Ícaro Silva critica Aguinaldo Silva: 'Ignorância racista'

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Dois dias após Aguinaldo Silva criticar Beyoncé por ter usado um colar milionário na campanha da joalheria Tiffany & Co e ser repuadiado por atores e influenciadores negros, Ícaro Silva publicou um texto na rede social onde chama o comentário do autor de "ignorância racista".

"E aí, Aguinaldo Silva, beleza? Não nos conhecemos e é provável que isso nunca aconteça, dado que já sou muito grande para os pretos em suas obras", começou o intérprete de capitão Ferreira, da série Coisa Mais Linda.

Para ilustrar a luta negra, Ícaro contou a história de sua mãe. "Me sinto no dever de te apresentar Jô do Espírito Santo, uma mulher preta, nordestina e periférica, que criou dois filhos na favela, sob violência constante, com um salário de faxineira. Isso porque tenho certeza que você não é capaz de falar por Joelly, nem por qualquer outra mulher preta brasileira."

O ator contou sobre a educação que ele e o irmão receberam. "Graças à educação antirracista de Jô, minha referência de infância é a Biba, de Cinthya Rachel [do Castelo Rá-Tim-Bum], e não a Xuxa, de Maria [da Graça] Meneghel. Graças à educação antirracista da minha mãe, aprendi que haveria aqueles que se usariam de sua língua ferina e seu privilégio branco para tentar diminuir nossas conquistas e apontar nosso lugar"

Assim como outros artistas, Ícaro apontou as obras do autor como sendo excludente para os negros. "Seu olhar viciado sobre a sociedade brasileira, expresso em novelas ainda hoje tão embranquecidas, não contempla nossa história, tampouco nosso tamanho."

Nas redes sociais, Agnaldo acusou Beyoncé de fazer parte da "elite branca e opressora" e disse que a artista ser a primeira mulher negra a usar a joia não é justiça social.

Em seu vídeo, Ícaro enalteceu a artista. "Quero Beyoncé carregada de diamantes, Aguinaldo. Quero vê-la coberta da cabeça aos pés das pedras mais preciosas já roubadas doo continente africano pelos europeus. Quero ver Beyoncé nadando em um cofre de diamantes como se fosse tio Patinhas. E o dobro eu desejo para toda e qualquer mulher preta neste planeta", disse

O ator citou ainda uma lista de mulheres negras notáveis. "Beyoncé é o presente e cada vez mais o futuro, Aguinaldo. Beyoncé é Joelly, Jô, Taís, Pathy, Aline, Sheron, Cris, Jéssica, Sofia, Lellê, Iza, Uriass, Drika, Tassia, Linn, Liniker, Alcione, Eliana Pittman, Carol, Indira e Elza. Beyoncé sou eu. Algo que você não consegue identificar e que nunca soube representar".

E encerrou criticando mais uma vez a visão do autor. "A elite preta que o racismo te impede de sequer reconhecer e que torna obsoleta qualquer representação falha proveniente da ignorância racista", concluiu.

Nos comentários, a atriz Tais Araujo elogiou o posicionamento do colega. "Obrigada por escrever tudo o que eu acredito e sobre quem me inspiro. Viva as mulheres negras desse país e do mundo! E que nós possamos ter e ser tudo o que queremos e sonhamos sem nos preocupar com os olhos, línguas, julgamentos e atitudes de capitães do mato porque esse tempo já acabou. Atenção galera da patrulha das conquistas negras: quem determina o que a gente pode ou não, somos nós. Aprendam, entendam e aceitem que dói menos. Beijos de luz!"

Clique aqui

Em outra categoria

Xuxa Meneghel fez um desabafo sobre a pressão estética que sofria da TV Globo na época em que apresentava o Xou da Xuxa, entre 1980 e 1990. Segundo a apresentadora, ela era pressionada para não chegar perto dos 60 quilos.

A revelação foi feita durante entrevista ao podcast WOW. Hoje com 62 anos, Xuxa comentou que lembrou da situação durante os bastidores do documentário Pra Sempre Paquitas, lançada em 2024 na Globoplay, mas que isso acabou não aparecendo no filme.

"Revisitando meu passado no documentário das paquitas, eles não colocaram uma coisa que me mandaram para eu ver em que me coloco para baixo, em que vejo uma foto minha nas cartinhas, em que eu falo 'olha como estou gorda, feia'", explicou Xuxa.

A apresentadora continuou: "Uma coisa que era me colocada na época [era] que se eu passasse dos 60 kg [estaria gorda]. Na época, 54 kg foi o normal que eu ficava. Na Globo, meu normal era 54 kg, 55 kg. Se eu fosse para 58 kg, já apertavam as minhas roupas."

Ela explicou que hoje tem boa relação com o próprio corpo, mas que, na época, a ideia de estar gorda caso seu peso aumentasse "era o que ouvia o tempo todo".

"Era uma cobrança muito grande, um negócio cruel. Você não se gostar e querer ficar mais forte ou menos forte, seja o que for, para você se sentir melhor, é uma coisa. Agora fazer isso por um padrão que lhe foi colocado...", completou.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, divulgou nota de pesar pelo falecimento da cantora Cristina Buarque, que morreu neste domingo, 20, aos 74 anos. Segundo Lula, a compositora teve "papel extraordinário" na música brasileira.

"Quero expressar meus profundos sentimentos pelo falecimento de Cristina Buarque. Cantora e compositora talentosa, teve um papel extraordinário na música brasileira ao interpretar as canções de alguns dos mais importantes compositores do samba carioca, ajudando a poesia e o ritmo dos morros do Rio a conquistarem os corações dos brasileiros", escreveu o chefe do Executivo no período da tarde. "Aos seus familiares e ao meu amigo Chico Buarque, deixo minha solidariedade e um forte abraço."

Filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e de Maria Amélia Alvim, Cristina era irmã dos cantores Chico Buarque e Miúcha, e da ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda.

A causa da morte de Cristina não foi divulgada.

A cantora Cristina Buarque morreu neste domingo, 20, aos 74 anos. A informação foi divulgada por Zeca Ferreira, filho da artista, em uma publicação em sua página no Instagram.

Compositora e sambista, Cristina movimentava a Ilha de Paquetá, onde morava, com uma roda de samba. Filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e de Maria Amélia Alvim, Cristina era irmã dos cantores Chico Buarque e Miúcha, e da ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda.

A causa da morte de Cristina não foi divulgada. Nas redes sociais, seu filho prestou uma homenagem à mãe e comentou sobre sua personalidade "avessa aos holofotes".

"Uma vida inteira de amor pelo ofício e pela boa sombra. 'Bom mesmo é o coro', ela dizia, e viveria mesmo feliz a vida escondidinha no meio das vozes não fosse esse faro tão apurado, o amor por revirar as sombras da música brasileira em busca de pequenas pérolas não tocadas pelo sucesso, porque o sucesso, naqueles e nesses tempos, tem um alcance curto", escreveu Zeca, acrescentando que a mãe foi o "ser humano mais íntegro" que já conheceu.

Cristina também foi homenageada pela sobrinha Silvia Buarque. "Minha tia Christina, meu amor. Para sempre comigo", escreveu a atriz em suas redes. A artista deixa cinco filhos.

O bar Bip Bip, tradicional reduto do samba em Copacabana, fez uma publicação lamentando a morte da artista e destacando seu legado: "Formou gerações com suas gravações e repertório, sempre generosa com o material e o conhecimento que acumulou durante anos de rodas de samba."

Carreira

Referência na pesquisa de samba, Cristina gravou seu primeiro álbum, que levou seu nome, em 1974. Na época, a artista ganhou projeção com a interpretação de "Quantas lágrimas", composição do sambista Manacéa.

Segundo o Instituto Memória Musical Brasileira (Immub), a cantora gravou 14 discos ao longo da carreira, sendo o mais recente "Terreiro Grande e Cristina Buarque cantam Candeia", de 2010. Além disso, a artista fez pelo menos 68 participações em discos.

Ao longo da carreira, Cristina foi respeitada não só por sua voz, mas também pela curadoria que fazia de sambas, valorizando artistas como Wilson Batista e Dona Ivone Lara. Portelense e conhecida por sua personalidade peculiar, a compositora recebeu o apelido de "chefia" nas rodas de samba cariocas.