Falsa central de atendimento aplicava golpe por SMS, diz polícia de SP

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Policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil de São Paulo, prenderam cinco pessoas especializadas em aplicar golpes utilizando mensagens SMS por celular, em ação realizada na quarta-feira, 17. Uma primeira análise aponta que boa parte das vítimas eram pessoas de baixa renda, segundo divulgado pela polícia. A defesa dos suspeitos não foi localizada pela reportagem.

Conforme a investigação, a quadrilha, formada por três homens e duas mulheres, montou uma central de atendimento dentro de um apartamento na Rua Soares Passos, no Jabaquara, na zona sul da cidade de São Paulo, para aplicar golpes.

"Entre o material apreendido tinha uma lista contendo qualificações completas de possíveis alvos, inclusive com a renda pessoal, telefones, endereço, datas de nascimento e outras informações", disse o Deic.

De acordo com a polícia, as mensagens eram recebidas com conteúdo alarmista. "A preocupação da vítima em tentar evitar ser enganada e optar por seguir as orientações enviadas era exatamente o que os criminosos precisavam para concretizar o crime. As informações permitiam a subtração de valores bancários", afirmou.

No local foram recolhidos computadores, celulares, fones de ouvido com microfone, itens utilizados para a realização das ligações. "Também apreenderam um coupé Mercedes Benz 4matic, que custa em média R$ 250 mil, um Hyundai i30 e um motociclo PCX", segundo a investigação.

Os cinco presos foram autuados por associação criminosa e furto qualificado mediante a utilização de dispositivo informático.

Com essa ação, a equipe da 5ª Delegacia Patrimônio (Investigações sobre Roubo a Bancos) contabilizou 13 detenções de operadores de centrais de golpes em 72 horas.

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Os desdobramentos continuam diante de alegações de que o namoro do ator Kim Soo-hyun com Kim Sae-ron poderia ter relação com a morte da atriz, aos 24 anos. Após o ator realizar uma coletiva de imprensa e negar ter namorado Sae-ron quando ela era menor de idade, uma petição pública pede o aumento das proteções legais para vítimas de 16 a 19 anos na Coreia do Sul.

A petição, que ficou conhecida como Lei de Prevenção Kim Soo-hyun, foi publicada na segunda-feira, 31, no site de petições eletrônicas da Assembleia Nacional do País.

"Solicitamos que a faixa etária atual de 13 a menos de 16 anos para proteção contra estupro seja aumentada para 13 a menos de 19 anos, e que as penalidades sejam reforçadas", lê o texto do peticionário. O argumento cita o caso de Kim Soo-hyun como um dos motivos por trás do pedido.

"Recentemente, foi revelado que Kim Soo-hyun cometeu crimes sexuais de aliciamento contra a atriz mirim Kim Sae-ron quando ela era menor de idade, o que enfureceu o público. Infelizmente, a atual lei de estupro protege apenas crianças de 13 a 16 anos, tornando impossível processar legalmente Kim Soo-hyun", continua o texto.

O ator, de 37 anos, confirmou na entrevista coletiva que teve um relacionamento com Sae-ron, mas disse que isso só aconteceu quando ela atingiu a maioridade, aos 19 anos. Segundo ele, o romance não se tornou público porque, na época, ele promovia o k-drama Tudo Bem Não Ser Normal, da Netflix.

Anteriormente, familiares da atriz divulgaram algumas conversas entre eles de quando ela ainda era menor de idade, além de uma carta que ela escreveu sobre o término e o pagamento de uma quantia de dinheiro para a empresa do ator. Ele alega que a atriz possuía uma dívida milionária com a empresa, a Gold Medalist, devido a um acidente de carro em 2022.

O texto da petição continua: "Embora a lei sul-coreana defina claramente menores como aqueles abaixo de 18 anos, a restrição de idade de 13 a 16 anos na lei de estupro permite que pedófilos evitem consequências legais. Para evitar que tais incidentes aconteçam novamente, peticionamos pela revisão da lei de estupro sob o nome Lei de Prevenção Kim Soo-hyun."

A petição acumulou 19 mil assinaturas em um dia, segundo o portal 10asia. Caso a petição chegue a 50 mil assinaturas em 30 dias, o pedido será encaminhado a um comitê da Assembleia Nacional, e poderá ser submetido a uma sessão plenária para consideração.

A petição acumulou 19 mil assinaturas em um dia, segundo o portal 10asia. Caso a petição chegue a 50 mil assinaturas em 30 dias, o pedido será encaminhado a um comitê da Assembleia Nacional, e poderá ser submetido a uma sessão plenária para consideração.

Entenda o caso

A atriz sul-coreana Kim Sae-ron foi encontrada sem vida no dia 16 de fevereiro, aos 24 anos.

Posteriormente, a tia da atriz concedeu uma entrevista ao Garosero Research Institute e acusou Kim Soo-hyun, de 37 anos, de envolvimento com o caso. Ele é conhecido pelas séries da Netflix Rainha das Lágrimas e Hotel de Luna.

Segundo a familiar, os dois teriam iniciado um relacionamento em 2015, quando Sae-ron tinha apenas 15 anos e Kim Soo-hyun, 27. O namoro teria durado seis anos e, durante esse período, a atriz teria abandonado sua agência para se juntar à Gold Medalist, empresa fundada por Soo-hyun em 2019.

A tia afirma que a jovem atuou na companhia sem remuneração, ajudando no gerenciamento de talentos e dando aulas de atuação.

Segundo ela, o relacionamento chegou ao fim após Sae-ron ser flagrada dirigindo embriagada. A Gold Medalist teria pago uma quantia para reparar os danos à imagem da atriz, e a dívida não foi cobrada na época. Em 2024, quando recebeu uma notificação exigindo o reembolso, ela teria ficado abalada.

Para a família, a pressão emocional e financeira foram fatores determinantes para que a atriz tirasse a própria vida. A tia enfatizou que o suicídio ocorreu justamente no dia 16 de fevereiro, aniversário de 37 anos de Kim Soo-hyun, sugerindo uma ligação entre os acontecimentos.

Onde buscar ajuda

Se você está passando por sofrimento psíquico ou conhece alguém nessa situação, veja abaixo onde encontrar ajuda:

Centro de Valorização da Vida (CVV)

Se estiver precisando de ajuda imediata, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV), serviço gratuito de apoio emocional que disponibiliza atendimento 24 horas por dia. O contato pode ser feito por e-mail, pelo chat no site ou pelo telefone 188.

Canal Pode Falar

Iniciativa criada pelo Unicef para oferecer escuta para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos. O contato pode ser feito pelo WhatsApp, de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h.

SUS

Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) voltadas para o atendimento de pacientes com transtornos mentais. Há unidades específicas para crianças e adolescentes. Na cidade de São Paulo, são 33 Caps Infantojuventis e é possível buscar os endereços das unidades nesta página.

Mapa da Saúde Mental

O site traz mapas com unidades de saúde e iniciativas gratuitas de atendimento psicológico presencial e online. Disponibiliza ainda materiais de orientação sobre transtornos mentais.

Uma das construções mais imponentes de São Paulo agora vai para as telas de cinema. Símbolo da arquitetura moderna brasileira concebido por Oscar Niemeyer, o Copan visto sob o olhar da diretora Carine Wallauer é uma entidade complexa e viva. Em seu filme documental Copan, que estreou mundialmente no Festival Internacional de Documentários de Copenhague, o CPH:DOX, e que está na programação do Festival É Tudo Verdade 2025, ela retrata a vida no edifício em meio a um dos momentos políticos mais conturbados dos últimos anos, as eleições presidenciais de 2022, ecoando-o em outro mais particular para os moradores do prédio: as eleições para síndico.

"As nossas microestruturas políticas do dia a dia se relacionam muito bem com esse macro. A eleição presidencial, no nosso dia a dia, é distante, no sentido de que você vota uma vez a cada quatro anos", reflete Carine Wallauer, ao Estadão, ao explicar como surgiu a correlação.

"A gente tem essas pequenas eleições que acontecem nas microsferas, seja para síndico, seja para diretor sindical, seja para qualquer tipo de liderança que afeta a nossa vida. Às vezes a gente não se importa tanto com elas, mas, no fim, elas têm um impacto gigante também no modo como a gente vive", nota.

"Num prédio como o Copan, a escolha do síndico impacta diretamente a vida das pessoas, não só de quem mora, mas de quem visita e de quem trabalha. Talvez, se a gente ficar atento ao micro, a gente possa entender e ter uma entrada maior no macro também", completa.

Relação afetiva com o Copan

Nascida em Novo Hamburgo, RS, Carine tem uma relação bem pessoal com o Copan, e foi isso que a inspirou a fazer o documentário, seu primeiro longa-metragem como diretora. Moradora do prédio por sete anos, ela encontrou ali os primeiros laços afetivos ao se mudar para São Paulo, e assim surgiu uma relação muito próxima que a inspirou como artista.

"Quando eu cheguei, não tinha ainda uma rede de amigos muito estabelecida, e os funcionários do prédio sabiam tudo da minha vida e cuidavam de mim", recorda. "Quando comecei a pensar em fazer o filme, a minha primeira ideia sempre foi dar esse protagonismo para eles e para a relação deles com o Copan. É um prédio que inspira. Eu acho que ele inspira até quem não é artista, que dirá quem é."

Ao longo do filme, Carine põe sua câmera no lugar de observadora, sem que faça grandes interferências nos acontecimentos, e apresenta uma obra que joga luz sobre a multiplicidade de vozes e vivências que precisam coexistir nos 32 andares do edifício - no caminho, ela reflete como essa mesma coexistência deve acontecer no mundo. Os diálogos, tanto sobre as eleições quanto sobre a rotina de trabalho ou amenidades, são expostos com naturalidade, sem que haja uma provocação para isso.

"No começo, entrevistei todos os personagens, mas nunca foi o meu objetivo utilizar [as entrevistas]. É muito difícil escolher, dentro de 5 mil pessoas, quem você vai eleger para representar esse prédio. Então, mais do que escolher 10 entre a 5 mil, eu quis dar uma sensação de como é o Copan, mostrar esse magnetismo, o que corre nas veias desse lugar. É um filme muito mais sobre um efeito subjetivo que o Copan exerce na gente", justifica.

Carine enfatiza que, em sua visão, era primordial dar destaque aos funcionários e à observação da logística do prédio ao longo do filme. Dividindo as cenas entre reuniões de moradores, almoços de colegas e conversas triviais de vizinhos, ela expõe de forma bastante natural como as transformações físicas que acontecem o tempo todo dentro e nos arredores do Copan afetam moradores e trabalhadores.

A realizadora salienta que se trata de um movimento que segue o fluxo que acontece no centro de São Paulo hoje, com a construção de novos prédios e espaços pensados no turismo e na revitalização de determinadas áreas. Para ela, é uma estratégia que funciona comercialmente, mas é necessário se aproximar com cautela para entender os efeitos práticos de tudo isso.

"Eu cheguei no prédio em 2017 e saí em 2024 porque o apartamento onde eu morava foi vendido para virar um Airbnb. Ao longo do tempo, fui ficando insegura porque quase não tinha moradores [no andar], mas tinha esse fluxo de pessoas que acho complexo", conta, revelando que a movimentação gerada pelos locatários por temporada cria uma sensação de insegurança.

"Entendo o ponto de vista comercial, mas, para quem mora, é um pouco estranho", diz. "Há uma descaracterização, a planta original é modificada para dar conta dessa estética Pinterest, de hotel. E isso acaba afetando a vida de quem mora e de quem trabalha, porque os porteiros acabam tendo que ser recepcionistas. Isso é fruto de uma gentrificação do centro, definitivamente. Do ponto de vista turístico e comercial, faz sentido, mas enquanto um prédio residencial é uma questão a se pensar."

Falando ao Estadão diretamente de Copenhague, onde participou de sessões de exibição e perguntas e respostas sobre o filme, Wallauer se prepara para o lançamento de Copan no É Tudo Verdade 2025, que acontece no Rio de Janeiro e em São Paulo entre os dias 3 e 13 de abril. Para ela, a grande expectativa é ver o filme chegar até as pessoas retratadas no documentário, e impactar sobretudo quem se sente afetado pela imponente construção.

"Pensar que os trabalhadores do Copan vão estar lá [na estreia] com suas famílias me emociona, vai ser muito especial. Quero muito viver esse momento com eles. O Copan é um marco para a cidade de São Paulo e qualquer coisa feita sobre ele vai sempre gerar algum tipo de repercussão, e espero que seja positiva no caso do filme", torce.

Carine se emociona ao explicar de onde vem sua preocupação ao priorizar o olhar da classe trabalhadora. Filha de mãe empregada doméstica e pai que foi caixeiro-viajante por 30 anos, ela ressalta o desejo de que seu filme converse com todos os públicos.

"Meu intuito era fazer um filme artístico, claro, mas também um filme que não fosse hermético, um filme que minha mãe pudesse assistir, entender e se identificar. Que o Joselito, funcionário da limpeza que faz uma performance de dança, olhasse para si e visse todo o poder e força que ele tem. Que o Alberi, que toca violino e é um artista autodidata, se veja e saiba o valor que ele tem", reflete.

"A ideia de dar o protagonismo para os funcionários passa por todas essas esferas. Quando a gente vem de um contexto social que não é relacionado com artes, é muito difícil", completa. "Não é que você não tem talento, você não tem oportunidade. Eu queria muito que, no filme, eles tivessem esse espaço para brilhar. Acredito muito que a gente tem artistas fenomenais no Brasil que infelizmente não tiveram oportunidade porque não vieram de uma família rica."

Onde conferir as sessões de 'Copan' no É Tudo Verdade:

São Paulo:

- 08/04, às 20h30 - CineSesc: R. Augusta, 2075 - Cerqueira César

- 09/04, às 17h - Cinemateca Brasileira: Largo Senador Raul Cardoso, 207 - Vila Mariana

Rio de Janeiro:

- 11/04, às 20h30 - Estação NET Botafogo: R. Voluntários da Pátria, 88 - Botafogo

12/04, às 21h - Estação NET Rio: Rua Voluntários da Pátria, 35 - Botafogo

Drauzio Varella está lançando seu 20º livro, O Sentido das Águas, registro de viagens que fez pela bacia do Rio Negro. Em entrevista ao Estadão, publicada nesta segunda-feira, 31, além de falar sobre o novo trabalho, o médico e escritor relembrou sua atuação no extinto presídio do Carandiru, na zona norte de São Paulo, que resultou no best-seller Estação Carandiru, vencedor do Prêmio Jabuti e adaptado para os cinemas por Hector Babenco.

Perguntado sobre o que a sociedade brasileira precisa aprender que não aprendeu com aquele massacre que causou a morte de 111 detentos, ele disse: "Em primeiro lugar, a reconhecer que a cadeia não reduz a violência urbana. Claro que se tem um cara assaltando na esquina da minha casa, eu quero que ele vá preso. Mas eu não posso ter a ilusão que dessa forma eu estou reduzindo a violência."

Varella afirmou que, quando começou a trabalhar no sistema prisional, em 1989, o Brasil tinha 90 mil presos. Hoje, tem cerca de 800 mil presidiários.

"Nesse período, nós aumentamos nove vezes a população prisional. Diminuiu a violência? Claro que não. Não é assim que vamos diminuir a violência. O que faz diminuir a violência? Educação e oportunidade. Se você tem uma sociedade que privilegia as diferenças sociais, em que a pobreza não é combatida, vai ter violência", opinou o doutor.

Ele ainda comparou a situação nos Estados Unidos e criticou a concentração de riquezas ao relembrar a posse do presidente Donald Trump. "Os três caras que estavam lá, [Mark] Zuckerberg, [Elon] Musk e [Jeff] Bezos? A fortuna dessas três pessoas é igual à da metade inferior da sociedade americana, que são 170 milhões [de pessoas]. Conclusão: você sai daquela parte mais civilizada das cidades americanas e você cai num nível de violência absurda", falou.

"Enquanto isso, na China tiraram 800 milhões de pessoas da pobreza extrema. É um país muito menos violento do que os EUA. Então, enquanto não nos convencermos de que nós temos que distribuir renda e que não dá para viver com essa concentração que temos hoje, querer andar em paz pelas ruas sem que aconteça nada será apenas um sonho", alertou o oncologista de 81 anos.