Falta de luz e falha em energia na 25 de Março afetam 500 comerciantes, diz associação

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Ao menos 500 lojistas da Rua 25 de Março, no famoso centro comercial de São Paulo, continuam enfrentando transtornos em razão da falta de energia elétrica. Mesmo sem solução definitiva, comerciantes abriram as portas na manhã desta terça-feira, 3. A Enel Distribuição São Paulo (Enel) disse que está atuando no local.

Conforme a diretora executiva da União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências (Univinco), Cláudia Urias, do total, 400 endereços na Rua 25 de Março continuam sem fase 220V. Na Rua Comendador Abdo Schahin, outros 100 comerciantes estão sem as duas fases.

Um dos prejudicados é Elias Ambar, de 71 anos. Desde os anos 1980, ele e os irmãos assumiram um comércio varejista de artigos de armarinho do pai. Segundo Ambar, a falta de iluminação na região tem sido frequente, mas a situação piorou na última semana.

"Não conseguimos trabalhar normalmente e o prejuízo é difícil de mensurar. Quando achamos que a situação tende a normalizar, vem uma crise deste tipo e percebemos que o problema não está sendo sanado, só reparado", diz Ambar. "As instalações obsoletas não dão mais conta da energia na região."

Cláudia, da Univinco, disse que a companhia informou que conseguiu arrumar a rede primária, embora alguns lojistas ainda estejam completamente no escuro. A fase 220V, que é a rede secundária, ainda está com fornecimento bastante prejudicado, segundo ela.

"Em alguns locais, como Ladeira Porto Geral e o começo da Rua Comendador Abdo Schahin, foram colocados geradores, mas há muitas lojas ainda na Rua 25 de Março, do número 717 até 837, que continuam sem fase e sem gerador ainda. Estou cobrando a Enel desde o início da manhã", afirmou ela.

Desde a semana passada, alguns comércios da região da 25 de Março, incluindo restaurantes, têm relatado falta de fases, mas desde a tarde de segunda-feira, 2, diversas quadras foram afetadas por um apagão total, prejudicando as vendas e a rotina dos comerciantes, de acordo com a Univinco.

Na manhã desta terça-feira, por meio de nota, a Enel informou que a energia foi restabelecida por volta das 5h30 da manhã para a maioria dos clientes da Rua 25 de Março, após reparos na rede subterrânea que atende à região.

"Neste momento, equipes da companhia atuam para recompor níveis de tensão a alguns lojistas que estão com energia, porém com falta de fase", disse.

A companhia acrescentou que está mobilizando geradores em contingência para suprir o fornecimento dos clientes afetados.

Mais de 500 pontos comerciais encerraram suas atividades mais cedo na segunda-feira, sem saber como seria o dia nesta terça. "O prejuízo é incalculável e, até o momento, não há solução definitiva apresentada pela Enel", acrescenta a entidade que representa o comércio na região da 25 de Março.

Apagão em SP no fim de semana foi causado por pipa

No sábado, 31, uma pipa atingiu uma subestação da Eletrobras em Guarulhos, na Grande São Paulo, provocando dois curtos-circuitos e o apagão que afetou quase um milhão de moradores de São Paulo e da maior cidade da região metropolitana por aproximadamente três horas.

A informação sobre o motivo do incidente foi divulgada na segunda-feira, 2, pela Eletrobras, maior empresa de geração de energia do País.

Os dois curtos-circuitos causaram a falta de luz que afetou diversos bairros da capital, principalmente das zonas norte, leste e central, e de Guarulhos e causou reflexos também no transporte público. A Avenida Paulista, um dos cartões-postais da capital, ficou totalmente às escuras.

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Ney Latorraca morreu nesta quinta-feira aos 80 anos, deixando viúvo o ator, escritor e diretor Edi Botelho, com quem mantinha um relacionamento desde 1995. Ney e Edi mantiveram o relacionamento fora dos holofotes, mas, em 2022, o ator concedeu entrevista ao jornal O Globo e falou em público pela primeira vez sobre o companheiro: "Vivo com uma pessoa maravilhosa, um grande companheiro, amigo e bom ator que é o Edi Botelho".

Os dois dividiram o palco em pelo menos cinco produções. A primeira vez foi em Quartet, de 1996, uma peça experimental de Heiner Müller, com direção de Gerald Thomas, na qual Ney e Edi interpretaram diversos personagens em um cenário de açougue, com elementos viscerais como sangue, facas e carne.

Em 1999, eles novamente dividiram palco no espetáculo O Martelo, de Renato Modesto, com direção de Aderbal Freire Filho, no qual Ney contracenou com Bárbara Bruno Goulart, enquanto Edi atuou como parte do elenco.

Em Três Vezes Teatro, de 2000, Ney foi dirigido pelo companheiro. A montagem reunia três peças curtas de autores clássicos (Tchekhov, Pirandello e Cocteau), dando a Ney a oportunidade de revisitar grandes autores.

O casal esteve no palco novamente em 2020, no espetáculo Capitanias Hereditárias, comédia de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa, dirigida por Falabella. No palco, estavam ainda José Wilker, Natália do Vale e Bia Nunnes.

Os dois subiram ao palco juntos novamente com Entredentes, escrita por Gerald Thomas especialmente para Ney.

Antes do relacionamento com Edi, Ney foi casado com a atriz Inês Galvão por quatro anos.

Família de Ney Latorraca

Ney nasceu em Santos, no litoral paulista, em uma família de artistas. Seus pais o influenciaram fortemente a sua paixão pela atuação.

Nena, a mãe, foi uma figura emblemática na vida de Ney. Trabalhou em cassinos como dançarina e assistente de palco em shows, dividindo espaço com nomes como Grande Otelo. Ela foi a grande incentivadora, apoiando o filho em busca de uma carreira artística. Herdou da mãe muito do seu humor.

Já o pai, Alfredo, era um crooner de estilo intimista. O seu temperamento forte e a sua sinceridade eram características que Ney reconhecia em si. "Meu pai tinha um gênio terrível, não fazia média com ninguém, achava tudo muito chato, um horror, e era de uma sinceridade quase ferina. (...) Durante muitos anos falei mal dele, mas hoje não falo mais. Muita coisa dele está em mim", deixou registrado no livro Ney Latorraca: Uma celebração, publicado pela Coleção Aplauso da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.

A mãe morreu em 1994. Foi no amigo Marco Nanini que Ney buscou refúgio. Os dois já tinham feito enorme sucesso com O Mistério de Irma Vap. Com a morte da mãe, Nanini propôs a montagem de O Médico e o Monstro como forma de manter o amigo ativo e conectado à vida.

Ney Latorraca, que morreu nesta quinta-feira, 26, aos 80 anos, marcou a história da dramaturgia. Entre seus papéis grandiosos está o personagem Conde Vlad, o "vampirão" da novela de sucesso Vamp, que foi ao ar em 1991, na Globo.

A trama foi para o teatro. O espetáculo Vamp: O Musical estreou em 2017 em comemoração aos 26 anos da novela e manteve diversos aspectos da produção original, contando também com Claudia Ohana, que interpretou a icônica Natasha, protagonista da história. A direção continuou a cargo de Jorge Fernando, mesmo diretor da novela - que faleceu em 2019.

O espetáculo contava a vida de Natasha, uma cantora que vende a alma para Conde Vlad em troca do sucesso na carreira. Ele, apaixonado por sua presa, faria de tudo para conquistá-la. Com o passar do tempo, ela tentava se livrar de Vlad e da maldição de ser vampira para sempre.

"É como condensar sete meses de novela em pouco mais de duas horas", resumiu Latorraca ao Estadão na época. "Vlad é um dos meus grandes personagens e acho que o segredo de seu sucesso está na opção que fiz de não criar um galã, mas um vampiro sedutor e principalmente engraçado."

'Virei dono do meu personagem'

Em 2021, Ney Latorraca revelou curiosidades do personagem Vlad em Vamp: "Virei dono do meu personagem, fazia o que eu queria em cena", contou ele em entrevista ao portal Na Telinha. Anárquica, a trama permitia ao veterano deitar e rolar na pele do personagem, disposto a tudo para possuir Natasha (Cláudia Ohana).

Tanta liberdade em cena resultou em um puxão de orelha nos bastidores, como ele contou à publicação. "Chegou um momento em que queriam que eu diminuísse na interpretação. Falei que, se fosse assim, preferia sair da novela, isso lá pelo quarto mês de exibição. Fiquei uns dias sem gravar, mas me chamaram correndo de volta", relembrou.

A novela fez um enorme sucesso e ganhou uma espécie de continuação em O Beijo do Vampiro, que foi ao ar em 2002. Na trama, Tarcísio Meira (1935 - 2021) ficou a cargo do vilão chamado Bóris.

Ney Latorraca morreu nesta quinta-feira, 26. Ele tratava de um câncer e morreu de sepse em decorrência de uma infecção nos pulmões, no Rio de Janeiro. O ator deixou um testamento indicando que seus bens deveriam ser doados. Ele falou sobre isso em entrevistas recentes.

Em 2021, ao jornal Extra, ele revelou que a sua herança deveria ir para instituições de caridade. Na época, ele disse que esta seria também a vontade da mãe, que também era artista. "É um desejo da minha mãe também. Acho que é assim que tem que ser. O que eu ganhei com o teatro tem que voltar para essas causas. Essa é a missão do artista, pelo menos para mim", disse na entrevista.

O ator, que foi casado por quatro anos com a também atriz Inês Galvão, era casado desde 1995 com o escritor, diretor e ator Edi Botelho. Ney Latorraca não teve filhos em nenhuma das relações.

Ele já tinha falado sobre a questão da herança em outra entrevista, desta vez à revista Veja Rio - em 2020. Ney Latorraca disse que conquistou a segurança financeira graças a imóveis que tinha comprado ao longo da sua vida. "Eu já fui bem pobre e só comecei a ganhar dinheiro na década de 1980, com a peça Irma Vap", disse na ocasião.

Naquela entrevista o ator revelou que tinha quatro imóveis - a cobertura onde vivia, na Lagoa, na zona sul do Rio, e apartamentos na Rua Rainha Elisabeth, em Ipanema, outro no Jardim Botânico, também na zona sul carioca, e mais um em Higienópolis, na área central de São Paulo.

"Botei no meu testamento que vou doar os quatro. Um vai para a ABBR (Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação); o outro para o Retiro dos Artistas. Os outros dois, um fica para o Grupo de Apoio às Crianças com AIDS, de Santos, e mais um para um grupo dedicado às vítimas de hanseníase. Está tudo no meu testamento. Fiz questão", revelou.

Ney Latorraca nasceu em Santos, no dia 27 de julho de 1944.