Atlas do IBGE com Brasil no centro vira polêmica: como surgiu o marco zero dos mapas?

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A divulgação do novo Atlas Geográfico Escolar pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta semana foi alvo de polêmica nas redes sociais por mostrar o Brasil no centro do mapa-múndi. A representação contém ainda uma marcação dos países do G-20 (grupo das maiores economias) e das nações que têm relação diplomática com o Brasil.

Embora coloque o Brasil no centro - e não Europa e África, como nas representações mais recorrentes -, o mapa do IBGE mantém as coordenadas geográficas fixadas em 1884.

Em seu site, o instituto diz que a inovação está em consonância com a atual presidência brasileira do G-20. "A emergência do Sul Global acompanha o reposicionamento do Brasil no mapa-múndi", afirmou o presidente do IBGE, Márcio Pochmann.

Ele acrescentou que a prevalência do chamado Norte Global nas representações cartográficas expressam "o projeto eurocentrista de modernidade Ocidental". Nas redes sociais, parte dos internautas criticou o novo atlas e as justificativas. Outra parcela diz que mapas semelhantes são feitos por outros países.

Na cartografia, nem sempre o Meridiano de Greenwich representou o centro e o 0º nos mapas-múndi. Até o século 19, cada país adotava seu próprio meridiano de origem e, a partir disso, dividia as longitudes (linhas que cortam o mapa de forma vertical) leste e oeste.

As dificuldades provocadas pelas diferenças entre as coordenadas geográficas trouxeram a necessidade de padronização. Isso ocorreu em 1884, na Conferência Internacional do Meridiano, em Washington, nos Estados Unidos, explica o professor de cartografia da Universidade Federal de Goiânia (UFG), Ivanilton José de Oliveira.

A convenção estabeleceu que o Observatório de Greenwich, no Reino Unido, deveria se tornar o ponto zero das representações cartográficas.

"Claro que a escolha de Greenwich reflete, também, o poder da potência econômica, militar e cultural da época, que era a Inglaterra", afirma de Oliveira.

As coordenadas das latitudes como conhecemos hoje foram definidas muito antes das longitudes. Essa é uma ideia que surgiu na Grécia antiga, com a descoberta de que a Terra é redonda.

Os gregos, assim como outros povos da Antiguidade, percebiam que a posição do Sol parecia mudar se vista da Terra. Durante as passagens das estações, às vezes, o astro estava mais ao norte, às vezes, mais ao sul.

Com isso, eles identificaram algumas linhas, como o Trópico de Câncer - quando o Sol está na altura da constelação de mesmo nome.

A Linha do Equador dividiria esse movimento do astro em partes iguais. O traçado e a posição do ponto zero na horizontal vieram nas representações cartográficas do século 16.

Durante essa época surgiram os primeiros mapas-múndi na Europa como produto das Grandes Navegações.

Essas cartografias "começaram a criar uma imagem do mundo", explica Ivanilton José de Oliveira. Quando os portugueses se lançaram no Oceano Atlântico passaram a explorar o mundo como um todo e conheceram novos continentes.

Antes disso, os mapas europeus costumavam mostrar apenas a Europa, norte da África e uma parte da Ásia, ou seja, as regiões que eles sabiam da existência.

Em todos os povos, os mapeamentos ficavam restritos às áreas mais próximas e conhecidas por eles, conta o professor da UFG. O mesmo se repetia nas representações cartográficas chinesas, por exemplo.

Mesmo a Antártida só entrou nos mapas da forma que se vê hoje no século 20. "Grande parte dessa visão que a gente tem hoje de mapas orientados por Europa na parte de cima e o Oceano Atlântico no centro vem do século 16", diz de Oliveira.

Essa ideia de representação se difundiu com a ajuda da Escola de Cartografia Holandesa, a primeira a utilizar a imprensa, o que acelerou o processo de replicação de mapas. "Até então, os mapas eram pinturas feitas à mão. Demoravam anos para concluir um mapa". O azul para representar o mar também foi uma padronização vinda da Holanda.

Desafio de evitar distorções

Apesar do modelo surgido na Europa de cartografia ter se padronizado no mundo, as projeções ainda variam bastante. Com base na projeção, são escolhidos quais os aspectos que terão uma representação mais fiel ou não da realidade.

Ivanilton José de Oliveira explica que, como o planeta tem formato quase esférico - na verdade, trata-se de um geoide - é impossível representá-lo com 100% de precisão em um modelo plano.

"A melhor forma de a gente ver, de fato, os continentes e os países sem distorções seria em um globo, mas é algo mais complicado de manusear. E não consigo ver a Terra toda ao mesmo tempo", conta o professor.

No caso dos mapas utilizados no Brasil, inclusive do lançado recentemente pelo IBGE, se utiliza uma projeção afilática, que tem uma forte finalidade de aprendizado por se aproximar do formato da Terra. Segundo de Oliveira, a projeção afilática é a mais comum.

Esse modelo distorce de forma mínima os ângulos, formas e áreas dos elementos cartográficos. Significa escolher não representar com grande precisão nenhum elemento para evitar grande distorção em algum deles.

Além disso, tem como característica apresentar mais distorções no extremo norte e sul do planeta. Isso porque "usa paralelos retos e meridianos curvos, mas que não se encontram nos polos".

O professor conta que colocar o país na região central do mapa não é algo exclusivo do Brasil. Outros países como Nova Zelândia e Austrália também confeccionaram representações cartográficas onde o próprio território se torna o centro do planeta.

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O Prêmio Platino, que destaca filmes e séries ibero-americanos, divulgou sua lista de ganhadores em 2025 neste domingo, 27, no palácio municipal Ifema, em Madri, na Espanha. As produções brasileiras Ainda Estou Aqui e Senna foram premiadas.

O destaque ficou por conta do longa Ainda Estou Aqui, que ganhou nas categorias mais importantes, como melhor filme ibero-americano, melhor atriz (Fernanda Torres) e melhor direção (Walter Salles). Já Senna venceu a categoria de melhor criador de série (Vicente Amorim, Fernando Coimbra, Luiz Bolognesi, Patrícia Andrade).

Os brasileiros vencedores do Prêmio Platino 2025

Ainda Estou Aqui (melhor filme ibero-americano de ficção)

Walter Salles (melhor direção, por Ainda Estou Aqui)

Fernanda Torres (melhor atriz, por Ainda Estou Aqui)

Vicente Amorim, Fernando Coimbra, Luiz Bolognesi e Patrícia Andrade (melhor criador de série, por Senna)

Outros indicados brasileiros ao Prêmio Platino 2025

O Brasil ainda contou com outros indicados que não faturaram nenhum prêmio neste ano. Foram eles:

Arca de Noé (melhor animação)

Cidade de Deus - A Luta Não Para (melhor série, minissérie de ficção ou documentário)

Senna (melhor série, minissérie de ficção ou documentário)

Alexandre Rodrigues, o Buscapé de Cidade de Deus (melhor ator de série)

Gabriel Leone, o Ayrton de Senna (melhor ator em série)

Andreia Horta, a Jerusa de Cidade de Deus (melhor atriz em série)

Hugo Bonemer, o Nelson Piquet de Senna (melhor ator coadjuvante de série)

Os ganhadores do Prêmio Platino 2025

Melhor estreia de ficção: El Ladrón de Perros

Melhor filme de animação: Mariposas Negras

Melhor atriz coadjuvante de série: Carmen Maura (Tierra de Mujeres)

Melhor ator coadjuvante de série: Jairo Camargo (Cien Años de Soledad)

Melhor documentário: El Eco

Melhor música original: Alberto Iglesias (La Habitación de Al Lado)

Melhor criador de série: Vicente Amorim, Fernando Coimbra, Luiz Bolognesi, Patricia Andrade (Senna)

Melhor comédia iberoamericana de ficção: Buscando a Coque

Melhor direção de arte: Eugenio Caballero, Carlos Y. Jacques (Pedro Páramo)

Melhor direção de fotografia: Edu Grau (La Habitación de Al Lado)

Melhor direção de som: Diana Sagrista, Alejandro Castillo, Eva Valiño, Antonin Dalmasso (Segundo Premio)

Melhor direção de edição: Victoria Lammers (La Infiltrada)

Prêmio Platino ao cinema e educação em valores: Memorias de Un Cuerpo que Arde

Melhor ator coadjuvante: Daniel Fanego (El Jockey)

Melhor atriz coadjuvante: Clara Segura (El 47)

Prêmio Platino de honra 2025: Eva Longoria

Melhor ator em série: Claudio Cataño (Cien Años de Soledad)

Melhor atriz em série: Candela Peña (El Caso Asunta)

Melhor roteiro: Arantxa Echevarria, Amelia Mora (La Infiltrada)

Melhor direção: Walter Salles (Ainda Estou Aqui)

Melhor atriz: Fernanda Torres

Melhor ator: Eduard Fernández (Marco)

Melhor série, minissérie de ficção ou documentário: Cien Años de Soledad

Melhor filme iboeroamericano de ficção: Ainda Estou Aqui

Renato Aragão relembrou o dia em que subiu em um dos braços e beijou a mão da estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, em entrevista ao Jornal Nacional em ocasião dos 60 anos da TV Globo.

O humorista, conhecido por seu trabalho com o grupo Os Trapalhões, se emocionou ao rever as imagens e explicou o porquê de ter feito o que fez: "Consegui chegar no Rio de Janeiro, fazer sucesso na vida. Daí eu agradecia, mas eu queria simbolicamente estar lá agradecendo a imagem de Deus."

Questionado sobre como resumiria o momento em uma frase, disse: "Obrigado, meu bom Deus. Essa fé não vai acabar nunca. Nem depois que eu for."

Por que Renato Aragão subiu no Cristo Redentor

O eterno 'Didi Mocó' chamou atenção ao 'escalar' um dos braços do Cristo Redentor em 28 de julho de 1991, em ocasião dos 25 anos do grupo Os Trapalhões, no Criança.

Em depoimento ao projeto Memória Globo, há alguns anos, Renato Aragão já havia abordado o tema, negando que o tivesse feito por exibicionismo. "Eu queria ir lá à noite, escondido, com uma lanterna. Mas disse: 'Isso é infantilidade, idiotice'. Tenho que prestar contas ao Ibama, à Cúria, à Igreja. Não pode ir assim."

O comediante também destacou que chegou a beijar os pés do Cristo Redentor durante as gravações do filme Os Trapalhões e o Mágico de Oróz, mas fazia questão de fazer o mesmo nas mãos da estátua.

"Foi difícil conseguir. A nossa chantagem foi que era um programa em benefício das crianças [Criança Esperança]", relembrou, sobre as autorizações.

César Tralli, apresentador e repórter da TV Globo, publicou um texto de despedida do Vaticano após participar da cobertura sobre a morte e o funeral do papa Francisco. Neste domingo, 27, ele fez uma postagem em seu Instagram antes de embarcar em sua viagem na Itália: "Partiu, Brasil!".

"Com as lembranças de tantos abraços, apertos de mão, sorrisos, olhares de afeto e compaixão. A energia boa que vai, volta... Fazer do respeito ao próximo um caminho de paz e tolerância", escreveu.

Em seguida, Tralli concluiu: "Ouvi de uma jovem voluntária de 15 anos, que estava ajudando idosos no funeral do Papa, uma frase que me marcou: 'Não é sobre religião. É sobre ter amor no coração'. Bom domingo, boa semana e muito obrigado pela companhia".