", conta a advogada Mariana Campos de Souza, de 45 anos, sobre a experiência do filho Marco Antônio, de 13, em uma turma inclusiva. Entre os ganhos que observou estão maior autonomia e sociabilidade. "A vontade de estar com outras crianças aumentou. Ele (que tem deficiência intelectual) se sentiu acolhido."

Nesta semana, o titular do MEC, Milton Ribeiro, disse que há crianças com grau de deficiência em que "é impossível a convivência" em classe e, além disso, defendeu separar esses alunos em classes especiais. A fala foi alvo de críticas e ele se desculpou.

A oferta de turmas inclusivas (ou mistas) no lugar da segregação em escolas especiais se tornou amplamente defendida nos anos 1990, mas passou a ser mais incentivada no Brasil após 2008, com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva. A Organização das Nações Unidas (ONU) diz que o acesso à educação inclusiva é direito de todos.

Trabalho do Instituto Alana com a ABT Associates de 2016, coordenado pela Universidade de Harvard, compilou 89 estudos de 25 países que revelam ganhos do ensino inclusivo para todos - um deles é alunos sem deficiência terem opiniões menos preconceituosas e serem mais receptivos a diferenças.

Cerca de um terço dos alunos de educação especial estava em escolas ou turmas especiais há dez anos. Hoje, 93,3% estão em classes inclusivas. Até mesmo na rede privada, onde a adesão ainda é menor, as classes mistas passaram a ser maioria (58,5%).

No Instituto Jô Clemente, antiga Apae de São Paulo, a escola especial foi encerrada em 2010, após a transição da maioria dos alunos para escolas regulares. Supervisora do Atendimento Educacional Especializado na instituição, Roseli Olher acompanhou: "As pessoas com deficiência que passaram a frequentar escolas comuns e a conviver com outras pessoas que não tinham deficiência se desenvolveram muito mais que o outro grupo, em termos de autonomia, independência, postura de estudante", diz. "Passaram a ter voz, optar pelo que queriam."

Para ela, a maior difusão da educação inclusiva explica o avanço maior no ensino médio - a alta de alunos com deficiência na etapa foi de cinco vezes. "Por conta das dificuldades, as famílias desistiam", afirma.

A ideia na educação é perceber o aluno como indivíduo e parte de um grupo. Independentemente de ter deficiência, cada um vive a aprendizagem de um jeito e, por vezes, isso requer adaptações. "Trabalha-se o mesmo conteúdo, mas de formas distintas", afirma Roseli.

Pesquisa Datafolha em 2019 mostrou que 86% dos entrevistados concordaram com a frase "escolas se tornam melhores ao incluir crianças com deficiência" e 76% acreditam que alunos com deficiência aprendem mais junto de crianças sem deficiência. Por outro lado, 42% acham que o aluno com deficiência atrasa o aprendizado de colegas sem deficiência. E constatou 26% das crianças e adolescentes de 0 a 14 anos com deficiência fora da escola.

Exemplos

Na Escola Municipal Água Azul, zona leste de São Paulo, a diretora Eliane Torres conta que 48 dos cerca de 1,3 mil alunos têm deficiência. No local, há professoras especializadas em identificar necessidades e a orientar educadores da turma. "A inclusão não é só colocar dentro da escola, mas ter acesso ao currículo, como todos." Nas salas, se preciso, estagiárias são enviadas para dar auxílio, mas sem excluir o aluno das dinâmicas da turma. Funcionários são designados para auxiliar no caso dos que precisam de apoio em outros momentos dentro da escola.

Diretora da Educação Básica do Colégio Mackenzie, privado, Márcia Régis comenta que todas as turmas com alunos com deficiência passam por atividades para os demais conhecerem qual é aquela deficiência. "Para saberem o que é isso, conhecerem no dia a dia as necessidades de uma criança com Síndrome de Down (por exemplo), como o ambiente pode ser mais favorável a ela. Nossos alunos cresceram muito em relação a isso", diz.

Famílias de alunos com deficiência relatam ainda dificuldade para a matrícula na rede privada, assim como atendimento adequado. A criadora de conteúdo Veronica Oliveira, de 40 anos, pela primeira vez vive experiência satisfatória com o ensino do filho Ian, de 13, que tem autismo e está na 7.ª série. "Ele tem acompanhamento mais dedicado. Tinha dificuldades com algumas matérias que agora está entendendo bem. Ficou ótimo em Matemática, uma coisa que nunca tinha acontecido."

Em todas as outras, por mais que tenha percebido boa vontade, os profissionais não eram capacitados. "A cada ano, trocávamos de escola. Teve colégio que ele estudou que os próprios pais (de outros alunos) eram contra a inclusão", lembra.

Nas duas primeiras escolas que buscou este ano, viu resistência ao citar a deficiência. Fez, então, a pré-matrícula sem citar o autismo. Pagou mensalidades adiantadas e entregou a ficha de saúde - quando foi informada pela escola que havia ocorrido erro e que as vagas esgotaram. No atual colégio, há diálogo aberto com a equipe de saúde que acompanha Ian.

A falta de estrutura ou materiais é outro gargalo. "Nas escolas comuns, o que falta ainda são recursos humanos, acessibilidade arquitetônica, etc. Por ainda não estarem todas preparadas, complica um pouco a inserção", diz Roseli Olher. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Tony Ramos interpretou Roberto Marinho, que herdou o jornal O Globo de seu pai e fundou a TV Globo em 1965, na novela Garota do Momento. O capítulo foi ao ar neste sábado, 26, em que diversos programas celebram os 60 anos da inauguração da emissora.

Na trama, ele comparece à transmissão de um programa de Alfredo Honório (Eduardo Sterblitch). Ao fim da atração, o personagem sugere que Marinho compre um horário na TV Ondas do Mar para a exibição de um telejornal diário.

"Alfredo, é uma ótima ideia, sem dúvida. Mas eu aceitei seu convite para vir aqui e conhecer esse estúdio justamente porque eu pretendo fundar a minha própria emissora de televisão", diz Roberto. Alfredo pergunta sobre qual será o nome, e vem a resposta: "Rede Globo de Televisão". Em seguida, tocou em uma campainha, que fez o característico "plim plim".

Depois da cena, foi exibido um trecho dos bastidores de Garota do Momento em que Tony Ramos é entrevistado sobre viver o personagem: "Imaginem você representar a história de um homem que, aos 62 anos, cria a TV Globo. Claro que me assustei."

"Falei: 'Não sou parecido'. 'Mas vamos ter uma caracterização'. Não tenho essa obrigação de ser igual ao seu Roberto. Para mim, foi fundamental reproduzir o espírito de um homem visionário e comunicador", relatou.

Davi Brito, campeão do BBB 24, passa por uma cirurgia neste sábado, 26, segundo informações divulgadas por sua equipe em seu perfil oficial no Instagram.

O comunicado não informa a causa da operação, mas, no último dia 23, Davi anunciou que passaria por um procedimento estético, uma lipoaspiração na região do abdômen.

"No momento, estamos aguardando a liberação dos próximos boletins médicos para dar a notícia", complementa a assessoria de Davi Brito na nota.

Gutto Xibatada, cantor paraense de forró, morreu aos 39 anos de idade, no último dia 22 de abril, após ter sido diagnosticado com vírus Monkeypox (Mpox) no mês de março.

Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde de Belém, no Pará, o diagnóstico foi feito no mês de março, quando o cantor foi mantido em isolamento e, posteriormente, recebeu alta hospitalar e encaminhamento para ser tratado em uma unidade de referência.

No dia 22 de abril teria voltado a um pronto socorro por conta de uma piora em seu estado de saúde relacionada à evolução de comorbidades pré-existentes e infeccções oportunistas". Gutto Xibatada teria morrido cerca de oito horas depois de chegar ao hospital.

A secretaria informa que monitorou pessoas que tiveram contato direto com o paciente, mas que todos foram liberados após não terem apresentado sintomas. "As causas da morte seguem sob investigação da Vigilância Epidemiológica de Belém", conclui a nota.

A irmã de Gutto Xibatada usou as redes sociais do cantor para falar sobre o caso: "Estamos passando por um momento muito difícil e delicado. Em meio a tanta dor estamos tendo que enfrentar postagens querendo se beneficiar de likes, visualizações, coisas que não têm nada a ver. Não estão tendo respeito com o nosso luto, nossa perda."

"Por pedidos do meu irmão, ele não queria que se expusesse. Por isso, muitos não sabiam. Se não tivesse vindo a óbito, ninguém saberia. Vim esclarecer a causa [da morte]. Estou cansada de tanta mentira que estão postando por aí. Inclusive da página oficial, que postou uma foto do ser humano no hospital. Que falta de empatia. Meu irmão contraiu um vírus chamado Mpox", continuou.

"A primeira vez que ele foi pro pronto socorro, a médica deu encaminhamento em casa. Devido a ele ter esse histórico de, há muito tempo, ser asmático, esse vírus foi se manifestando em diversos lugares. Atacou os pulmões. Meu irmão ficou sem fala, sem visão, sem toque [tato]. No último dia ele passou a madrugada inteira ruim, obstruiu o nariz inteiro, a boca. Meu irmão sofreu muito."

Em seguida, a irmã relatou que a piora de Gutto Xibatada aconteceu entre os dias 21 e 22: "Ele teve um agravamento muito forte. Eu liguei para o Samu que o levou de ambulância para o pronto-socorro."

"Ele não chegou a ter nenhuma parada cardíaca e nem sepultamento às pressas. Deu entrada no hospital às 9h30 da manhã. No horário das visita, às 16h, minha mãe foi fazer a visita. Ele fez a tomografia e deu entrada no CTI. Ele estava convulsionando."

"Depois que parou, veio o coma, por falta de assistência médica, porque eles não entravam na sala. Devia ficar alguém assistindo direto e não ficava. Foi um sofrimento muito grande. No mesmo dia que deu entrada no hospital, às 17h, veio a óbito. Foi muito rápido, uma situação muito delicada. E meu irmão não queria em nenhum momento se expor", concluiu.

Haverá a realização de uma missa neste domingo, 27, em memória do cantor - a data marca o que seria seu aniversário de 40 anos. Outra cerimônia será feita na segunda-feira, 28. Ambas na Basílica de Nazaré, em Belém.

Posicionamento da Secretaria de Saúde de Belém

"A Secretaria Municipal de Saúde de Belém informa que um paciente com diagnóstico confirmado de Mpox (monkeypox) foi atendido, no mês de março, no Hospital Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti, onde recebeu assistência médica especializada e foi mantido em isolamento. Após melhora clínica, o paciente recebeu alta hospitalar com orientações e encaminhamento para o seguimento do tratamento em unidade de referência.

Posteriormente, em 22 de abril, o paciente foi readmitido no Pronto-Socorro Municipal com agravamento do estado de saúde, relacionado à evolução de comorbidades pré-existentes e infecções oportunistas. A médica infectologista, responsável pelo atendimento determinou o imediato encaminhamento do paciente para um leito de isolamento no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do HPSM da 14 de Março. Novamente foram adotadas todas as medidas clínicas e de isolamento recomendadas, porém, apesar da assistência prestada, o paciente morreu 8 horas após dar entrada no HPSM da 14 de março. As causas da morte seguem sob investigação da Vigilância Epidemiológica de Belém.

A Sesma informa, ainda, que acompanhou todas as pessoas indicadas pelo paciente como tendo tido contato com ele. Esses contatos foram monitorados durante o período estabelecido pelos protocolos de saúde e, ao final do prazo, foram liberados, uma vez que não apresentaram sintomas.

A Sesma reforça que todas as condutas adotadas seguiram os protocolos técnicos do Ministério da Saúde, com o compromisso de garantir o cuidado integral, a ética e a dignidade no atendimento."