Sonhos para 2022 de Martinho da Vila

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Se não fosse a pandemia, o carnaval do novo coronavírus seria o carnaval de Martinho da Vila. Em 2021, o cantor, compositor e escritor finalmente figuraria como personagem central de um enredo da sua escola, a Vila Isabel.

A Azul e Branco da zona norte do Rio já o exaltou em outros momentos, mas jamais dedicou um carnaval inteiro para contar a vida e a obra do sambista, autor de clássicos que embalaram seus foliões na Avenida, como O Sonho de Um Sonho, Pra Tudo se Acabar na Quarta-Feira e A Vila Canta o Brasil Celeiro do Mundo - Água no Feijão Que Chegou Mais Um (hino carnavalesco do último campeonato, em 2013, sobre a vida do homem no campo).

A covid-19, no entanto, se espalhou pelo mundo, ceifou 235 mil vidas no Brasil e levou ao cancelamento dos desfiles na Marquês da Sapucaí, adiando para 2022 a aguardada homenagem ao baluarte.

Outra homenagem, mais reservada, veio na última sexta-feira, quando o sambista - nascido em um sábado de carnaval - completou 83 anos e tirou a foto que ilustra esta reportagem. O aniversário foi comemorado com um bacalhau no almoço, marcado por mensagens afetuosas que chegaram dos quatro cantos do mundo. Enquanto aguarda finalmente ser vacinado (a imunização foi agendada para a próxima terça-feira, se ainda houver doses disponíveis no Rio), Martinho praticamente não sai mais de sua residência, um condomínio na Barra da Tijuca onde vive com a mulher, Cléo, e dois filhos.

Costuma caminhar pela ciclovia, levando a vida "devagar e sempre", e evitando contato com o público por conta do distanciamento social. "Eu gosto de falar com as pessoas e apertar a mão, mas não dá mais", diz o artista, que pertence à faixa etária mais vulnerável aos efeitos da covid-19. A pandemia, avalia Martinho, deixou o mundo louco.

"O Brasil tá complicado, as coisas pioraram muito. Os contrastes sociais, a pobreza e a criminalidade aumentaram. Parece que estamos revivendo a Revolta da Vacina, e o presidente (Jair Bolsonaro) também ajuda nisso (com comentários críticos à imunização). O chefe ajuda e tem seus seguidores. O retrocesso está ocorrendo de maneira clara. Eu acho que a gente vai ter de aturar ele (Bolsonaro) por mais tempo", desabafa.

As madrugadas pandêmicas se transformaram em espaço criativo para elaborar um livro de contos, batizado com o título provisório de Contos Sensuais e Algo Mais. "São contos sobre histórias atuais, de negritude, famílias negras, suburbanas, coisas que não aparecem muito", antecipa. Em um dos contos, uma babá acaba casando com o menino que criava - o livro aguarda uma editora para ser lançado.

Em compasso de espera também está o mundo do carnaval. Para Martinho, o adiamento dos festejos momescos, ainda que seja "chato", foi uma decisão acertada. "Fazer um carnaval em julho, com este país ainda sofrendo com a pandemia, não ia ser legal. A gente tá vivendo tudo diferente, essa confusão total, que a gente não tá nem com a cabeça muito carnavalesca. No ano que vem, já vai dar pra fazer legal, vai ser bom", diz.

"A Vila Isabel é uma filha que eu ajudei a crescer. O desfile pra mim é uma obrigação que eu cumpro, uma missão, porque eu tenho de alegrar as pessoas, alegro, me divirto, exerço minha capacidade criativa no samba-enredo. Agora, no próximo carnaval, não sei como vou me comportar. Não sei se olho pra cima, pra baixo, se aplaudo, se canto."

Em condições normais de temperatura e pressão, a realidade seria outra: a essa altura do campeonato os carros alegóricos da Vila Isabel já estariam embalados, prontos para ser despachados para a Marquês de Sapucaí - e a pergunta que todos fariam seria: como virá Martinho? As alegorias e fantasias da escola estão todas desenhadas no papel, mas os trabalhos seguem parados no barracão. "É um carnaval de grande relevância não só para o Martinho, mas para a comunidade, que tem ele não só como um baluarte, mas um grande mentor dos carnavais da Vila", afirma o carnavalesco Edson Pereira.

"É um enredo biográfico que associa a construção dessa leitura visual que a Vila tem como uma escola negra. A gente tá fazendo uma associação de um Martinho que deixou essa herança negra para a escola."

Raça negra

O primeiro campeonato da Vila na elite do samba veio em 1988, no centenário da abolição, com Kizomba - Festa da Raça, antológico samba de Luiz Carlos da Vila que surgiu de um enredo elaborado por Martinho. "A Vila Isabel proporcionou um espetáculo inesquecível de exaltação à raça regra, de empolgação e de samba puro, sem precisar recorrer a luxuosos artifícios nem a efeitos especiais", informou o Estadão na época.

A Vila foi palco de um épico desfile de celebração da cultura negra, com capoeira e dança de jongo, homenagens a Mandela, Martin Luther King e o grito entoado no refrão "De que o apartheid se destrua!". O regime segregacionista na África do Sul acabaria três anos depois. Hoje à noite, o desfile deverá ser reprisado pela TV Globo, que preparou um programa especial com os momentos mais marcantes da Sapucaí e do Anhembi, logo após o BBB.

"A vitória foi não só da Vila, mas do movimento negro. Foi completamente uma catarse, porque eu falei com o carnavalesco, 'temos de fazer um carnaval diferente', podemos tirar esses resplendores das costas das pessoas, esses pesos na cabeça, vamos fazer uma escola mais leve, diminuir esses brilhos, fizemos uma escola rústica. Foi muito incrível", lembra Martinho.

(Aqui, uma anedota carnavalesca: a vitória da Vila impediu o tricampeonato da Mangueira, que acabou penalizada pelo júri em comissão de frente. Comissão que deveria contar com a presença… de Martinho, que não reforçou a constelação de estrelas negras que abriu o desfile da Verde e Rosa, composta por Grande Otelo, Djavan, Glória Maria, Ruth de Souza e João do Pulo. "Me falaram que iam me pegar para levar pro desfile, mas ninguém apareceu. Dona Zica ficou brava, expliquei bastante, mas não ficou nenhuma mágoa", garante.)

Segredo

Oito anos antes, em 1980, Martinho já tinha proporcionado outro grande momento na história dos desfiles, com o samba Sonho de Um Sonho. Cada samba é diferente, tem suas particularidades, mas o sambista confidencia que esse talvez seja o seu favorito. Em plena ditadura militar, os componentes da Vila cantaram um dos mais belos versos da História do gênero: "Na limpidez do espelho só vi coisas limpas/ Como uma Lua redonda brilhando nas grimpas/ Um sorriso sem fúria, entre o réu e o juiz/ A clemência, a ternura/ Por amor da clausura/ A prisão sem tortura/ Inocência feliz/ Ai meu Deus, falso sonho que eu sonhava".

O que acharam os militares? "Não se tocaram, quando viram já tava lá…", ri Martinho. "Desfilar com o próprio samba é uma coisa fantástica. Tenho 83, já fiz muita coisa, mas ainda tenho muita coisa pra fazer - mas não sei o quê."

Do sonho de um sonho para o sonho de um carnaval pós-pandemia… O negro rei da Vila Isabel diz que, mesmo com o desfile adiado, já está preparando a cabeça para a homenagem na Sapucaí. "Quero ir pra Avenida como se fosse um simples componente, que vou cantar na Avenida a homenagem a um compositor de quem eu gosto", diz. "O carnavalesco me disse 'Vou te passando as coisas, pelas redes, e eu falei 'amigo, não queria participar (do desenvolvimento do desfile)'. Porque o homenageado recebe a homenagem, tem de ter uma surpresa. Estou deixando assim."

Martinho ainda não sabe como vai surgir no Sambódromo, mas deixa escapar que a escola está pensando em uma posição diferente - normalmente, os homenageados vêm no último carro e encerram os desfiles, como Maria Bethânia, Chico Buarque e Elza Soares. "O que o carnavalesco fizer, eu cumpro. Agora é mais difícil guardar segredo em um ano. Eu gosto de segredo com facilidade, que conto pra minha mulher, que conta pra amiga dela…", diz.

Este repórter não resiste e também conta um segredo - mesmo sendo torcedor da Mocidade Independente, está na torcida para a Vila ser campeã. Ao saber que o enredo da Mocidade é uma outra homenagem, ao orixá Oxóssi, Martinho brinca: "A gente vai disputar com Oxóssi, e o resto não interessa. Vai ser um carnaval forte, vai ser difícil, mas a Vila vai ganhar". Tomara.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

Na tarde deste sábado, 15, no Big Brother Brasil 25, Gracyanne Barbosa reuniu os brothers na sala e pediu desculpas por ter pego a comida de outros participantes quando estava na Xepa. A informação foi revelada por Renata ao retornar da Vitrine Seu Fifi, onde recebeu informações do público que a observou em um shopping do Rio de Janeiro. A revelação abalou a musa fitness, que já havia desabafado sobre o assunto durante a madrugada.

"Eu queria pedir desculpas para todos vocês. Acho que a maioria já sabe que eu estava pegando comida. Não espero que ninguém entenda. Eu só queria explicar o que aconteceu comigo: não foi por ficar com fome, nem nada, mas é que o fato de que a gente ter pouca coisa me levou para um lugar que eu nunca mais achei que eu ia visitar", começou.

"São coisas que eu nunca compartilhei com ninguém, que eu não queria que ninguém soubesse, não queria dividir com ninguém, de quando eu passei fome, de quando eu tinha que comer do lixo. Aqui dentro, sabendo que eu estava sendo filmada, eu sabia que todo mundo ia saber. Eu não consegui controlar, porque, na minha cabeça, eu ia precisar de novo", completou.

"Peço desculpas para todo mundo. Sei que ninguém tem nada a ver com isso. Eu sei que é errado, mas eu não queria compartilhar isso porque não queria que a minha mãe soubesse. É uma coisa que eu passei que já passou, sabe", finalizou.

Esta matéria complementa com mais informações o texto enviado anteriormente.

Mais uma Prova do Anjo foi disputada na casa do Big Brother Brasil 25 neste sábado, 15 de março. João Gabriel saiu como vencedor e poderá escolher uma pessoa para imunizar do Paredão neste domingo, 16.

Antes da disputa, os brothers realizaram um sorteio e cada sorteado teve que vetar outra pessoa da Prova. Veja quem foi vetado:

- Diego Hypolito vetou Gracyanne Barbosa

- Renata vetou Aline

- João Gabriel vetou Vitória Strada

- Vinícius vetou Renata

- Aline vetou Eva

Já na Prova, os brothers precisavam jogar um dado por cima de uma trave e, dependendo do resultado, avançar por um tabuleiro. Quem caísse na Casa Dilema teria que enfrentar desafios que resultariam em atalhos ou caminhos mais longos.

Vencia quem chegasse primeiro ao final do tabuleiro. Além de se tornar o Anjo da semana, João Gabriel levou um prêmio de R$ 4,5 mil para casa, acumulado conforme ele avançava no jogo.

Nas primeiras três rodadas, Dona Delma saiu com vantagem e avançou na frente no tabuleiro. Nas rodadas seguintes, teve menos sorte e foi alcançada por João Gabriel, que empatou com a dona de casa na nona rodada. Depois disso, o brother assumiu a liderança e conquistou a vitória na 11ª rodada.

Quem foi para o Castigo do Monstro?

Após a vitória, João precisou escolher uma pessoa para sofrer o Castigo do Monstro. Ele escolheu Aline, que também perdeu 300 estalecas. Nesta semana, o desafio é chamado de "Repescagem" e consiste em vestir uma fantasia de pescador e pescar os peixes que surgirem na piscina.

"Vou escolher a Aline pelos negócios que nós já tivemos aí", disse João Gabriel. O apresentador Tadeu Schmidt não ficou satisfeito com a justificativa e pediu para o brother explicar melhor. Ele, então, elaborou: "O meu embate aqui é com ela, mais direto e eu não podia escolher outra pessoa aqui."

Fernanda Torres surpreendeu os estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) nesta sexta-feira, 14, ao visitar a instituição para assistir à defesa de mestrado de Joaquim, seu filho mais velho, de 25 anos, que é formado em Filosofia.

A presença da atriz, que fez sucesso internacional nos últimos meses com o filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, causou alvoroço entre alunos da universidade. Um vídeo mostra a artista acompanhada de um segurança e sendo seguida por um grupo de estudantes.

Em outro ângulo, é possível Fernanda deixando o prédio da universidade, no Campus Maracanã, localizado na zona norte do Rio, e acenando para fãs. Além disso, ela posou para fotos e cumprimentou admiradores.

Alguns dias antes, a atriz apareceu na pré-estreia de Vitória, filme estrelado por sua mãe, Fernanda Montenegro, e dirigido por seu marido, Andrucha Waddington. Até então, ela havia escolhido o sítio da família em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, para descansar após a maratona para o Oscar.

Fernanda trabalhou por meses no exterior na divulgação de Ainda Estou Aqui, filme sobre a história de Eunice Paiva que rendeu a ela um Globo de Ouro de Melhor Atriz Dramática e que deu ao Brasil seu primeiro Oscar, na categoria de Melhor Filme Internacional.