Advogados de 40 vítimas de Brumadinho pedem reabertura de ação sobre ex-presidente da Vale

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Os advogados que representam o espólio de 40 vítimas do estouro da barragem de Brumadinho, em Minas, recorreram à Justiça Federal em uma tentativa de reabrir ação penal sobre o ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman. Eles sustentam que "condutas omissivas" de Schvartsman o ligariam à morte de 270 pessoas sob o tsunami de lama ocorrido na tarde de 25 de janeiro de 2019. Pedem, ainda, que o executivo seja condenado, junto de outros 15 denunciados no caso, a pagar uma indenização de R$ 200 milhões - R$ 5 milhões para as famílias de cada uma das 40 vítimas.

Procurada, a defesa de Schvartsman não quis se manifestar. O Estadão pediu manifestação da Vale. O espaço está aberto.

O pedido tem relação com o fato de o Tribunal Regional Federal da 6ª Região em Minas ter trancado, em março, dois processos que atribuíam responsabilidade pela tragédia ao ex-presidente da Vale, uma das ações por homicídio qualificado.

Na ocasião, os desembargadores entenderam que não havia provas de que o ex-chefe da Vale tenha sido negligente com as medidas de segurança.

Agora, os advogados das vítimas de Brumadinho dizem ter saneado os pontos que levaram o colegiado a barrar as ações. Eles querem abrir uma nova frente sobre o caso e pedem que o Ministério Público Federal se manifeste sobre eventual investigação do atual presidente da Vale Eduardo Bartolomeo. O motivo: o fato de a empresa ainda não ter "cumprido com o dever de indenizar pelos danos" causados.

O argumento central é o de que, além de indenizar as famílias das vítimas, a empresa deve indenizar os "próprios trabalhadores que perderam a vida".

Há inclusive um pedido para que a Procuradoria se manifeste sobre um eventual requerimento de afastamento imediato de Bartolomeo da direção da empresa. Os advogados tentam enquadrá-lo por suposta "usurpação de bens da União".

As solicitações constam de um aditamento à denúncia apresentado à Justiça Federal na segunda-feira,19. O documento tenta servir como uma espécie de complemento à acusação oferecida pelo Ministério Público Federal em janeiro de 2020.

Os advogados ponderam que, enquanto assistentes de acusação, podem complementar a denúncia pois "buscam um processo justo, bem como a devida responsabilização do autor da prática criminosa".

Eles sustentam que eram esperadas de Schvartsman "medidas de segurança eficazes, que pudessem resgatar a estabilidade da barragem que se rompeu em Brumadinho".

Segundo a defesa das 40 vítimas de Brumadinho, ao assumir o lema "Mariana nunca mais", o então presidente da Vale assumiu um dever especial de vigiar as barragens em situação de risco.

Os advogados fazem menção a uma outra catástrofe, a de Mariana, ocorrida em novembro de 2015, quando morreram 19 pessoas. "Fábio Schvartsman, apesar da condição na qual assumiu a Vale (após o desastre de Mariana e com o compromisso público de que isso nunca mais voltaria a ocorrer), e estando na posição de garantidor, omitiu-se diante de situação de grave risco, que culminou no evento danoso que teve como causa a execução de uma perfuração na barragem com a utilização de técnicas e instrumentos inadequados. Sua omissão contribuiu para a não evitação do evento danoso", afirma a petição.

Por meio do documento, os advogados contestam o entendimento de que o conhecimento de Schvartsman sobre a Barragem I do Córrego do Feijão só poderia ser constatado através de emails e participação presencial em reuniões sobre o tema.

Eles dizem que há provas mínimas suficientes para que a instrução criminal se inicie e, então, sejam apresentadas provas, de ambos os lados, que culminem em uma absolvição ou condenação.

"O que se pleiteia, diante dos elementos apresentados, é oportunizar a instrução criminal em face de Fábio Schvartsman, evitar a prescrição da pretensão punitiva estatal, bem como buscar o melhor e constitucionalmente orientado caminho para a responsabilização e indenização devida às vítimas, familiares e a toda sociedade dos responsáveis pela tragédia de Brumadinho", pedem.

Afastamento do atual presidente da Vale

Ao tempo em que quer reabrir a ação sobre Schvartsman, a defesa das 40 vítimas de Brumadinho sustenta que, apesar de a Vale ter fechado acordos com familiares de vítimas, até o momento, "no que concerne às vítimas diretas da tragédia, não cumpriu com o seu dever de indenizar os danos causados".

O argumento é o de que é devida uma indenização aos espólios das vítimas. Eles se apegam ao que definem como o "direito de permanecer vivo e de ter uma existência digna, inclusive de estar num meio ambiente de trabalho seguro".

Os advogados veem "recalcitrância em cumprir a obrigação de indenizar as vítimas fatais" e, por isso, querem enquadrar não só o ex-presidente da Vale mas também o atual dirigente da companhia.

"A conduta dos presidentes da Vale se coaduna ao tipo penal de usurpação ao patrimônio a partir do momento em que existe um dano a ser reparado, dano pelo resultado morte, ocasionado em razão da exploração do patrimônio da União, e eles, ao longo dos mais de cinco anos decorridos desde a tragédia de Brumadinho, se recusaram (no caso de Eduardo Bartolomeo, se recusa) a se responsabilizar e a repará-lo", alegam.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE FÁBIO SCHVARTSMAN

A reportagem do Estadão pediu manifestação da defesa do ex-presidente da Vale. O espaço está aberto.

COM A PALAVRA, A VALE

O Estadão fez contato com a Vale e aguarda resposta.

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Uma vaquinha online foi aberta para ajudar a atriz Maidê Mahl, de 32 anos, que segue em recuperação após ter sido encontrada com ferimentos graves e desacordada em um hotel de São Paulo, em setembro do ano passado. A informação foi divulgada na noite de domingo, 20, no Instagram dela.

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Na trama, Joel é atacado por Abby (Kaitlyn Dever) durante uma patrulha, após ajudá-la a escapar de infectados. Ela o atrai até uma cabana, onde o personagem é ferido e espancado diante de Ellie (Bella Ramsey), que tenta intervir. A motivação da personagem está ligada aos acontecimentos do final da primeira temporada. Enquanto isso, a cidade de Jackson lida com uma invasão de infectados, ampliando a tensão.

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Mazin completou dizendo que o desafio era equilibrar a surpresa para quem ainda não conhecia o jogo e a expectativa de quem já sabia o que viria.

"Existe o risco de atormentar o público, e não é isso que queremos fazer. Se as pessoas souberem que isso vai acontecer, vão começar a se sentir atormentadas. E quem não sabe, vai acabar descobrindo, porque todo mundo comentaria sobre a ausência da cena", explicou o criador. "Nosso instinto foi garantir que, quando acontecesse, parecesse natural dentro da história - e não como uma escolha pensada apenas para abalar o público."

A versão televisiva da história também expande elementos que, no jogo, aparecem apenas como menções. A crise em Jackson, por exemplo, foi mostrada de forma mais direta, o que ajuda a consolidar o local como um personagem dentro da narrativa. "Queríamos que o público levasse Jackson em consideração daqui para frente", disse Druckmann.

O episódio também aprofunda a relação entre Joel e Dina (Isabela Merced), que não chega a ser mostrada no jogo. A adaptação sugere que, ao longo dos anos em Jackson, Joel e Dina desenvolveram uma conexão próxima, o que reforça o impacto emocional do ataque. Já a dinâmica entre Ellie e Dina ainda está em construção, com diferenças importantes em relação ao material original.

O autor britânico Neil Gaiman, conhecido por obras como Sandman, Coraline e Deuses Americanos, abriu um processo contra Caroline Wallner, ceramista que o acusou de abuso sexual.

Ele cobra mais de US$ 500 mil (cerca de R$ 2,6 milhões), alegando que ela quebrou o acordo de confidencialidade firmado entre os dois há três anos. As informações são da revista Vulture.

Wallner se mudou para a casa de Gaiman em Woodstock, nos Estados Unidos, onde trabalhou e morou, junto com o ex-marido. Segundo ela, os abusos teriam ocorrido entre 2018 e 2020, após o fim do casamento. Nesse período, o autor teria proposto relações sexuais em troca de moradia. Ele nega a acusação e diz que foi ela quem iniciou os encontros íntimos.

Em 2021, Gaiman e Wallner assinaram um acordo que incluía cláusulas de sigilo e não difamação. Como parte do acerto, o escritor pagou US$ 275 mil à ceramista, que ficou impedida de processá-lo ou relatar publicamente o que viveu. Agora, ele afirma que Wallner descumpriu os termos ao dar entrevistas a veículos de imprensa.

No novo pedido, o autor exige o reembolso total do valor pago, o pagamento de honorários advocatícios e uma compensação de US$ 50 mil para cada entrevista concedida. O ex-marido de Wallner, que também assinou o acordo à época, foi citado no processo.

Vincent White, advogado da ceramista, e especialista em casos de assédio, afirmou que raramente homens acusados recorrem à Justiça nesses casos, por conta da repercussão pública negativa. "Quando alguém tenta silenciar esse tipo de denúncia, muita gente acaba acreditando que ela é verdadeira", afirmou.